RELAÇÃO DO ENCURTAMENTO MUSCULAR EM LESÕES MUSCULOESQUELÉTICAS EM JOGADORES DE FUTEBOL


CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIDOM
CURITIBA-PR


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Adonis Garay
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Evandro Siqueira
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Ketlyn Manata

Autores:
Adonis Garay; Evandro Siqueira; Ketlyn Manata.
Orientadora: Metodológica:
Prof. Dra. Cristiane Ribas
Orientador:
Prof. Dr. Marcelo Kryczyk


RESUMO

Introdução o futebol é um esporte coletivo de alta intensidade, exigindo desta forma dos seus praticantes coordenação, resistência, força, agilidade, velocidade e flexibilidade, para que consigam desenvolver em boa forma suas principais ações dentro de uma partida, porém devido ao avanço da modalidade, sua prática ficou muito mais complexa, aumentando consideravelmente a exigência musculoesquelética durante uma partida. Objetivo do estudo é avaliar o comprimento muscular e a amplitude de movimento (ADM) de atletas, juntamente com o histórico de lesões, assim iremos identificar as áreas mais lesionadas. Métodos foi realizado como amostra atletas de futebol amador de todas posições com idade entre 20 a 30 anos do sexo masculino que jogam na Sociedade Esportiva Ferroviária (ASMASEF) na cidade Curitiba, Paraná. Utilizamos como instrumento o goniômetro para mensurar a ADM e teste de comprimento muscular para os flexores do quadril, teste de Ober e banco de Wells, na qual também foi aplicada uma ficha de avaliação postural e histórico clínico. Resultados. Conclusão. Palavras-Chave: Futebol. Lesões. Músculo.

INTRODUÇÃO

O futebol é um dos esportes mais populares e praticados no mundo inteiro e ao longo dos anos passou por evoluções técnicas e táticas as quais exigem mais da condição física de seus atletas os deixando mais suscetíveis a predisposição de lesões (KLEINPAUL et al., 2010).

Os jogadores de futebol dentro do jogo são divididos em goleiros zagueiros, laterais, meio-campista e atacantes, para o desenvolvimento do jogador durante o futebol é necessário que fatores táticos, técnicos, nutricionais psicológicos e físicos estejam alinhados, uma vez que o metabolismo aeróbico fornece 88% da energia gasta durante uma partida de futebol (ZANUTO et al., 2010).

Existem algumas características do futebol, na qual o atleta precisa apresentar, sendo ela: resistência, força, agilidade, velocidade e flexibilidade, levando o atleta ao limite máximo (NASCIMENTO e CHIAPETA, 2017).

Devido aos treinamentos intensos, consecutivos e o elevado número de competições os atletas acabam tendo diminuição da flexibilidade e hipertrofia muscular, acarretando em alterações posturais e desequilíbrios entre a musculatura agonista e antagonista, gerando a compensação (KLEINPAUL et al., 2010).

O futebol é uma modalidade esportiva caracterizada por intenso contato físico entre os jogadores, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, tais como aceleração, desaceleração, saltos e mudanças abruptas de direção, o que acaba acarretando em um número grande de lesões, na qual a maioria das lesões são musculares (ALMEIDA et al., 2013).

As lesões no futebol surgem através de fatores extrínsecos e intrínsecos, tais como: sobrecarga de exercício, número excessivos de jogos, qualidade do campo, equipamentos adequados, instabilidade articular, preparação física e entre outros (ALMEIDA, 2013). Todo evento que afasta ou reduz a participação de um atleta de suas atividades dentro do esporte, ou ainda que necessite de tratamento atípico para que continue jogando é definido como lesão (KLEINPAUL et al., 2010).

Os músculos são responsáveis pela movimentação do corpo, no qual são constituídos por fibras que apresentam de 10 a 80 micrômetros de diâmetro, sendo é possível dividir a musculatura em dois tipos, vermelhas e brancas, a fibras brancas apresentam uma contração mais rápida em relação às fibras vermelhas (DALEZARI, 2008).

Quando o indivíduo não apresenta comprimento muscular adequado a postura é diferente, uma vez que a postura relata sobre o equilíbrio entre os músculos e os ossos, uma postura adequada protege o corpo de traumatismos, porém quando um indivíduo apresenta encurtamento, principalmente na região posterior a articulação e todo composto muscular recebe uma tensão oriunda de uma excitação (BARBIERI et al., 2016).

Uma das manobras terapêuticas utilizadas é o alongamento, no qual tem como objetivo aumentar o comprimento das estruturas moles, interferindo positivamente no aumento da flexibilidade articular, ou seja, aumento da ADM (Amplitude de Movimento), o alongamento pode ser estático, balístico e por facilitação neuromuscular proprioceptiva (ALENCAR e MATIAS, 2010).

O elevado número de competições e rotina de treinamentos intensos e consecutivos podem trazer consequências não desejáveis aos jogadores de futebol e ao clube, sendo assim é fundamental o trabalho e prevenção dos fatores que estejam correlacionados ao desenvolvimento de lesões musculares, articulares ou ligamentares (JESUS et al., 2019).

O encurtamento muscular pode ser uma das consequências de atividades práticas repetitivamente, no qual afeta a capacidade de deformação, levando a alterações mecânicas, além de aumentar a possibilidade de desenvolver alterações posturais pode estar sujeito a lesões no aparelho locomotor (SILVA et al., 2010).

Com base nestas informações este estudo tem por objetivo avaliar os efeitos do encurtamento muscular de membros inferiores no desenvolvimento de lesões musculares em jogadores de futebol amador, visando promover a prevenção de lesões musculares através da alteração de fatores modificáveis como o encurtamento muscular.

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo teve delineamento experimental de acordo com Thomas, Nelson e Silverman (2012). A pesquisa foi realizada na ASMASEF, Sociedade Esportiva Ferroviária, localizada na Rua Waldemar Loureiro Campos, nº 5145, bairro Boqueirão na cidade de Curitiba, no estado do Paraná. Para fazer a coleta foi realizado alguns critérios de inclusão, como: jogadores de futebol da Sociedade Esportiva Ferroviária – ASMASEF, homens de 20 a 30 anos, que tenham participação frequente nos últimos jogos, jogadores de todas as posições dentro do futebol, jogadores que não tenham sido acometidos com lesões musculares num período inferior a três meses, jogadores que não tenham sido acometidos de fraturas ósseas num período de três meses e jogadores que não tiveram lesões ligamentares completas ou incompletas em um período de três meses. Já os critérios de exclusão foram: jogadores de baixo nível, jogadoras mulheres, que não participam dos treinos e jogos com frequência, jogadores que tenham patologias que estejam ligadas à genética, jogadores que tenham sido acometidos com lesões musculares num período inferior a três meses, jogadores que tenham sido acometidos de fraturas ósseas num período de três meses, jogadores que tiveram lesões ligamentares completas ou incompletas em um período de três meses.

Para ajudar na coleta de dados da pesquisa foi aplicado uma anamnese juntamente com uma ficha de avaliação com incidências em lesões nos jogadores, com objetivo de coletar dados, como: posição que joga, tempo de treino, se tem/teve lesão, também foi realizados testes de comprimento muscular. Como uma questão ética todos os participantes assinarão a TCLE (Termo Claro e Livre de Esclarecimento). A pesquisa foi aplicada no mesmo dia pelos autores deste estudo na Sociedade Esportiva Ferroviária.

Os instrumentos para a coleta de dados foram:

a) Ficha de avaliação elabora pelos alunos, com objetivo de coletar dados importantes para correlacionar com os resultados, sendo voltada para lesões.

b) Testes de comprimento muscular e mensuração da amplitude de movimento, utilizando o goniômetro, banco de Wells e teste de Ober.

RESULTADO

Após a participação de 9 sujeitos do gênero masculino que responderam o questionário de maneira presencial, todos atenderam aos critérios de inclusão e exclusão, fazendo parte do presente estudo.

Para uma melhor analise os resultados foram divididos em 3 tabelas, sendo:

Tabela 1 – Número de dias por semana em atividades, horas praticadas por sessão e acompanhamento profissional.

VariáveisPercentual % (n)
Número de dias na semana em atividade
Duas vezes por semana44,4% (4)
Três vezes por semana55,6% (5)
Tempo em horas de atividade
Até uma hora11,10% (1)
Até duas Horas33,30% (3)
Três ou mais55,60% (5)
Acompanhamento técnico esportivo
Não55,6% (5)
Sim44,4% (4)
Tipo de acompanhamento
Preparador Físico50% (2)
Pessoas não habilitadas50% (2)

Tabela 2 – Incidência de lesões, tempo de afastamento e forma de tratamento.

VariáveisPercentual % (n)
Incidência de lesões pela prática esportiva
Sim100% (9)
Não0% (0)
Tempo de afastamento pela lesão
Não se afastou11,1% (1)
Um mês33,3% (3)
Dois meses11,1% (1)
Quatro meses11,1% (1)
Seis meses11,1% (1)
Oito meses22,2% (2)
Tratamento Realizado
Fisioterapia 55,6% (5)
Medicação 55,6% (5)
Cirurgia 22,2% (2)
Repouso22,2% (2)

Tabela 3 – Locais das lesões, mecanismos e tipos de lesões.

VariáveisPercentual % (n)
Localização Anatômica da lesão
Joelho 22,2% (2)
Posterior de Coxa 33,3% (3)
Tornozelo44,4% (4)
Mecanismo da Lesão
Aceleração 11,1% (1)
Choque 22,2% (2)
Mudança Brusca de direção 55,5% (5)
Salto11,1% (1)
Tipo de lesão
Distensão Muscular 33,3% (3)
Entorse 33,3% (3)
Fratura por impacto 11,1% (1)
Ruptura total de ligamento22,2% (2)

DISCUSSÃO

O número de lesões ocorridas durante os jogos de futebol tem aumentado, pois exige movimentos curtos, rápidos, contínuos, não contínuos, intenso contato físico, saltos, mudanças de direção, além disse o futebol exige velocidade, resistência, força, flexibilidade e agilidade o que leva aos jogadores a se expor em relação aos seus limites, se predispondo a lesões. (FERREIRA et al., 2016).

De acordo com a tabela 1 podemos perceber que 55,6% dos participantes praticam a atividade em 3 ou mais vezes durante a semana, sendo 3 horas ou mais que praticam por semana, dos 9 atletas analisados, apenas 44,4% (4 participantes) relatam algum tipo de acompanhamento, sendo que destes 4 jogadores, metade possui preparador físico e a outra metade é acompanhado por pessoas não habilitadas. Segundo Gonçalves (2015) o preparo físico inadequado, as demandas físicas inadequadas e o alto volume de treinamento podem facilitar os riscos de lesões desportivas.

A incidência de lesões, apresentada na tabela 2 mostra que 100% dos pesquisados já tiveram lesões em algum momento. Atividades, como pedalar, musculação e futebol são as atividades que mais ocasionam lesões. (ROMBALDI et al., 2014). De acordo com Ferreira (2016) o número de lesões decorrentes do futebol em jogadores amadores é alto, envolvendo principalmente distensão e entorse. Em decorrência das lesões 33,3% dos participantes precisaram de 2 meses de afastamento, sendo assim o tempo mais relatado pelos jogadores, seguido de 22,2% que precisaram de 8 meses de afastamento. Dos participantes que precisaram de tratamento 55,6% utilizaram os recursos fisioterapêuticos e medicamentos, porém 22,2% passaram por procedimento cirúrgicos e 22,2% fizeram apenas repouso.

Na tabela 3 é possível perceber que o tornozelo é local anatômico mais incidente, representado 44,4% dos participantes, seguido por região posterior da coxa com 33,3%. Luciano e Lara (2012) realizam um estudo no qual 93% dos participantes também eram masculinos e conseguiram analisar que a entorse foi uma das principais lesões, o futebol é um esporte que consiste na prática de exercícios intermitentes com intensidade variável. O principal mecanismo de lesão foi a mudança brusca de direção, representado por 55,5%, segundo Sena (2013) o futebol está associado a saltos, aterrissagens, saltos, chutes, pivoteios, aceleração, desaceleração e mudanças bruscas de direção. As lesões mais citadas foram a distensão muscular e entorse de tornozelo onde cada é representado por 33,3%.

CONSLUSÃO

Com o presente estudo podemos perceber um alto número de lesões ocasionada pela pratica do esporte realizada por jogadores de futebol amador, através dos testes e das pesquisas aplicadas aos participantes, não foi possível fazer uma correlação entre o encurtamento muscular e as lesões, pois poucos dos participantes apresentaram encurtamento (mensurados pelo banco de Wells, teste de Ober e pelo goniômetro) e os que apresentaram o grupo muscular encurtado não tinha nenhuma relação com a área lesionada. Podemos correlacionar as lesões com o baixo número de acompanhamento especifico, para uma pesquisa ainda mais ampla também seria necessária uma avaliação em relação ao ambiente de trabalho, porém não pode se afirmar, porém para tal afirmação é preciso uma pesquisa mais ampla, necessitando acompanhar os atletas durante o período para avaliar se o acompanhamento com pessoas habilitadas interferem nas lesões ocorridas em decorrência da atividade.

A carreira na fisioterapia Desportiva é considerada uma área promissora na atuação fisioterapêutica, pois tem como objetivo recuperar, sanar e prevenir as lesões, porém o profissional estará propício a receber inúmeras cobranças em relação ao desempenho e ao retorno do atleta. (NASCIMENTO, 2018).

REFERÊNCIAS

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