RELAÇÃO ENTRE NUTRIÇÃO E TRANSTORNOS DE AUTOIMAGEM EM ADOLESCENTES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7259425


Kathlem de Oliveira Presseles1
Carlos Eduardo Martins Portela1
Itamar de Souza Pereira1
Francisca Marta Nascimento de Oliveira Freitas2
José Carlos de Sales Ferreira3


RESUMO  

Introdução: Os transtornos alimentares muitas vezes se tornam um ciclo vicioso e podem afetar diretamente a vida biopsicossocial do indivíduo, pois às vezes ele se isola de outras pessoas com a alimentação e a imagem corporal. Logo, os TA são caracterizados por padrões comportamentais anormais perturbados que podem causar danos à saúde física e mental de um indivíduo. Objetivo: Analisar a relação dos transtornos alimentar e de autoimagem em adolescentes. Metodologia: Para sua realização foi necessário a utilização da referência bibliográfica, utilizando bancos de dados como Scielo, Google Acadêmico e PubMed. Conclusão: Pode-se perceber através da pesquisa que muito pode ser aprendido sobre o transtorno de autoimagem do adolescente e como é um problema cada vez mais proeminente na sociedade atual. A insatisfação e a percepção da imagem corporal é um fator importante de aprendizado ao curso de nutrição, pois ela está associada ao risco de TA. 

Palavras-chave: Transtornos alimentares; Autoimagem; Adolescência. 

ABSTRACT 

Introduction: Eating disorders often become a vicious cycle and can directly affect the biopsychosocial life of the individual, as he sometimes isolates himself from other people with food and body image. Therefore, EDs are characterized by disturbed abnormal behavioral patterns that can cause damage to an individual’s physical and mental health. Objective: To analyze the relationship between eating disorders and self-image in adolescents. Methodology: For its accomplishment it was necessary to use the bibliographic reference, using databases such as Scielo, Google Scholar and PubMed. Conclusion: It can be seen through research that much can be learned about adolescent self-image disorder and how it is an increasingly prominent problem in today’s society. Dissatisfaction and the perception of body image is an important learning factor in the nutrition course, as it is associated with the risk of ED. 

Keywords: Eating disorders; Self image; Adolescence. 

1. INTRODUÇÃO  

Nutrição é a ciência que estuda a composição dos alimentos, as necessidades nutricionais individuais em diferentes estados de saúde e doença e portanto, os nutricionistas não devem apenas identificar, mas também apoiar padrões alimentares que garantam uma vida plena e saudável para todos brasileiros, mas seu objetivo é a continuidade da diversidade bioetnocultural e garantia da identidade nacional (VASCONCELOS, 2010).  

A autoimagem é a imagem que uma pessoa cria ou imagina sobre si mesma. Isto é, o princípio da autoestima como é internalizado no conhecimento de si, na expansão interior da própria personalidade e habilidades, em percepção de sentimentos, atitudes e pensamentos relacionados à dinâmica pessoal (MOSQUERA e STOBÄUS, 2006). São a assimilação, o sentimento e a análise das coisas uma pessoa sobre seu próprio corpo (GROGAN, 2008). 

A adolescência é dos 10 aos 19 anos e é considerada a faixa etária mais crítica da vida humana, pois nesta fase os adolescentes desenvolvem seus hábitos alimentares, sua atividade física, além de grandes mudanças físicas, psicológicas, de comportamento social, estilo de vida e imagem corporal (BRASIL, 2010).  

 Durante a adolescência, podem ocorrer condições nutricionais como o ganho de peso, que é uma das principais causas de insatisfação física. Ao longo da história, as mudanças no corpo das meninas foram consideradas atraentes, com formas arredondadas tornando as figuras mais esbeltas. Por outro lado, os meninos também experimentam mudanças físicas, como desenvolvimento muscular, ombros largos, cinturas finas, etc., resultando em meninas e meninos cada vez mais tentando se encaixar no que é considerado um corpo ideal. Diante disso a maioria dos transtornos alimentares ocorrem na infância e adolescência (MARTINS et al. 2016). 

Atualmente, as pessoas buscam cada vez mais conhecimentos mais aprofundados sobre os comportamentos alimentares, indivíduos e comunidades porque depende de como cada pessoa interage com os alimentos. Comer é um uma prática permanente e integral da existência humana, definida como um fenômeno complexo que inclui aspectos da psicologia, fisiologia e sociocultural (KESSLER, POLL, 2018). 

Segundo Vaz (2017), os padrões de estética corporal preconizados hoje diferem dos preconizados no passado. Considere que o tecido magro e muscular é mais definido como um marcador de saúde, beleza e força do que um reflexo aptidão física, desnutrição, pobreza e até doenças. Segundo os autores, esse padrão pode levar à depressão e as pessoas que não cumprem esta regra têm baixa autoestima, levando a distúrbios alimentares e outras condições. 

Desta forma, vale ressaltar que os transtornos alimentares podem se transformar em um ciclo vicioso se não forem tratados e tem efeito direto na vida social do indivíduo, pois está isolado dela pelo comportamento que tem do que alimentação e autoimagem (PALMA, SANTOS & RIBEIRO, 2013). Neste caso, Bandeira et al. (2016) mencionaram que essa imagem corporal é conceituada pela forma como cada pessoa se sente em relação ao próprio corpo.  

A importância do tema abordado deu-se por razão do entendimento da relação entre transtorno alimentar com os transtornos de autoimagens na época mais propicia que é a adolescência. O objetivo da pesquisa foi analisar a relação dos transtornos alimentar e de autoimagem em adolescentes.  

2. METODOLOGIA  

2.1 Tipo de estudo  

Esta pesquisa possui natureza bibliográfica. Por isso, utilizou-se como técnica metodológica a pesquisa bibliográfica. Conforme Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir de técnicas de análise de conteúdo. 

2.2 Coleta de dados  

O procedimento de coleta de dados ocorreu durante os anos de 2012 à 2022, com pesquisas nos principais bancos de dados digitais, PubMed, Scielo e Google Acadêmico. 

Foram incluídos no artigo pesquisas que tratavam de “nutrição”, “transtornos alimentares”, “transtorno de autoimagem na adolescência” e “alimentação e adolescência”, publicados entre 2012 a 2022 e excluídos pesquisas que não tinham a pesquisa na integrada ou não tratavam do assunto principal do artigo, transtorno de autoimagem na adolescência. 

2.3 Análise dos dados 

A análise de dados de realizou através de pesquisa bibliográfica em artigos nos bancos de dados digitais, após selecionados os artigos que foram utilizados, foram realizados a análise de dados através de fichamento e tabelas. 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO  

3.1 Adolescência  

O período de transição da infância para a vida adulta, denominado adolescência, pode ser definido por reunir diferentes perspectivas. O termo adolescência é derivado da palavra latina “adolescere”, que significa “crescer até a idade adulta” (STEINBERG, 2001). A adolescência é caracterizada por momentos de conflito, adaptação e decisão (FISHER et al., 1972; PEDRINOLA, 2002; CAROBA e SILVA, 2005; NEUMANN, 2006). A OMS define a adolescência cronologicamente como o período entre 10 e 19 anos (OMS, 2001; JUSTINO, 2017). 

Para a OMS e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a população jovem é o grupo entre 10 e 24 anos e, portanto, uma combinação de adolescentes e adultos jovens. Para fins de divulgação de dados e alguns relatórios oficiais, essa ampla faixa etária foi dividida em três categorias, levando em consideração as mudanças biopsicossociais: adolescência inicial (10 a 14 anos), adolescência tardia (15 a 19 anos) e adultos jovens (20 a 24 anos de idade), a “Juventude” inclui indivíduos entre 15 e 24 anos (OMS, 2001; OPAS, 2019). 

De acordo com a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, consideram-se “crianças e adolescentes” as pessoas menores de 12 anos e “menores” entre 12 e 18 anos (BRASIL, 1990). Para os adolescentes, a idade cronológica é um critério subjetivo segundo pesquisas realizadas na América Latina. Para ele, o fim da adolescência e o início da vida adulta não é exatamente uma idade, mas um aspecto social: a capacidade de se sustentar (ARNETT, 1994; JUSTINO, 2017). 

Matsudo e Matsudo (2004) descrevem a maturação biológica como o estado completo de desenvolvimento físico ou psicológico, necessariamente com influências genéticas e ambientais. Embora o tempo biológico e a idade cronológica estejam associados à maturidade, eles não necessariamente estão totalmente sincronizados (JUSTINO, 2017). 

Para tornar as mudanças que ocorrem nesta fase mais simples, claras e completas, a OPAS desenvolveu um novo método para tentar categorizar as fases da puberdade. É dividido em quatro domínios por gênero: pré-púbere, adolescência inicial, puberdade intermediária e adolescência tardia. Todos esses aspectos são baseados no desenvolvimento físico, cerebral, sexual, emocional e social (BREINBAUER e MADDALENO, 2008). 

A condição do “novo” corpo gera nos jovens sentimentos desagradáveis, que se sentem pouco familiarizados com coisas ainda desconhecidas, o que pode gerar desconfiança e ansiedade (FRANCO, 2005). Aceitar sua nova imagem em relação à imagem que almejam ao se identificar com pessoas e modelos sociais na mídia pode fazer com que os adolescentes tenham dificuldades em seu comportamento e levem a mudanças em seu estilo de vida, além de mudanças em seus hábitos alimentares (LIRA, 2017).  

Todos esses fatores contribuem para transtornos alimentares e obesidade em adolescentes, levando à baixa autoestima, insatisfação física, infelicidade, alterações comportamentais, depressão e aumento dos níveis de ansiedade (COOPER et al, 1987; FISBERG et al., 2000; PEDRINOLA, 2002; CAROBA e SILVA, 2005; ALMEIDA et al., 2005; CONTI et al., 2005; NEUMANN, 2006; PALERMO, 2011). 

3.2 Os principais transtornos de auto imagem presentes entre os adolescentes 

Os transtornos alimentares são caracterizados por distúrbios no comportamento alimentar que causam danos físicos e psicológicos (DUCHESNE; FREITAS, 2011). As causas desses transtornos são complexas, envolvendo fatores psicológicos, biológicos e socioculturais (FAIRBURN; HARRISON, 2003).  

Nesse sentido, modelos de etiologia biopsicossocial da TA sugerem que esses distúrbios são causados pela interação de fatores biológicos e ambientais durante o desenvolvimento (TREASURE et al., 2012), e que sua prevalência na população geral varia. Estima-se que 20% das mulheres possam estar em risco de algum tipo de TA (NUNES et al, 2001), que ainda é considerado um dos maiores problemas de saúde pública. 

Geralmente se apresentam na infância e adolescência e são o terceiro transtorno psiquiátrico crônico mais comum em adolescentes do sexo feminino (PADIERNA et al, 2002). Dentro dessas faixas etárias, a doença pode ser dividida em dois subgrupos. Os que ocorrem na primeira infância e representam mudanças na relação da criança com os alimentos incluem: PICA (ingestão de não nutrientes) e transtorno de ruminação (refluxo recorrente que não pode ser explicado por nenhuma condição médica) (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013). O segundo grupo são os principais transtornos alimentares: anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN). Ao contrário do PAICA e do transtorno de ruminação, estes estão associados a um forte foco na alimentação, peso e forma corporal (GONÇALVES et al., 2013). 

Os transtornos alimentares são frequentemente considerados condições clínicas associadas à modernidade. Os padrões de higiene para as mulheres mudaram ao longo dos séculos. (MORGAN; AZEVEDO, 1998), na década de 1960, havia sido sugerido que o culto à magreza seria um fator contribuinte para a AN (NUNES et al., 1998).  

Na década de 1980, a “indústria da beleza” decolou, o culto ao corpo tornou-se uma forma de obsessão por fitness e saúde. O corpo é objeto de grande investimento por meio de novas tecnologias, tratamentos, cosméticos, cirurgias plásticas, etc. (SANTA’ ANA, 2001; FERNÁNDEZ, 2007).  

O discurso do corpo saudável se revela pela busca de atingir ideais estéticos predeterminados, vinculando a saúde a padrões de beleza inatingíveis, que estão associados ao bem-estar (GOELLNER; FIGUEIRA, 2002). 

A bulimia nervosa é um tipo de transtorno da compulsão alimentar periódica, e a maior suscetibilidade a esse transtorno tem sido observada como sendo problemas familiares, baixa autoestima, perfeccionismo, estresse, ansiedade, alimentação incorreta, imagem corporal distorcida e a origem sociocultural que é a causa do transtorno, além do fator suscetibilidade, a valorização final do emagrecimento. Acredita-se que pessoas com essa condição possam ser afetadas pela atual exposição na mídia de dietas incorretas, sites de dicas de emagrecimento, influências de blogs, etc (SOUTO e FERRO-BUCHER 2006). 

Pessoas com bulimia tendem a esconder os sintomas por vergonha que podem levar a problemas de saúde. A compulsão alimentar refere-se a comer mais alimentos do que as pessoas ingerem em situações semelhantes, essa situação se torna frequente, após essa ingestão, quando ele sente uma dor de estômago, o indivíduo sente que está fora de controle, o que pode levar a comportamentos compensatórios repetidos para evitar o peso ganho. O uso de dietas mal elaboradas como dietas da moda, jejuns impenitentes que o impedem de comer por horas, sem fonte de energia e nutrientes, de acordo com o indivíduo e suas necessidades diárias, faz com que a pessoa sinta fome descontrolada e o consumo final seja mais do que deveria ser (PEREIRA; COSTA; AOYAMA, 2020). 

O comportamento compensatório na bulimia pode ser alcançado por vômitos autoinduzidos, uso de laxantes ou diuréticos, jejum prolongado e atividade física excessiva. Pessoas com bulimia nervosa comem dietas desreguladas e desequilibradas, então pulam refeições, pulam refeições, restringem e sempre seguem novos hábitos alimentares por horas a fio (OLIVEIRA; SANTOS 2006).  

A êmese autoinduzida é um comportamento compensatório mais utilizado em pacientes com bulimia nervosa, que tem como efeito alívio imediato do desconforto e da dor estomacal, porém, está ocorrência frequente pode levar a refluxo, feridas gástricas, desidratação, bochechas inchadas e dentes cariados, e rápida perda de peso (LIRA, 2017). 

Os episódios de comportamento compensatório começaram pelo menos uma vez por semana, com 1 a 3 episódios de comportamento compensatório em leve, 4 a 7 episódios em moderado, 8 a 13 episódios em grave e 14 ou mais episódios em extremo (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2013).  

A anorexia e a bulimia são causas de sofrimento psíquico, sintomas que escondem ansiedades antigas associadas a momentos primordiais na composição psicológica (MIRANDA, 2003). A anorexia nervosa, como um transtorno alimentar que leva a uma dieta hipocalórica, pode ser citada como o aspecto principal: medo constante de ganho de peso, forma corporal, atividade física excessiva, etc. Pesquisas mostram que as mulheres são 10 a 20 vezes mais afetadas pela doença do que os homens, e têm entre 13 e 18 anos (BUSSE, 2004). 

Podemos destacar que existem subtipos de AN (anorexia): restritiva, que utiliza uma estratégia para perder peso, dieta restrita, jejum, atividade física, e o tipo laxante ou bulimia, que é utilizado para induzir o vômito, como uso de laxantes. Às vezes, a AN é causada por uma doença biológica, mas a exacerbação de vários sintomas mostra a relação mente-corpo do indivíduo (SAMPAIO, 1992).  

Afirmar que está doente pode estar relacionado a diversos fatores, como: sair de casa, estudar no exterior, terminar um relacionamento e, o mais importante, romantizar a busca pelo corpo ideal perfeito. Por meio disso, vemos disfunção na descrição da beleza ao invés da saúde, o que abre as portas para uma má relação com a saúde (VERSCHUEREN, 2015). 

3.3 Relação entre mídias sociais e transtornos de autoimagem 

Em vários estudos, foi encontrado um padrão nos resultados, em que demonstra a relação extrema entre mídia social e transtorno de autoimagem, e vale destacar que não acontece só em mulheres, mas no público em geral. Por meio dos resultados de Laus (2013), observou-se que a exibição de figuras consideradas ideais para a beleza, levou a insatisfação da imagem corporal em mulheres e homens. Entre os indivíduos que anteriormente expressaram insatisfação no teste, encontrou-se uma insatisfação corporal mais expressiva, principalmente no sexo feminino (LAUS, 2013). 

Para os adolescentes brasileiros, a mídia, incluindo e principalmente a rede social, constrói relacionamentos diretos com pessoas descontentes, a importância pela autoimagem entre as mulheres são de 80% e é independentemente da classe social e escolaridade materna. De acordo com a amostra do estudo de Lira et al. (2017), que também mostra que o uso diário de redes sociais como Facebook e Instagram, trazem a maior a chance de insatisfação física.   

No trabalho de Santos et al. (2015) descobriram que os resultados mostram que existem uma relação entre o excesso de peso corporal e a tendência a distorcer a imagem corporal em um grupo de adolescentes praticando ginástica rítmica, causando uma maior alteração no estado nutricional e uma autoimagem mais distorcida nesse momento. 

Nos achados de Runfola et al. (2012), a insatisfação corporal é onipresente entre as mulheres de todas as idades nos Estados Unidos. Na análise pública geral, dois grupos são particularmente vulneráveis a insatisfação corporal, são mulheres de meia idade e com obesidade. Nele, mostrou também que os maiores níveis de insatisfação com o corpo foram mulheres de 35 a 44 anos em comparação com outras mulheres de idades diferentes. Sem delimitar por idade, as mulheres obesas relataram os maiores níveis de insatisfação com seu estado nutricional. Segundo Perez e cols. (2013), autoimagem e obsessão rompidas a magreza está associada à anorexia e baixa autoestima, ansiedade e até fatores genéticos. 

No estudo de Kessler et al. (2018), pode-se concluir que existe uma relação insatisfação corporal, atitudes em relação a hábitos alimentares perigosos e nutrição para estudantes universitários da área da saúde. Esta relação é mais geral entre os estudantes cujo estado nutricional está em estado estrófico. No entanto, estudantes universitários com algum grau de excesso de peso indica que a insatisfação é claramente generalizada a imagem corporal moderada e/ou grave ao adicionar classificação para classes I e II de sobrepeso e obesidade. 

3.4 Correlação entre os hábitos nutricionais com os transtornos de auto imagem entre adolescentes 

A incidência global de transtornos alimentares quase dobrou nos últimos 20 anos, sugerindo que as pessoas estão prestando cada vez mais atenção à sua imagem corporal. Número preocupante de adolescentes expressam insatisfação com sua imagem corporal, questão que afeta não apenas um determinado gênero ou faixa etária, mas em adolescentes de todas as faixas etárias, tanto do sexo masculino como do feminino (SOUSA et al., 2016).  

De acordo com Conti et al. (2014), em termos de gênero, o desejo das mulheres é claramente perder peso, enquanto o desejo dos homens é exatamente o oposto, ganhar peso. Em outras palavras, as meninas tendem a evitar a gordura corporal e os meninos querem mais massa muscular. Assim, devemos lembrar a insatisfação corporal da adolescência não é homogêneo. 

Incentivar hábitos de vida saudáveis, como uma boa alimentação aliada à atividade física regular, pode prevenir a insatisfação e muitas outras doenças relacionadas. Isso fica evidente em alguns dos estudos aqui analisados, de qualquer forma, é admirável que precauções tenham sido tomadas e esclarecidas sobre a importância dos hábitos saudáveis e os aspectos culturais que envolvem o corpo humano e como ele funciona (MONTEIRO et al. 2014).  

A insatisfação é na verdade causada por múltiplos fatores, pois se refere à forma como os indivíduos interagem, o ambiente em que vivem e como se veem nesse ambiente, então o fato da insatisfação com a cultura, família e amigos gera pensamento sobre a satisfação corporal (SANTIAGO et al., 2015). 

Outro fator que liga a insatisfação física à progressão saudável da doença é que, em muitos casos, a insatisfação se origina de problemas de saúde como obesidade ou sobrepeso, que por sua vez podem ser decorrentes de alimentação e estilo de vida inadequados, vida sedentária e outros produtos. Então, é importante que vejamos a insatisfação com a imagem corporal, antes mesmo de aparecer (PEREIRA, SOUZA e MONTEIRO, 2017).  

Entre muitos outros fatores, isso está diretamente relacionado à forma como o indivíduo vê seu corpo e como o avalia, como baixa autoestima, idade, fatores relacionados ao peso, cor da pele, etc. Existem também alguns fatores externos que também pode levar à insatisfação com o corpo, como focar em ser excluído de grupos, ser rejeitado e menosprezar e até discriminado (FIDELIX et al., 2018) 

4. CONCLUSÃO  

Os transtornos alimentares ligados a autoimagem entre os adolescentes, está sendo atualmente alarmante, por causa de padrões corporais pré-estabelecidos, ainda se acredita que a mídia influencia tais fatores, diferentes ligadas a dietas que não contribuem para a qualidade de vida, mas podem levar à disfunção de órgãos no corpo. É importante ressaltar que os hábitos alimentares e a relação dos adolescentes com a comida podem influenciar dada a mídia, a sua evolução, e até o impacto das redes sociais na vida dos adolescentes. 

REFERÊNCIAS  

ALMEIDA, G. A. N. et al. Perceptions of body shape and size in women: an exploratory study. Psicol Estud – Universidade São Paulo, 10(1), p. 27-35, 2005. 

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Transtornos Alimentares. In: APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5a ed. Porto Alegre: Artmed, 2013 

ARNETT, J. J. Are college students adults? Their conception of transition to adulthood. Journal of Adult Development, v.1, n.4, p.213-224,1994.   

BANDEIRA, Y. E. R.; MENDES, A. L. R. F., CAVALCANTE, A.C.M., & ARRUDA, S. P. M. Avaliação da imagem corporal de estudantes do curso de Nutrição de um centro universitário particular de Fortaleza. J Bras Psiquiatr. 65(2), 2016. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção em Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes nacionais para a atenção integral à saúde de adolescentes e jovens na promoção, proteção e recuperação da saúde. / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção em Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Área Técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 

BRASIL. Lei 8069, de 13 de julho de 1990. Estabelece o estatuto da criança e do adolescente. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 13 jul.1991.   

BREINBAUER, C.; MADDALENO, M. Jovens: escolhas e mudanças: promovendo comportamentos saudáveis em adolescentes. São Paulo: Rocca, p. 344, 2008. 

CAROBA, D. C. R. & SILVA, M. V. Consumo alimentar de adolescentes matriculados na rede pública de ensino de Piracicaba-SP. seg. alim. nutricional, 12 (1): 55-66, 2005. 

CLAUMANN, G. S., PEREIRA, E. F., INÁCIO, S., et al. Body image satisfaction in freshmen college students in physical education courses. Rev Educ Fis, UEM, 25(4), 57583. 2017. 

CONTI, M. A.; FRUTUOSO, M. F. P.; GAMBARDELLA, A. M. D. Excesso de peso e insatisfação corporal em adolescentes. Rev. Nutr. v.18, n.4, p.491-497, 2005.   

COOPER, P. J. et al. The development and validation of the Body Shape Questionnaire –BSQ. J Eat Disorders, v.6, n.4, p. 485- 494, 1987.   

DUCHESNE, M.; FREITAS, S. Transtornos alimentares. In: B. RANGÉ (org.), Psicoterapias cognitivocomportamentais: um diálogo com a psiquiatria. 2a ed., Porto Alegre: Artmed; 2001. p. 393-408. 

FAIRBURN, C.G.; HARRISON, P.J. Eating Disorders. The Lancet, v.361, n.1, p.407416, 2003. 

FERNANDES, C.A.M. et al. Fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares: um estudo de universitárias de uma instituição de ensino particular. Arquivos de Ciências da Saúde UNIPAR. v. 11, n. 1, p. 33-38, 2007. 

FISHER, S. Body Image. International Encyclopaedia of the Social Sciences, 1, CollierMacmillan Pub., London, pp: 113-116, 1972.  

FISBERG, M. et al. Hábitos alimentares na adolescência. Ped Moder, v. 36, n.11, 2000.   

FRANCO, G. R. O. Aspectos da imagem corporal de alunos de ensino médio que mais participam e que menos participam em aulas de educação Física. TCC Faculdade de Educação Física –UNICAMP, 2005. 

GOELLNER, S. V. FIGUEIRA, M. L. M. Corpo e gênero: a Revista Capricho e a produção de corpos femininos. Motrivivência, Florianópolis, v. 13, n.19, p. 13-33, 2004.   

GONÇALVES, A.J. et al. Transtornos alimentares na infância e na adolescência. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v.31, n.1, p. 96-103, 2013.   

GROGAN, S. (Introduction. In S. Grogan, Body Image: understanding body dissatisfaction in men, women, and children (pp. 1-8). Londres: Routledge Publishers, 2008. 

LIRA, Ariana Galhardi. Uso de redes sociais, influência da mídia e insatisfação com a imagem corporal de adolescentes brasileiras. J. bras. psiquiatr. 66 (3) • Jul-Sep 2017. 

JUSTINO M. I. C. Autopercepção da imagem e satisfação corporal e estado nutricional de adolescentes. Dissertação de mestrado, PUC Campinas, 2017. 

KESSLER, A. L., POLL, F. A. Relação entre imagem corporal, atitudes para transtornos alimentares e estado nutricional em universitárias da área da saúde. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, online, v. 67, n. 2, p. 118-125, 2018. 

KOTAIT, M. S., BARILLARI, M. L., & CONTI, M. A.. Escalas de avaliação de comportamento alimentar. In: Cordás TA, Kachani AT. Nutrição em psiquiatria. Porto Alegre: Artmed. 2020 

LAUS, M.F.; MOREIRA, R.C.M.; COSTAS, T.M.B. Diferenças na percepção da imagem corporal, no comportamento alimentar e no estado nutricional de universitárias das áreas de saúde e humanas. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.31, n.3, p.192-6, 2009. 

LIRA, A. G., GANEN, A. P., LODI, A. S., ALVARENGA, M. S. Uso de redes sociais, influência da mídia e insatisfação com a imagem corporal de adolescentes brasileiras. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, São Paulo, 2017. 

MARTINS, C.R.; GORDIA, A.P.; SILVA, D.A.S.; QUADROS, T.M.B.; FERRARI, E.P.; TEIXEIRA, D.M. et al. Insatisfação com a imagem corporal e fatores associados em universitários. Estudos de Psicologia. v.17. n.2. p.241-6. 2012 

MATSUDO, S.M.M.; MATSUDO, V. K. R. Perfil antropométrico e metabólico de rapazes pubertários da mesma idade cronolófica em diferentes níveis de maturação sexual. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.12, n. 4, p.7-12, 2004. 

MORGAN, C.M.; AZEVEDO, A.M.C. Aspectos sócio-culturais dos transtornos alimentares. Psychiatry online Brazil. v.3, n.2, p.1-8, 1998. 

MOSQUERA, J. J. M.; STOBÄUS, C. D. Auto-imagem, auto-estima e auto-realização na universidade. In: ENRICONE, D. (Org.). A docência na educação superior: sete olhares. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006. 

NEUMANN, D. Diagnóstico nutricional, consumo alimentar e critérios utilizados por adolescentes na seleção dos alimentos consumidos. Dissertação de Doutorado – DEPAN/FEA/UNICAMP, 2006.   

NUNES, A.M.; OLINTO, M.T.A.; BARROS, F.C.; CAMEY, S. Influência da percepção do peso e do índice de massa corporal nos comportamentos alimentares anormais. Revista Brasileira de Psiquiatria, v.23, n.1, p.21-27, 2001. 

NUNES, M.A.A.; APOLINÁRIO, J.C.; ABUCHAIM, A.L.G.; COUTINHO, W. Transtornos alimentares e obesidade. Porto Alegre: Artes Médicas; 1998 

OPAS. 71a SESSÃO DO COMITÊ REGIONAL DA OMS PARA AS AMÉRICAS. ESTRATÉGIA E PLANO DE AÇÃO PARA A SAÚDE DO ADOLESCENTE E DO JOVEM: RELATÓRIO FINAL Washington, D.C., EUA, de 30 de setembro a 4 de outubro de 2019. 

PADIERNA, A.; QUINTANA, J.M.; AROSTEGUI, I.; GONZALEZ, N.; HORCAJO, M.J. Changes in health related quality of life among patients treated for eating disorders. Quality of Life Research, v.11, p.545-552, 2002. 

PALERMO J. R. Atitude com relação ao corpo, autoestima e perfil nutricional de adolescentes brasileiras. Tese de doutorado. Unicamp universidade estadual de campinas faculdade de engenharia de alimentos departamento de alimentos e nutrição, 2011. 

PALMA, R. F. M., SANTOS, J. E., & RIBEIRO, R. P. P. Evolução nutricional de pacientes com transtornos alimentares: experiência de 30 anos de um Hospital Universitário. Rev Nutr, 26(6), 669-78. 2018. 

PEDRINOLA, F. Nutrição e transtornos alimentares na adolescência. Revista Brasileira de Medicina: Pediatria Moderna, v. 38, n. 8, p. 377-380, 2002.   

RUNFOLA, C. D., HOLLE, A. V., TRACE, S. E., BROWNLEY, K. A., HOFMEIER, S. M., GAGNE, D. A., BULIK, C. M. Body Dissatisfaction in Wowen Across the Lifespan: Results of the UNC-SELF and Gender and Body Image (GABI) Studies. European Eating Disorders Review, USA, v. 21, ed. 1, p. 52-59, 2012. 

SANT’ANNA, D. B. de. É possível realizar uma história do corpo? In: SOARES, C. L. (Org.). Corpo e história. Campinas: Autores Associados, 2001. p. 3-23. 

SOUTO, S.; FERRO-BUCHER, J.S.N. Práticas indiscriminadas de dietas de emagrecimento e o desenvolvimento de transtornos alimentares. Revista de Nutrição, Campinas, v.19, p.693-704, 2006. 

SOUZA, A. C., & ALVARENGA, M. S. Insatisfação com a imagem corporal em estudantes universitários – Uma revisão integrativa. J Bras Psiquiatr, 65(3), 286-99. 2016. 

STEINBERG L. Adolescent Development. Journal of Cognitive Education and Psychology, v. 2, n. 1, p. 55-87, 2001.  

VASCONCELOS, F. A. G. A ciência da nutrição em trânsito: da nutrição e dietética à nutrigenômica. Revista de Nutrição, Campinas, v. 23, n. 6, 2010. 

VAZ, D. S. S., & BENNEMANN, R. M. Comportamento alimentar e hábito alimentar: uma revisão. Uningá Rev., 20(1), 108-12. 2017.


¹Graduando(a) do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail:
kathlempresseless@gmail.com; Carlosportela9183@gmail.com; Itamar.souza.pereira@gmail.com
²Orientadora do TCC, Doutora em Biotecnologia pela Universidade Federal do Amazonas. Docente do
Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail:
francisca.freitas@fametro.edu.br
3Co-orientador do TCC, Mestre em Ciências do alimento pela Universidade Federal do Amazonas. Docente
do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário FAMETRO. E-mail:
jose.ferreira@fametro.edu.br