TRACKING OF CERVICAL NEOPLASMS THROUGH COLPOSCOPY EXAMINATION IN A CLINIC IN THE WEST OF PARANÁ
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202411041134
Bianca Rika Ebe Ishisaki
Taciana Rymsza
Resumo
O câncer de colo uterino tem números muito importantes de casos no Brasil e no mundo. As altas taxas de incidência são decorrentes do contato com fatores de risco como o Papiloma vírus humano (HPV) presente e responsável por alterações no colo do útero em 99% das vezes. Mesmo com a alta possibilidade de prevenção secundária e cura, que pode ser diagnosticada em fase inicial pelo rastreio periódico do exame colpocitológico (Papanicolau) e colposcopia são reais e preocupantes os casos de câncer de colo de útero ainda na atualidade. O seguinte trabalho teve como propósito avaliar o perfil clínico e epidemiológico das pacientes que fizeram o rastreamento para neoplasia de colo uterino.
Palavras-chave: Câncer de colo de útero. Rastreamento. Colpocitologia. Papanicolau. Colposcopia.
- INTRODUÇÃO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 TEMA
O tema do projeto abordará a área de Ginecologia, com ênfase no rastreamento da neoplasia de colo de útero
1.2 ASSUNTO
O assunto do trabalho é o rastreamento de neoplasia de colo de útero em uma clínica particular no Oeste do Paraná.
1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Qual o perfil epidemiológico das pacientes que realizam rastreamento, diagnóstico e conduta.
1.4 JUSTIFICATIVA
Na maioria dos casos o câncer de colo de útero se dá de forma lenta e assintomática ou pouco sintomática em sua forma inicial, portanto muitas pacientes não procuram ajuda no início desse processo. Por isso é importante manter a vigilância para identificar formas precoces de alterações do colo do útero, o que é altamente eficaz. As medidas de incentivo à prevenção devem ser realizadas inclusive a vacinação do HPV que faz parte do calendário vacinal desde 2013.
Existem muitas formas de rastreio do câncer de colo de útero, mas o método padrão ouro é o pela histologia, que pode ser realizado pela biópsia direta da lesão e em casos de lesão endocervical, através da conização do de colo uterino e curetagem do canal endocervical.
Segundo o INCA, excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de colo de útero é o terceiro mais prevalente entre as mulheres brasileiras. O rastreio no Brasil, que se dá pela pelo exame colpocitológico (Papanicolau), é feito a cada 3 anos depois de 2 exames negativos consecutivos com o intervalo de um ano e deve ser oferecido a todas as mulheres com colo de útero presente e que já tenha iniciado vida sexual, na faixa etária de 25 a 64 anos.
1.5 FORMULAÇÃO DAS HIPÓTESES
Espera-se que mulheres que realizam o rastreio da neoplasia de colo uterino de forma correta tenham prognósticos mais favoráveis do que as que não realizam o rastreio.
1.6 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.6.1 Objetivo Geral
Identificar a prevalência e analisar o perfil clínico e epidemiológico dos rastreios de neoplasia do colo de útero, através do exame de colposcopia, das pacientes de uma clínica particular em Cascavel/PR.
1.7 DESFECHO PRIMÁRIO
É esperado ter uma análise epidemiológica completa dos dados de rastreio de neoplasia de colo de útero de uma clínica particular do Oeste do Paraná.
- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Dados epidemiológicos de 2022 expõem que no Brasil a neoplasia de colo de útero é o terceiro mais incidente entre mulheres, excluindo-se os tumores de pele não melanoma. Foi estimado 17.010 novos casos para o ano de 2023, representando um ajuste de incidência de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres¹. Na análise regional, a região Sul (14,55/100 mil) está na quarta posição. O Paraná fica em segundo lugar do sul do Brasil com 790 casos em 2022.
Mundialmente a neoplasia de colo de útero é o segundo que mais acomete mulheres, cerca de 500 mil casos novos por ano, afetando regiões mais pobres desproporcionalmente e 80% dos casos são diagnosticados em países em desenvolvimento que tem como causa mais comum a morte por câncer de colo de útero e o que debilita por mais tempo de vida.
No Brasil, a taxa de mortalidade por câncer do colo do útero, ajustada pela população mundial, foi de 4,60 óbitos/100 mil mulheres, em 2020. Os menores percentuais de mortalidade estão na região Sudeste (4,3%) e Sul (4,8%)².
O Câncer de colo de útero (CCU) é raro em mulheres de até 30 anos e é mais diagnosticado por volta da quinta década de vida. Tem aumento proegressivo da mortalidade a partir dos 40 anos.
A infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) do tipo (16, 18, 31, 33, 35, etc.) são de alto risco e é a principal causa de câncer de colo de útero podendo ser detectado em 99% dos casos. As proteínas virais E6 e E7 produzidas pelos HPVs de alto risco são importantes para a transformação maligna do epitélio pois, pode se ligar e inativar as proteínas p53 e pRb (genes supressores tumorais) do hospedeiro.
Esse tipo de câncer é prevenível e curável se diagnosticado precocemente. A patologia da evolução do HPV para CCU (câncer do colo uterino) inicia-se com uma lesão pré-invasora que se não for tratada, nos próximos 10 a 20 anos, pode evoluir para carcinoma invasor em 10-30% dos casos. O intervalo de tempo permite que sejam feitos rastreamentos para evitar a evolução da doença.
O exame citopatológico do colo do útero, conhecido como teste do papanicolau, é de valor acessível e fácil execução. O diagnóstico baseia-se na tríade citologia, colposcopia e histologia. A citologia é melhor para o rastreamento de lesões iniciais devido a sua sensibilidade de 60% em casos mais avançados. Testes positivos devem ser valorizados por conta da especificidade de 95%. O padrão ouro de diagnóstico é pelo exame histológico. O estadiamento mais utilizado atualmente é o da federação internacional de ginecologia e obstetrícia (FIGO)³.
Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) dois dias antes do exame, evitar também o uso de duchas vaginais, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais também nos dois dias que antecedem o exame. É importante também que não esteja no período de menstruação para não alterar o resultado do exame.
Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem afetar a sua saúde ou a do bebê. Toda mulher que já teve ou tem vida sexual ativa e de 25 a 64 anos deve fazer todo ano o exame, mas, após dois exames anuais negativos pode se fazer a cada três anos.
- METODOLOGIA
CAPÍTULO 3 – ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
3.1 TIPO DE ESTUDO
Trata-se de um estudo observacional analítico transversal no qual serão avaliados prontuários eletrônicos dos pacientes da Gastroclínica localizada no município de Cascavel no estado do Paraná de forma presencial de forma que o pesquisador irá até a clínica coletar os dados dos prontuários eletrônicos com a supervisão da Doutora Barbara Marciniak.
O estudo busca avaliar se os rastreios são feitos em dia, como também seus resultados.
Em relação às informações obtidas por meio dos prontuários, será realizada uma análise estatística descritiva qualitativa e quantitativa, com o objetivo de verificar aspectos relevantes à pesquisa.
3.2 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO E PLANO DE RECRUTAMENTO
O tempo do estudo será de 1 ano, com a avaliação dos prontuários digitais de pacientes do sexo feminino que realizaram exame de colposcopia nesse período na clínica acima descrita sob acompanhamento da Dra. Barbara Milena Marciniak. Serão analisados os seguintes dados: idade, raça, escolaridade, estado civil, dados de triagem (peso, altura, comorbidades), quais medicamentos faz uso, atividade física, alimentação, histórico familiar de doenças, número de filhos, exames de colposcopia e colpocitológicos realizados.
3.1.1 Critérios de inclusão
Serão incluídos na pesquisa todas as mulheres que realizaram exame de colposcopia e colpocitologia dentro do período de um ano na Gastroclínica em Cascavel – PR.
3.1.2 Critérios de exclusão
Serão excluídos da pesquisa pacientes que não fizeram o exame de colposcopia ou colpocitologia.
3.3 COMO E QUEM IRÁ OBTER O CONSENTIMENTO/ASSENTIMENTO
Será solicitado a dispensa do TCLE por se tratar de uma pesquisa envolvendo prontuário médicos, devido ao número elevado de prontuários a ser analisado em torno de 500 e também levando em consideração que os contatos dos pacientes podem estar desatualizados, ou até mesmo ter vindo a óbito, inviabilizando assim o contato com os mesmos.
3.4 ESCLARECIMENTOS SOBRE COLETA E ARMAZENAMENTO DE MATERIAL BIOLÓGICO OU GENÉTICO HUMANO, SE FOR O CASO
Não se aplica.
3.5 DESCRIÇÃO DE MÉTODOS QUE AFETEM OS PARTICIPANTES DA PESQUISA E ANÁLISE CRÍTICA DE RISCOS E BENEFÍCIOS, BEM COMO MEDIDAS QUE MINIMIZEM E/OU ELIMINEM TAIS RISCOS
Por se tratar de uma pesquisa que utilizará prontuário médico e exames, os riscos envolvidos são muito baixos, restringindo-se a uma possível exposição dos dados dos pacientes. Para a minimização desses riscos, os pesquisadores comprometem-se com o esclarecimento prévio do cunho da pesquisa, o anonimato do questionário e a não revelação de qualquer informação que possa denegrir ou constranger a paciente.
Com relação aos benefícios, espera-se que com essa pesquisa, seja possível reconhecer a necessidade de realizar e incentivar o rastreamento de colo de útero.
3.6 CRITÉRIOS PARA SUSPENDER OU ENCERRAR A PESQUISA
Esta pesquisa poderá ser suspensa a qualquer momento por solicitação dos pesquisadores ou dos pesquisados, não ocasionando prejuízo para nenhuma das partes.
3.7 LOCAL DE REALIZAÇÃO DAS VÁRIAS ETAPAS E INFRAESTRUTURA NECESSÁRIA
O estudo será desenvolvido na Gastroclínica da cidade de Cascavel no Estado do Paraná. A população do estudo será constituída por pacientes do sexo feminino, maiores de 18 anos residentes na cidade de Cascavel – PR e região, atendidos na Gastroclínica.
3.8 EXPLICITAÇÃO DAS RESPONSABILIDADES DE CADA UM DOS ENVOLVIDOS NA PESQUISA
Ao pesquisador responsável, cabe orientar o trabalho e acompanhar o cronograma estipulado no projeto, dando todo o suporte ao pesquisador colaborador.
Já o pesquisador colaborador tem a responsabilidade de coletar os dados e elaborar o artigo científico, respeitando as determinações do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.
3.9 EXPLICITAÇÃO ACERCA DA PROPRIEDADE DAS INFORMAÇÕES GERADAS PELA PESQUISA, SOBRE O USO E DESTINO DAS INFORMAÇÕES/DADOS COLETADOS, BEM COMO MEDIDAS DE PROTEÇÃO RELATIVAS À PRIVACIDADE E CONFIDENCIALIDADE DAS INFORMAÇÕES OBTIDAS PARA REALIZAÇÃO DO ESTUDO, LOCAL E TEMPO DE ARMAZENAMENTO
Os dados coletados durante a pesquisa ficarão sob responsabilidade dos pesquisadores por um período mínimo de 5 (cinco) anos e serão utilizados para divulgação científica.
3.10 ORÇAMENTO
Descrição do Material | Previsão de Custo | ||
Quantidade | Valor Unitário | Valor Total | |
Caneta | 02 uni. | R$ 5,00 | R$ 10,00 |
Papel A4 | 02 resmas | R$ 35,00 | R$ 70,00 |
Cartucho Tinta Preto | 02 uni. | R$ 70,00 | R$ 140,00 |
Total | R$ 220,00 |
3.11 CRONOGRAMA DE ATIVIDADES
3.12 ANÁLISE DOS RESULTADOS E EXPLICITAÇÃO DE QUE OS RESULTADOS DA PESQUISA SERÃO TORNADOS PÚBLICOS, SEJAM ELES FAVORÁVEIS OU NÃO
Os dados coletados serão tabulados em Planilha do Microsoft Excel onde serão analisados estatisticamente. Independente dos resultados obtidos na pesquisa, os pesquisadores declaram que os tornarão públicos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
A pesquisa envolveu 200 mulheres com idades entre 21 e 71 anos que realizaram o rastreamento de neoplasia de colo de útero no ano de 2023 em uma clínica do oeste do Paraná. Dessas, 43% realizaram o rastreamento de forma correta nos dois anos consecutivos tendo resultado negativo para malignidade. Com relação a análise das variáveis, na variável faixa etária foi visto que a faixa etária de 30-34 anos foi responsável pelo maior número de exames realizados 30%.
Essa análise demonstrou que mais da metade das pacientes fazem o rastreamento de forma errada o que não contribui para um diagnóstico precoce e consequentemente uma maior taxa de sucesso no tratamento e garantir uma melhor qualidade de vida para as mulheres.
CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A alta taxa de adesão ao exame Papanicolau está associada à identificação e tratamento precoce, reduzindo o risco de evolução para câncer cervical. É essencial promover campanhas de conscientização e facilitar o acesso a esses serviços de saúde, especialmente em populações vulneráveis. A continuidade do rastreamento e o acompanhamento das mulheres diagnosticadas são fundamentais para garantir resultados positivos e contribuir para a redução da incidência e mortalidade por câncer de colo de útero.
A continuidade dos rastreamentos e acompanhamento rigoroso das mulheres diagnosticadas são cruciais para garantir melhores resultados. O manejo adequado dos pacientes com seguimento ativo e multidisciplinar pode aumentar a confiança e procura das pacientes em realizar a prevenção ou tratamento.
Tendo em vista a sua importância é importante que as mulheres sejam devidamente informadas sobre a necessidade do rastreio e como ele é feito para melhor eficácia da prevenção do câncer de colo de útero. Os profissionais de saúde devem dar atenção aos exames preventivos como a colpocitologia perguntando ao paciente quando foi feita a última coleta do colpocitológico e quando será a próxima coleta. Tudo isso influencia para uma melhor propagação e adesão da informação.
REFERÊNCIAS
Dados e Números sobre Câncer do Colo do Útero – Relatório Anual 2022 [Internet]. INCA – Instituto Nacional de Câncer. 2022. Available from: https://antigo.inca.gov.br/publicacoes/relatorios/dados-e-numeros-sobre-cancer-do-colo-do-utero-relatorio-anual-2022
Mortalidade [Internet]. Instituto Nacional de Câncer – INCA. Available from: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/dados-e-numeros/mortalidade#:~:text=12%2F2022%2020h33–
1.Bhatla N, Aoki D, Sharma DN, Sankaranarayanan R. Cancer of the cervix uteri. International Journal of Gynecology & Obstetrics. 2018 Oct;143:22–36.
HPV e câncer do colo do útero – OPAS/OMS | Organização Pan-Americana da Saúde [Internet]. www.paho.org. Available from: https://www.paho.org/pt/topicos/hpv-e-cancer-do-colo-do-utero
TRAESEL GS, SILVA FKS, FORTES MF. ESTUDO CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DA NEOPLASIA DE COLO UTERINO EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO BAIXO AMAZONAS. Amazônia: tópicos atuais em ambiente, saúde e educação [Internet]. 2022 [cited 2023 May 26];52–70. Available from: https://downloads.editoracientifica.com.br/articles/220910253.pdf
PASSOS, Eduardo Pandolfi. Rotinas em Ginecologia. Edição 7°; 2017. Incidência [Internet]. Instituto Nacional de Câncer – INCA. Available from: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/dados-e-numeros/incidencia#:~:text=No%20Brasil%2C%20exclu%C3%ADdos%20os%20de
Gomes Da Silva J. MINISTÉRIO DA SAÚDE Instituto Nacional de Câncer [Internet]. Available from: https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//diretrizes_para_o_rastreamento_do_cancer_do_colo_do_utero_2016_corrigido.pdf