RELAÇÃO DA INCIDÊNCIA DOS SINTOMAS OSTEOMUSCULARES E ESTRESSE PERCEBIDO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8105824


Francisco Yure Soares de Sousa
Discente bolsista PIBIC/ Instituto de Educação Superior Raimundo Sá

Julia Karoline Alves Pachêco
Discente bolsista PIBIC/ Instituto de Educação Superior Raimundo Sá

Haertori da Silva Leal
Orientador PIBIC- Docente do Instituto de Educação Superior Raimundo Sá


RESUMO

INTRODUÇÃO: Os estudantes de graduação são expostos diariamente a inúmeras atividades extracurriculares que demandam da sua aptidão intelectual, o excesso de atividades que favorece a exaustão mental, atrelado a condições ergonômicas não seguras, com isso gerando um possível um estresse crônico, possibilitando diversas síndromes psicológicas, dentre elas está a síndrome de Burnout, o que predispõe o surgimento de diversos sintomas osteomusculares que se desencadeiam e alteram dinamicamente a condição de saúde física dos universitários. OBJETIVO: Analisar os sintomas osteomusculares associados ao estresse que os estudantes universitários desenvolvem devido à sobrecarga acadêmica. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, de caráter analítico, que foi desenvolvido entre os meses de fevereiro a junho de 2023, a coleta foi realizada em uma instituição de ensino superior (IES), sendo privada. Participaram do estudo jovens e adultos (18 a 59 anos) com uma amostra de 306 pesquisados. Após o consentimento, os universitários preencheram questionários para coletar informações socioeconômicas, sintomas de dor oteomio articular, e a escala de estresse percebido. RESULTADOS: O perfil preeminente foi de estudantes do sexo feminino com 65% (n=199), idade entre 18- 25 anos 72,5% (n=222), em relação ao estilo de vida, 29,7% (n=91) faz uso de bebida alcoólica  com certa frequência, acerca das condições de saúde, 66,3% (n=203) consideram ter distúrbios do sono, no quesito, queixas de dor nos últimos 7 dias 68,3% (n=209) relataram queixas dolorosas. No que concerne à avaliação dos sintomas esqueléticos presentes no questionário nórdico, 30,4% (n=93) relatam dor no pescoço nos últimos 7 dias, nos ombros 28,1 (n=86) sentiram dor nos últimos 7 dias. No que tange a escala de estresse percebido 57,18% (n=175), relatam estresse moderado e, 30,06% (n=92) foi o saldo de pouco a moderado estresse CONCLUSÃO: Mediante os dados acima a maior prevalência de dor foi na região cervical e nos ombros com a sintomatologia presente nos últimos 7 dias e com a intensidade de dor moderada, sendo a maior parte considerada grau 3 de estresse. Dessa maneira, considera-se que há diversos fatores que contribuem para desencadear o quadro sintomatológico das condições osteomusculares, como o estresse e alterações no sono.

Palavras chaves: Universitários, estresse e qualidade de vida

ABSTRACT

INTRODUCTION: Undergraduate students are exposed daily to countless extracurricular activities that demand their intellectual aptitude, the excess of activities that favors mental exhaustion, linked to unsafe ergonomic conditions, thus generating a possible chronic stress, allowing several psychological syndromes , among them is the Burnout syndrome, which predisposes the appearance of several musculoskeletal symptoms that are triggered and dynamically alter the physical health condition of university students. OBJECTIVE: To analyze musculoskeletal symptoms associated with stress that university students develop due to academic overload. METHODS: This is a cross-sectional, quantitative, analytical study, which was carried out between February and June 2023, the collection was carried out in a private higher education institution (HEI). Young people and adults (18 to 59 years old) participated in the study with a sample of 306 respondents. After consent, university students completed questionnaires to collect socio economic information, symptoms of otheomio articular pain, and the perceived stress scale. RESULTS: The predominant profile was female students with 65% (n=199), age between 18-25 years 72.5% (n=222), in relation to lifestyle, 29.7% (n= 91) uses alcoholic beverages with some frequency, regarding health conditions, 66.3% (n=203) consider having sleep disorders, in terms of complaints of pain in the last 7 days 68.3% (n=209) ) reported painful complaints. With regard to the evaluation of skeletal symptoms present in the Nordic questionnaire, 30.4% (n=93) reported pain in the neck in the last 7 days, in the shoulders 28.1 (n=86) felt pain in the last 7 days. Regarding the perceived stress scale, 57.18% (n=175) reported moderate stress, and 30.06% (n=92) reported a balance of low to moderate stress. CONCLUSION: Based on the data above, the highest prevalence of pain was in the cervical region and shoulders with the symptoms present in the last 7 days and with moderate pain intensity, most of which were considered grade 3 of stress. Thus, it is considered that there are several factors that contribute to trigger the symptomatological picture of musculoskeletal conditions, such as stress and changes in sleep.

Keywords: College students, stress, quality of life

INTRODUÇÃO:

A biblioteca virtual em saúde, caracteriza o estresse como uma reação natural do organismo, onde o indivíduo se adapta a diversas situações de perigo, o mesmo provoca alterações físicas e emocionais, ao qual se faz necessárias adaptações às vigentes situações a maneira que no estágio de exaustão poderá ser porta de entrada para as mais complexas doenças. Tendo em vista esse comentário, compreende-se que o fator estresse poderá gerar problemas futuros em relação a qualidade de vida das pessoas.

A ideia imposta pela sociedade que induz o jovem a ingressar o mais cedo possível em um curso superior para garantir uma vida melhor, nos mostra a exacerbada carga horária de estudos em que esse estudante é exposto antes e após a aprovação no ensino superior, vale salientar as cobranças no meio de convívio e conflitos interpessoais. Gerando um possível um estresse crônico, possibilitando diversas síndromes psicológicas, dentre elas está a síndrome de burnout, onde há uma exaustão mental, associada a depressão, onde tal evidência poderá levar mais tarde a possíveis problemas englobando todo o corpo (CAZOLARI et al, 2020).

A qualidade de vida é um fator importante para saúde, segundo (HUANG; LIANG, 2021) a saúde física dos jovens estudantes não é otimista, mostrando uma tendência contínua de queda,  ficando suscetíveis a, a má alimentação associada a uma vida sedentária, deixando o corpo cada vez mais frágil e predispostos a níveis de estresse associando a inter-relação da qualidade de vida com o estresse, é notório que quanto mais acometido está sua qualidade de vida, mais possibilidade de seu corpo manter-se sob estresse, prejudicando ainda mais sua saúde

Dessa maneira, as altas demandas de atividades acadêmicas somadas às incertezas a respeito da futura carreira profissional, corroboram para sobrecarregar o fator emocional dos estudantes universitários, ou seja, tornando comum essas oscilações emocionais nesse público supracitado. Devido a isso, facilitando para o aumento do estresse nesse público estudado (URBANETTO et al, 2019).

De acordo com (ALMEIDA et al, 2018) os aspectos psicossociais mantêm uma estreita relação com as demandas que são exigidas dos seres humanos, conforme ao que é inserido no seu meio de interação ou atividade de produção. Nessa óptica, os seres racionais conseguem responder a estímulos em que lhes são agregados, ou seja, responder com o fator estresse a uma determinada sobrecarga imposta e intolerante pelas suas capacidades físicas e pessoais.

Os estudantes de graduação são expostos diariamente a inúmeras atividades extracurriculares que demandam da sua aptidão intelectual, o excesso de atividades favorecendo a exaustão mental atrelado a condições ergonômicas não seguras, contribuem para desordens no sistema musculoesquelético, o que predispõe o surgimento de diversos sintomas osteomusculares que se desencadeiam e alteram dinamicamente a condição de saúde física dos universitários. Sobre essa perspectiva, é válido mencionar que essa problemática se configura como uma tese de caráter de saúde pública que repercute na sociedade (MORAIS et al, 2018).

Desse modo, de acordo com as informações apresentadas a respeito do estresse excessivo desenvolvido por estudantes, quais os principais sintomas osteomusculares serão detectados em um grupo de discentes de uma instituição de Ensino Superior (IES) privada no interior do Piauí?

2   REFERENCIAL TEÓRICO

2.1  Estresse na sociedade universitária

A rotina acadêmica em geral é considerada muita exaustiva, pois inclui provas, diversos seminários e atividades extracurriculares que ocorrem no período semestral. Quando se inicia uma nova rotina, os universitários não estão acostumados e acabam tendo um choque de realidade, e se tornam suscetíveis aos surtos de estresse e corroborando para o desenvolver de várias outras condições estruturais, como as musculoesqueléticas (MACEDO et al, 2022).

O estresse é considerado uma manifestação onde várias reações fisiológicas se agregam, sobre um momento de tensão ou apreensão. O nosso cérebro tem a capacidade de responder a determinadas situações psicológicas, quando ele identifica alguma situação ameaçadora, envia uma resposta ao organismo em forma de sintomas físicos o que podemos compreender como uma exaustão mental, sendo considerado uma questão de saúde pública representando em 90% da população mundial (LIMA et al, 2021).

De acordo com (URBANETTO et al, 2019) através da observação dos comportamentos é possível visualizar e compreender o estresse na prática diária, os fatores estressores podem advir de várias situações a partir de determinadas pressões relacionadas ao contexto social, fatores pessoais e até mesmo a vida acadêmica. Sobre isso, é importante mencionar como a convivência externa consegue modificar questões internas e alterar o modo de viver, além de trazer outras consequências.

Em um estudo realizado com estudantes do curso de enfermagem, foi coletado que os estudantes sentem medo, apreensão além do sentimento de impotência e a insegurança, somado a insatisfação do curso e a sobrecarga de muitas atividades. Também citaram o último ano do curso onde tem a obrigatoriedade da produção do trabalho de conclusão de curso adicionado as incertezas do mercado de trabalho como fatores que geram angústia e o desgaste físico sendo propositais para gerar a exaustão mental (URBANETTO et al, 2019).

2.2   A relação das demandas acadêmicas e a influência na qualidade de vida dos universitários

Segundo (GUIESE et al, 2021) o estresse é responsável por alterar a qualidade de vida das pessoas, sobretudo, na capacidade de um sono regular, segundo (ADAS et al, 2022) o sono é responsável por regular algumas funções corporais importantes, se caracterizando como uma necessidade básica de todos os indivíduos, e um sono irregular, não se torna um sono reparador e contribui para aumentar os níveis de estresse. Dessa maneira, isso se torna um ciclo vicioso, onde um aspecto corrobora para o aumento do outro.

O desencadear de fatores estressantes pode estar atribuído aos universitários desenvolverem comportamentos de risco facilitando problemas para a saúde pela aquisição de hábitos inadequados na sua rotina, entre eles, o sedentarismo. (BRESOLIN et al, 2022).

 A prática de atividade física é responsável por liberar neurotransmissores do prazer e da felicidade, essas substâncias respondem de forma bioquímica e fisiológicas, onde são responsáveis por negativar esses fatores estressantes e fazer com que o indivíduo tenha um bem estar físico e mental de forma satisfatória, evidenciando que a prática de atividade física interrompida, atrapalha a homeostase dinâmica dos seres humanos (COSTA et al, 2022).

Nos dias atuais, o aumento na qualidade de vida está sendo aliada na melhoria do foco, na prevenção de doenças e promoção de saúde, sendo mais requisitada por profissionais da área. Além de ajudar na inserção de jovens introvertidas do convívio social e em sua coabitação com seus familiares. Sendo capaz de ter expressiva colaboração no seu processo físico e mental no qual é indispensável para ter uma vida melhor. (ANVERSA et al, 2018).

Egressos do ensino superior, em seu primeiro ano letivo, sempre terão um impacto importante na sua vida, além de conhecer novos hábitos, pessoas de culturas diferentes, saem de suas cidades para ir em busca de sua carreira profissional, ao qual isso irá auxiliar em sua evolução. No entanto, também terá o primeiro olhar para a carreira profissionalizante, responsabilidade a mais do que tinha no ensino médio. O medo e a insegurança serão as primeiras a aparecerem.  (TEIXEIRA et al, 2008).

Ademais, sabe-se que a quando se fala na expressiva carga horária dos universitários têm se um desequilíbrio na qualidade de vida, tendo em vista que esses jovens além de afazeres acadêmicos, tem sua vida fora desse meio. Muitos trabalham, e acabam não obtendo tempo para cuidar de sua mente e seu corpo, vivendo no automático. Levando a uma má alimentação e carência de exercício físico. Deixando o corpo suscetível à obesidade capaz de ocasionar diversas doenças como, hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemia. Sendo alvo de grande prejuízo à saúde.  (GUERRA et al,2022).

2.3  Dores osteomusculares associada a posturas mantidas

De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP), a dor é definida como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante à associada a um dano tecidual real ou potencial” a dor poderá variar conforme seja a intensidade, sendo ela subjetiva de cada indivíduo, sua duração e qualidade da mesma.

A algia em fases agudas são benéficas, pois, nos ajudará a observar e entender que nosso corpo não está em perfeita homeostase, havendo um distúrbio fisiológico. Criando-se um alerta ao que pode estar ocorrendo de errado em constituição física. (SRINIVASA et al, 2020).

As afecções de dores, podem provocar distúrbios osteomusculares que são as causas dos altos índices em morbidade e incapacidade em adultos, essas desordem se dão por vários fatores, dentre eles, sendo pela forma inadequada de sentar-se ou ficar em posição bípede por longos períodos, ou uso indevido de aparelhos celular (GRANJA et al, 2014).

Gerando uma postura incorreta, e acarretando problemas na região cervical, cintura escapular e membros superiores, entre outras regiões corporais.  Por não ser devidamente tratada na fase aguda, a dor pode chegar a uma fase de cronicidade. Ademais, disfunções musculoesqueléticas quando se tornam crônicas incluem uma variedade de condições degenerativas e inflamatórias, aos quais podem afetar tendões, músculos, ligamentos, articulações, nervos periféricos e vasos sanguíneos ao qual irá ser um impedimento nos seus afazeres universitários e na inserção no mercado de trabalho (GRANJA et al, 2014).

A coluna vertebral tem uma biomecânica que consiste em nos manter em pé em decorrência de suas curvaturas cifose e lordose, no entanto, ela desfavorece a permanência de algumas posições em lugares inoportunos por um demasiado período de tempo podendo causar, fadiga, dor, parestesia. No qual a maioria das posições, a que mais sobrecarrega a coluna é na posição sentada. Elenca-se a isso, as profusas horas em que os estudantes universitários, mantém-se nessa posição causando desconfortos, associado ao estresse na faculdade por suas práticas, com atividades acadêmicas como provas, trabalhos, projetos, seminário (SOUZA et al,2020).

Os membros superiores também sofrem com o as posturas mantidas de formas incorretas ou pelo uso em excessos, as famosas LER (Lesões por Esforços repetitivos. No Brasil, o surgimento destes problemas de saúde foi constatado inicialmente nos anos 80, entre profissionais usuários de computadores, com a nomeado de “doença dos digitadores”. Hodiernamente, vemos casos de jovens que sofrem com dores na articulação radiocarpal, metatársicas-falangianas pelo seu uso em excesso, essa disfunção pode levar o indivíduo a se afastar de suas atividades por processos inflamatórios em suas articulações. Tendo em vista as afecções vistas acima, há várias partes do corpo que sofrem com posturas mantidas, essas dores em decorrência a má postura, vem sendo caracterizado como um perfil epidêmico quando se equipara ao aumento da prevalência de cenários dessas disfunções cometendo efeitos negativos no ambiente acadêmico e social. (LIMA et al,2015).

3  METODOLOGIA

3.1  Tipo de estudo e período

Trata-se de um estudo transversal, quantitativo, de caráter analítico, que foi desenvolvido entre os meses de fevereiro a junho de 2023, na cidade de Picos, Piauí, Brasil.

A pesquisa transversal é essencial para este estudo, pois descreve a forma como o fenômeno se apresenta e é empregada em situações nas quais o acontecimento é relativamente constante no tempo, como nos estudos epidemiológicos (HOCHMAN et al., 2005).

3.2  Cenário e local do estudo

Picos, o mesmo encontra-se na região centro-sul do Piauí, a 320 quilômetros da capital Teresina, clima tropical quente e sub-úmido, com temperatura média entre 33 a 35ºC. Possui 78.627 habitantes, sendo a 403ª cidade mais populosa do país e a 3ª do estado, tem índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM) de 0,698 e 93,8% da população possui celular para uso pessoal (IBGE, 2021).

A coleta foi realizada em uma instituição de ensino superior (IES), sendo privada. Localizada na cidade de Picos, Piauí, Brasil. A IESRSA, Instituto de Educação Superior Raimundo Sá, criado em 2006, contabiliza o número de 9 (nove) cursos de graduação, sendo 01 (um) de licenciatura e 8 (oito) bacharelados.

3.3  População do estudo

Participaram do estudo jovens e adultos (18 a 59 anos), independente das características demográficas, que sejam discentes da instituição. Para desenvolvimento do estudo foram necessários 306 pesquisados, quantitativo obtido por cálculo amostral (www.openepi.com) baseado em uma população finita de 1500 alunos, prevalência de 50% de sintomas osteomusculares relacionado ao estresse desenvolvido pelos alunos mediante longas posições posturais mantidas, com precisão amostral de 5% e intervalo de confiança de 95%. Foram incluídos no estudo discentes que estiveram matriculados na IES no período da pesquisa; e excluídos aqueles que tinham diagnóstico de discopatias, fraturas ou lesões degenerativas severas na coluna cervical, fibromialgia, e cirurgias na coluna, tireoide, cabeça e/ou pescoço. Além disso, mulheres grávidas em virtude da ocorrência de ajustes fisiológicos que levam a lassidão ligamentar; deficientes físicos devido às adaptações posturais e os cognitivos com dificuldades/impossibilidades no preenchimento dos questionários também foram excluídos da pesquisa.

3.4  Recrutamentos dos participantes

O recrutamento dos participantes ocorreu por meio de cartazes fixados em diversos locais nas instituições (blocos, centros acadêmicos). Nestes cartazes foram informados o local específico, dias e horários de coleta. Além disso, os participantes foram convidados, informalmente, por meio de uma abordagem direta. Após leitura e explicação dos objetivos, dos riscos e dos benefícios do estudo, os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A) que representou sua autorização.

3.5  Procedimentos de coleta e variáveis

Após a autorização, os participantes foram submetidos à coleta dos dados que ocorreu em duas etapas. Na primeira etapa, os participantes foram submetidos a aplicação de 4 instrumentos de coleta de dados: 1) Questionário Epidemiológico e histórico de saúde 2) Questionário a respeito do estilo de vida 3) Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO) e 4) Escala de Estresse Percebido (EEP). O questionário epidemiológico contou com (sexo, idade, cor, estado civil, escolaridade e classe social), estilo de vida (tabagismo, consumo de álcool, sono, prática de atividade física e saúde geral; histórico de saúde (deficiência visual, sono, peso, saúde geral e dor), o questionário sobre o estilo de vida foi elaborado pelos pesquisadores e possui 13 perguntas com base nas informações contidas na Pesquisa Nacional de Saúde (IBGE, 2013) e no International Physical Activity Questionnaire.

O Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), é um questionário que foi desenvolvido para padronizar a mensuração de relatos de sintomas osteomusculares, o mesmo possuía questões referentes a sintomas nos últimos 07 dias, nos últimos 12 meses e afastamento das atividades laborais por conta dor, em nove regiões anatômicas: pescoço, ombros, cotovelos, punho/mão, região torácica, região lombar, ancas/cochas, joelhos, tornozelos/pés.

A escala de Estresse percebido conta com 10 perguntas que questionava a respeito dos seus sentimentos e pensamentos durante os últimos 30 dias (último mês). Em cada questão, o pesquisado indicava a frequência com que tinha se sentido ou pensado a respeito da situação, cada pergunta teve 5 respostas: (0). Nunca; (1). Quase Nunca; (2). Às vezes; (3). Pouco Frequente; (4). Muito Frequente. Após a análise das questões todos os itens serão somados, com isso será obtido um score que foi utilizado como medida de estresse percebido.

As aplicações dos questionários foram realizadas pelos pesquisadores e pela equipe técnica, todos previamente treinados e fazendo uso de “manual” para minimizar as interferências da abordagem e condução da coleta dos dados.

3.6  Análise estatística

Os dados coletados foram analisados pelo programa SPSS Statistics (versão 23.0) com estatísticas descritivas e analíticas. As variáveis qualitativas foram descritas por sua frequência relativa (%) e absoluta (n). Em seguida foram dispostas em quadros para a discussão.  

3.7  Aspectos éticos

A princípio o projeto de pesquisa foi submetido na Plataforma Brasil, onde foi apreciado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos, sendo assim a coleta de dados se iniciou após a aprovação. Os participantes estiveram cientes quanto a conduta ética da pesquisa, objetivos e procedimento de coleta de dados e logo após tiveram que assinar um termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A) em duas vias, preservando o direito de liberdade de participar ou desistir a qualquer momento do estudo.  Esta pesquisa teve como base a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que determina no Brasil os aspectos éticos das atividades de pesquisas em seres humanos (BRASIL, 2012).

Esta pesquisa trouxe riscos mínimos para os participantes por se tratar de uma aplicação de questionários, abstendo os participantes de riscos iminentes de lesão, morte ou invalidez. Foram aplicados quatro questionários: 1) questionário para coleta de dados epidemiológicos (sexo, idade, cor, estado civil, escolaridade e classe social) e 2) Estilo de vida (tabagismo, consumo de álcool, sono, prática de atividade física e saúde geral) com 13 perguntas; 3) Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares (QNSO), com relatos de sintomas osteomusculares dos últimos 12 meses, 7 dias ou se teve afastamento das atividades laborais por causa da dor; e o 4) Escala de Estresse Percebido (EEP) que contêm 10 perguntas a respeito do estresse percebido pelos universitários. Foi garantido o anonimato dos participantes e sigilo das informações da coleta dos dados, sendo minimizados os riscos de constrangimento que possam vir a acontecer em alguns momentos, no que tange ao estresse percebido, sendo feita a aplicação dos questionários de forma individual e separada do aglomerado de outros pesquisadores.

Os benefícios diretos desse estudo para os participantes foram a distribuição de material educativo a respeito da prevenção de dores musculares pelo uso excessivo de celulares. Além disso, os resultados deste estudo foram apresentados à gestão da instituição para apoiar programas educativos/ preventivos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quadro 1: Distribuição das variáveis socioeconômicas, estilo de vida de estudantes de ensino superior. Picos, 2023.

VariáveisN%
Socioeconômicas  
Sexo  
Masculino10735
Feminino19965
Idade  
18-25 anos22272,5
26- 35 anos6922,5
36- 45 anos123,9
46- 59 anos31
Estado Civil  
Solteiro20567
Casado6420,9
Divorciado72,3
Namorando309,8
Escolaridade  
Ensino Superior Incompleto15550,65
Ensino Superior Completo268,49
Ensino Médio Completo12540,84
Raça ou cor  
Parda14748
Branca9932,4
Preta5518
Amarela51,6
Classe social  
Classe A289,2
Classe B113,6
Classe C3110,1
Classe D9631,4
Classe C14045,8
Estilo de vida  
Tabagismo  
Nunca fumou19563,7
Fuma atualmente299,5
Fumou anteriormente8226,8
Consumo de bebida alcoólica  
Não6922,5
Raramente13945,4
Com certa frequência9129,7
Diariamente72,3
Pratica de atividade física  
Pratica de atividade física18961,8
Sedentário11738,2
Atividade física que praticam  
Academia e dança165,2
Academia7524,50
Calistenia20,7
Ciclismo144,6
Futebol268,5
Futebol, vôlei92,9
Musculação4715,4
Não11738,2
Condições de Saúde  
Distúrbio do sono  
Sim20366,3
Não10333,7
Avaliação da saúde autorreferida  
Muito Boa278,8
Boa13142,7
Muito rum72,3
Ruim227,2
Regular12039,1
Satisfação quanto ao peso corporal  
Sim11637,9
Não, gostaria de aumentar7424,2
Não, gostaria de diminuir11637,9
Queixa de dor nos últimos 7 dias  
Sim20968,3
Não9731,7
Intensidade da dor  
Sem dor9731,7
Dor leve8226,8
Dor moderada9129,7
Dor grave268,5
Dor muito grave62
Dor pior possível41,3

FONTE: Dados do pesquisador, 2023.

Consoante os dados das variáveis socioeconômicas, o perfil preeminente foi de estudantes do sexo feminino com 65% (n=199), pessoas idade entre 18- 25 anos 72,5% (n=222), solteiros com 67% (n=205), quanto as escolaridades 50% possuem ensino superior incompleto, a raça predominante foi parda com 48% (n=147),e, 45,8% (n=140) pertencendo a classe C. Tendo em vista, o estilo de vida, 63,7% (n=195) Nunca fumou, e , 26,% (n=82) fumou anteriormente.9,5% (n=29) fuma algum tipo de tabaco. 29,7% (n=91) faz uso de bebida alcoólica com certa frequência. Em relação às práticas de atividade físicas 38,2% (n=117) se consideram sedentários, e, 61,8%(n=189) praticam atividade física, no qual destes, 24,5%(n=75) fazem parte de academia. Acerca das condições de saúde, 66,3% (n=203) consideram ter distúrbios do sono, quanto á avaliação da saúde auto referida 42,7% (n=131) referem ter uma boa saúde, sobre a satisfação quanto ao peso corporal 37,9% (n=116) gostaria de diminuir seu peso. No quesito, queixas de dor nos últimos 7 dias 68,3%(n=209) relataram queixas dolorosas.

Quadro 2: Questionário Nórdico do Sistema Músculo Esquelético

Questionário Nórdico do Sistema Músculo EsqueléticoN%
Pescoço  
Não15751,3
Sim, nos últimos 7 dias9330,4
Sim, nos últimos 12 meses5417,6
Sim, Afastamento das atividades laborais por 12 meses por conta da dor20,7
Ombros  
Não17958,5
Sim, nos últimos 7 dias8628,1
Sim, nos últimos 12 meses3812,4

 

Sim, Afastamento das atividades laborais por 12 meses por conta da dor31
Cotovelos  
Não25687,3
Sim, nos últimos 7 dias3210,5
Sim, nos últimos 12 meses165,2
Sim, Afastamento das atividades laborais por 12 meses por conta da dor20,7
Punhos e mãos  
Não21770,9
Sim, nos últimos 7 dias4314,1
Sim, nos últimos 12 meses4113,4
Sim, Afastamento das atividades laborais por 12 meses por conta da dor51,6
Quadril e coxas  
Não23576,8
Sim, nos últimos 7 dias4213,7
Sim, nos últimos 12 meses227,2
Sim, Afastamento das atividades laborais por 12 meses por conta da dor72,3
Joelhos  
Não20466,6
Sim, nos últimos 7 dias4113,6
Sim, nos últimos 12 meses5618,2
Sim, Afastamento das atividades laborais por 12 meses por conta da dor51,6
Tornozelos e pés  
Não23075,2
Sim, nos últimos 7 dias4213,7
Sim, nos últimos 12 meses3110,1
Sim, Afastamento das atividades laborais por 12 meses por conta da dor31

FONTE: Dados do pesquisador, 2023.

No que se refere à avaliação dos sintomas esqueléticos presentes no questionário nórdico, 30,4% (n=93) relatam dor no pescoço nos últimos 7 dias, nos ombros 28,1 (n=86) sentiram dor nos últimos 7 dias. Punhos e mãos 14,1%(n=43) relatam dores nos últimos 7 dias. 13,7% (n=43) relatam sentirem dor nas coxas e quadril, nos joelhos 18,2% (n=56) referem dor na região nos últimos meses. Nos pés e tornozelos 13,7% (n=42) mencionam dor quanto ao local citado.

Gráfico 1: Escala de Estresse percebido

FONTE: Dados do pesquisador, 2023.

No que diz respeito à escala de estresse percebido, foi utilizado um intervalo para estratificar o nível de estresse dos participantes e dividir em quatro estágios de estresse. Dessa maneira, os valores obtidos foram: Estágio 1: Pouco ou sem estresse o resultado foi de 4,9% (n=15). No estágio 2: 30,06% (n=92), representando pouco a moderado estresse. No estágio 3: relacionado ao estresse moderado obteve maior porcentagem com 57,18% (n=175), e no estágio 4: Que concerne à muito estresse o resultado foi de 7,86%(n=24), fica evidente que a maioria dos acadêmicos da IES se enquadra no estágio 3, representando estresse moderado.

O estudo contabilizou 306 estudantes universitários, que foram convidados a participarem da pesquisa, a amostra reunida faz parte de uma Instituição de Ensino Superior localizada na região Centro- Sul do Piauí. Esse estudo objetivou avaliar os níveis de estresse associado a dores osteomusculares. Dessa forma, os resultados foram semelhantes aos encontrados na literatura brasileira.

Um estudo do tipo transversal de Siqueira et al., (2020), com o intuito de analisar a prevalência de estresse e dor em acadêmicos de fisioterapia, com uma amostra de 106 acadêmicos de ambos os gêneros e com idade entre 16 a 35 anos, que reuniu três turmas do curso de fisioterapia de uma IES. Onde houve o predomínio do sexo feminino (N=86), com a faixa etária de 16 a 20 anos, tendo o público solteiro com maior destaque (N= 97) e sendo o público que não pratica atividade física, com maior pontuação (N= 61), com maior prevalência de dores na região superior (pescoço) da coluna, (N= 73), o nível de estresse sendo pertinente nesse público juvenil, onde o estudo constata-se que eles não têm controle das suas ações. Uma hipótese para esses achados é que os cursos da área da saúde são formados por mulheres e a maioria sem ocupação laboral, e as altas demandas de atividades extracurriculares somam muito tempo dos universitários, o que diminui o tempo livre desses indivíduos.

As rotinas acadêmicas são consideradas extensas, esse fato, corrobora para altos níveis de exaustão mental e contribuem para uso em demasia e irregular da região cervical. Os estudantes universitários em suas atividades dentro e fora do contexto de sala de aula adotam algumas posturas que favorecem encurtamentos das musculaturas, além de facilitar para quadros de insuficiência que refletem alterações em variadas estruturas funcionais, que estão presentes nesse segmento vertebral. (Macedo et al., 2022)

De acordo com o estudo de (Macedo et al., 2022) que verificou e analisou o fenômeno físico associado ao estresse e as suas fases (alerta, resistência e exaustão), além de compararem com as dores no pescoço e no ombro. O estudo foi realizado com 75 estudantes de ambos os gêneros com idade de 19 a 24 anos, o estudo ocorreu em duas etapas no início do semestre e outra no final do semestre, no início do semestre os alunos tiveram um maior escore na fase de alerta, o que se explica, pois nessa etapa do semestre os acadêmicos tem uma carga menor de atividades, já no final do semestre o escore maior foi na fase de exaustão, o que se explica através das atividades acadêmicas são em maior quantidade e existe a tensão de concluir as provas e aprovação nas disciplinas e segundo o autor: pode levar a dificuldades de concentração, dores musculares, hipertensão e ansiedade, ainda no estudo foi analisada as condições álgicas, onde a dor moderada de 18,7% aumentou para 33,3% e o nível de intensidade aumentou de 12,0% para 20,0%. Quando comparados os dois tempos, o final do semestre é mais prejudicial, pois os acadêmicos estão mais susceptíveis a desenvolver condições osteomusculares.

Um estudo feito por (BANNO; NASCIMENTO 2010) em estudantes de fisioterapia, para avaliar a relação à prática de atividade física, (70,5%) acadêmicos afirmaram não realizar atividade física com frequência levando a diminuição da QV. Em um estudo realizado com 65 estudantes, tinha como objetivo analisar as queixas osteomusculares dos estudantes, no qual 55,7%,eram sedentários, referente a isso se assemelha ao atual estudo que também revela que 38,1% são sedentários, essa discrepância com o presente estudo pode ter se dado pelo cenário diferente das respectivas amostras, evidenciando uma má qualidade de vida podendo gerar problemas futuros (GIGLIO 2010).

Em relação ao estilo de vida, no seu estudo, (MARCHINI et al., 2019) diz que 7 dos 10 respondentes fazem uso, pelo menos algumas vezes, de fumo, tranquilizantes ou álcool. Apesar disso, todos estão se referindo ao estado de saúde como satisfatório ou bom. Através das respostas obtidas e análises realizadas, observa -se no presente estudo, onde a grande maioria nunca fumou 63,7% mostrando-se um equivalente de respostas, visto que 42,7% consideram sua saúde como boa.

Um estudo feito por (RIBEIRO et al., 2014) constataram que a prevalência de qualidade ruim de sono entre os alunos de medicina com 61,9%, o autor relata que os estudantes, normalmente, apresentam um padrão de sono irregular, caracterizado por restrição nos dias de semana e prolongamento nos finais de semana. Consoante a isso, o presente estudo, obteve dados parecidos 66,3% dos avaliados referiram ter algum distúrbio do sono. Segundo (RIBEIRO et al 2014) esses distúrbios, podem levar à queda da produtividade, déficit cognitivo, desmotivação, prejuízo da saúde geral e da qualidade de vida.

Um estudo feito por (SANTOS et al 2018) relata que mais da metade dos entrevistados (51,5%) indicaram presença de dores no pescoço nos últimos 7 dias, o que se assemelha a este estudo que os discentes relatam que 30% relatam dor na região de pescoço. No que se refere a dores nas regiões de ombro e mão respectivamente, o estudo de (SANTOS et al., 2018) mostra que 49,4%relataram dor na parte dos ombros, 38,4%, no pulso/mão e 49,8%. O que faz analogia, a hodierna pesquisa, na qual 28,1 % referem dor nos ombros e 14, % relatam dor nas mãos e punhos. o que é prejudicial para esses discentes, pois, relaciona da falta de inserção de hábitos saudáveis e correção da postura e, como a falta de prática medidas preventivas, como a ginástica laboral devem ser estimuladas na fase para diminuir a condições dolorosas durante a formação do aluno.

Considerações Finais

Dessa maneira, constata-se que as o sexo feminino foi o mais prevalente, a faixa etária predominante foi de 18- 25 anos, tendo maior público solteiro e maioria tendo alterações no sono. Mediante os dados acima a maior prevalência de dor foi na região cervical e nos ombros com a sintomatologia presente nos últimos 7 dias e com a intensidade de dor moderada. No que concerne a percepção de estresse o maior público afetado se enquadra no estágio 3 que indica estresse moderado.

Portanto, considera-se que há diversos fatores que contribuem para desencadear o quadro sintomatológico das condições osteomusculares. Tendo como principal fator, o estresse, que é responsável por exacerbar as condições álgicas que estão interligadas ao sistema mioarticular, somado a isso, o distúrbio do sono também pode estar associado, mantendo uma estreita relação com agravos psicossociais. Dessa forma, o estudo torna-se relevante pelos dados apresentados e por se tratar de um tema com considerada importância no meio social.

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