RECONSTRUÇÃO DE LIGAMENTO DELTÓIDEO E ESTABILIZAÇÃO TIBIOFIBULAR COMO TRATAMENTO PARA FRATURA DE MAISONNEUVE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10076955


Matheus Santana Schwaab


Introdução

A fratura de Maisonneuve foi descrita pela primeira vez por um cirurgião francês chamado Jacques Gilles Maisonneuve, e consiste em fratura proximal de fíbula associada com algum comprometimento de membrana interóssea e de estruturas mediais do tornozelo. Esse tipo de injúria é pouco comum e uma das mais instáveis lesões de tornozelo. As prováveis causas são os mecanismos de supinação ou pronação-rotação externa plantar.

O tratamento para esse tipo de fratura objetiva a restauração anatômica da articulação talocrural com renovação precisa do comprimento fibular. O procedimento indicado será cirúrgico ou não, dependendo do grau de comprometimento das estruturas.

Relato do Caso

Paciente F. F. T., 17 anos, masculino, admitido em pronto-socorro, vítima de fratura rotacional de tornozelo, com queixa de dor intensa na região da articulação talocrural, com edema e ertitema local. Radiografado, sendo então diagnosticada fratura de maléolo medial e um espaço de 5mm entre o mesmo maléolo e o tálus, indicando possível lesão de ligamento deltoideo, pois a distância máxima que indica a preservação do ligamento é de 3mm. Ao ser fixado uma tala no tornozelo, para estabilização da região, paciente relatou forte dor na região proximal da perna e estalos, sendo assim solicitado nova radiografia. Essa, por sua vez, demonstrou fratura de terço proximal da fíbula, fechando diagnóstico de fratura de Maisonneuve.

Uma ressonância magnética foi realizada para melhor avaliação das estruturas. Dessa forma, o tratamento indicado foi cirurgia para inserção de parafusos entre fíbula e tíbia, para estabilização regional, pois o ligamento tibiofibular anterior e a membrana interóssea haviam sido rompidos. Além disso, fez-se avaliação da integridade do ligamento deltoide, sendo então necessário outra intervenção, desta vez medial, para reconstrução deste ligamento, pois estava totalmente rompido. O paciente necessitou usar gesso por seis semanas e precisou de acompanhamento com fisioterapeuta, após retirada do mesmo.

Conclusão

 Esse relato reitera a necessidade de mais investigação médica para identificação dos diferentes tipos de fraturas quando o trauma envolve a região do tornozelo. Uma vez que, esse tipo de lesão não é comumente diagnosticada pela falta de queixa de dor na parte proximal da fíbula, pelo paciente, sendo então necessário um exame físico mais completo, para uma recuperação mais satisfatória.

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