QUIROPRAXIA E ALÍVIO DAS DORES DE CABEÇA: EXPLORANDO AS CORRELAÇÕES ENTRE AJUSTES CERVICAIS E BEM-ESTAR

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410230926


Juliano Arno¹
Cleto Toaldo²
Filipe Zanrosso³
Dayse Locateli⁴


RESUMO

Objetivo: analisar por meio da escala de Borg os efeitos das técnicas de ajuste cervical na redução de queixas de cefaleia em colaboradores de uma Instituição privada de Ensino Superior no Oeste de Santa Catarina. Métodos: trata-se de um estudo transversal, onde foram realizados seis atendimentos em quiropraxia em um período de três semanas, sendo as queixas de cefaleia (intensidade da dor) avaliadas pela Escala de Borg. Resultados: participaram do estudo 8 colaboradores, predominantemente do sexo feminino (87,50%), com média de idade entre 20 e 34 anos. Os resultados mostraram uma redução significativa na média na Escala de Borg, de 7,88 (±1,73) no início para 0,75 (±1,49) ao final (p = 0,001), com 75,00% dos participantes alcançando valores iguais a zero. Conclusão: Apesar do número baixo de participantes, os dados sugerem que a quiropraxia pode ser uma intervenção eficaz para a cefaleia, sendo necessária a realização de mais pesquisas com um número amostral maior e utilização de um grupo controle. Conclui-se que a quiropraxia é benéfica e pode melhorar a qualidade de vida dos indivíduos que sofrem de dores crônicas, como a cefaleia.

Palavras-chave: Quiroprática; Manipulação Quiroprática; Cefaleia; Manejo da dor.

ABSTRACT

Objective: to analyze, using the Borg scale, the effects of cervical adjustment techniques on reducing headache complaints among employees of a private higher education institution in western Santa Catarina. Methods: this is a cross-sectional study, in which six chiropractic appointments were performed over a three-week period, and headache complaints (pain intensity) were assessed using the Borg Scale. Results: eight employees participated in the study, predominantly female (87.50%), with a mean age between 20 and 34 years. The results showed a significant reduction in the mean on the Borg Scale, from 7.88 (±1.73) at the beginning to 0.75 (±1.49) at the end (p = 0.001), with 75.00% of the participants achieving values equal to zero. Conclusion: Despite the low number of participants, the data suggest that chiropractic care may be an effective intervention for headache, and further research with a larger sample size and use of a control group is needed. It is concluded that chiropractic care is beneficial and can improve the quality of life of individuals suffering from chronic pain such as headache.

Keywords: Chiropractic; Manipulation, Chiropractic; Headache; Pain Management.

1 INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cefaleia é caracterizada por dor na cabeça, ou, na parte superior do pescoço, sendo um dos distúrbios mais comuns do sistema nervoso (OMS, 2024). A Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC) afirma que 140 milhões de pessoas sofrem com dores de cabeça, isso representa mais da metade de toda população do país (SBC, 2017).

A cefaleia pode ser classificada em primária, sendo a dor de cabeça o principal sintoma e a secundária, quando aparece como um sintoma de outras doenças de base. Com isso, é de suma importância que o profissional da área da saúde forneça o diagnóstico correto entre elas. Estudos apontam que ao longo da vida, cerca de 94,00% dos homens e 99,00% das mulheres podem desenvolver esse mal (Speciali et al., 2018).

Distúrbios no pescoço e na coluna vertebral têm a capacidade de desencadear cefaleias, desta maneira intervenções na coluna cervical são formas válidas de tratamento (Haldeman, Dagenais, 2001). Estudo de Rist e colaboradores divulgaram que a manipulação da coluna pode reduzir os episódios de enxaqueca, um tipo de cefaleia primária. Outro ponto levantado por eles é o fato de que mais de 75,00% das pessoas que são acometidas por esse problema, apresentarem queixas musculoesqueléticas (Rist et al., 2021). Um ensaio clínico randomizado percebeu que ajustar a cervical pode reduzir a frequência, gravidade e duração da dor de cabeça (Corum et al., 2021).

A escala de Borg é considerada um instrumento utilizado por profissionais da saúde para mensurar o nível de desconforto em pacientes. Através de uma escala é possível mensurar de 0 a 10 a intensidade da dor, o pode ser útil no monitoramento subjetivo da intensidade da dor dos indivíduos (Waongenngarm et al., 2022).

Neste sentido, a quiropraxia é reconhecida pela pela OMS como uma profissão na área de saúde, que se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção de problemas do sistema neuro-músculo-esquelético, a fim de compreender os efeitos destas alterações sobre a saúde dos indivíduos. Na práxis da quiropraxia utilizam-se de técnicas manuais que visam ajustar as disfunções esqueléticas a fim de reduzir risco de lesões e tratamento de dores (Abquiro, 2024).

Sendo assim, este trabalho buscou analisar por meio da escala de Borg os efeitos das técnicas de ajuste cervical na redução de queixas de cefaleia em colaboradores de uma Instituição privada de Ensino Superior no Oeste de Santa Catarina.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 QUIROPRAXIA

Segundo a Palmer College of Chiropractic (2024), a quiropraxia iniciou em 1895, através de Daniel David Palmer. O foco da profissão se baseia nos cuidados com a coluna, a maneira que o sistema nervoso trabalha e como isso interfere na saúde dos seres humanos. Assim, os quiropraxistas são profissionais de atenção primária e se dedicam a melhorar a condição do paciente através de técnicas conservadoras. Além dos ajustes, é possível trabalhar com terapias de tecidos moles.

Uma pesquisa contratada pela Palmer College of Chiropractic (2020), constatou que as práticas de quiropraxia foram capazes de reduzir em 21,00% as cirurgias de coluna e em 19,00% o uso de opióides nos Estados Unidos.

No Brasil, a profissão começou a se desenvolver em 1992. A formação superior nessa área exige entre 4 e 6 anos de estudos, sendo que a grade curricular deve conter ciências biomédicas, métodos diagnósticos e prática clínica (Abquiro, 2024).

2.2 DOR

A atual definição de dor, segundo International Association for the Study of Pain (IASP) configura-se como “uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial” (Raja et al, 2020.).

Ainda, destaca a importância de elementos como o reconhecimento da dor como uma experiência pessoal influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais, onde o indivíduo através de suas experiências de vida aprendem o conceito de dor, e reconhecendo que a descrição verbal da dor é apenas uma das formas de expressão, onde a incapacidade de comunicação não invalida a possibilidade o sentimento da dor (Raja et al, 2020.).

2.3 CEFALEIAS

As dores de cabeça são queixas comuns e podem se tornar incapacitantes. A enxaqueca, considerada uma das formas de manifestação de cefaleia, se mostrou mais prevalente em mulheres com menos de 50 anos de idade e se caracterizou por gerar algum tipo de dificuldade para as pessoas (Stovner et al, 2022). Nos Estados Unidos, estudo de Nitrini e Bacheschi (2004) demonstrou que durante um ano, foram perdidos mais de cinco milhões de dias de trabalho por conta da enxaqueca.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), desconhece a causa principal da enxaqueca. Contudo, ressalta que pode surgir na adolescência. Os sintomas incluem dor de cabeça de intensidade moderada, ou, grave, desconforto unilateral, ou, atrás do olho e pode durar até 3 dias (OMS, 2024).

A cefaleia tensional gera uma sensação de aperto e peso na cabeça e tende a ser ocasionada pelo estresse, ou, problemas musculoesqueléticos oriundos do pescoço. As crises podem persistir por dias e se tornar incapacitantes. Em algumas localidades, é relatada por mais de 70% dos moradores (OMS, 2024).

Cefaleia em salvas pode ocorrer várias vezes ao dia e se caracteriza por episódios breves, mas graves. Inclui congestão nasal, coriza e rosto avermelhado. É um tipo de cefaleia incomum (OMS, 2024). Além disso, há dores de cabeça ocasionadas pelo uso excessivo de medicamentos. É a classificação mais comum entre as cefaleias secundárias. Afeta na maioria mulheres e os sintomas, normalmente, surgem ao amanhecer. Chega a ser predominante em 5% da população de alguns países (OMS, 2024)

Para o tratamento destes distúrbios é muito comum a utilização de medicamentos analgésicos, porém, estudos comprovam que, mesmo após consultas com médicos especialistas e utilização de medicamentos prescritos, os pacientes não obtiveram resultados expressivos na redução das cefaleias (Ferrari, 2015).

Estudo de Kreuz (2005), analisou prontuários de pacientes que procuraram a Clínica de Quiropraxia do Centro Universitário Feevale no período de 2000 à julho de 2005, com queixa de cefaleia e chegou à conclusão de que as correções quiropráticas de cervical alta (Occipto, Atlas e Áxis) se mostraram benéficas no quesito analgesia. Além disso, depois de quatro atendimentos, os pacientes apresentaram melhoras significativas.

2.4 ESCALA DE BORG MODIFICADA

Martins et al. (2014) explica que a escala de Borg foi descrita pelo fisiologista sueco Gunnar Borg, em 1974. Originalmente, era utilizada para descrever a sensação de esforço durante uma atividade física e consistia em números de 6 a 20. No entanto, em 1982 surgiu a Escala de Borg Modificada, com o objetivo de avaliar o grau de percepção do esforço e dispneia durante um exercício. Essa ferramenta consiste de uma tabela com numeração entre 0 e 10 que gradua a dor sendo a menor intensidade igual a 0, e a maior intensidade igual a 10 (Borg, 1982).

A escala modificada pode ser utilizada em diferentes contextos, sendo a percepção de dor uma alternativa (Chen et al., 2002).

2.5 AJUSTES QUIROPRÁTICOS

O objetivo do ajuste é melhorar a comunicação entre o sistema nervoso e o restante do corpo, e desde o surgimento da quiropraxia, várias maneiras de alavancar esse contato foram desenvolvidas. A técnica diversificada, uma das mais utilizadas, foi criada por Daniel David Palmer e, posteriormente, refinada por Otto Reinert (Shibata, 2021).

Os movimentos consistem em impulsos manuais, que visam corrigir as subluxações na coluna vertebral, sendo que durante os procedimentos, estalos podem ser ouvidos. Raios-X e histórias de casos são alternativas para se chegar a diagnósticos (Shibata, 2021). Os procedimentos tendem a ter baixa amplitude e alta velocidade, podendo o profissional utilizar alavancas longas, ou, curtas, sendo essa última a mais empregada (Haldeman, 1980).

No entanto a OMS divulgou uma lista de contra-indicações para o tratamento utilizando técnicas quiropráticas, sendo alguns exemplos: malformação de Arnold-Chiari da coluna cervical superior, instabilidade do odontoide, tumor da medula espinhal, osteoblastoma, osteomielite, fraturas agudas e síndrome da cauda equina (OMS, 2005). Estas contra-indicações fortalecem a necessidade do profissional quiropraxista ter a formação adequada com capacidade de realizar um diagnóstico correto, tornando assim as intervenções quiropráticas seguras e eficazes no tratamento de vários problemas de saúde (OMS, 2005).

3 MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, realizado no segundo semestre de 2023. Bordalo (2006), explica que existe a pesquisa transversal de incidência, que se caracteriza por ser dinâmica e investiga as doenças em grupos de novos casos, no decorrer do período e em espaços diferentes. Além disso, há a pesquisa transversal de prevalência, que estuda incidências novas e antigas de uma mesma perspectiva de tempo e local.

Freire e Patussi (2018), escrevem que os dados podem ser obtidos através de fontes primárias ou secundárias nos estudos transversais. Com isso, é possível investigar com rapidez vários tipos de enfermidades, possibilita estudos de prevalência, pode ser repetida com agilidade, permite controlar a amostra e é considerada de baixo custo. Contudo, não se mostra eficaz para doenças raras, não possibilita estudos de incidência, não é recomendada para testar hipóteses e se a intenção for comparar dois grupos, pode apresentar imprecisão nos resultados obtidos.

3.1 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Na oportunidade, todos os colaboradores de uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada do Oeste de Santa Catarina foram convidados a participar da pesquisa, através de visitas aos setores e pelo e-mail institucional. O convite foi direcionado aos colaboradores da IES que apresentavam sintomas de dores de cabeça frequentes.

Aos interessados, foram repassadas informações acerca do agendamento do atendimento em quiropraxia na recepção da clínica de Quiropraxia da referida instituição e/ou através de contato telefônico. Os pesquisadores enviaram mensagens telefônicas (via whatsapp) aos pacientes a fim de confirmar os atendimentos, que aconteceram duas vezes na semana, por 3 semanas consecutivas (totalizando 6 atendimentos).

3.2 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

No primeiro atendimento, foram esclarecidos os riscos e os benefícios aos participantes do estudo, os quais aceitaram participar através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), permitindo o acesso de seus prontuários pelos pesquisadores. Os pesquisadores acompanharam o preenchimento dos prontuários e todos os atendimentos subsequentes.

Foram selecionados apenas pacientes com queixas de enxaqueca ou dores de cabeça frequentes. Em seguida, os pacientes foram conduzidos ao exame físico e a testes ortopédicos pertinentes, a fim de descartar situações que pudessem impedir o atendimento quiroprático. Na sequência, foram conduzidos a maca de atendimento para a avaliação quiroprática e ajustados pelos profissionais da clínica, independente da equipe de pesquisa. Para o procedimento foi utilizado a técnica diversificada e ajustadas, apenas, vértebras cervicais.

A escala de Borg foi utilizada em todos os atendimentos, sendo que no primeiro, foi preenchida pelos pacientes. Nas outras ocasiões, os acadêmicos perguntavam às pessoas qual o nível de desconforto e marcavam o número correspondente.

Ao final de três semanas de acompanhamento (6 atendimentos), os prontuários foram re-analisados nos mesmos parâmetros investigados anteriormente a fim de identificar a melhora clínica após o tratamento de quiropraxia. Todas as informações foram coletadas dos prontuários dos pacientes, antes e após os atendimentos quiropráticos.

3.3 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

Para análise estatística, inicialmente foram calculadas as frequências absolutas e relativas das variáveis investigadas acerca do perfil dos participantes do estudo. Para análise dos valores da Escala de Borg (escala de dor), foram estimados os valores da média e do desvio padrão da Escala no momento inicial do estudo (antes da intervenção de quiropraxia), e depois ao final do estudo (após 6 atendimentos). Posteriormente, a diferença nos valores da Escala no início e ao final do estudo foi estimado por meio do Teste t pareado, sendo observados os valores de p. O Teste t pareado foi utilizado tendo em vista o pressuposto de analisar duas amostras com observações dependentes ou pareadas (antes e depois) (Barbetta, 2019).

Ainda, os valores inicial e final de cada participante foram comparados através de representação gráfica. As referidas análises foram realizadas através do software estatístico Jamovi, em sua versão 2.3.26.0.

3.4 ÉTICA EM PESQUISA

A referida pesquisa possui aprovação ética sob o parecer número 74367123.3.0000.8146, seguindo integralmente os preceitos éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

4 RESULTADOS

Participaram do estudo 8 (oito) indivíduos, sendo estes em sua maioria do sexo feminino (87,50%), na faixa etária de 20-34 anos (62,60%). Observou-se que a maioria dos participantes possuíam algum sintoma de ansiedade ou depressão prévio (75,00%), e quanto a cefaleia o tempo de início dos sintomas variou de <1 ano há mais de 5 anos, sendo utilizado como estratégias de alívio dos sintomas mais prevalentes o repouso (37,50%) e o uso de medicação (37,50%), quando a quiropraxia citada por apenas um dos participantes (12,50%) (tabela 1).

Tabela 1: Perfil dos participantes do estudo.

Quando observados os valores da escala de Borg no início e ao final dos atendimentos em Quiropraxia, observou-se que a média da escala inicial permaneceu em 7,88 (±1,73), caindo para 0,75 (±1,49) ao final dos 6 atendimentos, sendo uma redução estatisticamente significativa (p = 0,001) (tabela 2).

Tabela 2: Média e desvio padrão da escala de Borg no início e ao final da intervenção de Quiropraxia.

*obtido através do teste T pareado.

Ao observar os valores da Escala de Borg inicial e ao final dos atendimentos de cada um dos participantes, destaca-se que dentre os 8 participantes, 6 (equivalente a 75,00%) tiveram valores finais da escala igual a zero (Figura 1).

Figura 1: Valores da escala de Borg no início e ao final da intervenção de Quiropraxia.

Fonte: elaborado pelos autores.

5 DISCUSSÃO

O estudo demonstrou a redução significativa dos sintomas de cefaleia nos pacientes ao final dos 6 atendimentos de quiropraxia. Inicialmente a média na escala de Borg era de 7,88 (DP± 1,73) e ao final, o resultado foi de 0,75 (DP±1,49), sendo esta redução estatisticamente significativa (p-valor 0,001).

Nilsson et al. (1997) reiteram que a manipulação espinhal pode ser utilizada com a finalidade de tratar dores de cabeça e tende a gerar alívio dos sintomas. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores ajustaram 28 pessoas, duas vezes por semana, durante 3 semanas. Além disso, outros 25 pacientes receberam laser de baixa intensidade na região cervical superior e massagem de fricção profunda. A comparação entre esses dois grupos, mostrou que 69,00% das pessoas que foram manipuladas tiveram redução nas horas de desconforto, contra 37,00% das que não passaram por esse procedimento.

Fernández de Las Peñas et al. (2005) também evidenciaram que a terapia manipulativa focada na coluna pode gerar resultados positivos para quem sofre com dores de cabeça oriundas da cervical. Os ajustes se mostraram benéficos na redução da intensidade, duração das dores de cabeça e impactaram na diminuição do uso de medicamentos para combater esse mal.

A presente pesquisa apontou que 37,50% dos pacientes faziam uso de algum fármaco como forma de alívio. Porém, seria necessária uma abordagem diferente para verificar se houve a mudança desses dados, pois foram números colhidos, apenas, na anamnese inicial.

Variáveis psicológicas, como depressão e ansiedade foram identificadas em 75,00% das pessoas analisadas no presente estudo. Silva e Ribeiro Filho (2011), enfatizaram que isso pode alterar o resultado final das pesquisas, pois a memória, expectativas e emoções se mostram possíveis influenciadores na mensuração da dor. Tuchin et al. (2000), escreveram um ensaio clínico randomizado visando avaliar a eficácia da quiropraxia no tratamento da enxaqueca e enalteceram que mais de 80,00% dos participantes afirmaram que o estresse é o fator determinante para desencadear crises de cefaleia.

Como limitações do estudo, reconhece-se que o uso da escala de Borg tende a ser subjetiva tendo em vista que os valores referidos pelos pacientes podem não corresponder com a realidade. Além disso, o tamanho da amostra, que ao se apresentar em tamanho reduzido, permite apenas considerar os resultados para a população em questão. Destaca-se que um grupo controle não foi incluído como forma de comparação e pesquisas longitudinais podem ser realizadas com o intuito de confirmar, a longo prazo, essas informações. Além disso, seria válido outro método para aferir a percepção de dor, ao invés da escala de Borg, que se mostrou limitada.

6 CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo se mostraram fidedignos na explanação dos dados coletados e sugere a eficácia da utilização de ajustes cervicais para a redução das queixas de cefaleia em colaboradores de uma Instituição de Ensino Superior privada do Oeste de Santa Catarina.

Apesar das limitações descritas acima, a redução do desconforto ocasionado pelas cefaleias pode proporcionar qualidade de vida aos participantes e ser favorável para a universidade, no quesito de diminuição de custos de despesas médicas com os contratados. Isso poderá ser analisado futuramente através de outras pesquisas. Conclui-se que a quiropraxia se mostrou benéfica e tende a se tornar usual no cotidiano dos trabalhadores desta empresa.

REFERÊNCIAS

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¹Discente do Curso de Quiropraxia UCEFF. E-mail: juliano.arno@hotmail.com
²Discente do Curso de Quiropraxia. E-mail: cletojt@gmail.com
³Docente do Curso de Quiropraxia UCEFF. Quiropraxista. Especialista. E-mail: filipe.zanrosso@uceff.edu.br
⁴Docente do Curso de Quiropraxia. Farmacêutica. Mestre. E-mail: dayse@uceff.edu.com.br