REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202409171627
Núbia Silva Ferreira1; João Jorge Pereira dos Reis2; Joyce Reny dos Santos Oliveira3; Marco Antônio da Costa Camelo4.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo propor uma relação intertextual entre o poema de Castro Alves “Navio Negreiro” e a canção do grupo O Rappa “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”, direcionando a uma reflexão em sala de aula sobre racismo no Brasil. Pretende-se demonstrar ao aluno do 9° ano do Ensino Fundamental, que é o público-alvo, como elementos do texto literário pertencente ao movimento romântico do séc. XIX encontram correspondência na letra da música do grupo O Rappa. Compreendendo a literatura como manifesto universal de todos os homens em todos os tempos, como bem disse Antônio Candido (2004) em “O direito à literatura”. No livro a “República cantada do choro ao funk” Diniz e Cunha (2014) dizem que, por meio da música, os negros podiam cantar seu sofrimento. Percebe-se, desta forma, a importância dessas obras de arte para a formação do indivíduo e a necessidade do uso delas em sala de aula, viabilizando um ensino de qualidade que busca motivar o aluno ao aprendizado.
PALAVRAS-CHAVE: Castro Alves, Navio Negreiro, O Rappa, Intertextualidade, DECEPA.
ABSTRACT
The present work aims to propose an intertextual relationship between Castro Alves’ poem “Navio Negreiro” and the song by the group O Rappa “Every camburão has a bit of a slave ship”, leading to a reflection in the classroom on racism in Brazil. The aim is to demonstrate to the 9th year elementary school student, who is the target audience, how elements of the literary text belonging to the romantic movement of the 19th century find correspondence in the lyrics of the song by the group O Rappa. Understanding literature as a universal manifesto of all men at all times, as Antônio Candido (2004) said in “The Right to Literature”. In the book “República sung do choro ao funk”, Diniz and Cunha (2014) say that through music, black people could sing their suffering. In this way, we can see the importance of these works of art for the individual’s education and the need to use them in the classroom, enabling quality teaching that seeks to motivate the student to learn.
KEYWORDS: Castro Alves, Navio Negreiro, O Rappa, Intertextuality, DECEPA.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Estamos em pleno mar… Doido no espaço
(ALVES, 2013, 91)
O texto literário dentro de sala de aula tem se mostrado um desafio para professores e alunos, devido à dificuldade de acesso, por questões econômicas, pela falta de estrutura de uma biblioteca escolar que permita empréstimo de livros e pela falta de interesse com a obra literária por acreditar ser uma linguagem de difícil compreensão.
Pensando nessas dificuldades, o presente artigo tem por objetivo propor uma relação intertextual entre o poema de Castro Alves “Navio Negreiro” e a música da banda O Rappa “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”, direcionando para uma reflexão sobre o racismo no Brasil.
Entende-se ser possível chamar a atenção do aluno para o texto literário pela escuta da canção, por fazer parte do seu cotidiano e com a qual tem mais familiaridade, e assim estabelecer caminhos que aproximam as duas obras de arte com a temática do racismo.
Trazer para dentro da sala de aula discussões que fazem parte da realidade social do educando ajuda em seu desenvolvimento crítico enquanto cidadão e desperta nele a vontade de manifestar suas opiniões por meio da escrita de um poema ou letra de música.
A elaboração de tal proposta encontra respaldo também na Lei n° 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que altera o Art. 26-A da LDB/1996, estabelecendo “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”. A norma jurídica surge com o peso de obrigatoriedade, mas infelizmente não é cumprida. A ideia seria reparar a injustiça de não se contar a história toda do Brasil e a contribuição que o negro tem para a construção dessa pátria e o silenciamento que há em torno do sofrimento vivido por esse povo que até hoje permanece. O artigo referido da Lei tem ainda
o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil.
A extensão da lei vai além e, no ensino da literatura, particulariza no que diz respeito a pensar questões vividas e sofridas pelo povo negro, contadas dentro de obras literárias como o “Navio Negreiro” de Castro Alves, em forma de poema que denuncia e assim diz no
§ 2° Os conteúdos referentes a História e Cultura Afro Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e Histórias Brasileiras.
Os saberes que os alunos adquirem na escola precisam viabilizar a manifestação do pensamento desse indivíduo em seu dia a dia. Para auxiliar no seu crescimento enquanto ser que vive e convive em sociedade, o Documento Curricular do Estado do Pará, pautado na BNCC, corrobora esse pensamento na área de Linguagem e suas formas comunicativas, afirmando que o aluno precisa apreciar poemas e outros textos versificados, assim como selecionar livros da biblioteca ou do cantinho da leitura e compartilhar sua opinião com os colegas.
Antônio Candido (2004) em “O direito à literatura” nos fala do quanto a obra literária humaniza as pessoas. Em relação a música, Cunha e Diniz (2014) no livro “A República Cantada: do choro ao funk” falam do preconceito sofrido pelos negros no tempo do Império brasileiro, onde através da música externalizavam todo o sofrimento vivido.
Literatura e música, juntas, cada uma com suas especificidades, denunciando um mal que ultrapassa o tempo passado para os dias atuais: o racismo, um sistema estrutural e estruturante que, na introdução do livro de Silvio Almeida (2019) de uma coleção coordenada por Djamila Ribeiro, nos diz ser o racismo uma forma sistemática de discriminação voltada à raça, que define desvantagens e privilégios dependendo do grupo racial a que pertença, seja de forma consciente ou não.
Desafiador, mas a literatura e a música também, a sociedade mais ainda, a sala de aula não poderia ser diferente, pelo contrário, é potencializada por essas forças e o aluno tem o direito de ter subsídios para lidar com os desafios que serão postos diante dele.
UM POETA QUE CANTA E O CANTO DE UM POETA
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar corre-lhe em pranto
(ALVES, 2013, p.23)
Antônio Frederico Castro Alves (1847-1871) é o autor desses versos, Canção do africano ou seria poema? Poeta ou compositor de belos versos, versos necessários e urgentes de serem declamados ou cantados.
Baiano nascido quase na metade do século XIX, sua breve existência no interlúdio de 24 anos viveu nesse viver entre os muitos cantos que entoou está “O Navio Negreiro”. Segundo o crítico Antonio Candido foi “O bardo que fulmina a escravidão e a injustiça, de cabeleira ao vento” (CANDIDO, 1993, p.241). O poeta cantou as mazelas de sua época, protestou contra a escravidão em versos e estrofes, cantou sobre o negro escravo.
A morte em 1871 não silenciou sua canção. “O Navio Negreiro” poderia ter ficado no passado e ali libertado seus prisioneiros ou seriam mercadorias? Ou seriam os dois? Não ficou, hoje ele é camburão, cantado pelo grupo O Rappa “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”.
A banda O Rappa teve seu início em 1993, no Rio de Janeiro, formada inicialmente por Marcelo Falcão (voz), Xandão (guitarra), Marcelo Lobato (teclado), Lauro Farias (baixo) e Marcelo Yuka (bateria). O nome do grupo faz referência a uma gíria popular que designa fiscais da prefeitura que apreendem mercadorias de camelôs.
A força da banda pode ser vista em sua concepção nos anos 90, em que Nelson Meireles (baixista e produtor do Cidade Negra), Marcelo Lobato, Xandão e Marcelo Yuka reuniram-se às pressas para tocar com o cantor jamaicano de reggae Papa Winnie em suas apresentações pelo Brasil. Finalizado o trabalho, o grupo colocou anúncio no jornal para encontrar um vocalista e eis que surge então Marcelo Falcão.
A canção “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” faz parte do primeiro álbum lançado em 1994 e trata de uma forte crítica social que evidencia a condição marginalizada do negro no Brasil, situação ainda vista nos dias atuais. A canção foi composta por Marcelo Yuka, daqueles tempos aos dias de hoje, se faz necessária e atual.
O Rappa carrega em suas letras musicais um olhar crítico de problemas socais que fazem parte do cotidiano das pessoas, denuncia mazelas que insistem em permanecer e por isso mesmo não podem ser naturalizadas ou silenciadas.
Castro Alves transformou em poema sua indignação sobre a forma como o negro era tratado em seu tempo no Brasil, enquanto O Rappa fazendo referência aos tempos de antes, denunciando nos tempos atuais, sim, nos tempos atuais, a condição desumana do negro no Brasil. A sala de aula também é lugar de combate e resistência para uma educação realmente libertadora de preconceitos.
MÚSICA E LITERATURA: UM DIÁLGO POSSÍVEL
Estamos em pleno mar… abrindo as velas
(ALVES, 2013, p.94)
O ensino do texto literário exige do professor em sala de aula recursos que chamem a atenção do aluno e desperte nele interesse para outras leituras além das escolares. A escola, em muitas situações, é o único lugar em que o educando terá esse contato com a obra literária e justamente pensando por esse viés ela precisa ser apresentada a ele.
O uso da música para aproximação do poema auxilia nesse encontro por serem formas artística que se assemelham. As antigas cantigas de amor e de amigo eram poemas que vinham acompanhados de instrumentos musicais.
Literatura e música namoram há muito tempo, uma relação que vive até os dias atuais. No álbum “Livro”, Caetano Veloso chamou Maria Bethânia e Carlinhos Brown para declamar o poema “Navio Negreiro” com instrumentos musicais. Na obra “A República cantada: do choro ao funk” (2014), Cunha e Diniz mostram que a música é a arte brasileira mais reconhecida, diversa, plural, canta sonhos de uma sociedade liberal sem deixar de falar das marcas de um passado escravista ecoante até hoje.
Duas artes que, unidas, denunciam e despertam reflexão sobre assuntos espinhosos à sociedade moderna, como o racismo e, como foi antes, a escravidão. Cunha e Diniz (2014) afirmam no capítulo “E o império dançou” que
O preconceito em relação aos negros é visível até hoje em nossa sociedade. Por isso suas histórias permanecem cantadas como um lamento, em músicas que falam de sofrimentos que ainda não foram redimidos nesses mais de cem anos de abolição”.
Na sala de aula, essa relação torna-se um trunfo na mão do professor, valendo-se de duas expressões artísticas essenciais ao aprendizado do aluno. Antonio Candido (2003) ao falar sobre literatura diz que “ela é fator indispensável de humanização, e sendo assim, confirma o homem em sua humanidade” (CANDIDO, 2003, p. 175) e por assim ser, entende que
(…) nas nossas sociedades a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo.
Percebe-se desta forma a necessidade de trazer para a sala de aula bens culturais como o texto literário e a música, proporcionando às atividades escolares metodologias que ajudem o trabalho do professor enquanto mediador à compreensão do aluno no processo de aprendizagem.
A BNCC, diluída no Documento Curricular do Estado do Pará (2019), ampara o professor no sentido de pensar estratégias para lidar com o texto literário, pontuando lugares possíveis de serem olhados pelo educando na leitura, percebendo-se tal fato no seguinte trecho voltado ao aluno do 9° ano, destacado em (EF69L44):
inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesse texto formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedade e cultura e considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção
A letra da canção da banda O Rappa de 1994“ Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” pelo viés de “O Navio Negreiro” do poeta Castro Alves, auxilia o professor em sua abordagem junto com sua turma por possibilitar que a música desperte a curiosidade de saber que lugar é esse do poema ecoante até os dias atuais.
A música traz uma linguagem mais próxima ao do discente, ajudando na compreensão do conteúdo, mas o texto literário vem com o desafio de querer saber qual a correspondência dos dois textos. Essa prerrogativa também encontra respaldo no Documento Curricular do Estado do Pará e BNCC ao falar sobre a intertextualidade (EF89LP32) quando diz
Analisar os efeitos de sentido decorrentes do uso de mecanismos de intertextualidade (referências, alusões, retomadas) entre os textos literários, entre esses textos literários e outras manifestações artísticas (cinema, teatro, artes visuais e midiáticas, música) quanto aos temas, personagens, estilos, autores etc.
O encontro dos dois textos, atravessado na temática, juntos são engajamento, protesto, grito de liberdade, busca de reflexão, de ler a sociedade, de ler a si próprio e saber qual é o seu lugar dentro desse contexto. Leitura crítica. Leitura que leva a expressar opiniões de forma oral e escrita, por meio da produção de poemas, de artigos de opinião, letra de canção etc.
NA SALA DE AULA
Se é loucura… Se é verdade
(ALVES, 2013, p.99)
Recentemente, a educação básica no Brasil sofreu mudanças com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) por etapas, que conduziu os estados brasileiros para elaboração e publicação de currículos oficiais, dos quais utiliza-se neste trabalho o Documento Curricular do Estado do Pará – Etapas Educação Infantil e Ensino Fundamental (2019) referente ao componente Língua Portuguesa.
Levando em consideração que os documentos oficiais regentes do ensino no Brasil e o que particulariza o Estado do Pará clarificam a necessidade de, na educação básica, desenvolver atividades que despertem a criticidade do estudante quanto ao seu meio social, o presente artigo tem por objetivo propor uma relação intertextual entre o poema de Castro Alves “Navio Negreiro” e a canção do grupo O Rappa “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”, direcionando a uma reflexão em sala de aula sobre racismo no Brasil.
O público-alvo são os estudantes do 9° ano do Ensino Fundamental, que serão envolvidos nas atividades em questão para a concretização de habilidades para se desenvolverem individual e socialmente. Para realização desta proposta, será aplicada avaliação qualitativa e os passos para o desenvolvimento de cada etapa são os seguintes:
- Pré-aula (Sala de Aula Invertida): O professor irá elaborar um roteiro para auxiliar o aluno em uma pesquisa sobre: 1. O que é engajamento social?; 2. O que é racismo estrutural?; 3. O que é o reggae como gênero musical dentro da sociedade?; 4. Pesquisar sobre o grupo O Rappa; 5. Pesquisar sobre o tráfico negreiro. A pesquisa feita pelo aluno no processo de ensino-aprendizagem deixa evidente o protagonismo que ele, na busca de conhecimento, deve exercer, tornando-o ativo em seu ambiente escolar e na sala de aula, sua voz fará parte dos saberes ali circulantes.
- 1° aula: Socialização da pesquisa realizada pelos alunos. O professor apresentará a música “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” do grupo O Rappa e, a partir desse passo, fará questionamentos para que os alunos exponham o conteúdo da pesquisa anteriormente realizada.
- 2° aula: Leitura e interpretação do poema. Apresentação do poema “O Navio Negreiro” por meio da leitura junto com os alunos e escuta do poema do álbum “Livro” de Caetano Veloso com o poema musicado.
- 3° aula: Intertextualidade. Será o momento de comparação da canção do grupo O Rappa ”Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” com o poema de Castro Alves “Navio Negreiro”, mediada pelo professor.
- 4° aula: Organização para a realização do debate sobre o racismo no Brasil.
- 5° aula: Realização do debate.
- 6° aula: Estudo do gênero textual poema.
- 7° aula: Produção de poemas sobre o tema debatido.
- 8° aula: Estudo do gênero textual artigo de opinião.
- 9° aula: Produção do gênero artigo de opinião sobre o tema debatido.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Colombo! Fecha a porta de teus mares!
(ALVES, 2013, p.103)
Como foi apresentado na pesquisa “Poema e Reggae: o Navio Negreiro passado e presente”, o texto literário na sala de aula tem fundamental importância para reflexão de questões sociais que despertem no aluno senso crítico, associado a interfaces como a música contemporânea com teor de crítica, aproximando o aluno por ter uma linguagem mais acessível.
A sala de aula, enquanto lugar de estímulo pela busca de conhecimento, abre-se para propostas que visem torná-la uma experiência que amplie o conhecimento de mundo do discente, proporcionando a ele contato com bens culturais como a obra literária de qualquer tempo e músicas que possivelmente ele não acessaria se não fosse pelo trabalho escolar.
O texto literário, assim como qualquer outro bem cultural produzido pela humanidade, é um direito do aluno. A pesquisa aqui desenvolvida reforça essa afirmação, corroborando com o pensamento de Antonio Candido (2004), a literatura é um direito de todos!
Literatura e música, música e literatura, nesse trabalho intertextual em que uma busca a outra, mostram ao aluno que as duas obras de arte podem ser fonte de conhecimento e reflexão. Para o professor, dentro de sala de aula, tornam-se ferramentas eficazes de auxílio ao desenvolvimento de atividades atrativas na mediação do ensino e aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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1Mestra Profissional em Ensino de Língua Portuguesa e Suas Respectivas Literaturas pelo PPGELL-CCSE-UEPA. E-mail: nubiorum@yahoo.com.br
2Mestre Profissional em Ensino de Língua Portuguesa e Suas Respectivas Literaturas pelo PPGELL-CCSE-UEPA. E-mail: joao.reis@escola.seduc.pa.gov.br
3Mestra Profissional em Ensino de Língua Portuguesa e Suas Respectivas Literaturas pelo PPGELL-CCSE-UEPA. E-mail: renysanolive@hotmail.com
4Docente do PPGELL-CCSE-UEPA na disciplina Ensino de Literatura e suas Interfaces. Professor efetivo da Universidade do Estado do Pará (UEPA). Doutorado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil (2010). Revisor, editor e parecerista da EDUEPA, Brasil. E-mail: cammelomarco@gmail.com