REABILITAÇÃO COM REALIDADE VIRTUAL EM CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA 

REHABILITATION WITH VIRTUAL REALITY IN CHILDREN WITH CEREBRAL PALSY 

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202411150315


Ana Clara Campos Belo1
Eduarda Brito Costa Aguiar Sarmento2
Flávia Carvalho Ribeiro3
Lívia Novais Amorim4
Prof.Msc. Laisla Pires Dutra5
Prof.Dr. Pedro Fonseca de Vasconcelos6


Resumo 

A paralisia cerebral é uma condição neuromotora que afeta o desenvolvimento motor de crianças devido a danos no cérebro em desenvolvimento. Este estudo tem como objetivo descrever sobre a reabilitação de crianças com paralisia cerebral por meio da realidade virtual, destacando a melhoria da função motora, do equilíbrio e das atividades funcionais. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa da literatura científica, buscando evidências sobre a aplicação da realidade virtual na reabilitação de crianças com paralisia cerebral. Os resultados sintetizam os impactos da realidade virtual no desenvolvimento motor e funcional, destacando suas contribuições potenciais para a prática clínica e a qualidade de vida dos pacientes. Conclui-se com o estudo que a realidade virtual é uma ferramenta promissora na reabilitação de crianças com paralisia cerebral. 

Palavras-chave: Reabilitação. Paralisia Cerebral. Realidade Virtual. 

ABSTRACT 

Cerebral palsy is a neuromotor condition that affects the motor development of children due to damage to the developing brain. This study aims to describe the rehabilitation of children with cerebral palsy through virtual reality, highlighting the improvement of motor function, balance and functional activities. For this, an integrative review of the scientific literature was carried out, seeking evidence on the application of virtual reality in the rehabilitation of children with cerebral palsy. The results summarize the impacts of virtual reality on motor and functional development, highlighting its potential contributions to clinical practice and the quality of life of patients. The study concludes that virtual reality is a promising tool in the rehabilitation of children with cerebral palsy. 

KEYWORDS: Rehabilitation. Cerebral Palsy. Virtual Reality. 

1. INTRODUÇÃO 

A paralisia cerebral (PC), também conhecida como encefalopatia crônica não progressiva, é uma condição que causa alterações motoras, afetando postura, tônus muscular e movimento. É a principal causa de deficiência na infância e resulta de danos ao cérebro em desenvolvimento. À luz disso, embora seja classificada como não progressiva, suas manifestações clínicas podem mudar ao longo do tempo devido ao amadurecimento do sistema nervoso central. Dessa forma, é importante ressaltar que a deficiência intelectual nem sempre está associada a esse processo (Kalil, 2021). 

Nesse viés, uma das terapias que vêm sendo empregadas para a reabilitação de sequelas motoras e cognitivas, é a aplicação da realidade virtual, sendo vista como uma técnica altamente promissora (Monteiro; Simcsik; Silva, 2021). Assim, proporcionando novas formas de aprender movimentos corretos. Com características de realismo visual e interação intuitiva, os sistemas de Realidade Virtual (RV) aumentam o envolvimento e a concentração do usuário nas tarefas. Essa tecnologia então, permite simular ambientes terapêuticos seguros, auxiliando no desenvolvimento de habilidades necessárias para a reabilitação (Lamounier-Júnior, 2022). 

Desta forma, a escolha dos jogos deve seguir princípios de reabilitação, considerando aspectos como equilíbrio corporal e funcionalidade, de maneira divertida e desafiadora (Andrade, 2018). Contudo, seu uso requer monitoramento cuidadoso por profissionais qualificados para garantir que os objetivos terapêuticos sejam alcançados, desde a seleção dos jogos até sua aplicação na terapia (Monteiro; Simcsik; Silva, 2021). 

Apesar dos resultados positivos terem sido observados em estudos preliminares, o uso da realidade virtual na reabilitação de crianças com paralisia cerebral ainda é uma área que necessita de maior investigação (Peres, et al, 2018), uma vez que esse recurso está se tornando um grande aliado no tratamento fisioterapêutico, atuando como uma forma de tratamento lúdica, dinâmica e inovadora, garantindo uma aproximação do paciente à terapia (XAVIER, M. J.; RODRIGUES, N. M. N. M.; ARAÚJO, M, 2020). 

A partir desse contexto, o objetivo do presente trabalho foi discutir sobre o uso da RV para a reabilitação de crianças com paralisia cerebral, trazendo suas vantagens e desvantagens por meio de uma revisão integrativa da literatura. 

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1 Contextualizando a Paralisia Cerebral 

A paralisia cerebral (PC) é caracterizada por um comprometimento estático do desenvolvimento motor, afetando aspectos como tônus muscular, força, coordenação e movimentos. Suas origens podem ser diversas, desde lesões cerebrais perinatais, hipóxico-isquêmicas, AVC, infecções, até malformações cerebrais e condições genéticas (Messer et al., 2024). 

Devido à variedade de causas, os sintomas da PC variam consideravelmente entre os indivíduos. Embora a condição não progrida ao longo do tempo, seu impacto completo pode não ser totalmente visível até a criança atingir cerca de 3 a 4 anos de idade, quando as expectativas motoras estão mais consolidadas (Messer et al., 2024). 

As causas pré-natais da paralisia cerebral podem incluir redução da pressão parcial de oxigênio, diminuição da concentração de hemoglobina, menor superfície placentária, alterações na circulação materna, tumores uterinos, nós no cordão umbilical, cordão umbilical curto, malformações do cordão umbilical, prolapso ou compressão do cordão (Lopez et al., 2018).

Causas perinatais podem envolver fatores maternos, idade da mãe, desproporção cefalopélvica, anomalias da placenta, do cordão umbilical, das contrações uterinas, bem como narcose e anestesia. Fatores fetais, como primogenidade, prematuridade e dismaturidade, também podem desempenhar um papel no desenvolvimento da condição (Lopez et al., 2018). 

2.2 Neuroplasticidade e Reabilitação em Crianças com PC 

A reabilitação em crianças com PC baseia-se amplamente na aplicação de princípios de aprendizagem motora , que é o processo pelo qual as habilidades motoras são adquiridas ou modificadas por meio da prática repetitiva e da experiência. A aprendizagem motora está intimamente ligada à neuroplasticidade, pois envolve a formação e o fortalecimento de sinapses em resposta a novas demandas motoras. Em crianças com PC, as deficiências motoras resultantes de lesões cutâneas podem ser atenuadas pela prática repetida de tarefas específicas,que estimulam o cérebro a reorganizar suas redes neurais (Monteiro, C. B. M., Jakabi, C. M., Palma, G. C. S., & Torriani-Pasin, C.,2010). 

Através da interação com cenários virtuais que desafiam o controle motor e o equilíbrio, a RV fornece estímulos sensoriais e motores que facilitam a reorganização neural, ajudando na recuperação de funções motoras perdidas ou comprometidas. A combinação de práticas intensivas e feedback em tempo real oferecida pela RV torna esse tipo de intervenção particularmente eficaz na promoção da plasticidade neural (Lee, H. S., Park, Y. J., & Park, S. W. 2019). 

O mecanismo de ação da RV é o aprendizado pela experiência e a plasticidade dependente do uso. Essa intervenção contém como ingredientes a prática ativa, repetitiva e intensiva da tarefa, estratégias motivacionais e a modificação do ambiente para proporcionar mudanças esperadas nos desfechos almejados (Alberissi; Monteiro; Silva, 2023). 

2.3 A Realidade Virtual como Intervenção Terapêutica 

A terapia de realidade virtual (RV) tem sido utilizada no tratamento de indivíduos com distúrbios de coordenação do desenvolvimento e paralisia cerebral, evidenciando melhorias na aprendizagem de novos movimentos em ambientes virtuais. Esses achados revelam um amplo conjunto de aplicações da RV em intervenções de reabilitação, destacando seu potencial benéfico em diversos contextos clínicos (RUTKOWSKI et al., 2020). 

Uma das principais vantagens da RV como intervenção terapêutica é a capacidade de ajustar o nível de dificuldade das tarefas de acordo com o progresso do paciente. Estudos demonstram que a realidade virtual permite a criação de programas individualizados, adaptando os exercícios às necessidades e habilidades do paciente em tempo real. (Santos, J. V. L., & Silva, J. F. B, 2023). 

Além disso, os ambientes gamificados frequentemente utilizados nas terapias com RV aumentam a motivação e o engajamento dos pacientes, principalmente crianças e adolescentes, que podem encarar os exercícios como uma forma de jogo (Santos, J. V. L., & Silva, J. F. B, 2023). 

Quando o envolvimento em tarefas de RV é grande, os usuários têm maior probabilidade de desfrutar da experiência virtual e de aprender ou completar com sucesso a tarefa que estão treinando, ou seja, para alcançar alto nível de envolvimento em tarefas de RV é importante garantir que a experiência seja agradável, envolvente e desafiadora o suficiente para manter o usuário engajado e motivado (Alberissi; Monteiro; Silva, 2023). 

3. METODOLOGIA 

Este estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, cujo objetivo é sintetizar os achados sobre a utilização da realidade virtual como ferramenta de reabilitação em crianças e adolescentes com paralisia cerebral discutindo suas vantagens e desvantagens. 

A pesquisa bibliográfica foi realizada através da PubMed, reconhecida por sua relevância na área da saúde. Os estudos foram selecionados utilizando as seguintes palavras-chave, de acordo com os descritores em saúde (DeCS/MeSH): (Rehabilitation) AND (Cerebral Palsy) AND (Virtual Reality) AND (children). 

Os critérios de inclusão estabelecidos para a seleção dos estudos foram: Publicações nos últimos 5 anos (2019-2024); Artigos disponíveis em português, inglês ou espanhol; Estudos que abordem intervenções utilizando realidade virtual no tratamento de crianças com paralisia cerebral. Foram excluídos artigos que: Não abordavam a população infantil; Estavam fora do período de publicação definido;

Estudos comparativos de realidade virtual com terapia convencional ou outras modalidades terapêuticas; Estudos de amostra composta por crianças típicas. 

A seleção dos estudos foi realizada em três etapas: 

Figura 1. Apresentação do desenvolvimento do estudo. 

Os dados extraídos foram organizados em um quadro e apresentados de forma descritiva e argumentativa. A discussão foi elaborada considerando os efeitos da reabilitação com realidade virtual, vantagens e desafios da técnica. 

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Foram identificados na pesquisa 58 artigos, e após a aplicação dos critérios de elegibilidade, foram selecionados 9 artigos para o desenvolvimento deste estudo. 

Os principais resultados discutidos em cada um dos estudos foram sumarizados no quadro 1. 

Quadro 1: Tipo de estudo, objetivos, metodologia e principais resultados observados

EstudoDelineamento do estudoObjetivosMetodologiaPrincipais resultados
Daniela
Chan-Víquez
et al., 2023.
Estudo de
métodos mistos
com múltiplos
casos. Foram
utilizados
métodos
qualitativos e
quantitativos
Avaliar se as
crianças atingiram
suas metas de tempo de jogo autoestabelecidas ao longo de uma
intervenção de 12
semanas. Medir as
mudanças nos
resultados motores
dos membros
superiores (UL).
Quatro crianças
com paralisia
cerebral hemiplégica, entre
8 e 13 anos,
participaram do
estudo, jogando o
videogame Bootle
Blast, com sistema
de rastreamento de
movimento, por 12
semanas em casa.
Houve melhorias
consistentes nas avaliações pela
Canadian Occupational
Performance Measure
(COPM) e no
Box and Blocks
Test (BBT), indicando ganhos motores
promovidos pelo uso do jogo. A análise qualitativa
destacou a
motivação intrínseca, os benefícios da
terapia domiciliar e a transferência
de habilidades virtuais para o
mundo real.
CHANG, et al
2021.
Estudo piloto não
controlado
O estudo se baseia
em investigar o
impacto da junção da
realidade virtual ao
simulador de
equitação (HRS) e
observar a sua
melhoria na função
motora e no
equilíbrio de crianças
com paralisia
cerebral.
O estudo é
composto por 16
crianças com
paralisia cerebral.
As sessões foram
realizadas por 30
minutos utilizando o
treinamento com o
simulador de
equitação
(Shin-Hwa Eq-900
m) associado a
realidade virtual,
que simulava o
movimento de um
cavalo real, com
oito modos de
exercícios que
permitiam
movimentos
tridimensionais.
Foi observado na
pesquisa um
progresso nas
dimensões em pé,
andar, correr e
pular de acordo
com a Escala de
Medida da
Função Motora
Grossa (GMFCS)
indicando
avanços nas
habilidades
motoras
relacionadas ao
controle postural e
à mobilidade. Na
Escala de
Equilíbrio
Pediátrico (PBS)
houve uma
evolução. Deste
modo, foi indicado
uma melhora
significativa no
equilíbrio
funcional dessas
crianças.
Pereira, et al,
2022.
Revisão
sistemática
O objetivo do estudo
é
identificar na
literatura
internacional e
nacional, como a
realidade virtual pode
ser utilizada para melhorar a função
manual das crianças
com paralisia
cerebral nas
atividades de vida
diária, para
potencializar o efeito
das terapias
tradicionais.
O estudo é
baseado em uma
revisão realizada
utilizando uma
base de dados
como Portal de
Periódico da
CAPES, PubMed e Ovid Medline.
Foram identificados
228 artigos
inicialmente, após a
aplicação dos
critérios de
elegibilidade, foram
selecionados 14
artigos para análise
final.
Os resultados da
revisão
sistemática
apontam que
houve uma
melhora da
função manual
nas atividades diárias a partir do
uso da terapia
com RV, foi
observado como
uma
manipulação de
objetos e o
controle motor
fino.
Iosa M, et al,
2022.
Revisão
sistemática
O objetivo deste
estudo é observar o
estado da arte em
relação aos jogos
que estão disponíveis
para neurorreabilitação
pediátrica. Foi
realizada uma
pesquisa usando as
bases de dados que
seriam Pubmed e
Scopus, utilizando
fundamentos
baseados nas
declarações
PRISMA, pontuação
PEdro e classificação
PICOs.
A pesquisa foi
realizada de acordo
com os critérios do
PRISMA. Utilizando
as bases de dados
que seriam
Pubmed e Scopus.
Usando as palavras
chaves específicas
referentes a
pediatria,
neurorreabilitação e
jogos.
Foram coletados
43 estudos,
classificados em
diferentes
categorias, foi
realizado 11
estudos de
intervenção, nove
estudos sobre
dispositivos
robóticos
gamificados, seis
estudos sobre
sistemas
modernos, oito
revisões e nove
ensaios de
intervenção
longitudinal. Os
resultados
indicaram que a
tecnologia de jogos
oferece vantagens
para a
neurorreabilitação
pediátrica.
Liu et al. 2022Revisão
sistemática e
meta-análise.
Avaliar os efeitos do
treinamento em
realidade virtual
(RV): O objetivo
principal é examinar
como a RV pode
influenciar o
equilíbrio, a função
motora grossa e a
capacidade de vida
diária em crianças
com paralisia
cerebrais.
Foi realizada uma
pesquisa
sistemática para
identificar estudos
relevantes sobre o
uso da realidade
virtual (RV) na
reabilitação de
crianças com
paralisia cerebral.
Inicialmente, foram
identificados 473
estudos por meio
de pesquisas em
bancos de dados
acadêmicos. Após
a aplicação dos
critérios de
elegibilidade, foram
selecionados 11
ensaios clínicos
controlados e
planejados que
atendem aos
requisitos definidos.
O treinamento
em realidade
virtual pode
melhorar
significativament
e o equilíbrio e a
função motora
grossa em
crianças com PC.
O impacto do
treinamento na
capacidade de
vida diária,
embora positivo
após ajustes,
ainda é
considerado
controverso e
necessita de
mais
investigações
para conclusões
definitivas.
Cong Liu, et al,
2022.
Revisão sistemática e meta-análise.O estudo teve como
objetivo avaliar
sistematicamente os efeitos do
treinamento em
realidade virtual (RV) no equilíbrio, na função motora grossa e na capacidade de vida
diária em crianças com paralisia
cerebral (PC).
A pesquisa foi
realizada em vários
bancos de dados,
incluindo PubMed,
Embase, The
Cochrane Library,
Web of Science e
China National
Knowledge
Infrastructure. Foram incluídos
ensaios clínicos
randomizados
(RCTs) que
investigaram os
efeitos do
treinamento em RV
nas variáveis de
interesse
(equilíbrio, função
motora grossa e
capacidade de vida
diária) em crianças
com PC.
Foram incluídos 16
artigos,
envolvendo um
total de 513
crianças com PC.
O estudo concluiu
que o treinamento
em realidade
virtual pode
melhorar
significativamente a função de
equilíbrio e a
função motora
grossa, além da
capacidade de
vida diária em
crianças com
paralisia cerebral.
Maggio, et al,
2024.
Revisão
sistemática.
O objetivo do estudo é
investigar o papel da realidade virtual
imersiva no
tratamento de
crianças com paralisia
cerebral. Mostra como a RV pode ser uma ferramenta útil para melhorar os
resultados funcionais
cognitivos e motores.
O estudo utiliza um
modelo de PICO
(população,
intervenção,
comparação e
resultado). A busca
foi construída em
bases de dados
como Embase,
Pubmed e
Cochrane.
Os estudos
analisaram o uso
da realidade virtual
imersiva em
crianças com
paralisia cerebral,
comprovando que
a RV imersiva
pode ser uma
alternativa ou
complemento à
terapia
convencional.
Mostra que a RV
oferece avanços
cognitivos e
motores. Incluem
benefícios no equilíbrio,
mobilidade, e
aumento da
massa muscular e
magra.
Han, et al. 2023Revisão sistemática e meta-análiseEste estudo buscou
confirmar se a terapia
de Realidade Virtual é efetiva na melhoria
das AVD em crianças
com Paralisia
Cerebral,
considerando
diferentes subgrupos.
É uma revisão
sistemática que
segue o fluxograma
PRISMA. Os
autores YG Han e
SW Park realizaram a revisão
independente dos
títulos e resumos. A
lista final de
estudos foi
debatida pelo grupo
de redação (YG
Han, SW Park). A
pesquisa foi
realizada por um
especialista
experiente em
revisões
sistemáticas e
meta-análises, sob
a direção de um
docente do
Departamento de
Fisioterapia e um
estudante de
pós-graduação em
fisioterapia no
programa de
doutorado.
O efeito mais
significativo foi
observado quando
a RV foi aplicada
durante 6
semanas, com
uma duração de
101 a 200 minutos
por semana.
Assim, sugere-se
que, ao aplicar os
resultados desta
revisão às
crianças com
paralisia cerebral
na comunidade,
essa abordagem
se mostrou um
método de
intervenção eficaz.
Roostaei, et al. 2023Estudo experimental.Analisar a eficácia de um programa
multicomponente de Realidade Virtual
focado em
habilidades motoras
e controle postural
funcional para
crianças com
paralisia cerebral
hemiplégica (PCH).
Em oito crianças
com paralisia
cerebral
hemiplégicas
(GMFCS = II, I), foi
realizado um
experimento de
caso único. O
programa de
Realidade Virtual
envolveu três
sessões semanais
durante quatro
semanas. O Timed
Up and Go (TUG),
o Teste de Alcance
Funcional (FRT), a
Escala de Balanço
Pediátrico (PBS), a
Escala de
Atividades para
Crianças (ASK), o
ABILHAND-Kids e
o Box and Block
Test (BBT) foram
utilizados para
avaliar as
alterações
funcionais.
A avaliação
estatística revelou
que houve
melhorias
significativas no
controle postural
funcional em pelo
menos uma
medida de
equilíbrio para
sete dos oito
participantes
durante o período
de intervenção.
Todos os
participantes
notaram um
crescimento
considerável nas
pontuações do
BBT. A avaliação
da intervenção
anterior e
subsequente
evidenciou
avanços
estatisticamente
notáveis no PBS.

Ao analisar, através da literatura supracitada, as repercussões da reabilitação com realidade virtual de crianças com paralisia cerebral, foi possível afirmar que, de modo geral, a aplicação dessa tecnologia tem sido associada pelos autores à melhorias em relação ao controle motor após a aplicação da terapia. 

Os resultados destacaram tendências em relação aos ganhos no equilíbrio e nas funções motoras grossas conforme apontam (Chang, 2021), (Cong-Liu, 2022), (Maggio et al.,2024), (Roostaei, 2023), além de achados relevantes em relação aos ganhos na funcionalidade dos membros superiores, na manipulação de objetos, força de preensão e destreza manual respectivamente, conforme relatado por Pereira (2022), Roostaei (2023). 

Cada estudo investigado contribuiu com evidências concretas sobre os benefícios e limitações dessa intervenção, ampliando o entendimento dos mecanismos e impactos da realidade virtual no tratamento dessas crianças, como por exemplo o estudo desenvolvido por Daniela Chan-Víquez et al. (2023), que implementou um videogame baseado em rastreamento de movimento para crianças com PC, mostrando claramente a eficácia da RV em contextos domiciliares. 

Ao combinar métodos qualitativos e quantitativos, os autores puderam captar não apenas os ganhos motores dos participantes — evidenciados nas avaliações de desempenho da Canadian Occupational Performance Measure (COPM) e do Box and Blocks Test (BBT) — mas também aspectos subjetivos, como a motivação e o engajamento intrínseco das crianças. 

Esse estudo destacou também a relevância da terapia em ambiente domiciliar, que não apenas facilita a adesão, mas também promove a transferência de habilidades adquiridas no ambiente virtual para o contexto real. No entanto, é importante observar que o tamanho da amostra foi limitado a quatro participantes, o que restringe a generalização dos resultados. Dessa forma, sugere-se a necessidade de pesquisas com maior amostragem para confirmar esses resultados. 

Por outro lado, Chang et al. (2021), investigaram a integração da RV com um simulador de equitação, uma intervenção pouco convencional mas interessante, voltada para a melhoria do equilíbrio e das habilidades motoras em crianças com PC. Este estudo piloto traz uma predição em habilidades funcionais como andar, correr e pular, observados nas escalas GMFCS e PBS. A inovação da simulação de cavalgada, que utiliza exercícios tridimensionais para engajar o sistema motor, sugere que abordagens mais realistas e imersivas podem amplificar ainda mais os benefícios motores. 

No entanto, o caráter não controlado deste estudo levanta questões sobre a validade dos resultados, e a ausência de um grupo de controle impediu a avaliação do impacto isolado do RV. Assim, esse estudo apontou para uma lacuna importante na literatura, onde estudos futuros poderão auxiliar a preencher a partir da análise da necessidade de métodos experimentais mais robustos para isolar o efeito da VR de outras variáveis intervenientes. 

Não obstante, estudos de revisão sistemática como o de Pereira et al. (2022) reforçam ainda mais o papel potencial da RV em melhorar a função manual e motora das crianças com PC. Pereira et al. sintetizaram evidências de várias pesquisas, mostrando melhorias na manipulação de objetos e controle motor fino, aspectos essenciais para as atividades de vida diária. Esta revisão destaca como o RV pode ser uma ferramenta complementar às terapias tradicionais, atuando diretamente sobre funções motoras específicas. 

Dessa forma, esses estudos sistemáticos ofereceram uma visão mais ampla sobre a eficácia da RV, contudo, as variações de protocolo e equipamento entre os estudos revisados podem ter influenciado os resultados, ressaltando a necessidade de padronização nos métodos de aplicação da RV para permitir comparações mais diretas. 

Na contramão desses resultados, a RV apesar de promover avanços avançados no equilíbrio e na função motora grossa, o seu efeito sobre a capacidade de vida diária foi menos conclusivo, indicando que esses benefícios ainda são controversos e exigem investigação mais aprofundada, de acordo com Iosa et al. (2022), Liu et al. (2022) e Maggio et al. (2024). Um achado na literatura relevante citar, revisou sistemas de RV como Playstation e Xbox, explorando um número amplo de dispositivos para observar o impacto sobre a função motora dos membros superiores citado nos estudos de (Goyal et al., 2022). Os resultados deste, sugeriram avanços em destreza manual, força de compreensão e cooperação bilateral. 

Em estudos comparativos da literatura, recomenda-se que futuras pesquisas em aprendizagem motora explorem a manipulação de especificidades modalidades de prática (como variabilidade, distribuição, e fracionamento) e de informações fornecidas (incluindo feedback extrínseco, projeções e instruções, definição de metas, e foco interno ou externo) para aprendizes com paralisia cerebral (Silva TD et al., 2013). Além disso, a quantidade de estudos sobre o tema ainda é limitada, destacando-se a necessidade e a importância de novas pesquisas. Observa-se, também, uma carência de padronização nos protocolos de reabilitação virtual com o uso do NW para esses pacientes, o que reforça a urgência de investigações futuras (Costa, 2018). 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

As evidências apresentadas nos artigos analisados neste estudo demonstraram que a realidade virtual, pode ser uma ferramenta eficaz na reabilitação de crianças com paralisia cerebral, contribuindo para melhora na força muscular, habilidades motoras e desenvolvimento cognitivo. O ponto mais importante observado nos estudos está na melhora da função motora grossa e do equilíbrio postural, que, juntamente com o aumento do engajamento dos pacientes, revela o potencial da realidade virtual para transformar as abordagens terapêuticas tradicionais. Entretanto, é essencial que novas pesquisas sejam realizadas para auxiliar na compreensão da eficácia, na reprodutibilidade dos métodos e nas melhores práticas para aplicação dessa tecnologia. 

Todavia, esta revisão traz importantes contribuições ao debate sobre as abordagens terapêuticas inovadoras. Entre os benefícios desse trabalho, destaca-se a integração da realidade virtual como uma alternativa complementar ou até substitutiva às terapias convencionais, proporcionando uma experiência de reabilitação para as crianças com paralisia cerebral. Além disso, o uso de ambientes virtuais dinâmicos e interativos se mostra uma estratégia eficaz para aumentar a motivação e adesão ao tratamento, uma vez que permite aos pacientes vivenciar situações desafiadoras de forma lúdica e controlada. 

REFERÊNCIAS 

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1Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: claraaccbelo2@gmail.com
2Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: eduardasarmento021@gmail.com 
3Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste e-mail: flaviacarvrib@gmail.com 
4Discente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste Campus xxxxxx e-mail: livinhanovaisamorim@hotmail.com 
5Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste. Mestre em Ciências da Saúde (UESB). e-mail: laisla@fainor.com.br
6Docente do Curso Superior de Fisioterapia do Instituto Faculdade Independente do Nordeste. Doutor em Ciências da Saúde (UESB). e-mail: pedrovasconcelos@fainor.com.br