REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th1025013108551
Fábio Costa De Vasconcelos¹
Melissa Daniela Nascimento Siqueira²
Helder Eduardo Silva dos Reis³
Rebecca Barros Rodrigues dos Santos⁴
Jhennifer da Silva Guimarães⁵
Ana Marla Duarte de Souza⁶
Thifany Mendes Pinto⁷
William Robert De Souza⁸
Roberta Monteiro de Oliveira Cruz⁹
RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar o impacto da terapia nutricional enteral no controle da mucosite oral em pacientes com câncer de cabeça e pescoço em tratamento oncológico. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura em bases indexadoras como Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), PubMed e Science Direct. Os resultados indicaram que a intervenção com nutrição enteral, especialmente com fórmulas imunomoduladoras enriquecidas com glutamina, arginina e ômega-3, é eficaz na manutenção do estado nutricional, redução de complicações como mucosite e disfagia, e melhora na qualidade de vida dos pacientes. Além disso, o uso precoce da nutrição enteral foi associado a maior adesão ao tratamento oncológico e redução de interrupções causadas por desnutrição grave. Conclui-se que a aplicação da nutrição enteral, em especial com imunonutrientes, desempenha papel crucial no manejo de complicações e no suporte ao tratamento, reforçando a necessidade de protocolos clínicos mais específicos.
Palavras-chave: Câncer de Cabeça e Pescoço; Nutrição enteral; Mucosite Oral; Imunonutrição; Quimiorradioterapia.
ABSTRACT
The objective of this study was to investigate the impact of enteral nutritional therapy on the management of oral mucositis in patients with head and neck cancer undergoing oncological treatment. A systematic literature review was conducted in indexed databases such as the Virtual Health Library (BVS), PubMed, and Science Direct. The results indicated that enteral nutrition intervention, especially with immunomodulatory formulas enriched with glutamine, arginine, and omega-3, is effective in maintaining nutritional status, reducing complications such as mucositis and dysphagia, and improving patients’ quality of life. Furthermore, the early use of enteral nutrition was associated with better adherence to oncological treatment and fewer interruptions caused by severe malnutrition. It is concluded that the application of enteral nutrition, particularly with immunonutrients, plays a crucial role in managing complications and supporting treatment, highlighting the need for more specific clinical protocols.
Keywords: Head and Neck Cancer; Enteral Nutrition; Oral Mucositis; Immunonutrition; Chemoradiotherapy
1 INTRODUÇÃO
A mucosite oral, caracterizada pela inflamação aguda das mucosas na cavidade oral, faringe e laringe, é uma complicação recorrente e debilitante em pacientes submetidos ao tratamento antineoplásico. Atualmente, observa-se que as neoplasias exercem maior relevância no estado nutricional e maior incidência de complicações por mucosite oral estão nos pacientes com tumores na região da cabeça e pescoço. Isso ocorre pelo fato de o campo de irradiação envolver a mucosa oral e as glândulas salivares (Brito et al., 2012).
O câncer de cabeça e pescoço abrange uma variedade de neoplasias que surgem em diferentes locais anatômicos localizados na região que inclui cavidade bucal, face, cavidade nasal, faringe, glândulas e laringe. Esta condição complexa envolve o crescimento desordenado de células que, quando não controlado, resulta na formação de tumores malignos (Oliveira; Aires, 2018). A mucosite oral apresenta uma significativa dificuldade relacionada ao tratamento radioterápico, exercendo um impacto adverso na qualidade de vida do paciente submetido à irradiação, isso porque, ao visar as células cancerígenas, pode danificar as células normais adjacentes, desencadeando uma resposta inflamatória na mucosa oral (Costa et al., 2021).
A complexidade da mucosite oral, destacando sua relação direta com a toxicidade dos tratamentos oncológicos, como quimioterapia (QT), e radioterapia (RXT). A terapia por radiação representa uma abordagem abrangente no tratamento do câncer de cabeça e pescoço. Normalmente, esse tratamento acarreta a geração de resíduos tóxicos provenientes de células não cancerígenas, o que pode resultar em complicações e danos no sistema oro mandibular, seja durante ou após a exposição à radiação. As complexidades e efeitos adversos da radioterapia estão intrinsecamente ligados à quantidade de radiação administrada, o local de exposição, a dose total, a idade do paciente, bem como os tratamentos adicionais associados à idade e à condição física individual (Freitas et al., 2011; Lopes et al., 2020; Santos et al., 2021).
A mucosite oral pode comprometer significativamente a ingestão alimentar, a dor e a dificuldade de deglutição, podendo levar à redução da quantidade e qualidade dos alimentos consumidos, resultando em uma ingestão insuficiente de nutrientes essenciais. A persistência desse cenário pode contribuir consequente para a perda de peso, deficiências nutricionais e resultado negativo na resposta ao tratamento oncológico (Takara et al., 2012).
A necessidade de interrupção do tratamento muitas vezes ocorre devido a deterioração do estado nutricional do paciente. A desnutrição compromete a capacidade do organismo de tolerar e se recuperar dos efeitos adversos dos tratamentos, tornando imperativa a pausa temporária ou, em casos mais graves, a suspensão definitiva das intervenções oncológicas. A abordagem integrada, que inclui o gerenciamento eficaz da mucosite oral e a terapia nutricional apropriada, desempenha um papel crucial na prevenção da desnutrição e na continuidade do tratamento oncológico (Takara et al., 2012).
A terapia enteral é um método de fornecer nutrientes diretamente ao trato gastrointestinal de uma pessoa que não pode obter nutrição adequada por via oral. Geralmente, é administrada por meio de um tubo que é inserido através do nariz ou da boca e passa pelo esôfago até o estômago ou intestino delgado. Esse tipo de terapia é frequentemente usado em pacientes que têm dificuldade em engolir, problemas gastrointestinais que impedem a ingestão normal de alimentos ou estão em estado crítico e não podem consumir alimentos sólidos. A terapia nutricional enteral é uma abordagem essencial para garantir que esses pacientes recebam os nutrientes necessários para manter sua saúde e facilitar a recuperação. Além disso, ela pode ser ajustada para atender às necessidades dietéticas específicas de cada indivíduo, oferecendo uma forma personalizada de suporte nutricional (Fujino et al., 2007).
Portanto, nesta pesquisa a finalidade foi verificar a relação entre a presença de mucosite oral e o uso de nutrição enteral em pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos ao tratamento oncológico, buscando elencar os benefícios da terapia nutricional nestes pacientes.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Investigar o impacto da terapia nutricional enteral no controle da mucosite oral em pacientes com câncer de cabeça e pescoço em tratamento oncológico.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar o tipo de dieta enteral mais comumente utilizado na intervenção nutricional para pacientes com mucosite, enfatizando os nutrientes específicos;
• Discorrer sobre a influência da terapia nutricional enteral na resposta inflamatória, imunológica e na redução de complicações em pacientes com câncer de cabeça e pescoço.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO
O câncer de cabeça e pescoço constitui um espectro diversificado de neoplasias originadas em regiões anatômicas diversas, tais como a faringe, a laringe, a cavidade oral, entre outras. Esta condição representa uma preocupação de saúde pública em escala global, em virtude de sua incidência expressiva, acarretando uma carga substancial para os sistemas de saúde e ocasionando considerável morbidade e mortalidade (Freire et al., 2021).
A cavidade oral, por exemplo, compreende lábios, língua, gengivas, palato, mucosa bucal e amígdalas, enquanto a orofaringe refere-se à parte posterior da garganta, incluindo a base da língua e a parede posterior da faringe. Essas regiões desempenham papéis cruciais na mastigação, deglutição e fonação, além de estarem sujeitas a danos celulares causados por fatores de risco como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool (Jotz et al., 2009).
A laringe, localizada na parte anterior do pescoço, é composta por várias cartilagens e é fundamental para a produção de som e proteção das vias respiratórias durante a deglutição. Alterações genéticas e inflamação crônica, decorrentes da exposição ao tabaco e ao álcool, podem predispor as células da laringe ao desenvolvimento de câncer. O câncer pode se desenvolver em qualquer uma das suas três partes: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Esse tipo de câncer pode afetar a deglutição e a respiração (Vos et al., 2020).
Os seios paranasais são cavidades cheias de ar localizadas nos ossos do crânio ao redor do nariz, enquanto a nasofaringe é a parte superior da garganta, atrás do nariz. Essas estruturas ajudam a umedecer e aquecer o ar inspirado, além de dar ressonância à voz (Instituto oncoguia, 2015).
Os linfomas de pescoço constituem uma categoria de neoplasias que têm sua origem no sistema linfático, uma componente essencial do sistema imunológico humano. Esse sistema é composto por uma intrincada rede de vasos linfáticos, linfonodos (ou gânglios linfáticos) e outros tecidos linfoides, distribuídos por todo o corpo, inclusive na região cervical. Quando as células do sistema linfático sofrem transformação maligna, elas proliferam de maneira descontrolada, formando tumores nos linfonodos ou em outros tecidos linfoides localizados no pescoço. Esses tumores podem interferir na produção regular de células do sistema imunológico, comprometendo a capacidade do organismo em combater infecções e outras enfermidades (Ministério da Saúde, 2020).
A base do crânio é uma estrutura complexa que sustenta o cérebro e abriga diversas estruturas vitais, como os seios paranasais, os nervos cranianos e as artérias. Essa região desempenha um papel fundamental na proteção do sistema nervoso central, na circulação sanguínea e na função dos sentidos. O câncer na base do crânio pode afetar significativamente a função cerebral, os sentidos e o movimento, podendo comprimir ou invadir estruturas vitais, como o cérebro, os nervos cranianos responsáveis pela visão, audição, olfato e movimento facial, além das artérias cerebrais (Brandes et al., 2016).
3.2 EPIDEMIOLOGIA
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano são diagnosticados cerca de 1,5 milhão de novos casos dessa doença, resultando em aproximadamente 460 mil mortes. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que entre os anos de 2020 e 2022 ocorreram aproximadamente 685 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço (INCA, 2022).
A distribuição geográfica desse tipo de câncer também é relevante. Globalmente, estima-se que aproximadamente 200 mil novos casos sejam diagnosticados anualmente. No entanto, dentro do Brasil, observa-se uma variação significativa entre as diferentes regiões do país. Por exemplo, dados do Painel Oncologia, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus), revelam que o estado do Pará registrou 472 novos casos em 2019, 387 em 2020 e 107 até julho de 2023 (Ministério da Saúde, 2019).
3.3 TRATAMENTO ONCOLÓGICO
O tratamento do câncer de cabeça e pescoço é uma área complexa e multifacetada da oncologia, que emprega uma variedade de modalidades terapêuticas para combater eficazmente essa doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Ao longo das décadas, houve avanços significativos em diferentes aspectos do tratamento, desde tratamentos convencionais, até terapias farmacológicas mais recentes, incluindo imunoterapia (Jorge, 2019).
A radioterapia desempenha um papel crucial no tratamento do câncer de cabeça e pescoço (CCP). A utilização de radiação ionizante tem como objetivo destruir as células cancerígenas e pode ser empregada como tratamento primário, adjuvante ou neoadjuvante. Tecnologias avançadas, como a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e a radioterapia guiada por imagem (IGRT), permitem uma administração mais precisa da radiação (Giaj-Levra et al., 2020).
A quimioterapia, embora tenha sido fundamental no tratamento do câncer por anos, está evoluindo no contexto do CCP com o surgimento de novas abordagens terapêuticas. Terapias direcionadas estão ganhando destaque por sua capacidade de atacar características específicas das células cancerígenas, como proteínas de superfície celular anormais ou vias de sinalização celulares aberrantes. Isso pode levar a tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais em comparação com a quimioterapia convencional (Mendonça et al., 2005).
A imunoterapia surgiu como uma estratégia promissora no tratamento do CCP, ativando o sistema imunológico do próprio paciente para combater as células cancerígenas. Agentes imunoterápicos, como inibidores de checkpoint imunológico e terapias CAR-T, têm mostrado eficácia em subgrupos de pacientes, oferecendo respostas duradouras e alterando o paradigma do tratamento do câncer metastático. Essa abordagem promete tratamentos mais eficazes e menos tóxicos, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes com CCP (Jorge, 2019).
Desde o século XIX, já se reconhecia que o sistema imunológico possuía a habilidade de identificar e eliminar células cancerígenas. Uma das primeiras evidências dessa função foi observada em pacientes com sarcoma que, após desenvolverem infecções cutâneas por Streptococcus pyogenes, apresentaram regressão do tumor. Essa descoberta sugeriu que a infecção estimulava uma resposta imunológica capaz de combater o câncer. Com base nessa observação, iniciou-se o uso experimental de cepas de S. pyogenes e Serratia marscecens, tratadas por calor (conhecidas como Toxina de Coley), no tratamento de sarcomas, obtendo-se sucesso em alguns casos (Jorge, 2019).
Essa constatação, ainda de acordo com Jorge (2019), marcou o início do entendimento sobre o potencial terapêutico da imunoterapia no combate ao câncer. A capacidade do sistema imunológico de responder a estímulos infecciosos para atacar células tumorais abriu portas para o desenvolvimento de novos tratamentos oncológicos. Ao longo do tempo, essa estratégia evoluiu, culminando nas atuais terapias imunológicas que visam estimular a resposta imune contra diversos tipos de câncer, explorando o princípio observado no século XIX, mas agora com técnicas mais avançadas e seguras.
3.4 MUCOSITE
A mucosite é uma complicação comum e debilitante que pode surgir como resultado dos tratamentos utilizados para combater o CCP, incluindo a radioterapia, quimioterapia e imunoterapia. Esses tratamentos têm como objetivo destruir as células cancerígenas, mas também podem danificar as células saudáveis da mucosa que revestem a boca, a garganta, o esôfago e o trato gastrointestinal superior. A mucosite é multifatorial e resulta da interação complexa entre agentes quimioterápicos, imunoterápicos ou radioterápicos, células epiteliais da mucosa, microbiota oral e fatores imunológicos. Os danos diretos às células epiteliais da mucosa levam à liberação de citocinas pró-inflamatórias, recrutando células inflamatórias e promovendo a resposta inflamatória local (Mendonça et al., 2005).
A radioterapia, ao ser aplicada na região afetada pelo câncer, pode induzir danos diretos ao DNA das células da mucosa, resultando em morte celular e inflamação. Além disso, a radioterapia pode afetar indiretamente a microcirculação sanguínea, levando à hipóxia tecidual e à produção de radicais livres, que contribuem para a inflamação e danos adicionais às células mucosas. O desenrolar clínico da mucosite oral induzida por radioterapia é caracterizado por uma duração mais extensa, em associação com o regime de tratamento fracionado. Podendo perdurar durante todo o tratamento (Sonis et al., 2009).
A quimioterapia, embora seja eficaz contra o câncer, pode afetar as células da mucosa devido à sua toxicidade geral. Alguns agentes quimioterápicos causam danos diretos às células da mucosa, levando à inflamação e ulceração, além de suprimir a divisão celular normal, interferindo na capacidade de regeneração e reparo. A mucosite oral, um efeito colateral comum, geralmente se manifesta de 3 a 4 dias após o tratamento, com o desenvolvimento de úlceras em seguida. Sua gravidade atinge o máximo cerca de duas semanas após o tratamento e geralmente cicatriza em torno de 21 dias após a infusão (Cinausero et al., 2017).
A imunoterapia, uma abordagem terapêutica que visa fortalecer a resposta imunológica contra o câncer, também pode desencadear mucosite como efeito colateral. Os agentes imunoterápicos, como os inibidores de checkpoint imunológico, funcionam reativando as células T do sistema imunológico para atacar as células cancerígenas. No entanto, essa ativação imunológica pode resultar em inflamação e danos à mucosa (Dahiya et al., 2020).
Em estágios avançados da mucosite, podem se formar pseudomembranas sobre a superfície da mucosa ulcerada. Essas pseudomembranas são compostas por uma mistura de células mortas, detritos celulares e outras substâncias que se acumulam sobre a mucosa inflamada. Embora as pseudomembranas possam oferecer alguma proteção ao tecido subjacente, também podem aumentar o desconforto e o risco de infecções secundárias. O grau IV desta condição desfavorece a realização da alimentação via oral, sendo implicada a nutrição enteral (Bortoletto, 2018).
A mucosite oral (MO) pode acarretar não apenas a interrupção ou o retardamento do protocolo terapêutico, mas também comprometer sua eficácia, resultando em uma deterioração substancial na qualidade de vida do paciente. A dor associada à MO, aliada à disfagia, pode precipitar uma série de complicações adicionais, incluindo desnutrição, desidratação e uma redução significativa na ingestão calórica. Essas adversidades agravam os efeitos adversos do tratamento oncológico, comprometendo ainda mais a capacidade do paciente de alcançar uma recuperação completa (Santana, 2023).
Sua progressão ocorre em cinco fases, com impactos diretos na alimentação em cada estágio: durante a fase de Iniciação (até 24 horas após o início da agressão), a mucosite é desencadeada por danos celulares iniciais provocados pelos tratamentos oncológicos, que levam à produção de espécies reativas de oxigênio (EROs). Esses radicais livres começam a danificar o DNA das células epiteliais da mucosa oral, marcando o início da disfunção celular. No entanto, apesar da extensão do dano tecidual, os sinais clínicos de mucosite ainda não são visíveis. Nesse estágio, a alimentação normalmente não é afetada, já que a mucosa ainda está funcional, sem alterações que possam causar dor ou desconforto. Contudo, a fisiopatologia está em curso, e o processo inflamatório começará a se intensificar nos dias subsequentes (Lalla et al., 2014).
A fase de Sinalização e Amplificação (dias 2 a 5), após a iniciação, ocorre quando as células danificadas começam a liberar uma série de mediadores pró-inflamatórios, como o fator de necrose tumoral-alfa (TNF-α) e interleucinas, amplificando a resposta inflamatória. Nesse ponto, a mucosa oral começa a exibir os primeiros sinais clínicos de eritema e sensibilidade aumentada, e o paciente pode começar a sentir desconforto ao consumir alimentos ácidos, condimentados ou de textura mais rígida. A produção de saliva pode também ser comprometida, tornando a deglutição desconfortável. Embora ainda seja possível comer, muitos pacientes relatam uma tendência a evitar certos alimentos e a preferir opções mais suaves e menos irritantes para a mucosa (Peterson et al., 2015).
A fase de Ulceração (dias 5 a 12) é caracterizada pelo surgimento de ulcerações dolorosas na mucosa oral, frequentemente acompanhadas de eritema intenso e lesões hemorrágicas. Essas úlceras expõem o tecido submucoso, causando dor intensa, especialmente durante a mastigação e deglutição. Alimentos sólidos tornam-se praticamente intoleráveis, levando os pacientes a depender de dietas líquidas ou semilíquidas. Além disso, a inflamação exacerbada compromete ainda mais a produção de saliva, tornando difícil a ingestão de qualquer alimento que não seja altamente hidratante ou suave. A dor, combinada com a dificuldade mecânica de mastigar e engolir, pode levar à perda de peso significativa e à desnutrição, caso a alimentação adequada não seja garantida através de intervenções nutricionais especializadas como a nutrição enteral (Al-dasooqi et al., 2014; Bensadoun et al., 2021).
Na fase de Cura Inicial (dias 12 a 21), com a regeneração das células epiteliais da mucosa, as úlceras começam a cicatrizar gradualmente. Embora a dor diminua progressivamente, o tecido novo que se forma ainda é sensível, o que limita o consumo de alimentos muito quentes, picantes ou duros. Os pacientes podem, lentamente, reintroduzir alimentos sólidos, mas frequentemente permanecem com uma dieta pastosa ou líquida para minimizar o risco de trauma ao tecido em cicatrização. Além disso, o desconforto persistente na deglutição pode desencorajar a ingestão de grandes volumes de alimentos, exigindo que a alimentação seja distribuída em várias pequenas refeições ao longo do dia (Bensadoun et al., 2021).
Por fim, a fase de Recuperação Completa (após três semanas), nela ocorre a completa regeneração da mucosa oral, e as funções normais da cavidade oral, incluindo mastigação e deglutição, são restauradas. Embora a mucosa esteja clinicamente curada, alguns pacientes podem continuar a relatar sensibilidades residuais ou preferências alimentares alteradas devido à memória da dor associada ao consumo de certos alimentos. Entretanto, a maioria dos pacientes consegue retornar a uma dieta normal, sem restrições significativas. Neste ponto, o acompanhamento nutricional ainda é fundamental para garantir que o paciente recupere qualquer peso perdido e reequilibre suas necessidades nutricionais, especialmente após períodos prolongados de alimentação restrita (Bensadoun et al., 2021; Peterson et al., 2015).
3.5 TRATAMENTO NUTRICIONAL ENTERAL
A gravidade da mucosite oral é frequentemente classificada em uma escala de acordo com a intensidade dos sintomas, sendo o grau 4 o mais severo, com ulcerações extensas e intolerância à alimentação oral. Em pacientes com mucosite oral grau 4, a alimentação oral torna-se inexecutável, aumentando o risco de desnutrição e comprometendo ainda mais o estado de saúde debilitado pela neoplasia e pelo tratamento. Nesse contexto, a dieta enteral emerge como uma intervenção crucial, fornecendo os nutrientes necessários de forma direta ao trato gastrointestinal, contornando as dificuldades associadas à alimentação oral. (Santana, 2023).
Além disso, a administração da dieta enteral pode ajudar a preservar a integridade do trato gastrointestinal e a evitar complicações associadas à desnutrição, como perda de peso, fraqueza e comprometimento do sistema imunológico, o que pode consequentemente levar a quadros de inflamações da mucosa. A dieta enteral pode não apenas garantir a adequada ingestão de nutrientes, mas também ajudar na cicatrização das lesões da mucosite oral, fornecendo os substratos necessários para a regeneração tecidual. Além disso, a formulação da dieta enteral pode ser adaptada para atender às necessidades específicas de pacientes com mucosite oral, fornecendo nutrientes em formas que minimizem o desconforto e a irritação da mucosa (Lochs et al., 2006).
Como tratamento primário, a nutrição enteral (NE) exerce um impacto positivo nos processos inflamatórios, promovendo a remissão e tratando a desnutrição, além de suas consequências. De acordo com as diretrizes da ESPEN (2006), a NE também é capaz de evitar os efeitos colaterais comumente associados ao uso de agentes imunomoduladores e imunossupressores convencionais, como 5-ASA, esteroides, azatioprina e 6-mercaptopurina.
Ainda segundo as ESPEN Guidelines on Enteral Nutrition (2006), a utilização da NE como abordagem terapêutica é vantajosa não apenas no controle da inflamação, mas também na melhoria do estado nutricional dos pacientes. Ela contribui significativamente para a redução de complicações relacionadas à desnutrição, sem os efeitos adversos típicos dos tratamentos medicamentosos. Assim, o uso da NE se apresenta como uma opção eficiente e menos invasiva para o manejo de pacientes com doenças inflamatórias e desnutrição (Kreymann, 2006).
A recomendação da American Society for parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN), Multinational Association of Supportive Care in Cancer (MASCC) e a European Society for Medical Oncology (ESMO) tendem a favorecer o uso de dietas enterais oligoméricas ou elementares. As dietas enterais oligoméricas contêm nutrientes parcialmente digeridos, como oligopeptídios e carboidratos simples, tornando-as mais fáceis de serem digeridas e absorvidas pelo trato gastrointestinal. Isso pode ser benéfico para pacientes com mucosite grave, que podem ter dificuldade em tolerar alimentos mais complexos (ASPEN, 2022; MASCC, 2024; ESMO, 2024).
Por outro lado, as dietas enterais elementares são compostas por nutrientes altamente simplificados, como aminoácidos livres e glicose. Essas dietas são ainda mais facilmente absorvíveis e são indicadas em casos de mucosite grave, nos quais a capacidade de digestão e absorção de nutrientes pode estar comprometida. A escolha entre dietas enterais oligoméricas e elementares depende da gravidade da mucosite, da tolerância gastrointestinal do paciente e das necessidades nutricionais individuais (ASPEN, 2022; MASCC, 2024; ESMO, 2024).
4. MATERIAL E MÉTODOS
4.1 TIPO DE ESTUDO
O estudo se caracteriza como uma Revisão Sistemática da Literatura, abordagem retrospectiva e qualitativa destinada a sintetizar resultados de pesquisas sobre um tema de forma sistemática, ordenada e abrangente. A obtenção de dados foi em formato de artigos científicos publicados em revistas cientificas da área da saúde, de acordo com o escopo do estudo (Cordeiro, et al. 2007).
A revisão sistemática é um tipo de investigação científica que tem por objetivo reunir, avaliar criticamente e conduzir uma síntese dos resultados de múltiplos estudos primários. Ela também objetiva responder a uma pergunta claramente formulada, utilizando métodos sistemáticos e explícitos para identificar, selecionar e avaliar as pesquisas relevantes, coletar e analisar dados de estudos incluídos na revisão (Cordeiro, et al, 2007).
4. 2 PERÍODO E LOCAL
A primeira etapa do trabalho foi realizada de agosto a outubro de 2024, em artigos e revistas científicas que contemplaram os anos de 2014 a 2024.
4 .3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS
Foram selecionados para este estudo artigos publicados em revistas científicas disponibilizados em bases indexadoras como Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Pubmed e Science Direct, utilizando os descritores: Câncer de cabeça e pescoço, Estado nutricional, Terapia nutricional Oral, terapia nutricional Enteral, Quimioterapia, Radioterapia e Reabilitação de pacientes oncológicos com mucosite oral consultados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), combinados com operadores booleanos “AND” e “OR” para garantir uma busca ampla.
Foi proposta, para avaliação, a classificação de seis níveis de evidências provenientes das pesquisas. Essa classificação considera abordagem metodológica do estudo, o delineamento de pesquisa empregado e o seu rigor (Quadro 1).
Quadro 1 – Nível de Evidências Oxford Centre for Evidence-Based Medicine.
Nível das Evidências | Natureza do Estudo |
Nível I | Evidências oriundas de revisão sistemática ou meta-análise de todos relevantes ensaios clínicos randomizados controlados ou provenientes de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados. |
Nível II | Evidências derivadas de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado. |
Nível III | Evidências obtidas de estudos quase-experimentais, como ensaio clínico não randomizado, grupo único pré e pós-teste, séries temporais ou caso-controle. |
Nível IV | Evidências originárias de estudos não experimentais, como pesquisa descritiva, correlacional e comparativa, pesquisas com abordagem metodológica qualitativa e estudos de caso. |
Nível V | Evidências oriundas de dados de avaliação de programas, dados obtidos de forma sistemática. |
Nível VI | Evidências a partir de opiniões de especialistas, relatos de experiência, consensos, regulamentos e legislações. |
Fonte: University of Oxford, 2011.
4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Neste estudo foram incluídos artigos originais completos disponibilizados na íntegra, gratuitos, publicados no período de 2014 a 2024, em língua portuguesa, inglesa e espanhol; e preferencialmente, com delineamento observacional, clínico, controlado e randomizado, de acordo com o tema da pesquisa.
Foram excluídos da pesquisa, artigos incompletos e indisponíveis, publicados antes do ano de 2014; bem como, aqueles que se encontraram em qualquer outro idioma que não os supracitados no estudo. Além disso, os artigos que estavam duplicados, com metodologias inconsistentes, resumos de anais e congressos, monografias, teses, revisões narrativas e que possuíam conceitos antagônicos e irrelevantes ao título estabelecido para este estudo também foram descartados (Figura 1).
Figura 1 – Fluxograma de coleta de dados
4.5 ANÁLISE DOS ARTIGOS
Os estudos foram selecionados após leitura criteriosa do título e resumo, a fim de verificar se os mesmos respondiam à questão norteadora e os critérios de inclusão; além de informações acerca das características e do rigor metodológico, intervenções estudadas e principais resultados encontrados. A análise dos artigos foi realizada por dois investigadores de forma cega e independente. Em caso de discordância, foi consultado um terceiro avaliador, cujo decisão foi tomada pela maioria avaliativa. A análise dos dados extraídos foi feita de forma descritiva, sem metaanálise e sem análise estatística. Os estudos foram classificados quanto ao grau de evidência e ao nível de significância, de acordo com os critérios da Oxford Centre for Evidence-Based Medicine já mencionados.
4.6 ASPECTOS ÉTICOS
Tratou-se de uma pesquisa sem abordagem a seres humanos e sem instituições coparticipantes. Sendo assim, não foi necessária submissão do projeto à Plataforma Brasil para posterior aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP).
4.7 RISCOS E BENEFÍCIOS
Por se tratar de uma pesquisa sem abordagem a pacientes e sem análises documentais de pacientes específicos de um determinado local, o presente estudo oferece riscos mínimos, como: análise indevida do material, infidelidade dos resultados encontrados e plágio. Em vista disso, os pesquisadores desse estudo comprometeram-se a realizar uma análise fiel aos resultados encontrados nos textos selecionados nas bases de dados e respeitar as normas Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 10520:2023 e a Lei nº 9.610/98 (Lei do Direito Autoral – LDA) permitindo exteriorizar um resultado fidedigno para a comunidade científica da área da saúde (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NORMA BRASILEIRA, 2023).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presente revisão foi composta por um total de 25 artigos encontrados nas seguintes bases de dados listados a seguir, sendo excluídos 18 após limitar os critérios prévios estabelecidos na busca. Na base de dados Science direct, foram encontrados 7 artigos, após a avaliação dos resumos dos artigos, 2 se enquadraram aos critérios propostos. Na base de dados BVS, localizou-se 8 artigos, entretanto, após análise, apenas 2 se adequava aos critérios de inclusão. No PubMed, foram encontrados 10 artigos; após a avaliação dos resumos, 3 artigos foram incluídos. Desta forma, totalizou-se uma amostra final de 7 artigos extraídos dessas bases de dados, utilizados nesta Revisão Sistemática da Literatura.
Quanto ao ano de publicação, os artigos foram publicados entres os anos de 2014 a 2024, sendo a maioria em idioma inglês. Os objetivos descritos enquadraram-se na metodologia proposta obtendo respostas coerentes. Nesta revisão, evidenciam-se estudos oriundos de revisão sistemática ou meta-análise de todos relevantes ensaios clínicos randomizados controlados ou provenientes de diretrizes clínicas baseadas em revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados controlados.
Depois de analisar criteriosamente os artigos da fase de triagem, optou-se por 2 deles para compor e discutir a etapa de resultados, por apresentarem resultados mais relevantes (Tabela 1).
Tabela 1 – Caracterização dos artigos selecionados para análise sobre a Relação Entre a Presença de Mucosite Oral e o Uso de Nutrição Enteral em Pacientes com Câncer de Cabeça e Pescoço Submetidos ao Tratamento Oncológico, 2024.
Título Autores | Idioma Ano | Revista | Objetivo | Metodologia | NE | Principais Resultados |
Tube feeding in patients with head and neck cancer undergoing chemoradiotherapy: A systematic review Bossola et al. | Inglês/ 2022 | American Society for Parenteral and Enteral Nutrition | Revisar os benefícios da alimentação por sonda em pacientes com câncer de cabeça e pescoço em quimiorradioterapia, focando em nutrição, qualidade de vida e complicações. | Revisão sistemática e meta-análise | I | A alimentação por sonda em pacientes com CCP submetidos a quimiorradioterapia, mantém o estado nutricional, previne complicações como a Mucosite e melhora a qualidade de vida. |
Benefits of immunonutrition in patients with head and neck cancer receiving chemoradiation. Dechaphunkul, T. et al. | Inglês/2022 | Clinical Nutrition | Avaliar os efeitos da imunonutrição em pacientes com câncer de cabeça e pescoço quanto à imunidade, complicações, qualidade de vida e prognóstico. | Um estudo de fase II randomizado e duplo-cego. | I | A imunonutrição em pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à quimiorradiação melhorou o estado nutricional, reduziu complicações como mucosite e infecções, aumentou a qualidade de vida e fortaleceu a resposta imunológica. |
NE: nível de evidência.
Fonte: autores da pesquisa
A alimentação por sonda em pacientes com câncer de cabeça e pescoço submetidos à quimiorradioterapia é fundamental para prevenir a desnutrição, especialmente devido aos efeitos colaterais do tratamento, como a mucosite oral (Bossola et al., 2022).
De acordo com Bossola et al. (2022), a revisão sistemática demonstrou que a intervenção precoce com nutrição enteral, através da inserção de sondas nasogástricas ou gastrostomias, pode manter o estado nutricional adequado e, em muitos casos, melhorar a adesão ao tratamento oncológico, evitando a interrupção causada pela deterioração do estado nutricional. A implementação da alimentação por sonda foi associada à menor incidência de complicações graves, como perda de peso acentuada, o que tem impacto direto na recuperação e prognóstico dos pacientes.
Além disso, Bossola et al. (2022) destacam que, embora a nutrição enteral seja amplamente recomendada, a decisão sobre o tipo de sonda e o momento da intervenção devem ser cuidadosamente considerados para cada paciente. A revisão também sugere que a inserção precoce da gastrostomia profilática pode ser preferível em alguns casos para evitar a necessidade de intervenção de emergência mais tarde no curso do tratamento.
Ademais, a Associação Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral (BRASPEN) recomenda o uso de dietas enterais que sejam bem toleradas e ajustadas às necessidades individuais de cada paciente, destacando a importância de fórmulas com perfil imunomodulador, que podem auxiliar na cicatrização e na redução do tempo de recuperação da mucosite oral. Essas fórmulas são enriquecidas com nutrientes como arginina, glutamina e ácidos graxos ômega-3, fundamentais para o fortalecimento do sistema imunológico e a regeneração tecidual (BRASPEN, 2019).
Oliveira et al. (2020) realizaram um estudo com 75 pacientes com câncer de cabeça e pescoço em tratamento radioterápico, com o objetivo de avaliar o impacto de dietas enterais imunomoduladoras. A pesquisa utilizou uma fórmula enriquecida com antioxidantes, como selênio e vitamina E, além de nucleotídeos, e observou uma redução significativa da inflamação da mucosa oral, com uma recuperação mais rápida da mucosite oral. Os resultados indicaram uma redução de até 10 dias nos sintomas de mucosite oral em comparação ao grupo controle, reforçando a importância de uma nutrição adequada na recuperação desses pacientes.
Costa et al. (2018) observaram que as fórmulas elementares, compostas por nutrientes totalmente hidrolisados, como aminoácidos livres, triglicerídeos de cadeia média e monossacarídeos, facilitam a absorção e diminuem o risco de irritação gastrointestinal. Esses nutrientes, por serem totalmente hidrolisados, estão em uma forma que não exige digestão prévia, o que permite uma absorção mais rápida no trato gastrointestinal, sendo especialmente benéfico em casos graves de mucosite oral, onde a tolerância alimentar está comprometida. A rápida absorção desses nutrientes ajuda a reduzir o risco de desnutrição e melhora o estado geral do paciente ao fornecer energia e proteínas de forma eficaz, sem sobrecarregar o trato digestivo.
Martins et al. (2019) relataram que a seleção de fórmulas deve considerar o estágio da mucosite oral, as condições gerais do paciente e a presença de outras complicações, como disfagia, para garantir que o paciente receba uma intervenção adequada e tolerável. Em seu estudo, que incluiu 120 pacientes com câncer de cabeça e pescoço, eles demonstraram que a escolha correta da fórmula, seja polimérica, semi-elementar ou elementar, pode influenciar diretamente na recuperação da mucosa e na manutenção do estado nutricional do paciente. A abordagem personalizada, levando em conta a gravidade da mucosite e o estado geral de saúde do paciente, foi essencial para o sucesso da terapia nutricional.
Essas evidências sugerem que uma abordagem multidisciplinar, aliada a um protocolo nutricional bem estruturado, é fundamental para o sucesso da terapia nutricional em pacientes com mucosite oral. A personalização do tratamento nutricional, considerando tanto o tipo de câncer quanto o estágio da mucosite, contribui significativamente para a melhora clínica e para a qualidade de vida desses pacientes (Martins et al., 2019).
Os imunomoduladores são substâncias adicionadas às fórmulas nutricionais com o objetivo de regular e fortalecer a resposta imunológica do paciente. Esses compostos incluem nutrientes como glutamina, arginina, ácidos graxos ômega-3, e antioxidantes como o selênio e a vitamina E, ajudam a melhorar a função imunológica, reduzir a inflamação e promover a recuperação tecidual, especialmente em pacientes críticos. Sua inclusão nas fórmulas enterais é crucial para reduzir complicações, acelerar a cicatrização de tecidos danificados e melhorar o prognóstico clínico (Hesse et al., 2021). Neste ínterim, a suplementação com arginina tem sido amplamente utilizada no contexto de pacientes com câncer de cabeça e pescoço, uma vez que esse aminoácido exerce papel fundamental na modulação do sistema imunológico e na cicatrização de feridas.
Segundo Ferreira et al. (2019), a arginina é um aminoácido semiessencial que pode se tornar condicionalmente essencial em situações de estresse metabólico, como no câncer. Além de melhorar a resposta imunológica, a arginina é precursora de óxido nítrico (NO), um composto bioquímico com ação vasodilatadora e que atua na comunicação celular e na defesa do organismo. Nos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, a suplementação com arginina tem mostrado benefícios, como a melhora no estado nutricional e na cicatrização pós-operatória, além de potencialmente atenuar a resposta inflamatória sistêmica (Ferreira et al., 2019).
Sob a ótica bioquímica, a arginina participa do ciclo da ureia, onde é convertida em óxido nítrico, citrulina e ornitina. O óxido nítrico gerado atua como mediador em várias funções fisiológicas, incluindo a regulação da pressão arterial e o estímulo de células de defesa, tornando-se crucial em situações como o câncer (Pillar et al., 2023). Dessa forma, a suplementação desse aminoácido pode ser um aliado na terapia nutricional de pacientes oncológicos, especialmente em condições de imunossupressão.
O uso da glutamina no tratamento do câncer também tem sido amplamente investigado devido ao papel desse aminoácido na manutenção da integridade da mucosa intestinal, na modulação do sistema imunológico e no metabolismo energético das células. De acordo com Silva (2023), a glutamina é o aminoácido mais abundante no corpo humano, sendo fundamental para a proliferação celular, especialmente das células imunológicas e enterócitos, que revestem o trato gastrointestinal. No contexto de pacientes oncológicos, a suplementação de glutamina tem demonstrado benefícios na prevenção e tratamento da mucosite, um efeito colateral comum da quimioterapia e radioterapia, além de contribuir para a redução de infecções e hospitalizações (Silva, 2023).
Bioquimicamente, a glutamina é convertida em glutamato no fígado, podendo ser utilizada como substrato energético por diversos tecidos, incluindo o sistema imunológico. Em estados de estresse, como o câncer, a demanda por glutamina aumenta, tornando sua suplementação benéfica para melhorar a resposta imunológica e a cicatrização tecidual (Silva, 2023; Xu et al., 2021). Dessa forma, a glutamina se apresenta como um componente importante no suporte nutricional de pacientes com câncer, auxiliando no manejo de complicações associadas ao tratamento oncológico.
Por sua vez, a suplementação de ômega-3 em pacientes com câncer tem se mostrado eficaz, especialmente no manejo de condições como a mucosite, uma complicação comum da quimioterapia e radioterapia. Segundo Oliveira e Melo (2020), o ômega-3, composto principalmente pelos ácidos eicosapentaenoico (EPA) e docosaexaenoico (DHA), possui propriedades anti-inflamatórias que ajudam a reduzir a inflamação associada à mucosite, diminuindo a gravidade e a duração desse efeito colateral.
O ômega-3 atua bioquimicamente ao ser incorporado nas membranas celulares, onde modula a resposta inflamatória por meio da redução de citocinas pró-inflamatórias, como o TNF-α e interleucinas, responsáveis pelo agravamento de lesões na mucosa. Além disso, ele contribui para a preservação da integridade da mucosa gastrointestinal, facilitando a recuperação dos tecidos danificados durante o tratamento oncológico (Oliveira; Melo, 2020). O uso do ômega-3, portanto, não só ajuda na melhora da resposta imunológica e na preservação da massa magra, como também oferece um impacto significativo na redução dos sintomas da mucosite, melhorando a qualidade de vida dos pacientes (Smith et al., 2022).
A vitamina E desempenha um papel relevante na terapia nutricional de pacientes oncológicos, especialmente no manejo da mucosite associada ao tratamento com quimioterapia e radioterapia. Segundo Batista, Costa e Pinheiro-Sant’Ana (2020), a vitamina E, por ser um potente antioxidante lipossolúvel, contribui para a proteção das membranas celulares contra o estresse oxidativo induzido pelos tratamentos oncológicos, ajudando a reduzir a inflamação e a gravidade da mucosite. No contexto da terapia enteral, a adição de vitamina E pode auxiliar na reparação tecidual da mucosa gastrointestinal, acelerando a recuperação de lesões provocadas pela mucosite, que afeta diretamente a alimentação e qualidade de vida dos pacientes.
Sua ação antioxidante neutraliza os radicais livres produzidos em excesso durante o tratamento do câncer, o que minimiza danos celulares e pode favorecer a integridade da mucosa (Batista; Costa; Pinheiro-Sant’Ana, 2020). Dessa forma, a vitamina E, incorporada às fórmulas enterais, pode ser uma aliada eficaz no tratamento de pacientes com mucosite, promovendo a cicatrização e melhorando os resultados clínicos durante a terapia oncológica.
O selênio, um micronutriente essencial, tem recebido atenção crescente no tratamento do câncer devido ao seu papel na defesa antioxidante e na modulação do sistema imunológico. O selênio, ao ser incorporado em enzimas antioxidantes como a glutationa peroxidase, ajuda a proteger as células dos danos causados pelos radicais livres, que são produzidos em excesso durante o tratamento oncológico com quimioterapia e radioterapia (Li et al., 2023). Além disso, ele exerce uma função vital na apoptose (morte celular programada), inibindo o crescimento de células tumorais e prevenindo a progressão do câncer.
No manejo da mucosite, o selênio tem mostrado benefícios quando suplementado em pacientes que recebem terapia enteral. Sua ação antioxidante protege a mucosa gastrointestinal contra lesões inflamatórias induzidas pelo tratamento do câncer, promovendo a cicatrização dos tecidos e diminuindo a severidade da mucosite. De acordo com Zhang et al. (2022), a suplementação de selênio em pacientes oncológicos pode reduzir os efeitos colaterais do tratamento, melhorar a resposta imunológica e acelerar a recuperação da mucosa oral e intestinal, oferecendo uma melhoria significativa na qualidade de vida dos pacientes em terapia nutricional.
O uso de imunonutrição em pacientes com câncer de cabeça e pescoço que estão recebendo quimiorradioterapia tem sido amplamente estudado nos últimos anos, devido à sua capacidade de atenuar os efeitos adversos do tratamento e melhorar os desfechos clínicos. No estudo de Tanadech Dechaphunkul et al. (2022), foi demonstrado que a suplementação com imunonutrição, composta por imunomoduladores como arginina, ácidos graxos ômega-3 e nucleotídeos, trouxe benefícios significativos aos pacientes. Estes imunomoduladores são conhecidos por potencializar a resposta imunológica, melhorar a cicatrização e reduzir a inflamação, fatores cruciais durante o tratamento agressivo como a quimiorradioterapia.
No estudo conduzido por Dechaphunkul et al. (2022), 110 pacientes com câncer de cabeça e pescoço (CCP) submetidos à quimiorradioterapia definitiva com ciclos de cisplatina a cada três semanas foram incluídos. Os pacientes foram randomizados em dois grupos: o grupo que recebeu uma fórmula imunonutricional contendo ácidos graxos ômega-3, arginina, nucleotídeos e fibras solúveis (n = 55), e um grupo controle que recebeu uma fórmula isocalórica e isonitrogenada (n = 55). Todos os pacientes consumiram os produtos designados por cinco dias consecutivos antes de cada sessão de quimioterapia. O objetivo primário foi comparar a proporção de pacientes com mucosite oral grave entre os grupos.
Os resultados mostraram que não houve diferença estatisticamente significativa na proporção de pacientes com mucosite oral de grau 3-4 entre o grupo de imunonutrição e o grupo controle (62% vs. 67%, p = 0.690). Esses resultados indicam que a gravidade da mucosite oral se deve a profundidade do nível de lesão celular, ulcerações e formação de pseudomembranas, de acordo com Freitas et al. (2018). Entretanto, Dechaphunkul et al. (2022), destaca que houve significância estatística (p<0.05) na mucosite oral de grau 1-2 com redução da lesão e cicatrização. Os resultados reforçam que a nutrição enteral precoce com imunonutrientes reduz o processo inflamatório das mucosas favorecendo a síntese de colágeno. Apesar disso, observou-se que, dependendo da gravidade da deterioração tecidual e da localização dos tumores, os efeitos sobre a mucosite podem variar entre os pacientes.
A análise dos dados de sobrevida revelou tendências promissoras para o grupo de imunonutrição. A taxa de sobrevida livre de progressão em três anos foi de 69% (intervalo de confiança de 95% [IC] = 55%-80%) no grupo de imunonutrição, comparada a 44% (IC de 95% = 30%-57%) no grupo controle (p = 0.056). Embora essa diferença tenha mostrado apenas uma tendência e não alcançado significância estatística com um valor de p < 0,05, os resultados sugerem uma possível vantagem da imunonutrição na prevenção da progressão da doença. Além disso, as taxas de sobrevida global em três anos foram de 69% (IC de 95% = 54%-80%) no grupo de imunonutrição e 50% (IC de 95% = 36%-66%) no grupo controle (p = 0.065). Novamente, embora o valor de p não tenha alcançado significância estatística, a tendência observada em favor do grupo de imunonutrição sugere que esse tipo de intervenção pode ter efeitos benéficos a longo prazo na sobrevida geral de pacientes com câncer de cabeça e pescoço (Dechaphunkul et al., 2022).
Ao realizar subanálises de acordo com a localização primária do tumor, os benefícios de sobrevida foram mais aparentes nos pacientes com câncer de nasofaringe (NPC). No grupo de imunonutrição, a taxa de NPC foi de 67%, comparada a 51% no grupo controle. Pacientes com NPC parecem ter se beneficiado mais da imunonutrição, possivelmente devido à resposta imune modulada de forma mais eficaz pela intervenção, como sugerido por estudos que demonstram o impacto da imunomodulação na redução de inflamações relacionadas ao tratamento (Schwarz et al., 2016).
Os dados estatísticos do estudo de Dechaphunkul et al. (2022) sugerem que, embora a imunonutrição não tenha reduzido significativamente a incidência de mucosite grave, há tendências positivas no que diz respeito à sobrevida livre de progressão e à sobrevida global, especialmente em pacientes com câncer de nasofaringe. Estes achados são consistentes com outros estudos que destacam os benefícios da imunonutrição na melhora da resposta imunológica e no suporte ao tratamento oncológico (Barber et al., 2020; Zhao et al., 2019). Esses resultados reforçam a necessidade de estudos adicionais com maior poder estatístico para confirmar os potenciais efeitos benéficos da imunonutrição na sobrevida a longo prazo desses pacientes.
6. CONCLUSÃO
A alimentação por sonda em pacientes com câncer CCP submetidos à quimiorradioterapia tem demonstrado benefícios importantes para a manutenção do estado nutricional, ajudando a prevenir a desnutrição e suas complicações. Esse suporte nutricional tem sido associado a uma melhor gestão de efeitos adversos, como mucosite oral e disfagia, que dificultam a alimentação oral e aumentam a necessidade de intervenções emergenciais. Ao assegurar uma ingestão nutricional adequada durante o tratamento, a alimentação por sonda pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reduzindo sintomas debilitantes e o risco de descompensações nutricionais graves.
No contexto da imunonutrição, nutrientes específicos como glutamina, arginina e ácidos graxos ômega-3 têm sido utilizados em estudos para reforçar a resposta imunológica desses pacientes durante a quimiorradioterapia. Resultados de estudos de fase II indicam que pacientes que receberam dieta enteral específica, isto é, com esses imunonutrientes, houve redução nas complicações infecciosas e na mucosite oral, além de melhorias em marcadores imunológicos e na qualidade de vida, com menor intensidade de sintomas adversos.
No entanto, para que a alimentação por sonda e a imunonutrição sejam melhor compreendidas e aplicadas de forma otimizada nesses pacientes, são necessários mais estudos controlados que avaliem a eficácia e segurança dessas intervenções, fornecendo diretrizes mais específicas para a prática clínica.
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¹ Graduação em Nutrição, vinculado à Universidade da Amazônia. ORCID: 0000-0001-9777-9468. Orientador.
² Graduação em Nutrição, vinculada à Universidade da Amazônia.
³ Graduação em Nutrição, vinculado à Universidade da Amazônia.
⁴ Graduação em Nutrição, vinculada à Universidade da Amazônia.
⁵ Graduação em Nutrição, vinculada à Universidade da Amazônia.
⁶ Graduação em Nutrição, vinculada à Universidade da Amazônia.
⁷ Graduação em Nutrição, vinculada à Universidade da Amazônia.
⁸ Graduação em Nutrição, vinculado à Universidade da Amazônia.
⁹ Graduação em Nutrição, vinculada à Universidade da Amazônia.