REALIDADE VIRTUAL EM TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA A SUJEITOS ADULTOS COM AFASIA PÓS-AVC: ESTUDO PRELIMINAR DE ENSAIO CLÍNICO RANDOMIZADO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11505123


Clarice Vaz Alves Cruz da Silva;
Orientadora: Profa. Drª Rita Tonocchi.


RESUMO

Introdução: afasia ocorre em cerca de um terço dos sobreviventes de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Tipicamente, há consequências negativas de longo prazo para o bem-estar dos sujeitos acometidos, como isolamento social. Embora a afasia responda à terapia fonoaudiológica, mudanças nos usos funcionais ou cotidianos da linguagem são difíceis de serem alcançadas. Argumenta-se que tais mudanças requerem tratamentos inseridos em contextos sociais “autênticos”. Para tanto, aponta-se que explorar recursos terapêuticos tecnológicos como uso de Realidade Virtual (RV) pode ser um meio de lográ-las. Recente pesquisa de revisão sistemática refere ausência de evidências conclusivas sobre os efeitos do uso de RV na fonoterapia voltada a casos de afasia pós AVC, sendo que esse uso demonstrou efeito clínico positivo limítrofe para a severidade do comprometimento da linguagem em relação à terapia de reabilitação convencional; acrescenta que a RV não teve efeito na comunicação funcional, busca de palavras, e repetição. Nessa direção, estudos são necessários investigar uso de RV na atuação fonoaudiológica em quadros de afasia. Objetivo: analisar os resultados da aplicação do protocolo clínico abordando uso de RV como recurso terapêutico em casos de afasia, seus impactos nas dimensões quanto linguagem e qualidade de vida dos sujeitos acometidos por AVC. Metodologia: trata-se de ensaio clínico duplo-cego randomizado contemplando uma amostra de quatro sujeitos adultos com afasia não fluente pós-AVC. A busca por sujeitos com afasia participantes foi realizada por meio de anúncios em mídias sociais e contatos com profissionais fonoaudiólogos acadêmicos e/ou clínicos. A partir de critérios de inclusão e exclusão estabelecidos, neste estudo, foram compostos dois grupos: um grupo de sujeitos com afasia submetido à terapia proposta com uso de RV (grupo experimental – GE); um grupo de sujeitos com afasia submetido à designada terapia convencional (grupo convencional – GC), sendo os sujeitos incluídos nesses grupos conforme randomização cega. O processo terapêutico proposto foi de ciclo de dez semanas, com sessões três vezes na semana, totalizando 30 sessões. Para coleta de dados foram aplicados os seguintes protocolos nos dois grupos: teste nomeação de Boston; fluência verbal; Bateria MTL; qualidade de vida SAQOL-39. Os efeitos do uso de RV são demonstrados por uma comparação desses dados entre GE e GC, obtidos antes e após processo terapêutico citado. Para análise desses dados, foram realizadas análises mistas de variância. Resultados: Os resultados indicam que as intervenções foram eficientes para melhora dos parâmetros avaliados pelos testes. Todos os pacientes tiveram melhores resultados na avaliação pós-intervenção e os ganhos percentuais foram semelhantes entre os grupos, independentemente do teste utilizado.

Conclusão: Este estudo preliminar demonstrou um efeito clínico positivo na terapia de linguagem utilizando RV como recurso terapêutico, quanto à comunicação funcional e discurso narrativo dos afásicos. Por outro lado, o estudo comtemplou um número pequeno de participantes, então mais pesquisas são necessárias para chegar a conclusões definitivas.

Palavras-Chave: Reabilitação dos Transtornos da Linguagem. Realidade Virtual. Afasia. AVC. Fonoaudiologia. Linguagem. Barreiras de Comunicação. Qualidade de Vida.

ABSTRACT

Introduction: Aphasia occurs in about one-third of stroke survivors. Typically, there are long-term negative consequences for the well-being of affected subjects, such as social isolation. Although aphasia responds to speech therapy, changes in functional or everyday uses of language are difficult to achieve. It is argued that such changes require treatments inserted in “authentic” social contexts. To this end, it is pointed out that exploring technological therapeutic resources such as the use of Virtual Reality (VR) can be a means of achieving them. A recent systematic review report the absence of conclusive evidence on the effects of VR use in speech therapy for cases of post-stroke aphasia, and this use has demonstrated a borderline positive clinical effect on the severity of language impairment in relation to conventional rehabilitation therapy; Adds that VR had no effect on functional communication, word search, and repetition. In this sense, studies are needed to investigate the use of VR in speech-language pathology in aphasia. Objective: To analyze the results of the application of the clinical protocol addressing the use of VR as a therapeutic resource in cases of aphasia, its impacts on the dimensions of language and quality of life of subjects affected by stroke. Methodology: this is a double-blind randomized clinical trial with a sample of four adult subjects with non-fluent post-stroke aphasia. The search for subjects with aphasia was carried out through advertisements on social media and contacts with speech-language pathologists, academics and/or clinicians. Based on the inclusion and exclusion criteria established in this study, two groups were composed: a group of subjects with aphasia submitted to the proposed therapy with the use of VR (experimental group – EG); a group of subjects with aphasia submitted to the so-called conventional therapy (conventional group – CG), and the subjects were included in these groups according to blind randomization. The proposed therapeutic process was a ten-week cycle, with sessions three times a week, totaling 30 sessions. For data collection, the following protocols were applied in both groups: Boston naming test; verbal fluency; MTL battery; SAQOL-39 quality of life. The effects of VR use are demonstrated by a comparison of these data between EG and CG, obtained before and after the aforementioned therapeutic process. Mixed analysis of variance was performed to analyze these data. Results: The results indicate that the interventions were efficient in improving the parameters evaluated by the tests. All patients had better results in the post-intervention evaluation and the percentage gains were similar between the groups, regardless of the test used.

Conclusion: This preliminary study demonstrated a positive clinical effect on language therapy using VR as a therapeutic resource, regarding the functional communication and narrative discourse of aphasics. On the other hand, the study included a small number of participants, so more research is needed to reach definitive conclusions.

Key words: Rehabilitation of Language Disorders. Virtual reality. Aphasia. STROKE. Speech therapy. Language. Communication Barriers. Quality of Life.

INTRODUÇÃO

Estudos estrangeiros têm explorado as aplicações da realidade virtual na reabilitação, destacando sentimentos de diversão e prazer (AMAYA et al., 2018) orientação a objetivos (MARSHALL et al., 2016) e estimulação multissensorial em alta intensidade (TORNBOM et al., 2018). Essas propriedades têm um potencial real para tornar a realidade virtual um recurso terapêutico ideal para melhorar a função da linguagem. Devido a experiência imersiva em cenários realísticos. Por mais que as terapias tradicionais tenham demonstrado induzir uma melhora clínica adequada, uma grande porcentagem de pacientes fica com algum grau de comprometimento da linguagem. Portanto, novas abordagens para terapias fonoaudiológicas são necessárias para maximizar a recuperação da afasia. A recente aplicação da realidade virtual (RV) na reabilitação da afasia já evidenciou sua utilidade na promoção de um tratamento mais pragmaticamente orientado do que as terapias convencionais. As faculdades de linguagem são representadas em uma dimensão multimodal na qual a semântica das palavras contém propriedades sensório-motoras; Uma hipótese foi levantada de que os gestos participam da produção da linguagem por aumentar a ativação semântica das palavras com base em características sensório-motoras. Como as interações dos participantes com cenas de RV (LI X, Zhang et al., 2020), ou seja, o treinamento gestual e de linguagem será realizado simultaneamente durante a terapia. Portanto, é mais fácil melhorar as propriedades sensório-motoras em um ambiente de RV em comparação com os cenários usuais de terapia fonoaudiológica. Esses vários estudos indicaram que uma estimulação neurológica mais forte pode fornecer a função de induzir a saída verbal, enquanto a saída de verbos parece ser melhor para estímulos dinâmicos do que para estímulos estáticos. Em outras palavras, quanto mais dinâmica for a apresentação do estímulo, mais próxima ele estará da palavra de ação da vida real. Em consequência, comparado com o estímulo da imagem estática, os estímulos dinâmicos de realidade virtual que integram visão, audição e movimentos no treinamento podem ajudar a melhorar a produção de verbos (PARK et al., 2020). Atualmente, a RV vem sendo cada vez mais utilizada em pacientes com afasia pós AVC (ANTKOWIAK et al., 2016). Há muitos defensores da visão de que a RV oferece uma gama de benefícios potenciais para o tratamento da afasia, como ambientes virtuais ricos, feedback imediato e experiências envolventes (BURDEA et al., 2003). Ao oferecer treinamento de reabilitação orientado a tarefas de alta intensidade, a interatividade e a motivação dos participantes são facilitadas (WANG et al., 2017).

Uma das consequências mais devastadoras do AVC é a afasia, um distúrbio na função da linguagem que pode afetar a capacidade de falar e inclui dificuldades com a produção da fala, compreensão auditiva, bem como leitura e escrita. Acomete um terço dos sobreviventes de AVC (ENGELTER ST et al., 2006), onde cerca de 60% dos pacientes apresentam comprometimento consistente da comunicação 1 ano após AVC (PEDERSEN et al., 2004). A afasia impacta no processo de reabilitação, afetando negativamente os resultados da reabilitação. A presença de afasia após acidente vascular encefálico é um preditor negativo para o retorno à força de trabalho (HOFGREN et al., 2007). Pessoas com afasia relatam qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) significativamente pior do que sobreviventes de AVC sem afasia (HILARI k et al., 2011). Assim, a afasia afeta a vida social dos sobreviventes de AVC, isolando-os das redes sociais e limitando a participação social (PARR S, 2007). Além disso, a afasia impacta em outras pessoas significativas, descrevendo a incapacidade de terceiros em membros da família (GRAWBURG M et al., 2013). A reabilitação eficaz da afasia é vital para a recuperação. Como o futuro reserva uma população cada vez mais envelhecida, a urgência de desenvolver intervenções baseadas em evidências e custo-efetivas para melhorar a reabilitação de pessoas com afasia é profunda (BRADY MC et al., 2016).

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) trata-se de lesão neurológica aguda resultante de isquemias ou hemorragias intracranianas, com maior prevalência em adultos acima de 60 anos (FERREIRA et al., 2016). Aproximadamente, um terço das pessoas que são acometidas por AVC apresenta um quadro de afasia.

Afasia caracteriza-se por alterações de processos linguísticos de significação de origem articulatória e discursiva (incluídos os aspectos gramaticais) produzidas por lesão focal adquirida no sistema nervoso central, em zonas responsáveis pela linguagem, podendo ou não se associarem a alterações de outros processos cognitivos (COUDRY, 2001).

Diante da variada sintomatologia, é necessário que a afasia seja considerada uma perturbação multimodal (VENDRELL, 2001), uma vez que poderá afetar diferentes modalidades sensoriais como a compreensão e expressão orais, a leitura, a escrita e as capacidades gestuais (motora e proprioceptiva), não sendo necessariamente com igual gravidade, dependendo da localização da lesão cerebral (LEAL; MARTINS, 2005; LEAL, 2003; VENDRELL, 2001). Nesse sentido, a perturbação não se reduz à expressão ou compreensão falada, mas também à escrita (BRUNA; SUHEVIC, 2004; MUMENTHALER; MATTLE, 2004; VENDRELL, 2001), o que faz com que o estudo detalhado de um paciente afásico não deve se limitar-se ao estudo da sua linguagem, mas também ao do conjunto das suas funções neuropsicológicas (VENDRELL, 2001). Para compreendermos as perturbações da linguagem, torna-se imprescindível atentar para componentes linguísticos (KIRSHNER, 2004). Segundo vários autores (CALDAS, 2000; DAMÁSIO; DAMÁSIO, 2000; JOHNSTONE; HOLLAND; LARIMORE, 2000), a afasia pode afetar diversos aspectos do processamento da linguagem, expressiva (produção) e receptiva (compreensão).

A gravidade e o tipo de afasia podem variar de acordo com a extensão e a localização da lesão cerebral. Alguns tipos de afasia incluem afasia de Broca, afasia de Wernicke, afasia de condução, afasia global e afasia anômica. Em geral, as afasias são classificadas em não fluentes e fluentes de acordo com as características do discurso (Quadro 1). Em geral, as afasias não fluentes correspondem a lesões cerebrais anteriores (frontais ou pré-rolândicas) e as afasias fluentes a lesões posteriores (temporo-parietais ou pós rolândicas) (LEAL; MARTINS, 2005; CALDAS, 2000). Diferentemente dos déficits motores que comprometem inicialmente atividades mais simples da vida diária, como a autonomia para se movimentar e realizar tarefas domésticas, a afasia tem grande impacto em atividades mais complexas, como negociar relacionamentos, expressar e discutir pensamentos ou desejos com outras pessoas e renegociar a identidade no ambiente de trabalho e familiar no contexto de uma deficiência crônica de comunicação (SHADDEN, 2005). Isso pode sustentar maiores taxas de sofrimento (HILARI, 2011), depressão (BAKER et al., 2018) e ansiedade (CRUICE et al., 2010), e um menor desejo de participar de atividades sociais (CRUICE et al., 2006) encontrado em pessoas com afasia.

A avaliação da qualidade de vida do paciente afásico é importante para entender o impacto da afasia em atividades diárias, bem-estar psicológico e satisfação geral com a vida, o que pode ser realizada por meio protocolos, como o SAQOL-39, que é um questionário desenvolvido para avaliar a qualidade de vida de pacientes com afasia após um AVC. Pode-se apreender QV como a satisfação pessoal dos sujeitos em realizar suas atividades diárias, relações pessoais, viver em condições adequadas e ter acesso à educação, saúde e lazer (BAHIA; CHUN, 2014). Roxele Ribeiro L. et al., em  recente estudo (2020), sobre os fatores sociodemográficos associados à qualidade de vida após grupoterapia em pessoas com afasia subaguda e crônica pós-acidente vascular cerebral, o tempo pós-AVC, anos de estudo e renda não se relacionaram com os domínios da SAQOL-39 após a terapia.

Em 1995, um grupo de especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) conceituou QV como a percepção do sujeito sobre a sua posição na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (FIRMINO et al., 2013). Nos casos de AVC, na presença de sequelas incapacitantes como limitações motoras e linguísticas, e assim, de um quadro de afasia, a dinâmica de vida dos sujeitos fica comprometida em atividades da vida diária, sendo que, muitas vezes, tornam-se dependentes de terceiros para administrar suas questões pessoais/subjetivas e sociais (PORTERO-MCLELLAN et al., 2017).

Para verificar as dificuldades linguísticas nos sujeitos com afasia, a avaliação fonoaudiológica, em geral, utiliza-se de procedimentos analítico-descritivos, como baterias de testes. Porém, ressalta-se que o processo terapêutico não deve se basear em tarefas descontextualizadas, ou seja, situações artificiais para uma suposta atividade linguística, o que aponta para uma abordagem reducionista do fenômeno da linguagem e acaba por restringi-la a fatos que não são os mais significativos nem os mais relevantes para caracterizar dificuldades linguísticas do afásico e, então, fornecer subsídios para o acompanhamento terapêutico, isto é, verificar seus recursos linguísticos (COUDRY, 2001).

Portanto, ressalta-se que no acompanhamento terapêutico das afasias sejam verificadas condições de produção discursiva, verbais ou não verbais, analisando diálogos e narrativas espontâneos, em ações contextualizadas e em uma visão geral do sujeito social, participante da reconstituição de sua linguagem, como forma de favorecimento da qualidade de vida. Assim, nesse acompanhamento, destaca-se para buscar maior compreensão e interrelação das condições de vida como um dos fatores que interferem na linguagem do sujeito afásico e, então, na sua qualidade de vida (BAHIA; CHUN, 2014).

Desse modo, neste trabalho, destaca-se a relevância de uma abordagem fonoaudiológica em situações de vida real, ou seja, baseada em contextos relevantes para o sujeito afásico, sendo que o fonoaudiólogo trabalha em conjunto com ele para identificar desafios de comunicação que enfrenta em seu dia a dia. Portanto, distancia-se de uma proposta de terapia voltada a ações descontextualizadas, com exercícios repetitivos e isolados. A última revisão Cochrane sobre terapia fonoaudiológica após AVC concluiu que a terapia pode melhorar a comunicação funcional, a leitura, a escrita e a linguagem expressiva (Brady MC et al., 2016). A maioria das comparações entre os tratamentos foi inconclusiva. Terapia de alta intensidade ou de longo prazo foi associada ao benefício, embora tais regimes também tenham sido associados a altas taxas de abandono. A heterogeneidade da afasia torna improvável que uma única intervenção possa atender a todas as necessidades. Pelo contrário, são necessárias diversas abordagens de tratamento (WORRALL L et al., 2013)

Assim, aponta-se para processo terapêutico contextualizado por meio de uso de recursos tecnológicos, como Realidade Virtual (RV), que possibilita imersão e experimentação de situações do cotidiano. Porém, a implementação da RV na Fonoaudiologia apresenta desafios, por se tratar de recente abordagem nesta área. Nos últimos anos, essa diversidade tem sido ampliada pelas aplicações da tecnologia digital (VAN DE SANDT-KOENDERMAN M., 2011). As ferramentas de terapia computacional podem fornecer exercícios personalizados que beneficiam uma variedade de habilidades linguísticas, incluindo recuperação de palavras (DOESBORGH S. et al., 2004) (PALMER R ET AL., 2012), produção de verbos (FURNAS D et al., 2014), construção de sentenças (THOMPSOM C et al., 2010) e compreensão da fala (ARCHIBALD L et al., 2009). A tecnologia também pode ajudar a compensar os distúrbios de linguagem, por exemplo, usando software de conversão de texto em fala (ESTES C et al., 2011), (CAUTE C et al., 2015).

De acordo com os estudos de Palmer R. (2013), Cherney L (2011) e Marshall J (2013) as respostas dos usuários aos tratamentos computadorizados têm sido positivas e as ferramentas têm sido tornadas acessíveis até mesmo para pessoas com afasia grave. (MARSHALL J et al., 2016). Portanto, uso de RV oferece vantagens significativas para o tratamento de diversas condições fonoaudiológicas, como no processo terapêutico a sujeitos com afasia, pois permite criar ambientes personalizados que simulam situações de vida real para que esses sujeitos possam praticar suas habilidades de comunicação. Por ser realística a RV pode contribuir para contextualizar elementos de histórias pessoais vivenciadas, representá-las e trazer à tona durante a terapia de linguagem junto ao terapeuta como interlocutor.

Segundo o estudo de Cao et al (2021) verificou efeito clínico positivo limítrofe do uso de RV para a gravidade do comprometimento da linguagem quando em comparação com a terapia de reabilitação convencional. Dessa maneira, faz-se necessário pesquisa para determinar a eficácia da RV em complementação a uma terapia convencional, o que é possível pela aplicação de um protocolo clínico que considere seu uso. Nesse sentido, etapas que compõem tal protocolo clínico são: avaliação de linguagem utilizando protocolos validados; definição de objetivos claros e específicos para a terapia com RV; seleção de cenários virtuais; desenvolvimento de atividades; avaliação da evolução; registro das sessões.

Nessa linha, atenta-se para a relevância em verificar acerca de aspectos de linguagem e de como os sujeitos afásicos tomam suas situações pessoais/subjetivas e as diferentes dimensões que a QV abrange, como fatores sociais, relações familiares, linguagem e comportamento (BAHIA; CHUN, 2014).

Face ao exposto, este estudo tem como objetivo analisar os resultados da aplicação de protocolo clínico abordando uso de RV como recurso terapêutico em casos de afasia, seus impactos nas dimensões quanto linguagem e qualidade de vida dos sujeitos acometidos.

MÉTODO

Delineamento

Trata-se de um Ensaio clínico randomizado controlado preliminar, submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos número: 5.301.954. (Anexo 5)

Os sujeitos foram divididos em dois grupos: grupo RV = os participantes foram submetidos à terapia com uso de RV, utilizando cenas do cotidiano por meio de um ambiente virtual; grupo TC = os participantes foram submetidos à terapia fonoaudiológica convencional com os mesmos temas abordados no grupo com uso de RV. O processo terapêutico, ocorreu respeitando o protocolo clinico foi de um ciclo de dez semanas, com sessões três vezes na semana, totalizando 30 sessões de 1 hora. Sendo o grupo de RV exposto a terapia imersiva por 20 minutos e no restante do tempo realiza atividade com a mesma temática contextualizada por meio da RV.

Os módulos do protocolo foram realizados pela Fonoaudióloga aplicadora com orientação da equipe, evitando complicações e alterações na forma de aplicação, para não comprometer a validade da coleta de dados.

Participantes

Foi realizada um recrutamento de pacientes com diagnóstico de afasia com predomínio motor após um episódio de AVC, enviados por médicos, ambulatório de linguagem da UFRJ e outros profissionais Fonoaudiólogos de hospitais da rede D`Or regional zona sul, por meio de anúncios em mídias sociais e contatos com profissionais fonoaudiólogos acadêmicos e/ou clínicos foram selecionados 22 pacientes, na triagem foram eliminados 12 devido aos fatores de exclusão, no entanto outros 6 não continuaram devido a piora do quadro clínico, internação de longa permanência e 3 vieram a óbito. No período de Maio de 2022 a Agosto de 2022. Então a amostra final foi de 4 sujeitos.

Os 4 sujeitos, sendo 2 homens e 2 mulheres foram divididos em dois grupos: grupo RV = os participantes foram submetidos à terapia com uso de RV, utilizando cenas do cotidiano por meio de um ambiente virtual; grupo TC = os participantes foram submetidos à terapia fonoaudiológica convencional com os mesmos temas abordados no grupo com uso de RV.

Cabe comentar que o participante não teve informação acerca do grupo em que foi alocado.

Para o trabalho realizado com o grupo submetido a uso de RV, seus participantes receberam instruções sobre o procedimento de reabilitação em duas sessões de vivência e adaptação à tecnologia. Na intervenção, a aplicadora iniciava com escolha do vídeo pertinente ao tema do módulo referente, a fim de contextualizar a terapia e o paciente experimentar vivências em locais que, muitas vezes, ele não frequenta mais devido as limitações do AVC.

Instrumentos de avaliação utilizados

Na avaliação das afasias, verifica-se baterias de testes que têm como objetivo realização de uma avaliação integral da linguagem e provas dirigidas na avaliação de aspectos específicos da mesma (GOODGLASS, 2005). Na sequência, apresenta-se testes/protocolos abordados neste estudo, pré e pós intervenções: teste de nomeação de Boston; TFVS; tarefa 4 – Bateria MTL; protocolo de qualidade de vida do afásico SAQOL-39.

O Boston Diagnostic Aphasia Examination (BDAE) é uma das medidas mais utilizada na avaliação das capacidades linguísticas (KAPLAN; GOODGLASS; WEINTRAUB, 1983). Trata-se de prova constituída por tarefa de denominação de imagens, constituído por cerca de sessenta imagens nas quais o sujeito deve proceder à respectiva identificação (MANSUR; RADANOVIC; ARAÚJO; TAQUEMORI; GRECO, 2006). O seu objetivo não reduz a definição funcional da afasia, mas os componentes dos déficits linguísticos (sintomas) que se mostram úteis para designar os vários sintomas afásicos (GOODGLASS, 2005). No presente estudo, foi realizado o Teste de Nomeação de Boston a partir de confrontação visual – nomeação de figuras.

O teste de fluência verbal está inserido em uma série de testes neuropsicológicos, baseando-se no desempenho de indivíduos normais, comparados a pacientes com doenças previamente estabelecidas, relacionados a déficits de desempenho e a área comprometida. A fluência verbal aparece alterada em múltiplos processos patológicos, tais como as demências degenerativas do tipo Alzheimer ou fronto-temporal, nas lesões frontais esquerdas ou bilaterais (RODRIGUES; YAMASHITA; CHIAPPETTA, 2008). A prova de fluência verbal fornece informações acerca da capacidade de armazenamento do sistema de memória semântica, da habilidade de recuperar a informação guardada na memória e do processamento das funções executivas, especialmente, aquelas por meio da capacidade de constituir o pensamento e as estratégias utilizadas para a busca de palavras. A aplicação envolve a geração do maior número de palavras possíveis em período fixado, no caso um minuto para categoria animal devido a média de escolaridade dos participantes.

Quanto à avaliação do discurso narrativo oral, tarefa 4 da bateria MTL – Bateria Montreal Toulouse de avaliação da Linguagem é um instrumento fonoaudiológico, desenvolvido com base em pressupostos teórico-metodológicos da neuro psicolinguística e da neuropsicologia cognitiva. A Bateria é composta por 22 tarefas que caracterizam a emissão oral e gráfica, compreensão oral e gráfica, além da praxia não verbal e do cálculo. Neste estudo, foi utilizada a tarefa 4 somente com objetivo de mensuração quantitativa do discurso narrativo oral, por meio do total de número de palavras evocadas e o tempo.

Sobre o questionário SAQOL-39, contém 39 questões divididas em quatro domínios: físico (17 itens), psicossocial (11 itens), comunicação (7 itens) e energia (4 itens). Os itens do domínio físico incluem autocuidado, mobilidade, trabalho, função das extremidades e impacto do físico na condição da vida social. O domínio da comunicação consiste nos itens de linguagem funcional e impacto das dificuldades da linguagem na vida familiar e social. Os itens que se referem a domínio psicossocial são pensamento, personalidade e humor. As questões sobre energia envolvem três itens de energia e fadiga, e um item para escrever sobre coisas das quais se lembra (LIMA, 2011).

Aplicação do protocolo

Uma série de aplicativos foram selecionados para o a aplicação do determinado protocolo a partir de plataforma de RV já existente, os quais possibilitaram imersão em cenários do cotidiano, como VR Vídeos, Virtual Reality 360, Whithin VR, VR Theme park, Google cardboard, VR Bike, VR Space, VR Scuba Diving, VR Grocery, VR Movies Player, VR Cinema, VR Labirinto, VR Moon, Vtime XR VR Zoo, VR one Cinema, VR photo Viewer, VeeR VR, VR Estrada, VR Extreme Sports, Cardboard Videros VR. Para tanto, foram utilizados óculos VR Realidade Virtual 3d com fone de ouvido e controle – SHINECON, smartphone IPHONE 8, smart TV com espelhamento de tela para aplicadora observar e mediar o que o paciente estava experimentando durante a imersão.

Já para o grupo que abordou terapia convencional, as cenas do cotidiano foram obtidas por meio de diversos materiais que retratavam cada temática proposta no grupo RV, utilizando, Ipad, figuras, jogos com temas de cada módulo proposto durante o processo terapêutico.

As atividades dos módulos realizado durante o processo terapêutico proposto no protocolo clínico foram realizadas conforme descrição protocolar, cada sessão dos módulos tínhamos por objetivos, tarefas e estratégias terapêuticas em cada temática proposta (Apêndice 3).

Os módulos do protocolo foram realizados simultaneamente pela aplicadora com orientação da equipe de pesquisadores, evitando complicações e alterações na forma de aplicação, para não comprometer a validade da coleta de dados. Essa aplicadora foi recrutada e treinada por oito horas pela autora do projeto e orientada por tal equipe. Foi a aplicadora que interagiu com os participantes e familiares enquanto estiveram em acompanhamento terapêutico neste estudo.

Os dados coletados via questionários e testes, anteriormente descritos, foram transferidos para planilhas no software Excel (Microsoft, v.15.33, 2017). Para a análise descritiva, os dados foram apresentados individualmente, ou em média, desvio padrão, número de casos e frequência de ocorrência, conforme a natureza de cada variável. Também foram calculados os ganhos percentuais entre os momentos pré e pós intervenções

assim como escore Z no teste de Boston.

A apresentação dessas informações foi feita em tabelas, formatadas no Word (Microsoft, v.15.33, 2017), e por gráficos, formatados no Prism (GraphPad Software, v.9.11, 2021). Dado o número reduzido de participantes no presente estudo, análises inferenciais não foram conduzidas.

AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

Os participantes serão avaliados por Fonoaudióloga, cega aos diferentes grupos, por meio das ferramentas de avaliação e comparados com as melhorias no desempenho da pré-intervenção.

RESULTADOS

Participaram desta pesquisa quatro sujeitos: dois no grupo RV – um do sexo masculino e outro, feminino; dois no grupo que abordou terapia convencional – um do sexo masculino e um, feminino / 69,5 ± 15 anos de idade; 11 ± 6,9 anos de escolaridade.

As características gerais dos grupos – RV e TC – são apresentadas na Tabela 1, a seguir. Apesar do tamanho amostral reduzido, os grupos apresentaram homogeneidade nos quesitos sexo, nível de escolaridade e idade, sendo balanceados para essas características.

Tabela 1. Características gerais dos participantes (n = 4)

Legenda: TC = terapia convencional; RV = realidade virtual. Todos pacientes apresentaram o mesmo tipo de AVC e local da lesão

Os resultados dos testes nos dois períodos de avaliação, pré e pós intervenções, são apresentados, na sequência. Na Figura 1, Painel A, é possível notar que todos os pacientes melhoraram seu escore no teste de Boston do pré para o pós-teste. O mesmo padrão de ganho entre as avaliações foi encontrado nos outros dois testes, TFVS e MLT-4 (Figura 1, Painéis B e C, respectivamente). Em destaque, todos os pacientes ao menos dobraram o número de palavras faladas durante o minuto de avaliação do TFVS. A descrição mais detalhada desses valores, juntamente com os ganhos percentuais são apresentadas na Tabela 2.

Os resultados indicam que as intervenções foram eficientes para melhora dos parâmetros avaliados pelos testes. Todos os pacientes tiveram melhores resultados na avaliação pós-intervenção e os ganhos percentuais foram semelhantes entre os grupos, independentemente do teste utilizado.

Figura 1. Resultados dos testes de Boston (A), TFVS (B) e MLT-4 (C) de todos os pacientes dos grupos TC (preto) e RV (vermelho), nos momentos pré e pós-intervenções

Fonte: autores (2023)

Tabela 2. Ganho e descrição dos resultados dos testes avaliativos pré e pós-intervenções

Legenda: TC = terapia convencional; RV = realidade virtual.

Especificamente, sobre o teste de Boston, o escore Z dos pacientes foi calculado para fins de diagnóstico clínico e apresentado na Tabela 3. Todos obtiveram um escore menor que -1,5, ou seja, o desempenho estava mais que um desvio padrão e meio abaixo da média da população daquela idade e nível de escolaridade. Este ponto de corte de -1,5 é indicador de déficit, e o resultado é esperado pela característica da amostra. Com as intervenções, verifica-se leve melhora no escore Z dos pacientes, mas ainda não suficiente para mudá-los de categoria nesta classificação de déficit. O delta percentual aponta a diferença do pré para o pós-teste e é possível notar um ganho de 17% no paciente que participou da intervenção com RV.

Tabela 3. Escore Z do teste de Boston antes e após a intervenção

Legenda: TC = terapia convencional; RV = realidade virtual; ∆% = diferença percentual do pré para o pós-teste

Além do escore Z do teste de Boston, é de interesse da presente pesquisa descrever de maneira detalhada o desempenho dos participantes. Para isso, o escore estratificado dos participantes é apresentado na Tabela 4. De maneira geral, é possível notar que houve redução do número de pistas que foram necessárias ser fornecidas para os pacientes do momento pré para pós-intervenção, em especial, pistas fonêmicas. Analogamente, na primeira coluna dos resultados, verifica-se aumento do número de respostas corretas sem o fornecimento de nenhuma pista – resultado observado após intervenção que demonstra a eficiência do tratamento. Contudo, os resultados são semelhantes entre os grupos, também sugerindo que tanto o grupo TC quanto o grupo RV podem ter o mesmo desfecho. Ainda, nenhum paciente apresentou confabulações visuais no pós-teste.            

Dando continuidade aos resultados, a descrição detalhada do desempenho dos pacientes no teste MLT-4 também foi realizada (Tabela 5). Nota-se melhora de alguns sintomas após a avaliação, principalmente, circunlóquio. Porém, para a maioria dos sintomas, o mesmo resultado foi observado no pré e no pós-teste.

Por fim, a última avaliação aplicada foi o questionário de qualidade de vida, SAQOL-39. Os resultados dessa variável são descritos na Figura 2, a seguir. Os dados apontam para uma melhora da qualidade de vida em todos os pacientes, que saíram de uma média inicial de 2,5 ± 0,26 para 3,95 ± 0,37. Todos os pacientes saíram de escores na casa de 2 pontos, para escores na casa de 3 pontos. Apesar da melhora, os grupos também apresentaram resultados próximos, novamente sugerindo uma semelhança entre os resultados das duas intervenções, RV e TC.

Figura 2. Resultado do questionário SAQOL-39 de todos os pacientes dos grupos TC (preto) e RV (vermelho), nos momentos pré e pós-intervenção

Fonte: autores (2023)

DISCUSSÃO

O presente estudo, até onde sabemos, é o primeiro trabalho brasileiro a abordar a aplicação de protocolo clínico com uso de realidade virtual como recurso terapêutico em terapia voltada sujeitos adultos com afasia não fluente pós-AVC, a fim de analisar e comparar de forma descritiva seus resultados com proposta de terapia convencional. A utilização de um protocolo clínico estruturado na reabilitação das afasias é de extrema relevância para garantir uma abordagem terapêutica consistente e eficaz. Um protocolo clínico estruturado fornece diretrizes claras e sistemáticas para o planejamento e a implementação da terapia, permitindo uma intervenção mais padronizada e baseada em evidências. Um estudo realizado por Cherney et al. (2013) investigou a eficácia de um protocolo clínico estruturado na reabilitação das afasias. Os pesquisadores compararam a terapia baseada em um protocolo clínico estruturado com a terapia baseada em uma abordagem não estruturada em pacientes afásicos. Os resultados mostraram que a terapia baseada no protocolo clínico estruturado levou a melhorias significativas na linguagem e na comunicação em comparação com a terapia não estruturada. Isso sugere que a utilização de um protocolo clínico estruturado pode ser mais eficaz na reabilitação das afasias. Outro estudo realizado por Kagan et al. (2008) também investigou a relevância de um protocolo clínico estruturado na reabilitação das afasias. Os pesquisadores desenvolveram um protocolo clínico chamado “Promoting Aphasics’ Communicative Effectiveness” (PACE), que fornece diretrizes específicas para a terapia da afasia. Os resultados mostraram que a utilização do protocolo PACE levou a melhorias significativas na comunicação funcional e na qualidade de vida dos pacientes afásicos. Isso destaca a importância de um protocolo clínico estruturado na reabilitação das afasias. Brady et al. (2012) analisou a eficácia de diferentes abordagens terapêuticas na reabilitação das afasias. Os pesquisadores destacaram a importância de um protocolo clínico estruturado na terapia da afasia, pois fornece uma estrutura organizada e baseada em evidências para a intervenção terapêutica. Eles enfatizaram que um protocolo clínico estruturado pode ajudar os terapeutas a selecionar e implementar estratégias terapêuticas eficazes, além de permitir uma avaliação mais objetiva dos resultados terapêuticos, incluindo melhorias na linguagem, comunicação e qualidade de vida dos pacientes afásicos.

A afasia é um distúrbio da linguagem que afeta a capacidade de uma pessoa de compreender e expressar palavras. A falta de recursos na reabilitação das afasias é uma questão preocupante que afeta a qualidade do atendimento e o acesso dos pacientes a intervenções adequadas. Code (2001) abordou a questão da falta de recursos na reabilitação das afasias. O autor destacou que a falta de financiamento adequado e de recursos materiais e humanos compromete a qualidade do atendimento e a eficácia das intervenções. Além disso, a falta de recursos também pode limitar o acesso dos pacientes a serviços de reabilitação especializados, especialmente em áreas rurais ou em países com sistemas de saúde menos desenvolvidos. Outro estudo realizado por Cherney et al. (2018) investigou a disponibilidade de recursos tecnológicos na reabilitação das afasias. Os pesquisadores examinaram a utilização de recursos como aplicativos de tablet e programas de computador na terapia da fala e constataram que, apesar do potencial dessas tecnologias, muitos pacientes não têm acesso a elas devido à falta de recursos financeiros ou à falta de conhecimento e treinamento dos profissionais de saúde.

A terapia de afasia é um componente essencial no tratamento dessa condição, e a realidade virtual tem sido cada vez mais utilizada como uma ferramenta terapêutica promissora. Um estudo realizado por Kurland et al. (2018) investigou os efeitos da terapia de realidade virtual na reabilitação da afasia. Os pesquisadores utilizaram um programa de realidade virtual que simulava situações do cotidiano, como fazer compras ou ir ao restaurante. Os resultados mostraram que os participantes que receberam terapia de realidade virtual apresentaram melhorias significativas na compreensão e expressão verbal, em comparação com aqueles que receberam terapia convencional. Isso sugere que a realidade virtual pode ser uma ferramenta eficaz para melhorar a comunicação em pessoas com afasia. Serino et al. (2019) examinou os efeitos da terapia de realidade virtual na reabilitação da afasia crônica. Os participantes receberam terapia de realidade virtual que envolvia a interação com um ambiente virtual e a prática de tarefas de linguagem. Os resultados mostraram que a terapia de realidade virtual levou a melhorias significativas na fluência verbal, compreensão e qualidade da fala dos participantes. Além disso, os participantes relataram uma maior motivação e engajamento durante a terapia de realidade virtual, em comparação com a terapia convencional. Isso destaca o potencial da realidade virtual para tornar a terapia mais envolvente e motivadora para os pacientes com afasia. Silva et al. (2019) investigou os efeitos da terapia de realidade virtual na reabilitação cognitiva em pacientes com lesão cerebral traumática. Os participantes receberam treinamento em tarefas cognitivas específicas utilizando a realidade virtual. Os resultados mostraram que a terapia de realidade virtual levou a melhorias significativas nas habilidades cognitivas, como atenção, memória e resolução de problemas, em comparação com a terapia convencional. Laver et al. (2015) analisou os efeitos da terapia de realidade virtual na reabilitação da afasia pós-AVC. Os pesquisadores revisaram vários estudos e concluíram que a terapia de realidade virtual pode levar a melhorias significativas na linguagem e na comunicação em pessoas com afasia pós-AVC. Além disso, a terapia de realidade virtual foi considerada uma abordagem segura e bem tolerada pelos pacientes. No entanto, os pesquisadores também destacaram a necessidade de mais estudos para avaliar a eficácia a longo prazo da terapia de realidade virtual na afasia.

O objetivo primário da intervenção na afasia é melhorar a comunicação diária; Assim, a comunicação funcional é considerada como nosso desfecho primário. No entanto, nenhuma evidência de diferenças é encontrada em relação aos desfechos primários de linguagem. Nossos achados demonstraram uma associação entre a utilização da RV com melhores escores do domínio geral da comunicação, no discurso narrativo nota-se melhora de alguns sintomas após intervenção, principalmente, em circunlóquios. Como abordagem terapêutica emergente e nova, a RV para afasia ainda está em um estágio inicial. Ainda há espaço para melhora da RV quando comparada com terapias eficazes convencionais (CAO et al., 2021).

Ao que se refere o desfecho secundário do estudo, o protocolo de qualidade de vida do afásico SAQOL-39 (Stroke and Aphasia Quality of Life Scale-39) é uma ferramenta amplamente utilizada para avaliar a qualidade de vida em pessoas com afasia. O SAQOL-39 foi desenvolvido por Hilari et al. (2003) como um instrumento específico para medir a qualidade de vida em pessoas com afasia após um acidente vascular cerebral (AVC). O questionário é composto por 39 itens que abrangem várias áreas da vida, como comunicação, atividades diárias, relacionamentos sociais e bem-estar emocional. Um estudo realizado por Hilari et al. (2003) examinou a validade e confiabilidade do SAQOL-39 em uma amostra de 97 pessoas com afasia pós-AVC. Os resultados mostraram que o questionário apresentou boa consistência interna e confiabilidade teste-reteste. Além disso, o SAQOL-39 foi capaz de discriminar entre diferentes níveis de gravidade da afasia, sugerindo sua sensibilidade para detectar diferenças na qualidade de vida relacionadas à afasia. Outro estudo realizado por Hilari et al. (2009) investigou a validade do SAQOL-39 em uma amostra de 170 pessoas com afasia crônica. Os resultados mostraram que o questionário foi capaz de distinguir entre pessoas com afasia e controles saudáveis, indicando sua validade discriminante. Além disso, o SAQOL-39 foi capaz de detectar mudanças na qualidade de vida ao longo do tempo, sugerindo sua sensibilidade para avaliar a eficácia de intervenções terapêuticas. Wallace et al. (2012) analisou a utilidade do SAQOL-39 em pesquisas e práticas clínicas. Os pesquisadores revisaram vários estudos e concluíram que o SAQOL-39 é uma ferramenta válida e confiável para avaliar a qualidade de vida em pessoas com afasia pós-AVC. A qualidade de vida relacionada ao domínio comunicação tem sido explorada em outros estudos com pacientes com afasia crônica (Breitenstein et al., 2017; Mumby e Whitworth, 2012; van der Gaag et al., 2005). A terapia com RV pode ter encorajado os participantes a aumentar a intenção comunicativa e a confiança, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida no domínio da comunicação. Ao considerar nossa amostra preliminar em nossos desfechos secundários em relação a qualidade de vida, verificou-se que os dados apontam para uma melhora da qualidade de vida em todos os pacientes, sugerindo uma semelhança entre os resultados das duas intervenções, RV e TC, porém o grupo de RV mostrou-se mais estimulado, apresentou melhor adesão a terapia. Os autores atribuíram a melhora na qualidade de vida ao aumento da autoconfiança, mudanças no estilo de vida e maior independência após a terapia (van der Gaag et al., 2005).

 No presente estudo, para a maioria dos sintomas, o mesmo resultado foi observado no pré e no pós-teste. Em relação a nomeação, evocação lexical, os achados foram semelhantes, do recurso de realidade virtual que oferece experimentação de imersão em ambientes que simulam a realidade da temática terapêutica proposta de forma contextualizada, estimulando os canais sensoriais dos pacientes. Segundo Cao et al. (2021) o recurso da RV pode fornecer experiência interessante e envolvente que pode aprimorar a motivação e encorajar os pacientes a promover a intenção comunicativa. Rose et al. (2013) investigou a intenção comunicativa em pacientes afásicos utilizando a análise de conversas espontâneas. Os pesquisadores observaram que os pacientes afásicos demonstraram uma variedade de intenções comunicativas, incluindo solicitar informações, expressar emoções, fazer pedidos e iniciar conversas. Embora essas intenções possam ser expressas de forma mais limitada ou com dificuldades, os pacientes afásicos ainda demonstraram uma capacidade de se comunicar e interagir com os outros. Portanto, a terapia com RV sugere um aumento na intenção comunicativa, devido a imersão nos cenários realísticos. A RV oferece treinamento individualizado com intensidade e dificuldade adequadas de acordo com as características e as necessidades dos pacientes, de forma contextualizada. E afirma que a neuroplasticidade e reorganização funcional são os principais mecanismos da prática clínica convencional para reabilitação do AVC, que são utilizados pelo cérebro para codificar experiências e aprender novos comportamentos (CAO et al., 2021). Portanto, RV pode fornecer uma nova estratégia para melhorar e ampliar o processo de plasticidade neural, que pode estar relacionado à reativação de neurônios cerebrais, transmissores devido ao treinamento em ambiente virtual realístico. No entanto, outros estudos utilizando grupos controle são necessários para confirmar nossos resultados preliminares deste protocolo de RV. De acordo com (Bernstein-Ellis & Elman, 2006), não existem regras bem definidas sobre a composição ótima dos grupos de afasia (Bernstein-Ellis & Elman, 2006).

A dose de terapia em afasia é um aspecto importante a ser considerado para obter resultados terapêuticos eficazes. A frequência e a intensidade das sessões de terapia podem influenciar o progresso e a recuperação da linguagem em pacientes afásicos. Quanto a dose de estímulo com a realidade virtual, a dose por sessão, apesar de consistente (30 minutos) entre os estudos da revisão de Cao (2021), houve grande variabilidade no número de semanas em que os protocolos foram implementados. Não houve diferenças nos desfechos com base na dosagem das intervenções. Cherney et al. (2010) investigou a eficácia de diferentes doses de terapia em afasia. Os pesquisadores compararam a eficácia de sessões de terapia de 3 vezes na semana com sessões de terapia de 5 vezes na semana em pacientes afásicos. Os resultados mostraram que não houve diferenças significativas na melhoria da linguagem entre os dois grupos. Isso sugere que a frequência de 3 vezes na semana pode ser tão eficaz quanto a frequência de 5 vezes na semana na terapia da afasia. Outro estudo realizado por Bhogal et al. (2003) também investigou a dose de terapia em afasia. Os pesquisadores revisaram estudos anteriores que compararam diferentes frequências de terapia em pacientes afásicos. Eles concluíram que não há evidências suficientes para determinar a dose ideal de terapia em afasia. No entanto, eles sugeriram que sessões de terapia mais frequentes podem ser benéficas para pacientes com afasia mais grave ou com maior comprometimento da linguagem. Esses estudos destacam a importância da dose de terapia em afasia. Embora não haja consenso sobre a dose ideal de terapia, a frequência de 3 vezes na semana tem sido amplamente utilizada e mostrou ser eficaz na melhoria da linguagem em pacientes afásicos.

Para estudos futuros, o desenho do estudo deve envolver avaliações periódicas para identificar a dose ideal que resultaria em mudanças significativas na função usando as estimativas de diferenças clinicamente importantes mínimas. Considerações sobre o desenho do estudo. Os estudos apresentados na revisão sistemática de Cao (2021) careciam muito de tamanhos amostrais adequados, cálculos de poder e cegamento. Mesmo quando o cegamento foi relatado (Kim 2009), houve uma falta de explicação clara de como isso foi implementado processualmente. Estudos póstumos devem reduzir o viés realizando cálculos de tamanho de amostra e cegando avaliadores, sujeitos e terapeutas que realizam a intervenção. Para reduzir ainda mais o viés, deve-se realizar a verificação do cegamento após a conclusão do estudo para verificar se o cegamento foi realmente preservado. Havia também alguns estudos que não tinham relato de dados faltantes, intenção de tratar a análise e ocultação de alocação. Estudos semelhantes ao nosso, descritos na revisão de Cao (2021) mostraram -se frágeis em relação a alocação, cegamento e processo. No estudo de Giachero (2020), não demostra a geração de sequência aleatória (randomização), apresentando viés de seleção. Gretchuta (2019) ocultação de alocação, viés de seleção. Maresca (2019) cegando apenas os participantes, viés de desempenho. Marshall (2016) cegamento somente da avaliadora de resultado, viés de detecção. Zhang (2017) Dados dos resultados incompletos, viés de atrito.

Portanto, faz necessário realizar outras pesquisas e ensaios clínicos com uma amostra maior de participantes para melhores conclusões.

CONCLUSÃO

A realidade virtual oferece um ambiente imersivo e interativo, que pode ser adaptado para atender às necessidades específicas de sujeito afásico, possibilitando praticar habilidades linguísticas. Com o recurso, ele pode interagir com cenários virtuais que replicam situações da vida real.

Por meio de uso de RV, os fonoaudiólogos podem adaptar a dificuldade dos cenários virtuais, variando a complexidade das tarefas linguísticas e ajustando o ritmo de progressão de cada paciente. Para os sujeitos com afasia, a RV pode aumentar seu engajamento e motivação durante o processo de reabilitação devido a sua natureza interativa e imersiva.

Embora a reabilitação de afasia utilizando RV esteja em estágio inicial, os resultados preliminares mostram-se promissores. Importante ressaltar que a terapia com uso de RV não substitui a terapia convencional, mas pode ser usada como uma ferramenta complementar para aprimorar os resultados.

Nesta pesquisa, constata-se que os efeitos da RV como recurso terapêutico sobre as medidas de desfecho, apresentou maior ganho no percentual na descrição dos resultados dos testes avaliativos pré e pós-intervenções.

Porém, uma limitação dessa pesquisa foi que se tratou de um ensaio clínico com número reduzido de participantes em razão do grau de complexidade determinado sobre seus perfis. Além disso, não foram abordados todos os tipos de afasia. Assim, são necessários mais estudos com maior número de participantes e que explorem outros tipos de afasia nesta população específica pós-AVC, para que possam ser comparadas as duas terapias da intervenção, com e sem uso de RV, descrevendo seus benefícios com possibilidade de sujeitos com afasia serem expostos a acompanhamentos fonoaudiológicos mais inclusivos e contextualizados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realidade virtual é uma tecnologia que cria um ambiente simulado, no qual os usuários podem interagir e experimentar estímulos visuais, auditivos e táteis de forma imersiva. Essa tecnologia tem sido amplamente utilizada na área da reabilitação, pois oferece uma oportunidade única de criar ambientes controlados e personalizados para o treinamento e a prática de habilidades específicas.

A utilização da realidade virtual na reabilitação de pacientes afásicos pós-AVC tem demonstrado resultados promissores. Estudos têm mostrado que a terapia de realidade virtual pode levar a melhorias significativas na linguagem e na comunicação, incluindo a compreensão e expressão verbal, fluência verbal e qualidade da fala. Além disso, a terapia de realidade virtual tem sido relatada como mais motivadora e envolvente para os pacientes, o que pode aumentar a adesão e a satisfação com o tratamento. Essas melhorias na linguagem e na comunicação podem ter um impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes afásicos. O uso da realidade virtual na reabilitação da linguagem pode ajudar os pacientes a recuperar habilidades de comunicação perdidas devido ao AVC e a se reintegrarem socialmente. A melhoria na qualidade de vida pode ser observada em várias áreas, como a capacidade de se comunicar com familiares e amigos, participar de atividades sociais e realizar tarefas diárias de forma mais independente. A reabilitação da afasia, um distúrbio de comunicação que resulta da lesão cerebral, é um desafio complexo que requer uma abordagem multidisciplinar. 

Esse estudo destaca a importância de um protocolo clínico estruturado na reabilitação da afasia. Um protocolo clínico bem definido e baseado em evidências pode fornecer diretrizes claras para os terapeutas e garantir uma abordagem consistente e eficaz na reabilitação da afasia. Além disso, um protocolo clínico adequado pode ajudar a estabelecer metas terapêuticas realistas, selecionar estratégias terapêuticas apropriadas e avaliar o progresso do paciente ao longo do tempo. Em resumo, um protocolo clínico bem estruturado desempenha um papel crucial na reabilitação da afasia. Através de uma abordagem multidisciplinar e baseada em evidências, um protocolo clínico adequado pode melhorar a linguagem e a comunicação em pacientes com afasia. A continuação da pesquisa nessa área pode fornecer evidências adicionais sobre a eficácia dos protocolos clínicos na reabilitação da afasia e ajudar a desenvolver diretrizes mais precisas e personalizadas para a prática clínica. No entanto, é importante ressaltar que mais pesquisas são necessárias para avaliar a eficácia a longo prazo da terapia de realidade virtual na reabilitação da linguagem em pacientes afásicos pós-AVC e seu impacto na qualidade de vida. Além disso, é fundamental considerar as características individuais dos pacientes, como o tipo e a gravidade da afasia, ao implementar a terapia de realidade virtual.

Em suma, a realidade virtual tem o potencial de ser uma ferramenta valiosa na reabilitação da linguagem em pacientes afásicos pós-AVC, proporcionando melhorias na comunicação e na qualidade de vida. A continuação da pesquisa nessa área pode fornecer evidências adicionais sobre os benefícios da terapia de realidade virtual e ajudar a aprimorar as intervenções terapêuticas para pacientes afásicos.

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