REGRESSÃO DO ENVELHECIMENTO CUTÂNEO COM O AUXÍLIO DA SUPLEMENTAÇÃO DE COLÁGENO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6640297


Autores:
Laura Eduarda Viana Teles1
Pedro Henrique da Silva Sant’ana2
Orientadores:
Raquel Bertolucci3


RESUMO

Este projeto tem como objetivo definir de forma sólida os benefícios da implantação da suplementação de colágeno no processo de retardo ao envelhecimento cutâneo. Através de uma revisão bibliográfica de estudos, artigos e livros relacionados ao tema. Este trabalho prevê a consolidação de pontos positivos na suplementação de colágeno, assim como a melhora da auto estima da população adulta com tais benefícios.

Palavras-chave: pele, colágeno, colando hidrolisado, envelhecimento cutâneo, suplementação oral de colágeno.

ABSTRACT

This project aims to solidly define the benefits of implementing collagen supplementation in the process of delaying skin aging. Through a literature review of studies, articles and books related to the subject. This work foresees the consolidation of positive points in collagen supplementation, as well as the improvement of self-esteem of the adult population with such benefits.

Keywords: skin, collagen, hydrolyzed gluing, skin aging, oral collagen supplementation.

1. INTRODUÇÃO

 De acordo com o IBGE, entre 1940 e 2019, a expectativa de vida ao nascer no Brasil aumentou em 31,1 anos para ambos os sexos. Em 1940, mulheres viviam em média 48,3 anos e os homens 42,9 anos e em 2019 a expectativa chegou à 80,1 anos para as mulheres e 73,1 anos para os homens, com o aumento da faixa etária da população considerada idosa, pôde-se acompanhar uma maior disseminação do uso de diferentes técnicas que buscam regredir o processo de envelhecimento cutâneo, dentre elas, a suplementação de colágeno é uma da]s mais utilizadas, muito por sua fácil aplicação (BROOKE et al. 2011).

 O colágeno, componente mais abundante da matriz extracelular, é a proteína decisiva que determina a fisiologia da pele, ela quem mantém a estrutura da pele e possibilita que suas funções ocorram. A matriz extracelular, retém água e oferece suporte a uma pele lisa, firme e forte (ÁLVAREZ, 2019). 

 A pele é o maior órgão do corpo humano e passa por mudanças ao longo dos anos, sendo as principais causadoras: cronológicas, dietéticas e ambientais. Vale ressaltar como exemplo de causa ambiental a  radiação  ultra violeta (UV) proveniente do sol, a exposição crônica à mesma, causa o fotoenvelhecimento que é mais danoso que o envelhecimento cronológico. Como consequência, as áreas do corpo mais atingidas são: a face, pescoço, antebraço e costas das mãos (ÁLVAREZ, 2019).

 Na pele o colágeno constitui cerca de 70% do seu peso, e através dos fatores acima citados, ocorre a degradação do colágeno dérmico, o que resulta no enrugamento da pele.

 Segundo o artigo “Hydrolyzed Collagen—Sources and Applications” existem 28 tipos de colágeno identificados, sendo mais comumente encontrado na pele os tipos I e III. Quando utilizado como suplemento dietético é geralmente na sua forma hidrolisada, esse processo torna o peso molecular desse peptídeo extremamente baixo (3–6 KDa) comparado ao seu precursor (285–300 KDa). A hidrólise enzimática não afeta apenas o tamanho dos peptídeos mas também suas propriedades biológicas e físico-químicas, tornando-o com excelente biocompatibilidade, fácil biodegradabilidade e fraca antigenicidade.

 Por consequência disso a suplementação do colágeno hidrolisado vem sendo bastante utilizada. No estudo “A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Study” foi realizado um ensaio clínico que buscou levantar a eficiência do peptídeo de colágeno de baixo peso molecular na pele humana, nele 64 mulheres entre 60 a 70 anos, utilizaram o colágeno hidrolisado durante 12 semanas e ao final do ensaio foi concluído que elas tiveram um aumento significativo na hidratação e elasticidade  somado a uma diminuição no enrugamento da pele.

 A cada dia são encontradas novas oportunidades para a biomedicina desenvolver novas formas de tratamento, visando contribuir com o equilíbrio do corpo e da mente, com alternativas de tratamento eficientes e com menor índice de contraindicações ou de efeitos colaterais. Pensando neste cenário, é fundamental a evolução de pesquisas que auxiliem no entendimento dos processos biológicos, para que novas soluções possam ser desenvolvidas, a área da biomedicina é uma das especialidades fundamentais neste processo.

2. ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO

 Não só no Brasil, mas no mundo todo vem se observando a tendência de envelhecimento da população nos últimos anos, conforme Leone; Maia e Baltar (2010), observa-se que a demografia brasileira vem sofrendo alterações que tiveram início nos anos de 1970, com a migração das famílias da zona rural para a zona urbana, acarretando transformações no estilo de vida da população. Nesse cenário, a demografia do Brasil sofreu diversas mudanças nas últimas décadas, especialmente quanto à inversão da pirâmide etária, com os idosos em maior número.

 A população brasileira ganhou 4,8 milhões de idosos desde 2012, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Características dos Moradores e Domicílios, divulgada  pelo IBGE (2018).

 Em 2012, a população com mais de 60 anos era de 25,4 milhões. Os 4,8 milhões de novos idosos em cinco anos correspondem a um crescimento de 18% desse grupo etário, que tem se tornado cada vez mais representativo no Brasil. As mulheres são a grande maioria nesse grupo, com 16,9 milhões (56% dos idosos), enquanto os  homens idosos são 13,3 milhões (44% do grupo), (IBGE, 2018).

 A quantidade de idosos cresceu em todo o país, sendo os estados com maior proporção de idosos o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul, ambos com 18,6%. O Amapá, por sua vez, é o estado com menor percentual de idosos, com apenas 7,2% da população. Conforme dados, os idosos farão parte de um grupo maior que o de crianças com até 14 anos, em 2030. E, em 2055, estima-se que o número de idosos será maior que o de crianças e jovens de até 29 anos. Observa-se que, em 2025, serão 64 milhões de velhos e, em 2050, um em cada três brasileiros será idoso, representando aproximadamente 29,7% da população, conforme figura 1. Esta nova configuração demográfica promoveu um novo olhar sobre o envelhecimento e a velhice (IBGE, 2018).

 Conforme a Organização Mundial de Saúde – OMS (2005, p. 8), “o envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade”. Tendo em vista esse cenário, o mercado da beleza e saúde buscam, cada vez mais, produtos específicos voltados para essa população, podendo citar, cremes rejuvenescedores, procedimentos estéticos, suplementações (em especial a suplementação de colágeno) entre outros.

FIGURA 1: PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO BRASIL, REVISÃO 2018

Fonte: educa.ingestão.gov.br

3. ENVELHECIMENTO

 Envelhecimento é definido por um processo intrínseco e extrínseco, no qual há uma progressiva deterioração da função fisiológica, resultando numa perda da viabilidade, aumento da vulnerabilidade e maior probabilidade de morte. São várias as teorias que tentam explicar o processo do envelhecimento, no entanto a mais aceita é que o envelhecimento seja um processo multifatorial (Rev Saúde Pública, 2018).

 Exemplos das teorias mais comuns são a teoria do envelhecimento programado, da inflamação e oxidação, das alterações do DNA, da imunosenescência e do encurtamento dos telômeros como no quadro 1 a seguir (Rev Saúde Pública, 2018).

QUADRO 1: TEORIAS DO ENVELHECIMENTO

Teoria do envelhecimento programadoSubdividida em: a longevidade programada e teoria endócrina.
Na teoria da longevidade programada o envelhecimento se dá pela ativação e inativação de certos genes.
Na teoria endócrina defende-se que um tipo de relógio biológico funciona em função dos hormônios e que assim controlam a velocidade do envelhecimento.
Teoria da inflamação e oxidaçãoEvidências mostram que as alterações inflamatórias e oxidativas acumuladas pelas células com grande longevidade promovem maiores disfunções, uma vez que provocam alterações no DNA, nas organelas, nas células e nos tecidos, acelerando o envelhecimento.
Teoria das alterações no DNABaseia-se no fundamento de que o envelhecimento é uma consequência da acumulação de alterações no DNA que não são reparadas.
 As mutações acumulam-se durante toda a replicação do DNA, e podem ser estimuladas de forma endógena, por exemplo pelas hormônios sexuais nos tecidos reprodutivos ou de forma exógena por radiações UV, carcinogéneos ou vírus.
Teoria da ImunosenescênciaA resposta por imunidade inata ou inflamação aumenta com o envelhecimento. São vários os exemplos da relação entre o aparecimento de patologias no indivíduo idoso e a resposta imunoinflamatória, por outro lado, a imunidade adquirida altera-se e o número de células fica restringida com o envelhecimento, como é o caso das células T naive que vai diminuindo dando lugar a células T de memória.
 Esta questão da imunosenescência pode ser acelerada por uma exposição mais frequente a antigénios. Esta hipótese da hiperestimulação prevê que populações com infecções crônicas mostram uma imunosenescência precoce. Nessa perspectiva o HIV está a ser investigado.
 A imunosenescência está associada ao aumento da inflamação e a oxidação que  conduz ao envelhecimento celular.
Teoria dos TelómerosOs telômeros são sequências de ácidos nucleicos existentes no DNA que não codificam proteínas constituindo as extremidades dos cromossomos, sua principal função é manter a estabilidade estrutural dos mesmos.
 Cada vez que a célula se divide, os telômeros são encurtados, com eles não se regeneram, após sucessivas divisões celulares, a célula chega a um ponto em que não é possível realizar uma replicação dos cromossomas sem perda de material genético e por conseguinte esta perde completa ou parcialmente a sua capacidade de divisão. Normalmente este limite não é ultrapassado pois o encurtamento dos telômeros ativa um mecanismo que impede a divisão celular, mas se este limite for ultrapassado pode ocorrer uma deleção de certos genes que são indispensáveis à sobrevivência celular ou então um silenciamento de genes próximos.
Adaptado de CARVALHO, 2015.

4. PELE

 A pele possui duas camadas a epiderme que é mais superficial e a derme, conforme a figura 2, assim como outros órgãos, o tecido tegumentar sofre alterações nocivas com o passar do tempo. Ao contrário da maioria dos outros órgãos, a pele é diretamente afetada pela exposição ao meio ambiente, especialmente a radiação UV do sol, essa exposição crônica causa um fenótipo envelhecido, também denominado de fotoenvelhecimento, que se sobrepõe ao envelhecimento cronológico. Como resultado, áreas do corpo que são frequentemente expostas ao sol, como rosto, pescoço, antebraços e dorso das mãos, adquirem sinais visíveis de envelhecimento mais rápido  que as outras áreas (PEREIRA, Carlos Abel Carvalho, 2015).

 A pele tem duas funções vitais, primeiramente a pele funciona como uma barreira, protegendo da intrusão física, química e bacteriológica no corpo e previne a desidratação por perda de água por evaporação. Em segundo lugar, a permite a termorregulação através da regulação da vasculatura alojada e das glândulas sudoríparas écrinas. Além disso, a pele medeia o sentido do tato e desempenha um papel na vigilância imunológica, na produção de hormônios e na comunicação social. E cada uma dessas funções é afetada com o envelhecimento. Em geral, as alterações da estrutura e função cutânea aparecem mais cedo e são mais pronunciadas na pele fotoenvelhecida do que na pele envelhecida cronologicamente. Evidentemente, o fotoenvelhecimento é um processo cumulativo e, como tal, é mais grave em indivíduos mais velhos (MED Sci, 2020).

 A passagem do tempo e a exposição frequente a aspectos nocivos do meio ambiente alteram os aspectos epidérmicos e dérmicos da pele, sendo essas alterações também encontradas na histologia. Clinicamente, a pele cronologicamente envelhecida parece fina, seca e finamente enrugada. A pele fotoenvelhecida geralmente parece coriácea (semelhante a couro), flácida, com rugas grossas, vasos sanguíneos finos e pigmentação irregular com manchas de tons marrons (MED Sci, 2020).

FIGURA 2: REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA PELE HUMANA

Fonte: https://www.unifal-mg.edu.br/histologiainterativa/pele-e-anexos

4.1 Efeitos do envelhecimento na barreira da pele e funções de termorregulação

 A epiderme é a camada mais externa da pele, não contém vasos sanguíneos e depende exclusivamente da derme para obter nutrientes, é composta principalmente de queratinócitos organizados em um epitélio estratificado. Os queratinócitos em proliferação residem na camada basal. A maturação dos queratinócitos envolve a perda da capacidade proliferativa e, por fim, a diferenciação em corneócitos. A diferenciação ocorre à medida que os queratinócitos migram em direção à superfície da pele através do estrato espinhoso, estrato granuloso e estrato córneo. O estrato córneo é  a camada mais externa da epiderme, composta por corneócitos enriquecidos com proteínas incorporados em uma matriz extracelular rica em lipídios. Este escudo lipídico organizado fornece uma barreira impermeável que impede a saída de água e a entrada de xenobióticos através da pele (ELIAS et al. 2010).

 À medida que uma pessoa envelhece, a proliferação de queratinócitos basais é reduzida, resultando em um afinamento geral da epiderme, e a junção dermo-epidérmica parece achatada. Essas características também ocorrem com o fotoenvelhecimento, embora de forma mais variável. Acredita-se que o achatamento da junção dermo-epidérmica reduz a superfície de troca entre a epiderme e a derme, reduz o fluxo de nutrientes e, portanto, pode ter um papel na redução da proliferação de queratinócitos. O achatamento da junção dermo-epidérmica também reduz a resistência epidérmica, tornando a epiderme mais frágil, no entanto, a espessura do estrato córneo permanece inalterada com a idade avançada e a hidratação do estrato córneo é modestamente reduzida ou inalterada em indivíduos idosos versus jovens (ELIAS et al. 2010).

 Assim, a perda de água transepidérmica é inalterada com o envelhecimento cronológico, no entanto, a produção de lipídios na superfície diminui significativamente com a idade em algumas áreas da pele, aumentando a incidência da pele seca, prurido (coceira na pele) e irritação. (LUEBBERDING et al. 2013).

 A termorregulação, outra função vital da pele, também é afetada pelo envelhecimento. Os seres humanos dissipam o calor excessivo através da produção de suor, pelo processo chamado de transpiração. O suor é produzido a partir do plasma pelas glândulas sudoríparas écrinas (glândulas apócrinas, restritas às axilas e áreas urogenitais, não estão envolvidas na termorregulação) (MARIA; LIMA; PAULINO, et al., 2012).

 Embora a morfologia dos nervos cutâneos seja considerada pouco afetada pela idade, a sensibilidade das glândulas sudoríparas aos estímulos colinérgicos pode ser reduzida com a idade. A produção de suor também é importante para a manutenção do manto ácido que regula o crescimento de organismos comensais da pele. Consistente com a diminuição da função écrina, o aumento da idade também está associado à acidez da superfície da pele (TASSINARY, 2019).

4.2 Efeitos do envelhecimento na capacidade regenerativa da pele

 O reparo de feridas é um processo contínuo que é composto por três fases,  fases inflamatória, proliferativa e de remodelação; Alterações relacionadas à idade no reparo de feridas foram descritas em cada uma delas. Estudos em humanos mostraram epitelização tardia após feridas de espessura parcial na coxa e diminuição da resistência à tração após a cicatrização de feridas incisionais ou cirúrgicas, estudos em animais mostraram um atraso de 20% a 60% no reparo de feridas em animais idosos comparado a animais jovens (GOSAIN e DI PIETRO, 2004).

4.3 Envelhecimento do sistema pigmentar da pele

 A melanina é um grupo de pigmentos naturais que adicionam cor ao cabelo e à pele, é produzida por melanócitos que estão confinados na camada basal da epiderme humana e no bulbo dos folículos pilosos. Os pigmentos de melanina são fotoprotetores e sua produção é induzida durante o bronzeamento por irradiação UV. O envelhecimento está associado a uma redução de 10% a 20% dos melanócitos produtores de melanina por década. Como resultado, a pigmentação da pele e o bronzeamento reativo após a exposição à radiação UV são reduzidos com a idade em áreas protegidas do sol. Em áreas cronicamente expostas ao sol, a pigmentação torna-se desigual com a idade, e a pigmentação mosqueada é uma característica da pele fotoenvelhecida, as lesões pigmentadas mais comuns incluem lengitinas actínicas (“manchas da idade”), efélides (sardas) e ceratose solar pigmentada e seborreica (MEREDITH e SARNA 2006).

4.4 Envelhecimento da inervação da pele 

 A pele se conecta ao sistema nervoso central por meio de inervação densa, a inervação da pele é tradicionalmente descrita de acordo com a função que ela medeia. O envelhecimento está associado a uma percepção sensorial global diminuída que se correlaciona com o número reduzido de terminações de fibras nervosas na epiderme e na derme, em contrapartida, alguns estudos mostraram que a pele fotoenvelhecida é caracterizada por aumento dos nervos sensoriais e aumento do número de fibras nervosas epidérmicas. As consequências funcionais dessas alterações na pele fotoenvelhecida permanecem hipotéticas (LEGAT e WOLF 2006,2009).

4.5 Envelhecimento da imunidade da pele

 A barreira natural da pele é auxiliada por um poderoso sistema imunológico intrínseco para a proteção contra infecções. As células apresentadoras de antígeno, que transitam por toda a pele, incluem macrófagos, células B, células dendríticas e células de Langerhans (sendo esta última a principal célula apresentadora de antígeno na epiderme), em geral, o envelhecimento está associado à desregulação da resposta imune, muitas vezes referida como “imunosenescência”. Normalmente, o número de células apresentadoras de antígenos cutâneos é semelhante entre indivíduos jovens e idosos, mas a migração para os linfonodos, a fagocitose e a capacidade de estimular as células T são reduzidas em idosos se comparado a indivíduos jovens. (VUKMANOVIC et al, 2011).

4.6 Envelhecimento da vasculatura da pele

 A vasculatura da pele é feita de uma rede de vasos sanguíneos e linfáticos que residem na derme, a vasculatura da pele permite o controle da temperatura e a difusão de plasma rico em nutrientes e células imunes e os vasos linfáticos garantem a reciclagem através do transporte de volta para a circulação venosa. Os vasos sanguíneos são formados na interação entre células endoteliais, células murais (pericitos e células do músculo liso vascular) e a matriz extracelular circundante. O envelhecimento e o fotoenvelhecimento da pele estão associados à redução do número de vasos sanguíneos e alterações estruturais nas propriedades dos mesmos, além disso, o achatamento das células endoteliais e a dilatação dos vasos remanescentes são típicos da pele fotoenvelhecida. Essas mudanças na vasculatura alteram vários aspectos da fisiologia cutânea tão diversos quanto o aumento da tendência a hematomas, redução do suprimento de nutrientes e alteração do tráfego de células imunes (KAJIYA et al, 2007).

4.7 Efeitos do envelhecimento na estrutura dérmica da pele

 A derme é a maior porção da pele e a maior parte da derme é composta por matriz extracelular colagenosa, que confere resistência mecânica, resiliência e elasticidade à pele. Essas funções são alteradas de forma deletéria tanto na pele envelhecida cronologicamente quanto na fotoenvelhecida, embora em maior grau na pele cronicamente exposta ao sol (HANSON e SIMONW 2018), podemos observar essa mudança conforme o gráfico 1.

GRÁFICO 1: EFEITO DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NA ESPESSURA DA EPIDERME E DERME NO GRUPO DE JOVENS DE ATÉ 20 ANOS, GRUPO INTERMEDIÁRIO DE 20-60 ANOS E NO GRUPO IDOSO ACIMA DE 60 ANOS

Fonte: https://www.scielo.br

 Alterações na organização e estrutura do colágeno tipo I, a proteína estrutural mais abundante na pele, é uma marca registrada do envelhecimento, essa fragmentação progressiva da matriz extracelular colagenosa dérmica tem consequências importantes, como a diminuição da resistência geral da pele, favorece a formação de rugas e cria um microambiente que facilita a formação e progressão do tumor (HANSON e SIMONW, 2018).

FIGURA 3: ESPÉCIMES DE PELE DOS GRUPOS JOVEM (A) E IDOSO (B)

Legenda: As fibras elásticas são observadas em preto. Note-se a clara fragmentação das fibras elásticas ao longo da derme com o envelhecimento. Na derme superficial, o aparelho elástico perdeu quase completamente sua disposição vertical na pele mais velha.
Fonte: www.mol.ice.uso.br

 O estresse oxidativo desempenha papel central nas alterações da matriz extracelular dérmica associadas ao envelhecimento e iniciadas pela irradiação UV, ao irradiar a superfície da pele, a energia da luz UV é absorvida por cromóforos celulares endógenos. A excitação do cromóforo, que ocorre na presença de oxigênio molecular, produz uma série de produtos de oxidação e espécies radicais de oxigênio (ROS), incluindo o radical hidroxila altamente reativo (HO) (BRENNEISEN et al.2013).

 Embora tóxicas em altas concentrações, as EROs mediam uma variedade de respostas celulares normais em baixas concentrações, como a ativação de receptores tirosina quinases (RTKs) e vias de sinalização. Outras proteínas tirosina fosfatases também são susceptíveis de serem afetadas porque a irradiação UV ativa muitos outros RTKs, incluindo citocinas e receptores de superfície celular de fator de crescimento, como receptor de fator de necrose tumoral-α, receptor de fator de ativação plaquetária (BRENNEISEN et al., 2013).

5. COLÁGENO

 Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos(ABIHPEC) esse mercado, da beleza estética e o autocuidado fechou 2021 com uma corrente de comércio, ou seja, a soma das exportações e importações de produtos relacionados a esse setor chegou a marca de US$ 1.4 bilhão, que quando convertido para moeda brasileira chega ao valor de R$7 bilhões gastos nesse mercado, o  que representa 16,2% a mais sobre o valor do ano anterior. Isso só reforça o crescimento significativo deste setor economicamente e demonstra como a população vem buscando cada vez mais melhorar o cuidado do corpo em relação a beleza estética, com uma variedade de produtos e técnicas para alcançar esse objetivo. Dentre elas, umas das práticas mais utilizadas para essa finalidade nos últimos anos, é a utilização do  colágeno na sua forma hidrolisada como suplemento nutricional a fim de melhorar em diferentes aspectos a aparência da pele, principalmente na região da face, trazendo uma aparência mais jovem para o indivíduo.

 O colágeno é uma molécula de extrema importância para o corpo humano e tem como sua principal função auxiliar a integridade estrutural dos tecidos, estando presente em todo o corpo sendo as fibra de colágeno um dos principais componentes da derme, a camada que dá sustentação e forma para pele, assim podemos dizer que o colágeno tem uma ação direta na fisiologia da pele (SILVA;PENNA,2012).

 Esta molécula possui 280 nm de comprimento, e 300.00Da de massa molecular, com pontes de hidrogênio e ligações intermoleculares que a estabilizam, tornando sua estrutura muito rígida. E formada principalmente por três aminoácidos a glicina, prolina e hidroxiprolina, que que formam uma unidade tripeptídica e geralmente segue a sequência de aminoácidos  glicina-X-poina ou glicina-X-hidroxiprolina, onde o X pode ser qualquer um dos 20 aminoácidos padrão.Cada molécula pode ter até três cadeias diferentes, que se unem para a formação do procolageno. Essa formação  se inicia quando os fibroblastos secretam dentro de vesículas, formadas pelo complexo de Golgi, que são enviadas para a matriz celular, o colágeno na sua forma de procolágeno solúvel com duas estruturas globulares de peptídeos contendo carbono e nitrogênio terminais, uma em cada extremidade da molécula. Ao chegar na matriz essas estruturas globulares são clivadas por enzimas para que libera o espaço necessário  que necessita o processo de formação do colágeno, dando origem ao tropocolágeno que se une paralelamente a outras estruturas de tropocolágeno  por interações hidrofóbicas e eletrostáticas.

 As ligações peptídicas entre as cadeiras na formação dessa estrutura, resulta em uma interação entre os grupo aldeídos e grupos aminos livres, fornecendo estabilidade e força tensora para a estrutura supramolecular. No inicio da formação do tropocolágeno existem quatro resíduos-chaves dois deles de lisina ou hidroxilisina de peptídeos com um N-terminal, e de forma similar dois contendo lisina ou hidroxilisina de peptídeos contendo um C-terminal, somado a os ranjo cada-torso da molécula de tropocolágeno permite uma ligação entre eles.

 Pensado na maior estrutura da molécula nesse momento, a superestrutura, o seu direcionamento e voltada a direita, enquanto o sentido do enrolamento das hélices polipeptídicas individuais são voltadas para esquerda, o que permite que o entrelaçamento das múltiplas cadeias se torne o mais apertado possível. Assim o colágeno apresenta uma resistência aumentada graças a formação, que acaba se tornando similar a uma corda enrolada em si mesma e sobre si, formando uma corda mais resistente. Essas estruturas maiores quando agregadas de forma paralela formam as fibrilas de colágeno, que posteriormente se organizam em feixes conforme a Figura 4 (SILVA; PENNA, 2012).

FIGURA 4: PROCESSO DE FORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DE COLÁGENO

Adaptado de Damodaran et al apud Saeidi, 2009.

 Alterações na sua estrutura formam os diferentes tipos de colágeno, e hoje em dia já foram identificados 28 tipos diferentes de colágeno  presentes em diversas partes do corpo humano com composições diferentes e funções diferentes de acordo com a sua cadeia alfa e composição em geral, isso porque a variação das repetição de Gly-X-Y, o comprimento destas repetições de aminoácidos, com interrupção ou não das cadeias e as posições de X e Y, prolina ou hidroxiprolina ao longo da cadeia atribuem diferentes conformações da molécula gerando diversos outros tipos de colágeno. Desses diferentes tipos estão mais presentes na pele o tipo I e III (ARELY LEÓN-LÓPEZ,2019).

 Porém o colágeno em sua forma base não pode ser facilmente utilizado e não possui muitos atributos atrativos para a indústria, mas na forma hidrolisada sim, quando ao quebrar as cadeias grandes da molécula de colágeno em pequenos peptídeos, gerando assim desta forma colágeno da sua forma hidrolisada que apresenta as características atrativas para indústria somando um diferencial para essa molécula. O colágeno em sua forma hidrolisada apresenta um peso molecular de 3 a 6 kDa, um peso molecular de 50 a até 100 vezes menor que do colágeno em sua forma base, tornando mais fácil a absorção e distribuição por todo o corpo, e também melhorando sua biodegradabilidade e com uma antigenicidade (AGUIRRE-CRUZ,2020).

 Silva e Penna(2012) se embasando em alguns estudos nos dizem que o colágeno hidrolisado também traz alguns benefícios para quem o ingere regularmente como uma melhoria da rigidez da pele, prevenção do envelhecimento, proteção das articulações ação anti-hipertensiva e prevenção contra úlcera gástrica.

 O colágeno é obtido a partir de diferentes animais, e sua obtenção começa a partir da extração do colágeno nativo insolúvel do couro desses animais, sendo necessário submeter esse material a um tratamento químico para remover a gordura e eliminar o cálcio. Após esse processo, o material é aquecido em água acima dos 45 °C, e um novo tratamento químico quebra as ligações não cavaletes desorganizado a estrutura protéica do colágeno, em seguida esse material vai para uma estufa onde passa por uma secagem e depois moído. O resultado após essas etapas é a obtenção de duas frações, onde são classificadas como colágeno em pó(frações mais finas) e as fibras de colágeno(fibras mais grossas). E qualquer um dois dois podem ser utilizados para a obtenção do colágeno hidrolisado a partir de uma reação de hidrólise, resultando em uma composição com altos níveis de glicina e prolina, aminoácidos essenciais para a regeneração e estabilidade das cartilagens (SILVA E PENNA,2012).

 Desta forma a compreensão do porque essa molécula é explorado pela indústria é muito utilizada pelo público geral, mas além disso colágeno em sua forma hidrolisada por ter características atrativas quando se trata de formular um produto, sendo elas a biocompatibilidade, bioatividade e imunogenicidade fraca o que confere a essa molécula um série de atributos satisfatórios para a indústria.

6. ESTUDOS

 Estudos foram realizados a fim de comprovar a eficácia da suplementação do colágeno com o objetivo de melhora da pele ou regressão do envelhecimento, nós escolhemos três estudos que relacionam esse tema.

 O primeiro estudo realizou um ensaio pré-clínico com o objetivo de verificar a eficácia do VeriSol, um suplemento de colágeno hidrolisado comercializado, no metabolismo de células dérmicas com um estudo randomizado, placebo controlado em um grupo de camundongos. Neste grupo parte dos animais recebia um dose de verisol diária e outra recebia placebo, além disso alguns dos animais foram submetidos a agressões cutâneas, levando a irritação (GELITA, 2013).

 De modo geral os animais que receberam uma dose do suplemento responderam de forma melhor em comparação a aqueles que receberam o placebo, o processo inflamatório causado pela irritação da pele foi regulado com uma boa diminuição das citocinas inflamatórias. E ao analisarem outros pontos, os animais que receberam o tratamento com o placebo tiveram sua barreira transepidérmica alterada, caracterizada por um aumento da perda de água. Além disso, ambos os animais com pele saudável e irritada, que receberam o VeriSol tiveram um aumento significativo na hidratação da pele, de forma similar foi observado um aumento na elasticidade da pele entre duas a três semanas após o início do tratamento(GELITA, 2013).

 Posteriormente foi realizado um estudo clínico que consiste em um ensaio clínico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, durante um período de doze semanas, com o objetivo de verificar a eficácia do suplemento como nutricosmético aliado à beleza. Desta forma foram selecionadas 60 voluntarias do sexo feminino, saudáveis,  com idade entre 35 e 55 anos e divididas em 3 grupos, o primeiro grupo foi tratado com 5g de VeriSol, o segundo com 2,5g de VeriSol e terceiro com placebo, todos administrados um vez ao dia dissolvido em água ou qualquer outro líquido frio durante o período do estudo. Também foi proibido durante esse período de doze semanas qualquer uso de suplemento nutricional adicional ou preparação de vitaminas, tratamentos dermatológicos, cosméticos e exposição intensa à luz solar e luz UV (GELITA, 2013).

 Para esse estudo foram estabelecidos a elasticidade da pele, a perda de água transepidérmica, hidratação da pele e sua aspereza com parâmetro. A primeira avaliação foi realizada antes da primeira administração do produto em t0, a segunda 4 semanas após o começo da administração oral do produto em t1, posteriormente após 8 semanas do início em t3 e por fim após 4 semanas do fim do tratamento em t3. Eles utilizaram moldes para mensurar a perda de água, hidratação da pele e aspereza da pele. Os resultados desse estudo mostrou que os grupos que receberam o VeriSol, em ambas as dosagens, tiveram um aumento da elasticidade da pele  em até 15% quando comparado ao grupo placebo, conforme mostra o Gráfico 2 abaixo, após o período de t1 e esse efeito perdurou após o período de 8 semanas, e mesmo depois do término do tratamento grupo que recebeu VeriSol apresentou níveis maiores de elasticidade na pele quando comparado ao grupo de voluntárias que ingeriu o placebo. Da mesma forma foi percebido um aumento de 11-14% da hidratação da pele, assim como uma perda menor de água transepidérmica (6-7%) nos grupos que ingeriram o produto. Foi contatado também que a dosagem de 2,5g/dia de verisol promoveu uma diminuição das rugosidades da pele em todos os indivíduos tratados(GELITA, 2013).

GRÁFICO 2

Fonte: http://dermomanipulacoes.vteximg.com.br/arquivos/Verisol.pdf

 Um diferente estudo clínico duplo-cego, randomizado, placebo-controlado foi realizado  a fim de testar a eficácia do VeriSol na redução das rugas na região dos olhos, e também de mensurar o aumento de colágeno tipo I, através de um punção. Para esse estudo foram recrutadas 100 voluntarias do sexo feminino, todas saudáveis com idade entre 45 a 65 anos, e divididas em dois grupos onde um receberia 2,5g/dia de VeriSol e o outro receberia o placebo, durante um período de 8 semanas seguido de um período de 4 semanas após a ultima ingestão(fase de regressão).  Os resultados foram mensurados a partir de documentação fotográfica que se inicia antes da primeira administração das fórmulas em t0, após 4 semanas do início do tratamento em t1, posteriormente após 8 semanas em t2 e por fim 4 semanas após a última ingestão em t3, já na fase de regressão(GELITA, 2013).

 Os resultados indicam que depois das primeiras 4 semanas do início do tratamento o grupo que estava ingerindo 2,5g/dia de VeriSol apresentou uma redução do volume das rugas na região perioculares aproximadamente 12% quando comparado ao grupo que estava ingerindo o placebo. Esse efeito foi potencializado após as 8 semanas, levando a redução média da profundidade das rugas de 30% nas voluntárias tratadas.  E ao final do tratamento, já na fase de regressão, às mulheres que ingeriam o VeriSol mantiveram uma redução no volume das rugas de 16%, em comparação ao grupo placebo(GELITA, 2013).

 Através do teste de bolha(punção) foi mensurado que o VeriSol estimulou um aumento da síntese de pró-colágeno em 65%, elastina em 18% e um aumento de 40% da concentração de biglicano, após as 8 semanas iniciais da administração oral do produto, isso quando comparado ao grupo que recebeu o placebo. Utilizando esses dados a GELITA conclui que a administração oral de 2,5g/dia de VeriSol trás benefícios a pele com uma significativa redução das rugas e um aumento na síntese de colágeno tipo I e elastina, levando a uma melhora significativa na luminosidade da pele, como mostra a Figura 5 abaixo.

FIGURA 5

Fonte: http://dermomanipulacoes.vteximg.com.br/arquivos/Verisol.pdf

 Os próximos estudos irão realizar uma espécie de contraponto em relação ao primeiro artigo,  já que esses utilizam o princípio ativo e não uma fórmula já comercializada para realização dos testes. Assim, o segundo estudo selecionado foi  realizado por Do-Un Kim e Hee-Chul Chung, em 2012, que tinham o objetivo avaliar qual efeito que a suplementação dos peptídeos de colágeno hidrolisado tem sobre a hidratação, elasticidade e as rugas na pele humana. Esse foi um estudo clínico randomizado, duplo-cego e placebo controlado que recrutou 70 mulheres, de 40 a 60 anos, saudáveis e diagnosticadas com rugas na área do rosto(pés de galinha) classificadas com escore global de fotodanos entre 2 a 6. Das 70 voluntárias 6 se retiram antes do estudo se iniciar e 11 durante, dessa forma restando 53 que completaram o estudo. E durante esse período as participantes não poderiam utilizar quaisquer outros produtos ou técnicas no rosto relacionadas a estética ou suplementos similares ao utilizado a fim de deixar o estudo mais robusto.

 As voluntárias foram divididas em dois grupos, onde um recebeu o colágeno e o outro o placebo, elas deveriam tomar 1000mg/dia da formulação disponibilizada dissolvida em líquido, essa  formulação é composta de colágeno hidrolisado, vitamina C, um mix de concentrado de frutas, um mix de sabores, excipientes, adoçante e água, e o outro grupo recebeu uma formulação similar, substituído a colágeno por água.  estudo durou 12 semanas, e as mulheres foram avaliadas antes de iniciar o estudo, depois de 4 semanas, após 8 semanas e ao final desse período. Os pesquisadores utilizaram um corneômetro CM 825(Coragem e Khazaka, Colônia, Alemanha) para avaliar a hidratação, um fotômetro MPA 580(Courage e Khazaka) para avaliar a elasticidade e as rugas foram avaliadas de duas formas, a primeira a partir de uma avaliação visual por dois dermatologistas, utilizando um método duplo-cego baseado em um sistema global de pontuação de fotodanos e para a segunda forma de avaliação das rugas foram utilizadas réplicas da pele feitas com uma solução a base de silicone.(Do-Un Kim e Hee-Chul Chung, 2012)

 E os resultados que eles obtiveram os seguintes resultados. Primeiro, o grupo tratado com o placebo não demonstrou nem uma diferença significativa entre o início do estudo e o final, nos pontos que foram avaliados. Já o grupo tratado com o colágeno mostrou uma melhora significativa na hidratação da pele logo após as primeiras 6 semanas. Além disso, houve melhora nos outros dois parâmetro, a elasticidade e as rugas na pele, em relação ao grupo placebo.(Do-Un Kim e Hee-Chul Chung, 2012).

 O terceiro estudo ergue o mesmo padrão dos outros com algumas diferenças, esse estudo realizado por Laing e Bielfeldt, em 2020,tinham o objetivo também de investigar o efeito do suplemento de colágeno na aparência da pele em mulheres, para isso eles realizaram um estudo clínico randomizado e triblo-cego, onde foram recrutadas 60 mulheres, saudáveis, com idade entre 40 a 70 anos, e de mesma forma dos estudo anteriores elas não poderiam utilizar nem um produto ou técnica ligada a estética no rosto durante o período do estudo e no mês anterior. Aqui também foram divididos em dois grupos onde um receberia o placebo e o outro receberia colágeno, que nesse caso foi utilizado um produto classificado como suplemento alimentar (Elastin, QUIRIS Healthcare) que continha em sua composição 2,5g de oligopeptídeos específicos de colágeno, que deveria ser utilizado todos os dias antes ou junto à refeição, durante os 85 dias que duraria o teste. Elas foram avaliadas um dia anterior ao primeiro dia e um dia após o último dia de ingestão, e o método utilizado para tal foi uma microscopia confocal de varredura a laser, que permite visualizar toda a microestrutura da célula em seções transversais, que foi avaliada por um especialista ao final do deste no qual visualiza as duas imagens e em uma escalada de -50 a +50, dava sua nota. Também foi entregue ao final do estudo um questionário às voluntárias onde elas poderiam classificar alguns itens, como a melhora de hidratação, diminuição das rugas, melhora da elasticidade e etc, de -2 a +2.

 Eles obtiveram resultados positivos ao final do teste onde as imagens mostram uma significativa melhora nos indivíduos que receberam o produto em relação ao que ingeriu o placebo, como mostra a Figura 6. Além disso, eles deram uma classificação muito mais alta no questionário ao final do estudo.(Laing e Bielfeldt, 2020).

FIGURA 6: COMPARAÇÃO ENTRE AS IMAGENS OBTIDAS NO INÍCIO
E AO FINAL DO ESTUDO

Fonte: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7070905

7. DISCUSSÃO

 A beleza sempre foi algo de valor para humanidade, da antiguidade até os dias atuais e com o avanço da medicina, tecnologia e da sociedade em geral há uma busca por formas diferentes de tentar sempre se manter belo. Uma das técnicas mais disseminadas é a utilização do suplemento de colágeno, a fim de manter a pele menos enrugada, mais hidratada e lisa, aparentando uma aspecto mais jovem.  

 Sabemos que o colágeno possui papel essencial na pele, sendo sua  principal função auxiliar a integridade estrutural dos tecidos, está então presente em todo o corpo sendo as fibra de colágeno um dos principais componentes da derme, a camada responsável pela sustentação e forma do tecido tegumentar, assim podemos dizer que o colágeno tem uma ação direta na fisiologia da pele. Mas com o passar da idade o colágeno reduz sua síntese no organismo, trazendo diversas deficiências aos tecidos, levando ao questionamento sobre seu benefício como suplementação oral. 

 Com base nos estudos apresentados, o resultado tem se mostrado positivo, como vimos nos estudos acima, todos eles com objetivos similares e com faixa etária de voluntários próxima, porém diferentes metodologias foram utilizadas para avaliar a questão da suplementação do colágeno, proporcionando robustez aos resultados obtidos de modo geral.

8. CONCLUSÃO

 De modo geral, a maioria da suplementação de 2,5g/dia de colágeno é benéfica para o organismo melhorando a hidratação, elasticidade e diminuição de rugas, mas é importante ressaltar que seu uso deve ser contínuo e diário. Não houve nenhum efeito adverso detectado, e os voluntários não fizeram uso de nenhuma suplementação adicional nem realizaram procedimentos estéticos. Vale ressaltar que não são realizados, corriqueiramente, estudos com homens ou pessoas com mais de 65 anos.

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1Discente da Universidade Anhembi Morumbi. São Paulo, Brasil.
2Discente da Universidade Anhembi Morumbi. São Paulo, Brasil.