REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8233432
Ayara Almeida Souza Cabral1
Joseelma Quaresma Trindade2
Mayse Maria e Silva3
Eluiza Furtado da Silva Fernandes4
Valéria Oliveira da Trindade5
Leisiane Viana Moia6
Leticia do Nascimento Silva7
Maiana Crisley Barroso Brandão8
Josinaide Quaresma Trindade9
Josivane Quaresma Trindade10
Josele de Jesus Quaresma Trindade Costa11
Rodrigo Daniel Zanoni12
RESUMO
INTRODUÇÃO: A poliomielite é uma patologia altamente contagiosa causada pelo poliovírus selvagem, o qual se localiza na região gastrointestinal e trato respiratório do indivíduo, pode infectar crianças e adultos por meio do contato com fezes e/ou secreções expelidas pela boca de pessoas já infectadas, acarretando paralisia infantil. Afeta, mais frequentemente, crianças não vacinadas, sendo mais suscetível desenvolver sequelas irreversíveis, apesar ser uma patologia erradicada no Brasil, a baixa cobertura vacinal tem alertado para a recidiva dos casos de poliomielite. OBJETIVO: Analisar a recidiva de casos de poliomielite no Brasil devido a negligência vacinal e os desafios à saúde pública, conduzindo discussões sobre a baixa cobertura vacinal e os perigos para a reintrodução da patologia no Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa e descritiva, as buscas foram realizadas de fevereiro a julho de 2023, por meio da busca nas bases de dados utilizadas foram Scielo, Lilacs e PubMed, utilizou-se os descritores Decs sob aplicação do operador booleano AND e OR: “Poliomielite”, “Recidiva”, “Reintrodução”, “Cobertura Vacinal”, “Negligência Vacinal” Artigos na janela temporal de 2019 a 2023. Usou-se os seguintes critérios de inclusão: artigos em inglês, português e/ou espanhol, disponíveis na íntegra (Free full text), gratuitos e cuja temática tivesse relação direta com a pesquisa. Já como critérios de exclusão: teses, dissertações, capítulos de livro, duplicados, pagos e artigos que não abordavam o objetivo estabelecido. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Nas buscas sobrevieram 459 artigos e após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 11 artigos para compor a revisão. Mediante análise dos estudos, constatou-se informações relevantes referentes às implicações que envolvem os casos de poliomielite, epidemiologia, cobertura vacinal, reincidência de casos, entre outros dados. A redução das taxas de imunização contra poliomielite registra queda desde meados de 2011, intensificado nos últimos anos de 2019 a 2023 e destaca um alerta aos agravamentos futuros para a reintrodução do vírus no país. CONCLUSÃO: Em síntese, nota-se que os dados obtidos demonstram ação direta e preocupante da atual situação do Brasil sobre a cobertura e negligência vacinal e a recidiva dos casos de poliomielite. Evidencia-se a necessidade crucial em intervir no atual cenário para evitar a disseminação da patologia no país.
Palavras-chave: Poliomielite; Recidiva; Cobertura Vacinal; Negligência Vacinal.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Polio is a highly contagious pathology caused by wild poliovirus, which is located in the gastrointestinal region and respiratory tract of the individual, can infect children and adults through contact with feces and / or secretions expelled by the mouth of people already infected, causing infantile paralysis. It affects, more frequently, unvaccinated children, being more susceptible to develop irreversible sequelae, despite being an eradicated pathology in Brazil, the low vaccination coverage has warned of the recurrence of polio cases. OBJECTIVE: To analyze the recurrence of poliomyelitis cases in Brazil due to vaccine negligence and the challenges to public health, leading to discussions about low vaccination coverage and the dangers for the reintroduction of the pathology in Brazil. METHODOLOGY: This is an integrative literature review, with a qualitative and descriptive approach, the searches were carried out from February to July 2023, through the search in the databases used were Scielo, Lilacs and PubMed, the descriptors Decs were used under application of the Boolean operator AND and OR: “Poliomyelitis”, “Recurrence”, “Reintroduction”, “Vaccine Coverage”, “Vaccine Negligence” Articles in the time window from 2019 to 2023. The following inclusion criteria were used: articles in English, Portuguese and/or Spanish, available in full (Free full text), free of charge and whose theme was directly related to the research. As exclusion criteria: theses, dissertations, book chapters, duplicates, paid and articles that did not address the established objective. RESULTS AND DISCUSSION: The searches yielded 459 articles and after applying the inclusion and exclusion criteria, 11 articles were selected to compose the review. By analyzing the studies, relevant information was found regarding the implications involving polio cases, epidemiology, vaccination coverage, recurrence of cases, among other data. The reduction in polio immunization rates has been declining since mid-2011, intensified in recent years from 2019 to 2023 and highlights an alert to future aggravations for the reintroduction of the virus in the country. CONCLUSION: In summary, it is noted that the data obtained demonstrate a direct and worrying action of the current situation in Brazil on vaccination coverage and negligence and the recurrence of polio cases. There is a crucial need to intervene in the current scenario to prevent the spread of the pathology in the country.
Key-words: Poliomyelitis; Recurrence; Vaccination coverage; Vaccination neglect.
RESUMEN
INTRODUCCIÓN: La poliomielitis es una patología altamente contagiosa causada por el poliovirus salvaje, que se localiza en la región gastrointestinal y tracto respiratorio del individuo, puede infectar a niños y adultos a través del contacto con heces y/o secreciones expulsadas por la boca de personas ya infectadas, causando parálisis infantil. Afecta con mayor frecuencia a niños no vacunados, siendo más probable el desarrollo de secuelas irreversibles, a pesar de ser una patología erradicada en Brasil, la baja cobertura de vacunación ha alertado sobre la recurrencia de casos de poliomielitis. OBJETIVO: Analizar la recurrencia de casos de poliomielitis en Brasil por negligencia vacunal y los desafíos para la salud pública, llevando a discusiones sobre las bajas coberturas de vacunación y los peligros para la reintroducción de la patología en Brasil. METODOLOGÍA: Se trata de una revisión bibliográfica integradora, con enfoque cualitativo y descriptivo, las búsquedas se realizaron de febrero a julio de 2023, a través de la búsqueda en las bases de datos utilizadas fueron Scielo, Lilacs y PubMed, se utilizaron los descriptores Decs bajo aplicación del operador booleano AND y OR: “Poliomielitis”, “Recurrencia”, “Reintroducción”, “Cobertura de Vacunación”, “Negligencia Vacunal” Artículos en la ventana de tiempo de 2019 a 2023. Como criterios de inclusión se utilizaron: artículos en inglés, portugués y/o español, disponibles en su totalidad (Free full text), gratuitos y cuya temática estuviera directamente relacionada con la investigación. Como criterios de exclusión: tesis, disertaciones, capítulos de libros, duplicados, pagados y artículos que no abordaran el objetivo establecido. RESULTADOS Y DISCUSIÓN: Las búsquedas arrojaron 459 artículos y tras aplicar los criterios de inclusión y exclusión, se seleccionaron 11 artículos para componer la revisión. Al analizar los estudios, se encontró información relevante sobre las implicaciones que implican los casos de poliomielitis, la epidemiología, la cobertura de vacunación, la recurrencia de casos, entre otros datos. La reducción de las tasas de inmunización contra la poliomielitis viene disminuyendo desde mediados de 2011, se intensificó en los últimos años de 2019 a 2023 y pone de relieve una alerta a futuras agravaciones para la reintroducción del virus en el país. CONCLUSIÓN: En resumen, se observa que los datos obtenidos demuestran una acción directa y preocupante de la situación actual en Brasil sobre la cobertura y negligencia de vacunación y la recurrencia de casos de poliomielitis. Hay una necesidad crucial de intervenir en el escenario actual para evitar la propagación de la patología en el país.
Palabras clave: Poliomielitis; Recurrencia; Cobertura de vacunación; Negligencia de vacunación.
INTRODUÇÃO
A poliomielite é uma patologia altamente contagiosa causada pelo poliovírus selvagem, o qual se localiza na região gastrointestinal e trato respiratório do indivíduo, pode infectar crianças e adultos por meio do contato com fezes e/ou secreções expelidas pela boca de pessoas já infectadas, acarretando paralisia infantil. Explica-se que, o vírus danifica diretamente partes do sistema nervoso, degenerando os corpos dessas células, desmielinizando e degenerando axônios, propiciando permanentemente paralisia nas pernas e braços (BRASIL; LOURENÇÃO; BUENO, 2022).
Conhecida como paralisia infantil, a poliomielite é uma doença infectocontagiosa causada pelo poliovírus (sorotipos 1,2,3) com transmissão fecal-oral e respiratória. Afeta, mais frequentemente, crianças não vacinadas, sendo mais suscetível desenvolver sequelas irreversíveis, como paralisia dos membros inferiores e problemas respiratórios preocupantes. Há 70 anos, em nível mundial, era iniciada a luta de combate ao vírus, com o início de implementar de forma estratégica, da imunização pela vacina de forma mais maciça nos territórios (BARBOSA, et al. 2021).
No Brasil, os primeiros casos de poliomielite foram registrados em meados de 1911, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ainda no mesmo ano, em São Paulo, foi identificado um surto de poliomielite, evidenciando uma patologia já alarmante no Brasil (MAYNARD; HEADLEY, 2000). Já em 1960, inicia-se as primeiras ações de combate e controle da poliomielite através da imunização por duas vacinas, a Vacina Oral Poliomielite (VOP) e a Vacina Inativada Poliomielite (VIP), e que combatem os três polivírus. Além disso, a VOP foi criada para implantar a vacinação para crianças menores de 5 anos, isso porque, possui baixo custo, fácil aceitabilidade pelo público infantil, ótimo efeito indutor da mucosa e oral e possui potente resultados por interromper a difusão por conter o vírus vivo atenuado (VERANI; LAENDER, 2020).
Em 1975, no Brasil, foi criado o Programa Nacional de Imunização Brasileiro (PNI), a iniciativa é referência mundial e pioneiro na inserção do calendário de vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo o imunizante contra a poliomielite de acesso gratuito (KERR, 2023). No entanto, foi necessário que em 1986, fosse fundado, no Brasil, o Grupo de Trabalho para erradicação da poliomielite, o chamado GT- Poliomielite, com o intuito de reforçar o plano de ação do programa de vacinação, permitindo haver um acompanhamento mais próximo da sociedade e do comportamento epidemiológico da doença, viabilizando através dos dados, intensificar medidas de controle mais efetivas à poliomielite (DURANTE; DAL POZ, 2014).
De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação, a vacina da poliomielite é administrada nos primeiros anos de vida da criança e faz parte da caderneta de vacina (vacinas obrigatórias), são aplicadas três doses aos dois, quatro e seis meses de vida. Assim, possibilitando a interferência no contágio da patologia desde a infância, isso porque, a imunização é a intervenção custo- efetiva mais importante para o controle de doenças infectocontagiosas (SAÚDE, 2007; ARROYO et al. 2020).
Para Brasil (2009), para a erradicação da poliomielite no Brasil, dois fatores foram preponderantes: os elevados níveis de cobertura vacinal, por meio de amplas campanhas de imunização nacional, e o aumento da eficiência no poder imunogênico das vacinas utilizadas no País, que foram substituídas por imunizantes mais eficientes, possibilitando efeito positivo observado.
No entanto, a baixa cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil vem se intensificando, expondo a população à reintrodução do vírus. Na contemporaneidade, é fundamental se discutir sobre a temática. Em vista disso, o presente estudo tem como objetivo, por meio de uma revisão de literatura, analisar a recidiva de casos de poliomielite no Brasil devido a negligência vacinal e os desafios à saúde pública, conduzindo discussões sobre a baixa cobertura vacinal e os perigos para a reintrodução da patologia no Brasil, propiciando a investigação e concretude aos fatores associados. Dessa forma, espera-se que o artigo possa trazer substrato para a elucidação de questões relacionadas a temática com foco em despertar na sociedade alerta sobre o estudo.
METODOLOGIA
O presente estudo delineia-se por meio do método de revisão integrativa da literatura, com abordagem qualitativa e descritiva, por possuir o escopo de tratar o tema e o problema da pesquisa, possui ainda, o intuito principal de investigar a partir de fontes secundárias científicas os principais levantamentos bibliográficos sobre a temática.
A revisão integrativa da literatura oportuniza várias formas de construção com delimitações da pesquisa e escrita cientifica, é fundamentada em uma síntese de diferentes formas, com o objetivo de construir um conhecimento concreto científico, por meio de várias teorias e é estigado novos aprendizados, com a organização e discussão de uma pesquisa pautada em um assunto específico firmado na temática principal do estudo (BOTELHO et al. 2011).
Conforme Gil (2002), as pesquisas descritivas possuem como objetivo primordial demonstrar detalhes das características de um grupo determinado da população ou fenômeno ou, ainda sobre o estabelecimento de relações entre as variáveis da pesquisa em questão. De acordo com Brito e Leonardos (2001), a abordagem metodológica qualitativa permite um olhar sobre os fenômenos sociais, com o objetivo de questionar e firmar a qualidade para o estudo com: objetividade, validade da pesquisa e possibilidade de interpretações gerais por inferência.
Para Galvão e Pereira (2014), textos elaborados provenientes da revisão da literatura, refere-se principalmente em desenvolver uma temática para a pesquisa, buscar na literatura, apurar e selecionar os artigos, extrair os dados, ter uma análise crítica da metodologia usada, sintetizar os dados, avaliar as evidências e produzir o texto. As revisões são consideradas pesquisas secundarias, pois brevemente já possuem uma fonte primária. Além disso, para Mendes; Silveira e Galvão, (2008), as etapas para a condução das buscas do estudo segue com critérios metodológicos de revisão integrativa da literatura, devem ser mediante a seis etapas: escolha da pesquisa, delimitação dos critérios de inclusão e exclusão, extração dos artigos e delimitação das informações dos estudos, análise e interpretação dos resultados e síntese do conhecimento.
As buscas ocorreram entre os meses de fevereiro a julho de 2023, por meio da busca bibliográfica eletrônica nos bancos de dados, Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e de acordo com a base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Biomedical Literature from Medical Literature Analy-sis and Retrieval System Online (PUBMED). Para isso, as bases de dados foram selecionadas com o objetivo de relevância nacional e internacional e bem como, de acordo com a finalidade para os acervos da área da saúde.
A estratégia de busca utilizada nas bases de dados buscou coletar os artigos publicados entre 2019 a 2023, a partir de termos selecionados com base nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Poliomielite”, “Recidiva”, “Reintrodução”, “Cobertura Vacinal”, “Negligência Vacinal”, sobre interligação do operador booleano AND e OR, por meio do mecanismo de busca avançada a partir da categorização título, resumo e texto completo.
Utilizou-se como critérios de inclusão: artigos em inglês, português e/ou espanhol, disponíveis na íntegra (Free full text), gratuitos e cuja temática tivesse relação direta com a pesquisa. Já como critérios de exclusão: teses, dissertações, capítulos de livro, duplicados, pagos e artigos que não abordavam o objetivo estabelecido. A análise da literatura foi realizada por dois revisores de forma independente, assim, as discordâncias foram resolvidas por consenso e na impossibilidade foram solucionadas por meio de discussão com um terceiro revisor.
Figura 1 – Fluxograma sobre o processo de seleção dos artigos.
Fonte: Autores, 2023.
DESENVOLVIMENTO
Resultados e Discussão
Seguindo os critérios mencionados anteriormente (pesquisa, inclusão e exclusão), foram obtidos 459 artigos, que após a leitura minuciosa e estruturação delimitada e aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 11 artigos para compor a mostra final, pois apresentavam fundamentos essenciais para a análise na revisão. Após a leitura na íntegra dos 11 estudos selecionados para compor a presente revisão, foi realizada a extração de dados, onde foi construído um quadro (Quadro 1), com o intuito de sintetizar as informações contidas nos estudos selecionados, estruturados em ordem crescente, do mais antigo artigo ao mais atual. Para tal, foram extraídas as seguintes informações: Numeração, título, autor, ano, periódicos, objetivo e principais resultados.
Quadro 1: Amostra dos estudos selecionados.
N° | Título | Autor | Ano | Periódico | Objetivo | Principais Resultados |
1 | A Erradicação da Poliomielite em Quatro Tempos. | VERANI; LAENDER. | 2020 | Cadernos de Saúde Pública | O objetivo deste artigo é rever o “estado da arte” dos avanços, obstáculos e estratégias para atingir a erradicação global da pólio. As ações de controle da poliomielite iniciaram na década de 1960 com o advento das duas vacinas antipoliomielíticas, a vacina oral da pólio (VOP) e a vacina inativada da pólio (VIP). | Houve a persistência e a disseminação da circulação do poliovírus derivado da vacina oral da pólio-VOP, em países com baixa cobertura vacinal, somadas às dificuldades para substituir a VOP pela vacina inativada da pólio-VIP constituem, atualmente, os obstáculos para a erradicação a curto prazo. Finalmente, discutimos as estratégias para superar os obstáculos e os desafios na era pós-erradicação. |
2 | Áreas com Queda da Cobertura Vacinal para BCG, Poliomielite e Tríplice Viral no Brasil (2006-2016): Mapas da Heterogeneidade Regional | ARROYO, et al. | 2020 | Cadernos de Saúde Pública | Objetivou evidenciar áreas com queda da cobertura vacinal de BCG, poliomielite e tríplice viral no Brasil por meio de um estudo ecológico. | Aglomerados significativos com tendências temporais de redução da cobertura vacinal foram verificados em todas as cinco regiões brasileiras. O estudo evidencia uma importante redução na cobertura vacinal nos últimos anos, constatando heterogeneidades consideráveis entre os municípios. |
3 | Causas da queda progressiva das taxas de vacinação da poliomielite no Brasil. | FRANCO, et al. | 2020 | Brazilian Journal of Health Review. | O estudo objetiva realizar análise espacial e epidemiológica da cobertura vacinal de Poliomielite no Brasil em 2018, evidenciando as causas da queda progressiva da vacinação de poliomielite no Brasil. | Nas regiões Norte e Nordeste as coberturas vacinais foram satisfatórias (acima de 95%). Nas demais regiões as coberturas foram insatisfatórias na faixa etária entre um ano e dois anos incompletos. As regiões que não atingiram as coberturas adequadas foram as que apresentam maior IDH. |
4 | Cobertura Vacinal para Poliomielite na Amazônia Brasileira e os Riscos à Reintrodução do Poliovírus. | BARBOSA, et al. | 2021 | Research, Society and Development. | Analisar a cobertura vacinal para poliomielite e a estrategia de vigilancia da Paralisia Flacida Aguda (PFA) na Amazonia brasileira, no periodo de 2010 a 2019. | Foi observada baixa cobertura vacinal para ambas as vacinas nos Estados e municípios, média máxima para o RO e mínima no AP. Foi observada baixa cobertura vacinal para VIP e VOP, falha na homogeneidade nas coberturas vacinais, aumento da taxa de abandono das doses e o alto risco de transmissão da doença, além da vigilância pouco sensível da PFA. Logo, aumento da vulnerabilidade e suscetibilidade a reintrodução do poli vírus. |
5 | Análise Epidemiológica da Poliomielite Viral no Brasil nos Últimos Cinco Anos. | GOMES, et al. | 2022 | Revista Ibero-Americana de Humanidades,Ciências e Educação. | Avaliar o panorama da poliomielite viral no Brasil, nos últimos cinco anos, a partir da coleta de dados como internações, taxa de mortalidade, faixa etária, sexo e raça. | Atualmente a faixa etária mais afetada pelas sequelas é a de 40 a 59 anos, o sexo masculino e a raça parda. |
6 | Aumento de Casos de Poliomielite Devido à Queda nas Taxas de Vacinação. | BRASIL; LOURENÇÃO; BUENO. | 2022 | Revista Corpus Hippocraticum. | Identificar os motivos da diminuição da cobertura vacinal da doença e os impactos que a mesma pode causar na população. | Há uma queda no número de crianças vacinadas contra a poliomielite, sendo que nos últimos 2 anos a principal causa foi a pandemia da COVID-19. Com isso, a doença tende a aumentar os casos, visto que o Brasil não registra a doença desde 1990 e, nesse ano, é considerado um país com alto risco para a volta da poliomielite. |
7 | Avaliação da Cobertura Vacinal da Poliomielite nos Estados da Região Sul, com Foco no Município de Pato Branco, Entre os Anos de 2009-2019. | RAMOS. | 2022 | Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR | Analisar a taxa de cobertura vacinal da poliomielite em relação às metas de vacinação de 95% da população-alvo, estabelecidas pelo Ministério da Saúde, com base nos registros de imunização do DATASUS nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que compõem a região sul do Brasil, e na cidade de Pato Branco, PR. | No período analisado, o município de Pato Branco se manteve com uma taxa satisfatória em relação à meta estabelecida pelo Ministério da Saúde. Em relação aos estados do sul, mostrou-se abaixo de cobertura vacinal recomendada na maioria dos anos estudados das cidades. |
8 | Desinformação e avanço da poliomielite no Brasil (2000–2021). | HELLER, et al. | 2022 | Animus. Revista Interamericana de Comunicação Midiática. | Entender as influências da relação existente entre disseminação de desinformação e declínio da cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil entre 2000 e 2021? | Existe forte correlação entre essas ações e a queda de cobertura vacinal contra a poliomielite, de tal maneira que, quanto mais intensas as campanhas de desinformação, menores as coberturas vacinais. |
9 | Distribuição e Autocorrelação Espacial da Cobertura Vacinal Contra a Poliomielite. | DE OLIVEIRA PAGANINI, et al. | 2022 | Research, Society and Development. | Analisar a distribuição, homogeneidade e autocorrelação espacial da cobertura vacinal contra a poliomielite e sua correlação com indicadores sociodemográficos no estado do Paraná, Brasil. | Dos 399 municípios do estado, apenas 54,6% apresentaram uma taxa de cobertura vacinal de 95% ou mais no período de estudo. A taxa média de homogeneidade foi de 52,4% e identificou-se conglomerados do tipo baixo-baixo predominantemente na mesorregião metropolitana do estado. |
10 | Análise da cobertura vacinal e da taxa de abandono da vacina contra a poliomielite na Região Metropolitana da Baixada Santista entre 2016 a 2019. | PEREIRA, et al. | 2023 | LEOPOLDIANUM. | Analisar a cobertura vacinal e a taxa de abandono da vacinação anti poliomielite na região Metropolitana da Baixada Santista entre 2016 a 2019. | Observou-se que apenas Santos apresentou CV adequado no período do estudo. Os demais municípios ficaram abaixo da meta preconizada pelo Ministério da Saúde (95%) na maior parte do período de estudo. |
11 | História da Poliomielite: da Eliminação ao Risco de Reintrodução. | SANTOS; RODRIGUES;DE ARAÚJO. | 2023 | Research, Society and Development | Realizar uma análise da situação das diferentes regiões da terra, considerando suas disparidades, o vigente trabalho salienta áreas com redução da taxa de cobertura vacinal contra a poliomielite desde 2016. | Os resultados observados nos 20 artigos mostraram que o Afeganistão e o Paquistão são os únicos países que não estão livres da poliomielite. Ademais, a pandemia de COVID-19 ajudou a acentuar a redução da taxa vacinal no Brasil e no mundo. Com isso, a diminuição das coberturas vacinais evidenciadas desde 2016. |
Com base na análise dos estudos selecionados para amostra dispostos no quadro 1, nota-se que os objetivos e os principais resultados dos estudos analisados possuem informações relevantes referentes às implicações que envolvem os casos de poliomielite, incidência, epidemiologia, cobertura vacinal, reincidência de casos, entre outros dados, esses resultados convergem para ter uma discussão mais firme sobre a temática.
Figura 1: Média da cobertura vacinal (CV) para Poliomielite na região Norte, no período de 2010 a 2019
Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – SI-PNI
Fonte: Barbosa, et al. 2021.
Barbosa, et al. (2021), em sua análise, evidenciou que a cobertura vacinal de poliomielite em todas as Unidades Federativas (UF) na região Norte, possui baixa cobertura vacinal desde as primeiras doses, com média de 57,1% em 2019. Além disso, ainda foi possível observar um agravamento nas doses de reforço necessárias para um esquema vacinal seguro, com esse déficit, há um agravamento na imunidade vacinal infantil.
Gráfico 2: Comparação da cobertura vacinal da poliomielite nos estados da região sul no período de 2009 a 2019
Fonte: Ramos, 2022
Analisando os dados de comparação da cobertura vacinal dos Estados da região Sul, ficou evidente a relação equivalente da região Norte também no mesmo ano, em que podemos observar a baixa cobertura vacinal dos imunizantes contra a poliomielite, a queda progressiva tanto nos municípios, quanto nos estados evidencia grau alarmante de instabilidade ao controle da doença. A redução das taxas de imunização registra queda desde meados de 2011, e destaca um alerta aos agravamentos futuros sobre esse vírus que já havia sido erradicado no Brasil, apontando sérios problemas para a saúde pública (RAMOS, 2022).
Gráfico 3: Os 10 municípios brasileiros com menor cobertura vacinal de polio
Fonte: SBMT, 2020.
Gráfico 4: Evolução da cobertura vacinal contra poliomielite no Brasil
Corroborando com os dados já achados, dos dados epidemiológicos dos estudos anteriores, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (2020), a poliomielite se dissemina em populações com baixa cobertura vacinal e por esta razão a redução das taxas de imunização crê-se ser razão de preocupação para a recidiva de casos de poliomielite no Brasil, como demonstrado nos gráficos 3 e 4, quando detalhado, os 10 municípios brasileiros que apresentaram menor cobertura vacinal de poliomielite em 2019 e a evolução de declínio da cobertura vacinal contra poliomielite no País, os indicadores de desempenho das coberturas são essenciais para o monitoramento das áreas e potenciais lugares que necessitam intensificar a vacinação. Além disso, o comportamento atual de negligência vacinal propicia uma porta de entrada à novos casos do vírus da poliomielite.
Para Arroyo, et al. (2020), é fundamental reconhecer as regiões em que não há efetividade desejada na cobertura vacinal e consequentemente, insucesso no programa nacional de imunização na saúde pública. Essa constatação pode assessorar na identificação das populações com resistência na adesão a vacinação e até dificuldades de acesso ao imunizante e dar subsídios ao poder público para atuar de forma mais efetiva.
No contexto pandêmico e pós pandêmico da Covid-19, houve uma grande influência, sem base científica, da chamada “Fake News”, a disseminação de informações e indagações errôneas sobre vacina contra a covid-19 e outras doenças, incluindo a poliomielite, trouxe um grande prejuízo para a saúde pública, o que potencializou consideravelmente a negligência vacinal. Muito se questiona sobre a completude, origem e efetividade das doses vacinais, o que dificulta o estímulo à vacinação e credibilidade de anos de estudos científicos aplicados para patologias já erradicadas, consolidando preocupação global diante dos obstáculos atuais (BARBOSA, et al. 2021; BRASIL; LOURENÇÃO; BUENO, 2022).
Podemos entender ainda, segundo Franco et al. (2020), prováveis outras razões para a ocorrência da negligência vacinal e queda da cobertura vacinal no país: percepção enganosa de que não é necessária a imunização, uma vez que não houve mais caos da doença, desconhecimento do programa nacional de imunizações (PNI), falta de tempo e temor de reações adversas e/ou sobrecarga do sistema imunológico com a aplicação da vacina. Desta forma, propiciando graves desafios à saúde pública.
Segundo o Ministério da Saúde (2022), até final de 2022 o Brasil atingia apenas 52% da cobertura vacinal contra a poliomielite, o alerta é que toda a população com menos de cinco anos precisa ser vacinada para impedir a reintrodução do vírus, que é fator principal para a paralisia infantil. Diante disso, esse cenário atual reafirma a força de declínio da vacinação, notado durante estudos anteriores. Além disso, o negacionismo científico e a propagação de desinformação nas redes sociais, ainda como resquício durante o cenário pandêmico, provoca prejuízos atuais relevantes e incomensuráveis a sociedade (HELLER et al., 2022).
CONCLUSÃO
Os achados da presente revisão apontaram que, a situação em que o Brasil se encontra em diferentes regiões e no parâmetro nacional evidencia o cenário alarmante e preocupante por possuir um alto risco de recircular o vírus da poliomielite, isso porque, a cobertura vacinal vem sofrendo declínio considerável a alguns anos e de 2019 a atualidade se intensificou. Os estudos ainda forneceram dados que induzem à população pela não adesão a vacinação, possibilitando a análise das causas para melhor manejo da conjuntura atual.
O estudo apresenta evidências da relação direta entre a redução da cobertura vacinal contra a poliomielite e a recidiva dos casos da doença, ainda foi apontado como uma das causas, a negligência vacinal, propiciando um desiquilíbrio da cobertura de imunidade que já estava garantido pela erradicação da doença e que por anos, seguindo corretamente o plano vacinal, foi possível conseguir sua dispersão. Vale destacar ainda, a necessidade de fomentar políticas públicas que visem mudar a presente situação, demandando planejamento estratégico conforme as necessidades e características de cada estado/municípios, investindo em tecnologias em saúde e aplicação de acesso e propaganda da necessidade de vacinação.
Ademais, é necessário criar ações que envolvam a população para a necessidade de imunização, quebrando barreiras sobre a desinformação e afirmando o poder das vacinas para a erradicação da patologia, além de, fornecer informações acerca das consequências e sequelas advindas da contaminação pela poliomielite. Adicionalmente, é imprescindível a atenção para a comunidade acadêmica, destacando a necessidade de novos estudos acerca da temática no objetivo de compreender e intervir de forma eficiente no Brasil.
REFERÊNCIAS
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ARROYO, Luiz Henrique et al. Áreas com queda da cobertura vacinal para BCG, poliomielite e tríplice viral no Brasil (2006-2016): mapas da heterogeneidade regional. Cadernos de saúde pública, v. 36, 2020.
BARBOSA, Camila Leal et al. Cobertura vacinal para Poliomielite na Amazônia brasileira e os riscos à reintrodução do poliovírus. Research, Society and Development, v. 10, n. 7, p. e42810716768-e42810716768, 2021.
BOTELHO, Louise Lira Roedel; DE ALMEIDA CUNHA, Cristiano Castro; MACEDO, Marcelo. O método da revisão integrativa nos estudos organizacionais. Gestão e sociedade, v. 5, n. 11, p. 121-136, 2011.
BRASIL, Matheus Zambon; LOURENÇÃO, Emanuelli Viana; BUENO, Silvia Messias. AUMENTO DE CASOS DE POLIOMIELITE DEVIDO À QUEDA NAS TAXAS DE VACINAÇÃO. Revista Corpus Hippocraticum, v. 2, n. 1, 2022.
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¹Graduanda em Farmácia Universidade Federal do Pará- UFPA
https://orcid.org/0000-0002-7518-9202
²Graduanda em Farmácia Universidade Federal do Pará-UFPA
https://orcid.org/0009-0003-0041-9258
³Graduanda em Farmácia Centro Universitário Maurício de Nassau-UNINASSAU
https://orcid.org/0009-0005-2684-5428
4Graduanda em Farmácia Universidade Cruzeiro do Sul Educacional
https://orcid.org/0009-0008-5404-518X
5Graduanda em Farmácia Universidade Federal do Pará-UFPA
https://orcid.org/0009-0008-5875-2850
6Graduanda em Farmácia Universidade Federal do Pará-UFPA
https://orcid.org/0009-0002-1674-252X
7Graduanda em Enfermagem Centro Universitário Brasileiro- UNIBRA
https://orcid.org/0009-0003-3804-7680
8Enfermeira Especialista em Estomaterapia e Saúde da Família Faculdade da Região Serrana- FARESE
https://orcid.org/0000-0002-6797-477X
9Bióloga Mestra em Biologia e Epidemiologia de
Agentes Infecciosos e ParasitáriosUniversidade Federal do Pará- UFPA
https://orcid.org/0000-0001-7934-8269
10Bióloga Mestra em Vigilância e
Epidemiologia em SaúdeInstituto Evandro Chagas- IEC
https://orcid.org/0000-0003-0658-2075
¹¹Enfermeira Mestranda em Empreendedorismo
na Enfermagem Universidade Federal do Pará- UFPA
https://orcid.org/0000-0003-2510-2583
¹²Mestre em Saúde Coletiva Faculdade São Leopoldo Mandic
Diretor Técnico do Centro de Longevidade Irineu Mazutti
https://orcid.org/0000-0001-7641-2851