QUANTIFICATION OF CANNABINOIDS IN MEDICINAL EXTRACTS OF CANNABIS SATIVA BY GAS CHROMATOGRAPHY AND MASS SPECTROMETRY
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505190038
Lívia de Lima Souza1
Naiara Carneiro Oliveira Fiuza2
Guilherme Borges Macedo3
RESUMO
Introdução: O estudo de canabinoides em extratos de cannabis medicinal tem ganhado importância crescente nas ciências farmacêuticas e médicas devido ao seu potencial terapêutico. A técnica de Cromatografia Gasosa combinada com Espectroscopia de Massa (CG-EM) foi estabelecida como uma técnica segura para quantificação precisa e confiável desses canabinoides. Objetivo: Avaliar a influência de diferentes métodos de extração de canabinoides na variação da composição e concentração dos compostos em extratos medicinais de Cannabis, com a finalidade de fornecer subsídios para garantir a segurança e a consistência desses produtos. Metodologia: Trata-se de um estudo de Revisão de literatura bibliográfica usando o método qualitativo e descritivo para análise de dados. Pesquisa foi realizada em livros, revistas, jornais e artigos científicos, pelo acesso online nas bases de dados: SciELO, LILACS, Bireme, PubMed e Google Acadêmico. Foram empregados os descritores MeSH/DeCS e os operadores booleanos. Resultados e discussão: A utilização de cromatografia gasosa à espectrometria de massas pode ser considerada a abordagem uma das mais eficiente para a quantificação de canabinoides em extratos medicinais de cannabis. Embora existam outras metodologias, a CG-MS oferece as melhores vantagens em termos de sensibilidade, precisão e capacidade de quantificação em amostras complexas. Conclusão: conclui-se que a cannabis medicinal, a complexidade da matriz vegetal e a diversidade dos produtos formulados exigem métodos analíticos fortes, que considerem não apenas a composição, mas também a estabilidade e a biodisponibilidade dos princípios ativos. A escolha adequada da técnica analítica, aliada a protocolos validados, é imprescindível para assegurar resultados confiáveis, que sustentem a prescrição médica e o desenvolvimento de medicamentos seguros.
Palavras-chave: Cannabis sativa. Extratos medicinais de cannabis. Canabinoides. Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM). Quantificação.
ABSTRACT
Introduction: The study of cannabinoids in medicinal cannabis extracts has gained increasing importance in pharmaceutical and medical sciences due to their therapeutic potential. The Gas Chromatography combined with Mass Spectroscopy (GC-MS) technique has been established as a safe technique for accurate and reliable quantification of these cannabinoids. Objective: To evaluate the influence of different cannabinoid extraction methods on the variation of the composition and concentration of compounds in medicinal Cannabis extracts, with the purpose of providing subsidies to ensure the safety and consistency of these products. Methodology: This is a bibliographic literature review study using the qualitative and descriptive method for data analysis. Research was carried out in books, magazines, newspapers and scientific articles, through online access in the databases: SciELO, Lilacs, Bireme, PubMed and Google Scholar. MeSH/DeCS descriptors and Boolean operators were used. Results and discussion: The use of gas chromatography-mass spectrometry can be considered one of the most efficient approaches for the quantification of cannabinoids in medicinal cannabis extracts. Although other methodologies exist, GC-MS offers the best advantages in terms of sensitivity, precision and quantification capacity in complex samples. Conclusion: It is concluded that medicinal cannabis, the complexity of the plant matrix and the diversity of formulated products require strong analytical methods that consider not only the composition, but also the stability and bioavailability of the active ingredients. The appropriate choice of the analytical technique, combined with validated protocols, is essential to ensure reliable results that support medical prescription and the development of safe drugs.
Keywords: Cannabis sativa. Medicinal cannabis extracts. Cannabinoids. Gas Chromatography-Mass Spectrometry (GC-MS). Quantification
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o interesse pelas aplicações médicas da cannabis aumentou de forma significativa. A classificação da planta pode ser feita levando em consideração sua genética, suas características fenotípicas e sua composição química, pois ela é rica em fitoquímicos bioativos que têm importância na farmacologia. Extratos medicinais de plantas do gênero Cannabis têm sido usados para tratar uma variedade de condições patológicas. Apesar da Cannabis sativa L. ser a espécie principal do gênero, existem diversas subespécies e diferentes variedades cultivadas. Dentre os compostos bioativos mais estudados, destaca-se os canabinoides, os quais pertencem à classe dos terpenofenólicos Dentre os compostos bioativos mais estudados, destacam-se os canabinoides, pertencentes à classe dos terpenofenólicos (Ubeed et al., 2022).
De acordo com Carvalho et al (2020), os principais canabinóides encontrados na planta são o ácido tetrahidrocanabinólico (THCA) e o ácido canabidiólico (CBDA). Quando estes compostos são transformados em suas formas neutras, que são o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), apresentam efeitos farmacológicos paradoxais no Sistema Nervoso Central (SNC). O THC é psicoativo com características euforizantes, ao passo que o CBD é um depressor com propriedades anticonvulsivante e ansiolítica. O THC também possui propriedades antiemético e analgésico, enquanto o CBD possui efeito antipsicótico e anti-inflamatório.
A cannabis é classificada na América do Norte e na Europa com base na proporção de seus principais canabinoides, tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD). As variedades com maior teor de THC ao de CBD são classificadas como droga/maconha (drug type/marijuana) e estão sob controle mais rigoroso devido às propriedades psicoativas do THC (Araújo et al., 2023). Enquanto o THC impõe controle rígido por suas propriedades psicoativas, o cânhamo se destaca pela versatilidade e sustentabilidade, sendo amplamente utilizado em têxteis, alimentos e plásticos biodegradáveis. Essa valorização do cânhamo como “produto verde” no Acordo Verde Europeu impulsionou sua produção, especialmente na França, que lidera com 70% da produção regional (Duchateau et al., 2025).
O uso de medicamentos com base nos canabinoides ainda é novo no Brasil e, embora existam determinadas constatações científicas que demonstrem seus resultados farmacológicos, ainda existem obstáculos que bloqueiam o uso desses medicamentos pelos pacientes. Por conseguinte, a legalização da Cannabis para fins médicos e científicos é muito importante, pois enfatiza a sua potencialidade farmacológica dos seus componentes ativos (Porcionato et al., 2021).
Em território brasileiro, apenas no ano de 2014, aprovaram a Resolução RE Nº 2.113/2014, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) que regulou a utilização do canabidiol (CBD), estimulado pelos efeitos clínicos no exercício do tratamento da epilepsia. Após, na data de 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 17/2015 regulamentou a importação de extratos medicinais de Cannabis. Depois, no ano de 2019, o canabidiol foi removido da relação de substâncias proibidas e, no mesmo ano, foi autorizada a produção de extratos no Brasil. E atualmente, simplificou o procedimento de solicitação de importação de produtos à base de canabidiol em associação com outros canabinoides. (Anvisa, 2022).
O estudo de canabinoides em extratos medicinais de Cannabis tem ganhado importância crescente nos campos farmacêutico e médico devido ao seu potencial terapêutico. A extração de canabinoides é um processo fundamental, com vários métodos disponíveis. A escolha do método apropriado depende do objetivo, da pureza desejada e dos recursos disponíveis. Os métodos comuns incluem extração de hidroálcool, extração de fluido supercrítico, extração de líquido pressurizado e pressurização a quente. Métodos modernos, como extração ultrassônica, também ganharam atenção. A escolha do método apropriado depende da pureza desejada e dos recursos disponíveis (Major; Ferrisi, 2024).
De acordo com Araújo et al (2023), os canabinoides têm potencial para tratar condições clínicas como dor crônica, epilepsia refrativa, esclerose múltipla e certos tipos de câncer. No entanto, sua padronização e determinação precisa em produtos derivados são cruciais para segurança, eficácia e qualidade terapêutica. Carvalho et al (2020), esclarecem que a Cromatografia Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM) é uma técnica sensível e específica usada para analisar compostos voláteis, incluindo canabinoides, fornecendo alta resolução e sensibilidade e permitindo a identificação de canabinoides em níveis reduzidos. Dessa forma, Herrera et al (2024) revelam que a técnica de CG-EM surge como um instrumento essencial para a verificação dos componentes ativos dos extratos de Cannabis, contribuindo para a normalização de produtos medicinais e aumentando a segurança dos tratamentos.
Assim, o objetivo deste estudo é avaliar a influência de diferentes métodos de extração de canabinoides na variação da composição e concentração dos compostos em extratos medicinais de Cannabis, com a finalidade de fornecer subsídios para garantir a segurança e a consistência desses produtos.
2 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de Revisão de Literatura bibliográficas, usando o método qualitativo e descritivo para a análise dos dados. Conforme Marconi e Lakatos (2018), a pesquisa bibliográfica abrange o conjunto de informações publicadas sobre o tema estudado, incluindo livros, periódicos, artigos científicos, monografias, dissertações, teses e outros. A pesquisa qualitativa, aprofunda-se nas especificidades do objeto de estudo, investigando significados, motivações, aspirações, atitudes e hábitos, em meio a outros aspectos importantes, para estabelecer uma compreensão ampla e contextualizada do fenômeno.
A questão-norteadora foi alcançada a partir da estruturação do problema: Como os diferentes métodos de extração de canabinoides em extratos medicinais de Cannabis influenciam a variação da composição e a concentração desses compostos, detectados por Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM)? E de que forma essa análise pode estabelecer subsídios para promover a segurança e a consistência dos produtos de Cannabis medicinal?
Os dados foram coletados por meio do cruzamento dos seguintes descritores (DesC/MeSH): Cannabis sativa L (OR) Cannabis sativa L (AND) Extratos medicinais de cannabis(OR) Medicinal cannabis extracts (AND) Canabinoides (OR) Cannabinoids (AND) Cromatografia Gasosa Acoplada à Espectrometria de Massas (OR) Gas Chromatography Coupled to Mass Spectrometry (AND) Quantificação (OR) Quantification, empregando as bases científicas indexadas na SciELO, PubMed e Google Acadêmico.
Os critérios de inclusão incluíram artigos em português e inglês publicados entre 2020 a 2025, métodos de cromatografia gasosa para quantificação de canabinoides e dados sobre a eficiência e precisão dos métodos analíticos. Os critérios de exclusão incluíram estudos que não abordassem especificamente o tema, os que não apresentem validação dos métodos de extração de canabinoides em extratos medicinais de cannabis e acesso restrito. Esses critérios visam garantir a quantidade e a confiabilidade dos estudos selecionados, evitando informações irrelevantes.
Após a seleção dos artigos científicos, foi realizada uma análise crítica dos estudos incluídos, iniciando com uma leitura exploratória do título e do resumo. A extração dos dados abrangeu informações como título, autoria, periódico de publicação, objetivos, principais resultados e conclusões. Para a apresentação dos achados, foi utilizado um fluxograma, conforme apresenta na Figura 1, e a revisão de literatura na forma de quadro comparativo Quadro 1 dos artigos encontrados, seguido pelos resultados e discussão dos dados coletados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após elaborar o fluxograma da revisão de literatura com o tema de estudo “Quantificação de canabinoides em extratos medicinais de cannabis sativa por cromatogria gasosa e espectrometria de massas”, a seguir é demonstrado no Quadro 1 os artigos selecionados para os resultados e discussão dos dados coletados.
Quadro 1: Autores, Título, Tipo de estudo e Resultados
AUTORES, ANO | TÍTULO | TIPO DE ESTUDO | RESULTADOS |
Araújo et al., 2023 | Mecanismo de ação dos canabinoides: visão geral. | Revisão bibliográfica | Explica os mecanismos farmacológicos dos canabinoides e seus efeitos no sistema endocanabinoide |
Brayan et al., 2023 | Validation of analytical method of cannabinoids: Novel approach using turbo-extraction | Estudo experimental com validação | Desenvolvimento e validação de método inovador para extração e análise de canabinoides, com alta eficiência e precisão |
Brighenti et al., 2021 | Separation and non-separation methods for the analysis of cannabinoids in Cannabis sativa | Revisão científica | Análise comparativa de métodos cromatográficos e espectrométricos para canabinoides, destacando vantagens e limitações |
Carvalho et al., 2020 | Quantificação de canabinoides em extratos medicinais de Cannabis por cromatografia líquida de alta eficiência | Estudo experimental | O estudo demonstrou a eficiência da cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) na quantificação de canabinoides em extratos medicinais de Cannabis, permitindo maior precisão e segurança na dosagem terapêutica. |
Costa, 2022 | Quantificação química de CBD e THC e análise bacteriológica de extratos artesanais de cannabis Sativa: a importância da regulamentação | Dissertação de Mestrado | Demonstra a variação na composição química dos extratos artesanais e a presença de contaminantes microbiológicos. |
Duarte, 2021 | Metodologias de detecção e de confirmação de canabinoides em amostras brutas de cannabis sativa l. E EM amostras biológicas de fluido oral | Tese de doutorado | Desenvolve metodologias analíticas para detecção de canabinoides em amostras vegetais e biológicas. |
Duchateau et al., 2025 | Chromatographic and Spectroscopic Analyses of Cannabinoids: A Narrative Review Focused on Cannabis Herbs and Oily Products | Revisão narrativa | O estudo fornece uma análise abrangente das técnicas cromatográficas e espectroscópicas utilizadas na identificação e quantificação de canabinoides em ervas de Cannabis e produtos oleosos, reforçando a importância da padronização nos processos de análise. |
Francisco et al | Development of GC–MS coupled to GC–FID method for the quantification of cannabis terpenes and terpenoids | Estudo de método analítico | Integração de GC–MS e GC–FID para quantificação precisa de terpenos em cinco variedades de cannabis medicinal. |
Franzin et al, 2023 | Quantification of 7 cannabinoids in cannabis oil using GC-MS | Estudo analítico aplicado | Método validado por GC-MS aplicado com sucesso em preparações terapêuticas regionais italianas. |
Herrera et al., 2024 | Analysis of Cannabinoids in Medicinal Cannabis Products: A Comprehensive Review | Revisão abrangente | Síntese de métodos analíticos utilizados para análise de canabinoides em produtos medicinais. |
Lazarjani et al. | Methods for quantification of cannabinoids: a narrative review | Revisão narrativa | Discussão dos principais métodos de quantificação de canabinoides, com foco em aplicações laboratoriais. |
Liu et al., 2022 | Compostos bioativos da Cannabis sativa e suas tecnologias de extração, separação, purificação e identificação: uma revisão atualizada | Revisão bibliográfica | Analisa métodos avançados de extração e purificação de canabinoides. |
Lynch et al., 2023 | Gas Chromatography−Mass Spectrometry Analysis of Cannabis | Estudo didático- laboratorial | Aplicação de GC-MS em contexto educacional, promovendo aprendizado prático de análise de canabinoides. |
Major; Ferrisi, 2024 | Produtos de cannabis: quais métodos de extração, separação e purificação são mais utilizados? | Revisão bibliográfica | Identificou que os métodos de extração mais comuns para produtos de cannabis incluem extração hidroalcoólica, supercrítica e com solventes orgânicos. Destaca-se a importância da escolha do método conforme o tipo de composto desejado (canabinoides, terpenos). Técnicas de purificação e separação como cromatografia líquida e gasosa são essenciais para garantir a qualidade e pureza dos extratos. |
Moreno et al., 2020 | Extração de canabinoides do cânhamo (Cannabis sativa L.) usando solventes de alta pressão: uma visão geral das diferentes opções de processamento | Estudo experimental | Avalia eficiência de diferentes solventes na extração de canabinoides. |
Ramires, 2023 | Esclarecendo as diferenças entre porcentagens (%), proporções (CBD: THC) e miligramagem nos Óleos Medicinais de Cannabis | Artigo técnico/divulgação científica | O estudo explica a distinção entre os conceitos de porcentagem, proporção e concentração em miligramas nos óleos medicinais de Cannabis, enfatizando a importância da correta interpretação dessas medidas para o uso terapêutico. Destaca como variações na proporção CBD: THC podem impactar a eficácia do tratamento, dependendo da condição clínica do paciente. |
Santos et al., 2020 | Cromatografia Gasosa acoplada a Espectrômetro de massas (CG-EM) e suas diversas aplicações | Estudo técnico e revisão de aplicações | A pesquisa abordou as aplicações da CGEM na identificação de compostos orgânicos, incluindo canabinoides, enfatizando sua alta sensibilidade e especificidade na análise de amostras complexas. |
Ubeed et al., 2022 | A Comprehensive Review on the Techniques for Extraction of Bioactive Compounds from Medicinal Cann | Revisão sistemática | A revisão aborda técnicas avançadas para extração de compostos bioativos da Cannabis, destacando métodos como extração por fluido supercrítico, destilação e cromatografia, enfatizando suas vantagens e limitações. |
Pegoraro et al.,2021 | Chemical profiles of cannabis sativa medicinal oil using different extraction and concentration methods | Estudo comparativo de métodos | Perfis químicos distintos conforme técnicas de extração empregadas em óleo medicinal de cannabis. |
Ribeiro et al., 2024 | Perfil de fitocanabinoides em extratos de cannabis: derivatização e otimização por cromatografia gasosa | Estudo analítico com derivatização | Implementação de GC otimizada com derivatização para análise eficiente de fitocanabinoides |
Stefkov et al., 2022 | Técnicas analíticas para o perfil de fitocanabinoides em cannabis e produtos à base de cannabis | Revisão científica abrangente | Revisão detalhada de técnicas analíticas modernas para identificação de fitocanabinoides |
Conhecida popularmente como maconha, a Cannabis sativa L. é uma planta milenar com grande potencial terapêutico. Seu uso terapêutico é documentado desde a era medieval, com descobertas que remontam a 3750 a.C. em regiões como China, África e Grécia, sendo uma das plantas mais antigas de que se tem registro. C. sativa foi primeiramente descrita por Carolus Linnaeus (1753) no século XVIII, sendo então cultivada por suas propriedades benéficas para a indústria têxtil e de papel (Franzin et al., 2023).
Essa longa história de uso reforça a relevância atual da planta, sobretudo no campo farmacêutico, onde a quantificação precisa dos canabinoides em extratos medicinais de Cannabis sativa é de extrema importância para a indústria farmacêutica, devido à crescente demanda por tratamentos baseados em produtos derivados da planta (Franzin et al., 2023). Assim, este estudo visa explorar os métodos existentes de extração e quantificação de canabinoides, com ênfase na cromatografia gasosa à espectrometria de massas (CG-MS). Na concepção e Lynch et al (2020), a CG-MS é uma técnica amplamente utilizada pela sua alta sensibilidade e precisão. A comparação entre as metodologias aplicadas por diferentes autores, considerando seus avanços e limitações, é fundamental para entender os melhores procedimentos analíticos disponíveis.
A mais recente resolução, aprovada em 22 de janeiro de 2020 (RDC 335/220), visa simplificar e acelerar o acesso a produtos relacionados à Cannabis. Esta norma estabelece novas diretrizes e etapas para a importação de canabidiol no Brasil por indivíduos, apenas para uso pessoal, sob prescrição de profissionais autorizados, com o objetivo terapêutico (Araújo et al., 2023). Carvalho et al (2020) relatam que várias substâncias geradas no metabolismo secundário desta planta têm relevância farmacológica, particularmente os canabinoides (terpenofenólicos). Segundo uma revisão recente, foram identificados mais de 545 componentes metabólicos na Cannabis, sendo 144 deles isolados e categorizados como fitocanabinoides.
Assim sendo, segundo Costa (2022), o Professor Elisaldo Carlini, na década de 80, conduziu a primeira pesquisa científica no Brasil, testando o impacto da Cannabis sativa na epilepsia. Neste momento, foi conduzido um estudo clínico duplo-cego em pacientes que apresentavam ao menos uma crise convulsiva generalizada semanalmente, mesmo tomando algum medicamento anticonvulsivante, sendo que, a pesquisa mencionada apresentou resultados encorajadores. No entanto, Lynch et al (2023), pontuam que atualmente, é reconhecido que a aplicação da Cannabis sp. e seu uso na saúde requerem um profundo entendimento de suas propriedades terapêuticas e, sobretudo, de suas características botânicas.
O termo canabidiol (CBD) refere-se a substâncias, sejam elas naturais ou sintéticas, que estimulam os receptores canabinóides. Trata-se de uma das mais de 400 substâncias químicas canabinoides presentes na Cannabis sativa, ocupando uma grande proporção da planta, representando praticamente mais de 40% de seus extratos (Duchateau et al., 2025). Ramires (2023) informa que as substâncias incluem os fitocanabinoides, endocanabinóides e os canabinóides sintéticos, uma variedade de compostos que se ligam aos receptores canabinóides. A maior utilidade do CBD reside na sua aplicação sem provocar intoxicação, diferentemente do THC, o principal componente da planta, que provoca efeitos alucinógenos.
Major e Ferisse (2024) explicam que a única aplicação conhecida do CBD como segura e eficaz é no tratamento de certos tipos de convulsões. Contudo, alguns indivíduos empregam o CBD para tratar diversas condições de saúde, tais como o Transtorno bipolar, dor, ansiedade, doença de Crohn, diabetes, problemas de sono, esclerose múltipla, sintomas de abstinência de heroína, morfina, tratamentos paliativos contra o câncer – alívio da dor e náusea, além de outros opioides. Herrera et al (2024) elucidam que a aplicação medicinal da cannabis é uma prática antiga recomendada para várias condições clínicas. Os opioides e os anti-inflamatórios derivados de plantas são as duas principais categorias de medicamentos empregados no tratamento da dor. Simultaneamente, Moreno et al (2020) deixam claro que as investigações acerca das características farmacológicas da cannabis e seu potencial terapêutico avançaram consideravelmente nas últimas décadas, especialmente após a descoberta do principal componente psicoativo Δ9-tetrahidrocanabinol (THC).
Neste contexto, Lynch et al (2023), discorrem que a extração de canabinoides de Cannabis sativa é uma área de crescente interesse, e diferentes métodos têm sido propostos para otimizar a qualidade e o rendimento dos extratos, diversos autores exploram os métodos de extração de canabinoides, um passo essencial para a preparação de amostras para análise cromatográfica. A pesquisa de Duarte (2021) aborda metodologias para a detecção e confirmação de canabinoides em amostras de Cannabis sativa utilizando técnicas avançadas, como a CG-MS, combinadas com fluido oral.
Liu et al (2022) ressaltam que a extração hidroalcóolica é o método de extração com o maior rendimento e o mais popular no Brasil. Trata-se de fazer a limpeza da matéria vegetal com a utilização de um álcool de alta pureza como solvente. A produção pode ser realizada de maneira artesanal ou por meio de tecnologia laboratorial. Embora o etanol apresente um alto rendimento, Costa (2022) argumenta que a sua utilização como solvente resulta em extratos que possuem uma variedade restrita de compostos da planta, concentrando-se principalmente nos canabinoides. Em seguida, Major; Ferisse (2024) destacam que para manter os canabinoides e evitar sua degradação, a temperatura mais adequada fica entre -20°C e 25°C, e o processo geralmente leva de 12 a 48 horas, dependendo da quantidade de solvente e do volume de material vegetal utilizado.
No entanto, Brayan et al (2023) propõem a utilização de um método inovador de extração por turbo-extratação, o que pode aumentar a eficiência na separação dos compostos alvo, demonstrando maior sensibilidade e rapidez, em comparação com métodos tradicionais como a extração por solventes. Essa inovação tem se mostrado particularmente útil para amostras complexas, como os extratos de cannabis medicinais. Segundo Santos (2023), a Extração em Fluído Supercrítico com CO₂ é vista como uma das melhores opções para a obtenção de extratos medicinais de alta pureza. O CO₂ possui características tanto de gás quanto de líquido, o que possibilita uma extração de forma seletiva, com eficácia e preserva os compostos voláteis, como os terpenos. Consiste em extrair os tricomas da Cannabis sativa L. em temperaturas baixas, utilizando arrasto de fluídos supercríticos, como gelo seco (CO2) e butano (C4H10).
No entanto, Liu et al (2022) enfatizam que a utilização de butano como co-solvente, embora eficaz para a obtenção de extratos com alta concentração de tetrahidrocanabinol (THC), requer purificação rigorosa devido à toxicidade do solvente. A extração com CO₂ é mais controlada e rápida, levando de 1 a 3 horas, com temperaturas variando entre 31°C e 70°C (Moreno et al., 2020). Major e Ferisse (2024) descrevem que a Extração em Líquido Pressurizado, trata-se de um método de extração que é comumente utilizado na indústria, no qual são aplicados solventes a altas pressões com o objetivo de agilizar o processo e aumentar a eficiência da extração. Os solventes empregados nesse processo de extração incluem soluções alcoólicas e cetonas, de maneira similar à extração hidroalcóolica. Conforme Pegoraro et al (2021), a temperatura geralmente varia entre 50°C e 200°C, dependendo do tipo de solvente utilizado. Duração: Pode variar de 10 a 60 minutos, sendo um método que não leva muito tempo.
A prensagem a quente é uma nova tendência no mercado, pois não utiliza solventes e permite manter os terpenos da planta no extrato. Moreno et al (2020) discutem que este método tem se popularizado, especialmente para a produção de resinas puras de canabinoides e terpenos, conhecidas como “rosin”. Esse processo segundo Major e Ferisse (2024), geralmente fica entre 90°C e 150°C para prevenir a degradação térmica dos canabinoides. Em relação ao tempo, o processo leva de 30 segundos a 5 minutos, variando conforme a quantidade de material que está sendo processada. Já o trabalho de Carvalho et al (2020) utiliza cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) é uma técnica analítica, para quantificação de canabinoides, oferecendo uma alternativa interessante, embora com limitações em termos de resolução comparada à CG-MS.
De maneira geral, a escolha do método de extração depende de vários fatores, como a quantidade de extrato desejado, o grau de pureza dos compostos e os custos envolvidos. Santos (2023) revela que embora os métodos mais sofisticados resultam em um aumento nos custos, mas conseguem oferecer como benefício uma maior eficiência na extração. Brighenti et al (2021) também aponta que o tipo de solvente utilizado, como o etanol para a extração de CBD, influencia diretamente a eficiência e os impactos ambientais. A temperatura é outro fator crítico, pois pode afetar tanto o custo da extração quanto a estabilidade dos canabinoides, conforme observado por Moreno et al (2020).
Duarte (2021) destaca que a quantificação de canabinoides deve ser realizada por métodos cromatográficos, como cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM) e cromatografia líquida de alta eficiência com espectrometria de massas (CLAE/EM). Em alguns casos, combina-se mais de um sistema de espectrometria de massas para melhorar a sensibilidade. Ao comparar essas metodologias, destaca-se a superioridade da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-MS) em termos de sensibilidade e especificidade, conforme evidenciado em estudos como o de Francisco et al (2024), que validaram o uso da CG-MS para quantificação de terpenos e canabinoides em diferentes variedades de cannabis medicinal. Essa técnica não apenas permite a quantificação precisa dos canabinoides, como também a identificação dos compostos terpenoides presentes, que podem influenciar a eficácia terapêutica do extrato.
De acordo com Franzin et al (2023), a utilização de espectrometria de massas é vista como padrão máximo em análises, devido à sua alta especificidade e à sua combinação com técnicas cromatográficas. Seu objetivo é detectar, identificar e quantificar uso de substâncias psicoativas (SPA) e seus derivados, com elevada confiabilidade, para auxiliar em processos judiciais. Santos et al (2023) explicam que a normalização de técnicas para a mensuração de canabinóides é dispendiosa no Brasil, uma vez que os padrões de referência são importados e estão sujeitos a controle internacional rigoroso. Carvalho et al (2020), acrescentam que a maior barreira para a implementação do controle de qualidade para canabinoides no Brasil é o elevado preço dos materiais de referência certificados, a burocracia na importação e o tempo de entrega prolongado. Um desafio técnico adicional para o desenvolvimento e validação de métodos, voltados para a avaliação de segurança de tratamentos ou supervisão de produtos, é a vasta variedade de veículos utilizados na elaboração dos extratos medicinais.
Nesse cenário, a sensibilidade da cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas é um tema recorrente na literatura, com vários autores discutindo sua importância na quantificação dos canabinoides, principalmente o CBD e o THC. Segundo Ribeiro et al (2024), a aplicação dessa técnica permite a obtenção de resultados com baixos limites de detecção, além de fornecer dados quantitativos que são essenciais para o controle de qualidade dos produtos derivados de cannabis. Esses resultados são de vital importância para garantir que os produtos atendam às diretrizes regulatórias e assegurem sua segurança e eficácia no tratamento de condições médicas.
Portanto, Brayan et al (2023) evidenciam que o processo de produzir extratos medicinais de Cannabis é altamente técnico, tendo em vista que a eficácia e a qualidade final são abrangidas por muitas variáveis que, conseguem afetar a composição e concentração de compostos bioativos, tais como canabinoides, terpenos e flavonoides. Em outro prisma, tais variações refletem a complexa interação dentre elementos genéticos, ambientais, condições de plantio, técnicas de extração e procedimentos de processamento depois da colheita. Desse modo, Moreno et al (2020), complementam que as circunstâncias em relação ao ambiente possuem um papel fundamental ao que tange a regulação da composição química da planta. Então, fatores como luz, temperatura, umidade relativa, nutrientes e pH do solo influenciam a produção de compostos secundários.
Em seguida, Ramires (2023) divulga que diversos fatores possuem a possibilidade de ser estudados na amostra do Extrato de Cannabis, abrangendo a presença de muitos fitocanabinoides, terpenos, flavonoides, umidade, concentração de álcool residual, metais pesados e outros contaminantes químicos e biológicos. À vista do que foi exposto, Herrera et al (2024), demonstram que existem vários tipos de Cannabis, com variações nas composições dos mesmos elementos químicos, que tendem a ter alguma especificidade na procura por um resultado mais eficiente para uma condição médica determinada
Além disso, os autores como Lazarjani et al (2020) e Stefkoy et al (2022) revisam as técnicas analíticas disponíveis e destacam a cromatografia gasosa como uma das metodologias mais precisas para análise de compostos bioativos da Cannabis sativa. No entanto, Lazarjani et al (2020) também mencionam a necessidade de melhorias nos protocolos de extração, como a utilização de solventes mais eficientes e a otimização das condições experimentais para garantir uma maior reprodutibilidade dos resultados. Comparativamente, as técnicas de CG-MS mostram-se mais vantajosas quando se trata da análise quantitativa de compostos específicos, devido à sua capacidade de distinguir entre compostos estruturalmente semelhantes, o que é imprescindível quando se trabalha com a diversidade de canabinoides presentes nos extratos de cannabis.
Santos (2203) delineia que o processo de extração em fluído supercrítico (CO2) possibilita um controle acurado da composição química, produzindo canabinoides e terpenos com elevada pureza. No entanto, modificações na pressão e na temperatura podem modificar os perfis fitoquímicos, favorecendo a extração de compostos apolares ou polares. A extração hidroalcoólica é destacada por Stefkov et al (2022), como um método eficiente para obter extratos ricos em canabinoides e flavonoides, porém frequentemente demanda etapas adicionais de purificação para remover impurezas como a clorofila.
Em comparação, a extração por prensagem a quente apresenta a vantagem de ser simples e livre de solventes, mas pode comprometer compostos sensíveis, especialmente terpenos, devido à degradação térmica. Já a estabilidade química dos canabinoides depende fortemente das etapas subsequentes, como secagem, cura e armazenamento. Duarte (2021) ressalta que a descarboxilação térmica é essencial para ativar canabinoides como THC e CBD, mas processos inadequados podem gerar subprodutos farmacologicamente distintos, como o canabinol (CBN).
Pegoraro et al (2021) enfatizam que a volatilidade dos terpenos exige cuidados rigorosos no armazenamento e transporte, pois condições adversas como calor e oxigênio degradam esses compostos, afetando o perfil terapêutico e sensorial dos extratos. Complementando essa visão, Duchateau et al (2025) evidenciam a grande diversidade de canabinoides nos extratos brasileiros, o que reforça a necessidade de estudos para aprimorar o controle de qualidade e compreender como a biodisponibilidade varia conforme o veículo utilizado. Ubeed et al (2022) amplia a discussão ao apontar que a variabilidade na composição dos extratos decorre não só da genética da planta, mas também das técnicas de extração e tratamento, destacando a urgência de padronização e monitoramento constante.
Assim, enquanto Duarte (2021) foca nas particularidades dos métodos de extração e no impacto da ativação química, Araújo et al (2023) ressaltam a importância do controle pósextração para manter a eficácia terapêutica. Por sua vez, Ubeed et al (2022), sintetiza essas questões, defendendo a implementação de práticas científicas rigorosas para garantir a uniformidade e a segurança dos medicamentos derivados da cannabis, alinhados às normas internacionais. A inter-relação desses aspectos mostra que o desenvolvimento de extratos de qualidade depende de uma cadeia controlada desde a extração até o armazenamento, com foco na preservação dos compostos ativos e na redução da variabilidade.
O impacto das diretrizes regulatórias é outro ponto de discussão importante. A regulamentação da produção e distribuição de extratos de Cannabis sativa exige metodologias robustas e reprodutíveis para garantir a consistência dos produtos finais. A pesquisa de Costa (2022) enfatiza a importância da regulamentação para a segurança do paciente, sugerindo que a falta de padrões claros pode comprometer a eficácia dos tratamentos e levar à venda de produtos adulterados ou contaminados. Segundo Stefkov et al (2022), a utilização de métodos como a CG-MS, que já estão em conformidade com normas internacionais de controle de qualidade, como as estabelecidas pela Food and Drug Administration (FDA) e European Medicines Agency (EMA), é essencial para garantir a confiança no mercado de cannabis medicinal.
Além disso, o estudo de Brighenti et al (2021) compara os métodos de separação utilizados na análise de canabinoides, destacando as vantagens da CG-MS em relação a outras abordagens, como a espectrometria de massas acoplada à cromatografia líquida (LC-MS), especialmente no que diz respeito à análise de amostras complexas e a capacidade de realizar múltiplas análises simultaneamente. Este avanço tem implicações significativas para a indústria, pois permite a quantificação de canabinoides em extratos sem a necessidade de pré-tratamentos extensivos, o que melhora a eficiência do processo analítico.
Ao revisar as metodologias para a quantificação de canabinoides, é importante também discutir a robustez dos procedimentos analíticos, como o desenvolvido por Francisco et al (2024) para a quantificação de terpenos e canabinoides utilizando GC-MS. Esses autores enfatizam a importância de validar as metodologias por meio de testes rigorosos de precisão e exatidão, além de garantir que os resultados obtidos sejam reprodutíveis ao longo do tempo.
Esse processo de validação é ressaltado por Stefkov et al (2022), como essencial para a aplicação clínica dos extratos de cannabis, garantindo que os pacientes recebam doses precisas e seguras dos compostos ativos.
Em relação ao uso de amostras reais de extratos medicinais de cannabis, a pesquisa de Pegoraro et al (2021) fornece perspectivas valiosas sobre os perfis químicos de diferentes tipos de óleo de cannabis, utilizando diversas metodologias de extração e concentração. A aplicação de CG-MS, nesse contexto, é decisiva para garantir a precisão e a confiabilidade dos resultados, sobretudo quando se trata de lotes de produção que podem variar em termos de composição química. Stefkov et al (2022), informam que a comparação entre os métodos de extração e concentração mostra que a CG-MS é capaz de fornecer dados detalhados, permitindo a quantificação não exclusivamente dos canabinoides, no entanto também dos terpenos e outros compostos bioativos presentes nos extratos medicinais.
É evidente que a utilização de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas é a abordagem mais eficiente para a quantificação de canabinoides em extratos medicinais de cannabis. Os estudos de Brayan et al (2023), Francisco et al (2024) e Ribeiro et al (2024), demonstram que embora existam outras metodologias, a CG-MS oferece as melhores vantagens em termos de sensibilidade, precisão e capacidade de quantificação em amostras complexas. A aplicação dessa técnica, em conformidade com as diretrizes regulatórias, não só assegura a qualidade dos produtos, mas também reforça a confiança no uso terapêutico dos extratos de cannabis.
4 CONCLUSÃO
A quantificação precisa dos canabinoides em extratos medicinais de Cannabis sativa representa um avanço fundamental para a garantia da qualidade, segurança e eficácia dos produtos terapêuticos derivados da planta. A cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-MS) destaca-se como a técnica de referência devido à sua alta sensibilidade, especificidade e capacidade de identificar e quantificar simultaneamente múltiplos compostos presentes nos extratos. A utilização dessa metodologia permite o monitoramento rigoroso das concentrações de canabinoides ativos, como o THC e o CBD, fundamentais para a padronização farmacêutica e para o atendimento às exigências regulatórias internacionais. Além disso, a CG-MS possibilita a detecção de compostos voláteis, como terpenos, que exercem papel importante na modulação dos efeitos terapêuticos, ampliando o entendimento do perfil químico dos extratos.
Conclui-se que a cannabis medicinal, a complexidade da matriz vegetal e a diversidade dos produtos formulados exigem métodos analíticos fortes, que considerem não apenas a composição, mas também a estabilidade e a biodisponibilidade dos princípios ativos. A escolha adequada da técnica analítica, aliada a protocolos validados, é imprescindível para assegurar resultados confiáveis, que sustentem a prescrição médica e o desenvolvimento de medicamentos seguros. Assim, como pesquisa futura deve focar na melhoria das técnicas de extração e na padronização dos procedimentos analíticos, buscando otimizar os métodos de CG-MS para garantir maior acessibilidade e eficiência na análise de grandes volumes de amostras, mantendo sempre os altos padrões de qualidade exigidos para o uso médico da cannabis.
REFERÊNCIAS
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1Discente do Curso de Farmácia. Universidade Evangélica de Goiás Campus Dr. Domingos Mendes da Silva, Ceres-GO, Brasil. livia.limasouza10@outlook.com
2Discente do Curso de Farmácia. Universidade Evangélica de Goiás Campus Dr. Domingos Mendes da Silva, Ceres-GO, Brasil. ncofiuza@gmail.com
3Especialidade. Docente do curso de Farmácia. Universidade Evangélica de Goiás Campus Dr. Domingos Mendes da Silva, Ceres-GO, Brasil. macedoguilherme18@gmail.com