GUIDED BONE REGENERATION WITH THE USE OF BONE GRAFT, L-PRF MEMBRANE AND TITANIUM MEMBRANE – SURGITIME TITANIO SEAL:CLINICAL CASE REPORT
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412011110
Bárbara da Silva Custódio ¹
Cecília Eduarda Sodré Campos ¹
Orientador: Prof. Ms. Hiam Sampaio Ghassan ²
Coorientador: Prof. Esp. Diana Marcela Guerra Larranaga
Resumo
A extração dentária pode resultar em reabsorção óssea significativa, o que compromete a reabilitação futura. Desse modo, a regeneração óssea guiada (ROG) surge como uma solução para reverter esse processo, uma técnica terapêutica utilizada para promover a neoformação de osso em áreas de reabsorção alveolar, frequentemente observada após extrações dentárias. A reabsorção óssea pode comprometer a instalação de implantes dentários, tornando a reabilitação oral desafiadora, especialmente em regiões com volume ósseo insuficiente. O uso de biomateriais, como membranas de titânio, matrizes ósseas porosas e fibrina rica em plaquetas (l-prf), tem se mostrado eficaz na regeneração óssea, criando um ambiente adequado para a formação de novo osso. As membranas de titânio, em particular, oferecem suporte mecânico, impedindo a deformação e mantendo o espaço necessário para o crescimento ósseo, além de facilitar a exclusão de tecidos não desejados, como epitélio e tecido conjuntivo. Este conjunto de técnicas e materiais possibilita a reconstrução óssea de áreas edêntulas, viabilizando a posterior instalação de implantes com resultados estéticos e funcionais satisfatórios. O avanço dessas técnicas tem ampliado as possibilidades de tratamento para pacientes com perda óssea significativa, garantindo melhores resultados a longo prazo na reabilitação oral com implantes dentários. Este estudo apresenta um relato de caso clínico de regeneração óssea guiada utilizando membranas de titânio (Surgitime Titanio Seal), matriz porosa mineralizada bovina (Bonefill Porous Media) e fibrina rica em plaquetas (l-prf) como abordagem regenerativa.
Palavras–chave: Regeneração óssea. Biomateriais. Enxerto ósseo. Membrana de titânio. L-prf.
INTRODUÇÃO
A indicação da extração dentária acontece por diversos motivos, tais como: grandes destruições coronárias provocadas por cáries extensas, problemas periodontais, fraturas, iatrogenias, patologias e anomalias de desenvolvimento (BISPO,2020). Após uma exodontia ocorre uma série de eventos fisiológicos que visam o reparo alveolar resultando em reabsorções ósseas significativas que podem comprometer futuras reabilitações principalmente com implantes (MENUCI NETO et al., 2016).
A reabsorção do rebordo alveolar tem sido considerada como a consequência inevitável da extração dentária, esta alteração ocorre porque o processo alveolar tem a função de dar sustentação aos dentes, perdida esta função sua tendência é reabsorver gradativamente. Este é um fenômeno frequentemente observado que diminui a possibilidade de se posicionar o implante dental dentro de um bom posicionamento protético, estético e funcional. Pacientes com uma quantidade óssea insuficiente remanescente fizeram parte, por muito tempo, de um grupo para o qual a reabilitação com implantes era um procedimento tecnicamente inviável.
Muitas técnicas cirúrgicas e uma variedade de materiais vêm sendo introduzidas ao longo dos anos num esforço de ajudar na reabilitação oral em casos perda óssea, cada um com características próprias, vantagens e desvantagens, possibilitando uma larga combinação de planos de tratamento, que varia com cada caso entre elas a regeneração óssea associada a biomateriais.
O objetivo deste estudo é o relato de caso clínico de regeneração óssea guiada (ROG) utilizando membrana de titânio Surgitime Titanio Seal (Bionnovation Biomedial), matriz porosa mineralizada bovina Bonefill Porous Media (Bionnovation Biomedial) e membrana de fibrina rica em plaquetas e leucócitos (l-prf).
RELATO DE CASO
A paciente ESC, gênero feminino, 45 anos de idade, compareceu ao curso de Graduação em Odontologia da Faculdade Ideal Wyden – Faci Wyden com queixa de ausência de dois elementos inferiores com a expectativa de reabilitação da região edêntula. Ao exame clínico, diagnosticou-se, em mandíbula, a ausência dos elementos 46 e 47 (Figura 1) e uma pequena extrusão do elemento 16 ocasionado por falta de contato oclusal (Figura 2).
Foi solicitada tomografia computadorizada e exame laboratorial. Através da avaliação dos exames verificou-se uma reabsorção horizontal da crista óssea alveolar na região avaliada e reabsorção fisiológica da crista óssea alveolar nas regiões edêntulas (Figura 3 e 4) e que a paciente era ASA-1, ou seja, condição sem doença sistêmica pré-existente e favorável ao tratamento proposto.
O tratamento proposto e planejado foi uma cirurgia de reconstrução óssea com a utilização de biomateriais com posterior instalação de implantes dentários na região dos elementos 46 e 47, assim devolvendo o contato oclusal entre a área edêntula e o elemento 16. Foi realizado a coleta de sangue da paciente, o sangue foi colhido respectivamente para 5 tubos de ensaio que foram imediatamente centrifugados a uma velocidade de 3100 RPM durante 10 minutos para a obtenção da membrana de l-prf (Figura 5, 6 e 7).
A cirurgia iniciou-se com uma incisão do elemento 44 até o final do rebordo (Figura 8), em seguida, foi feito o descolamento do tecido (Figura 9), utilizando-se do planejamento tomográfico prévio.
Na sequência é feito uma osteotomia, pequenas perfurações no rebordo ósseo utilizando uma broca esférica para formação de coágulo para auxiliar no processo de cicatrização (Figura 10). O preenchimento do espaço que sofreu reabsorção óssea no rebordo foi realizado com a colocação de matriz porosa mineralizada bovina Bonefill Porous Media (Bionnovation Biomedial) associada a duas membranas de l-prf (Figura 10, 11, 12, 13 e 14), selado com uma membrana de titânio Surgitime Titanio Seal (Bionnovation Biomedial) e uma membrana de l-prf (Figura 9). Sucedeu-se às suturas com fio de nylon (Figura 10).
A paciente foi medicada com amoxicilina + clavulanato de potássio 875mg de 12/12 horas por 14 dias, ibuprofeno 400mg de 8/8 horas até a dor passar e dexametasona 4mg de 8/8 horas por 3 dias. Aos 14 dias, a paciente retornou para a remoção da membrana de titânio Surgitime Titanio Seal e acompanhamento radiográfico (Figura 18). Percorrido o período de 6 meses, foi solicitado uma tomografia computadorizada (Figura 19).
A paciente foi submetida à cirurgia para colocação do implante, iniciando com a incisão e o descolamento da região onde ocorreu a regeneração óssea (Figura 20 e 21), em seguida, foi feita a fresagem utilizando o sistema de brocas para osteotomia da Systhex (Figura 22) e o teste do pino de paralelismo, auxiliando no posicionamento da perfuração (Figura 23). Após, foi feita a colocação dos implantes (Figura 24, 25 e 26), sendo implantes cilíndricos ICM 3.5 x 10.0 mm e 3.5 x 8.5 mm da Systhex, por fim a sutura finalizando a cirurgia (Figura 27). Foi prescrita a medicação pós-operatória, amoxicilina (amoxyl) 500mg de 8/8 horas durante 7 dias, cetoprofeno (profenid entérico) 100mg de 12/12 horas e trometamol cetrolaco (cetrolac sl) 10mg de 6/6 horas.
Após 8 dias foi realizada a remoção da sutura e tomada radiográfica (Figura 28).
DISCUSSÃO
A Regeneração Óssea Guiada (ROG) foi introduzida como uma modalidade terapêutica que procura a neoformação do tecido ósseo reabsorvido através da utilização de membranas com barreira. Os biomateriais utilizados na ROG devem conseguir obter a integração nos tecidos do hospedeiro, boa estabilização da ferida, criar e manter o espaço, proteger o coágulo sanguíneo subjacente e possuir capacidade de exclusão de células não desejadas (tecido conjuntivo e epitélio). É através desta capacidade oclusiva (exclusão do tecido mole) que células osteogênicas estimulam a neoformação óssea (Rakhmatia et al, 2013).
As membranas são capazes de promover um crescimento ósseo mais rápido, impedindo a infiltração de tecido epitelial e conjuntivo para o defeito e a colonização bacteriana (Bottino et al, 2012). As membranas não reabsorvíveis, mesmo necessitando de uma segunda fase cirúrgica para a sua remoção, se mantêm em posição por período suficiente, é compatível com a formação de novo osso sendo eficientes no que diz respeito à biocompatibilidade, oclusão celular, integração tecidual e fácil manuseio clínico (Dimitriou et al, 2012).
A membrana de titânio cria espaço e não deforma devido ao suporte mecânico adicional proporcionado pelo efeito que o titânio possui contra as forças compressivas exercidas pelo tecido. Tal membrana associada a outros biomateriais como os agregados plaquetários e enxertos ósseos, agregam para uma regeneração óssea mais adequada.
No entanto, cabe destacar que o avanço tecnológico favoreceu o aparecimento de técnicas variadas visando a regeneração óssea para posterior implante, contudo, faz-se necessário o profissional avaliar adequadamente a situação do paciente com a finalidade de indicar a melhor técnica e melhor material para cada caso.
CONCLUSÃO
Até onde o paciente foi acompanhado, procedimento cirúrgico e pós-operatório, os resultados foram satisfatórios dentro dos padrões dentro da normalidade e sem intercorrências capazes de interferir no processo de regeneração óssea guiada. A utilização da membrana de titânio Surgitime Titanio Seal é eficiente nos procedimentos de regeneração óssea. Em conjunto com coágulo sanguíneo, matrizes ósseas e agregados plaquetários, ela sela devidamente o rebordo contra a entrada de tecidos sobre as zonas enxertadas, criando tecidos viáveis e mantendo o volume adequado para a reabilitação com implantes.
REFERÊNCIAS
BISPO, L. B., SALOMÃO, M., NETO, A. R., SHITSUKA, C., PEDRON, I. G. Uso de membrana como fator preditivo do comportamento ósseo alveolar pós-exodontia. Odonto, v. 28, n. 55, p. 21-29, 2020. Disponível em < https://www.metodista.br/revistas/revistas> metodista/index.php/Odonto/article/view/10497>. Acesso em 15 fev.2021
MENUCI NETO, A..; GUISEPPE, A. B.; ROMITO, A.; CALDERERO, L. M. Preservação do rebordo alveolar. In: FRANCISCHONE, C. E. Osseointegração na clínica multidisciplinar: estética e longevidade. [S.l.]: Quintessence, 2016. cap. 6, p. 125-134.
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Rakhmatia, Y., Ayukawa, Y., Furuhashi, A., Koyano, K. (2013). Current barrier membranes: Titanium mesh and other membranes for guided bone regeneration in dental applications. Journal of Prosthodontic Research, 57(1), 3-14. doi:10.1016/j.jpor.2012.12.001
Bottino, C., Thomas, V., Schmidt, G., Vohra, Y., Chu, T., Kowolik, M., Janowski, G. (2012). Recent advances in the development of GTR/GBR membranes for periodontal regeneration – A materials perspective. Dental materials, 28(7), 703-721. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.dental.2012.04.022
Dimitriou, R., Mataliotakis, G., Calori, G., Giannoudis, P. (2012). The role of barrier membranes for guided bone regeneration and restoration of large bone defects: current experimental and clinical evidence. BMC Medicine, 10 (81). Disponível em: http://www.biomedcentral.com/1741-7015/10/81