QUALIDADE SANITÁRIA DA ÁGUA POTÁVEL EM PALMAS-TOCANTINS: AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA E PARASITOLÓGICA POR MACROREGIÃO

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202506160037


Karem Oliveira Araújo1
Márcia Alves Silva2
Sinara de Fátima Freire dos Santos3
Romer Antônio Carneiro de Oliveira Júnior4


RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar a qualidade sanitária da água potável distribuída nas quatro macroregiões da cidade de Palmas, Tocantins, durante o período de 2024 a 2025, com enfoque na caracterização microbiológica e parasitológica. As amostras de água foram coletadas em diferentes pontos de abastecimento urbano e submetidas a análises laboratoriais padronizadas. A investigação microbiológica incluiu a detecção de coliformes totais e termotolerantes, especialmente Escherichia coli, indicadores clássicos de contaminação fecal e falhas no processo de desinfecção. Paralelamente, as análises parasitológicas foram realizadas por meio do método de sedimentação espontânea em tubo cônico, visando a identificação de estruturas como cistos, oocistos, ovos e larvas de parasitas com potencial patogênico, como Giardia spp., Cryptosporidium spp., Ascaris lumbricoides e Ancylostoma spp. Além dos dados laboratoriais, foram consideradas informações complementares de órgãos oficiais, como o Ministério da Saúde, para contextualização dos achados em relação às normas de potabilidade estabelecidas pela legislação vigente (Portaria GM/MS nº 888/2021). Os resultados demonstraram variações na qualidade da água entre as macroregiões analisadas, com presença de microrganismos patogênicos em amostras que, teoricamente, estariam aptas para o consumo humano. Tais achados apontam para possíveis falhas no sistema de abastecimento e/ou contaminação secundária durante o armazenamento doméstico. Conclui-se que a vigilância da qualidade da água deve ser contínua, abrangente e integrada às ações de saúde pública e educação sanitária, a fim de prevenir surtos de doenças de veiculação hídrica e assegurar o direito à água potável segura para toda a população palmense.

Palavras-chave: Água Potável. Contaminação Microbiológica. Parasitologia. Saúde Pública. Vigilância Sanitária.

1 Introdução

A água potável é um dos recursos mais essenciais à manutenção da vida e à promoção da saúde pública. Seu acesso seguro e contínuo está diretamente associado ao bem-estar das populações, à prevenção de doenças e ao desenvolvimento sustentável das comunidades. No entanto, a qualidade da água destinada ao consumo humano nem sempre é garantida, especialmente em regiões com desafios estruturais no saneamento básico e na vigilância sanitária.

Microrganismos patogênicos, como bactérias, protozoários e helmintos, representam uma das principais ameaças à potabilidade da água. A presença desses agentes pode ocorrer devido a falhas nos processos de captação, tratamento, armazenamento ou distribuição, bem como por contaminação ambiental direta. A ingestão de água contaminada está relacionada à ocorrência de diversas doenças de veiculação hídrica, como diarreias, giardíase, criptosporidiose e enterocolites, cujos impactos são especialmente graves em populações vulneráveis.

No Brasil, a legislação vigente (Portaria GM/MS nº 888/2021) estabelece os parâmetros mínimos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano, exigindo monitoramentos periódicos e análises laboratoriais para indicadores microbiológicos e físico-químicos. Entre os parâmetros obrigatórios estão os coliformes totais e termotolerantes, cuja presença indica contaminação fecal recente e possível risco sanitário. Apesar disso, há lacunas significativas no monitoramento parasitológico da água, especialmente em nível municipal, o que compromete a avaliação integral da segurança hídrica.

A cidade de Palmas, capital do estado do Tocantins, apresenta uma configuração urbana em crescimento e com demandas crescentes por infraestrutura de abastecimento. Composta por quatro macroregiões distintas, o município abriga populações heterogêneas em termos de acesso à rede de água tratada e condições de armazenamento domiciliar. Essa diversidade territorial exige uma abordagem diferenciada para o estudo da qualidade da água, com foco em análises regionais que revelem as particularidades de cada área.

Investigar a presença de microrganismos em amostras de água destinadas ao consumo humano é uma estratégia fundamental para identificar possíveis riscos sanitários e propor medidas corretivas eficazes. Além de avaliar a eficiência do tratamento e da distribuição, esse tipo de estudo fornece subsídios técnicos para ações intersetoriais de educação em saúde, políticas públicas e planejamento ambiental.

Diante disso, o presente estudo propõe uma análise microbiológica e parasitológica da água potável nas quatro macroregiões da cidade de Palmas, Tocantins. Por meio de coletas sistemáticas e análises laboratoriais, busca-se verificar a conformidade das amostras com os padrões legais e discutir os riscos à saúde pública decorrentes de eventuais contaminações. A pesquisa também pretende contribuir para o fortalecimento da vigilância sanitária e da gestão da qualidade da água no contexto urbano local.

2 Fundamentação Teórica

2.1 A IMPORTÂNCIA DA ÁGUA E A DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICO

A água é um elemento essencial para a existência, contudo, a sua quantidade e pureza apresentam grandes oscilações ao redor do planeta. Globalmente, apenas 2,5% da água do planeta é doce, estando apenas 1% deste total disponível para consumo humano, uma vez que a maior parte está concentrada nos glaciares e nas águas subterrâneas. O Brasil abriga aproximadamente 12% da água doce disponível no planeta, que está distribuída de forma desigual entre as diferentes regiões, sendo a Região Norte possuidora de maior percentual, enquanto as Regiões Sudeste e Nordeste contêm menor percentual desse recurso hídrico. Estes dados realçam a importância da monitorização quantitativa e qualitativa da água, especialmente num contexto em que 26% da população mundial não tem acesso a água potável e 46% não dispõe de serviços de saneamento adequados (ANA, 2023).

A preservação e o equilíbrio da biodiversidade são fundamentais, pois essa interação afeta diretamente a ligação entre os organismos e seus ambientes naturais. A degradação dos ecossistemas aquáticos e terrestres compromete a qualidade e a quantidade da água, o que pode ter consequências graves para a saúde e viabilidade das espécies. Como destaca Barreto, a biodiversidade está à beira do colapso e esta situação exige mudanças urgentes em nossas práticas e políticas (Barreto, 2023.).

Todavia, é importante reconhecer que a água é um recurso aquático que sustenta a vida, crucial para a sobrevivência da humanidade, incluindo a flora e a fauna. Nesse contexto, o município de Palmas no Tocantins se destaca por fornecer água a 97,93% da população, superando a média nacional de 85,04% e a média nacional de 84,24%. Contudo, 6.260 moradores ainda não têm acesso à água. Além disso, 89,96% da população tem acesso à água, número ainda superior à média estadual e nacional, embora 30.391 moradores não tenham abastecimento de água.

Palmas, localizada no bioma Cerrado e na região hidrográfica do Tocantins-Araguaia, demonstra o compromisso com a gestão dos recursos hídricos, possuindo políticas e planos municipais de saúde, além de sistemas de alerta de riscos hidrológicos (SANEAMENTO, 2021).

2.2 CONTAMINAÇÃO MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA DA ÁGUA

A contaminação da água é um problema sério que pode ser classificado em diversas categorias. Os contaminantes microbiológicos, que incluem bactérias, vírus e protozoários, são responsáveis por doenças, principalmente por meio de esgotos não tratados e fecal contaminado. As substâncias tóxicas, como pesticidas, herbicidas e metais pesados, que se acumulam na água devido às atividades agrícolas e industriais, podem causar distúrbios neurológicos e câncer. Além disso, existem os contaminantes físicos, que se referem a materiais sólidos, como plásticos e sedimentos, que afetam a qualidade da água (LG Sonic, 2023).

Desta forma, é imprescindível fazer uma avaliação minuciosa das origens da poluição local e dos tipos de poluentes que podem estar nas águas. A poluição tem o potencial de afetar tanto as águas subterrâneas, provenientes de poços e nascentes, sejam elas rasas ou profundas, quanto as águas superficiais, presentes em corpos de água como rios, lagos, represas e reservatórios, essenciais para o fornecimento de água à comunidade local (SODRÉ, 2012).

Dentre os microrganismos patogênicos que são transmitidos pela água incluem: Giardia intestinalis, que provoca giardíase, e Entamoeba histolytica, que provoca amebíase. Esses dois podem ser disseminados através de água poluída com excrementos humanos ou de animais. Além dos protozoários, os oocistos de Cryptosporidium parvum possuem uma resistência notável e podem provocar surtos de diarreia, principalmente em locais onde o sistema de purificação da água é insuficiente. A transmissão de helmintos, como Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura, também pode ocorrer através da água, representando um risco considerável em regiões com saneamento insuficiente (MARCELINO, 2018).

Em 2021, a Companhia de Saneamento BRK realizou análises bacteriológicas das águas que abastecem Palmas, com foco em dois principais indicadores de qualidade: coliformes totais e Escherichia coli. Os resultados mostraram que a presença de bactérias coliformes totais não estava presente em 100 ml de 95% das amostras analisadas, demonstrando um bom controle da contaminação fecal da água fornecida. As análises foram realizadas em vários meses e, na maioria delas, os resultados atendem aos padrões exigidos, não havendo amostras não conformes para coliformes (BRK, 2021).

Quanto à Escherichia coli, não foram detectadas nem em 100 mL das amostras analisadas, o que é um indício positivo de que a água está livre de contaminações que possam colocar em risco a saúde pública. As análises realizadas demonstraram total conformidade, não havendo amostra que não apresentasse resultados discordantes, esses dados são essenciais para a prevenção de epidemias de doenças transmitidas pela água (BRK, 2021). 

A água contaminada por patógenos representa sérios riscos à saúde pública, pois uma população com recurso hídrico contaminado leva a transmissão de doenças como hepatite A, transmitida por vírus que causa inflamação no fígado; cólera, causada por bactéria que pode levar a desidratação severa; giardíase, provocada por parasitas. A bactéria Escherichia Coli é outro patógeno particularmente perigoso e causa infecções intestinais graves e em casos severos a chamada síndrome hemolítico-urêmica que pode resultar em insuficiência renal. O monitoramento de coliformes totais é de suma importância para a vigilância sanitária, conforme a Portaria da Consolidação n° 5, a presença de coliformes totais na água é utilizada como um importante indicador da qualidade sanitária, pois sinaliza uma possível contaminação por matéria orgânica e a necessidade de controle para garantir a potabilidade (BRASIL, 2017). 

2.3 LEGISLAÇÃO E ESTUDOS QUE REGULAMENTAM A ÁGUA

No Sistema Único de Saúde (SUS), a análise da água faz parte do Programa Nacional de Monitoramento da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), desenvolvido pelo Ministério da Saúde desde 1977, que coopera com estados e municípios e consiste em um setor de medidas permanentes aprovados pela autoridade de saúde pública nas diversas áreas de atuação para garantir o acesso dos moradores à água em quantidade e qualidade suficiente de acordo com o padrão de potabilidade definido na legislação vigente, o Vigiagua inclui ações como coleta e análise de água para identificar potenciais fontes de contaminação, além de monitorar sistemas de abastecimento e verificar se os padrões de qualidade atendem à legislação brasileira (Ministério da Saúde, 2017). 

A fiscalização sanitária no Brasil,  atua monitorando as empresas de tratamento e distribuição de água, garantindo que a água livre de patógenos chegue à população. De acordo com a Ordem de Consolidação nº 5º, a água destinada ao consumo humano deve atender ao padrão de consumo estabelecido, garantindo a ausência de poluentes em níveis que possam representar risco à saúde, e mantendo medidas de segurança e controle de qualidade durante o processo de aquisição. Esse tipo de fiscalização proporciona à população a segurança de consumir água segura e adequada, além de promover ações educativas para a conscientização da população sobre a conservação e o uso consciente desse bem essencial (BRASIL, 2017).   

3 Abordagens Metodológicas em Estudos sobre Qualidade da Água

Este estudo é de natureza quantitativa e qualitativa, com foco na análise da qualidade da água potável em quatro regiões de Palmas-TO: Norte, Sul, Taquaralto e Taquari. As amostras foram coletadas em residências abastecidas por rede pública, entre março e abril de 2025, seguindo as normas da Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde.

As análises microbiológicas foram feitas pelo método do substrato cromogênico, que identifica coliformes totais e Escherichia coli com base em mudanças de cor após incubação. Para a análise parasitológica, utilizou-se os métodos de sedimentação espontâneas e flutuação, permitindo identificar ovos, larvas e cistos por microscopia. As análises foram realizadas no laboratório do Centro Universitário UNITOP, com o objetivo de verificar a potabilidade da água e possíveis riscos à saúde da população.

3.1 Métodos de Coleta de Dados

Utilização de dados secundários do ministério da saúde  para a análise microbiológica e parasitológica. Executar análises laboratoriais, tais como a detecção de coliformes totais, Escherichia coli e o teste de sedimentação e flutuação.

4 Metodologia 

A metodologia desenvolvida para a análise de água foi efetivada com a coleta de amostras em quatro regiões distintas da cidade de Palmas, Tocantins: Norte, Sul, Taquari e Taquaralto. Para o procedimento de coleta, as torneiras foram higienizadas com álcool 70%, e, em seguida, a água foi deixada escorrer por cerca de 1 minuto. Após este processo, cinco amostras de 100 ml de água foram coletadas em frascos estéreis de polietileno do tipo Falcon, tanto para os parâmetros microbiológicos quanto parasitológicos. Com uma alça de inoculação estéril, as amostras foram transferidas para a superfície de meios de cultura contendo ONPG e MUG em placas de Petri. Após a inoculação, as placas foram estriadas para facilitar o crescimento separado das colônias e incubadas a 35-37°C por 24 a 48 horas. A detecção de colônias típicas de coliformes foi realizada usando um microscópio estereoscópico, identificando como representativas as colônias com coloração escura e brilho metálico, com os resultados expressos em unidades formadoras de colônias (UFC). A observação da coloração amarela indicou a presença de coliformes totais, enquanto a fluorescência confirmou a presença de E. coli. Controles positivos e negativos foram incluídos para assegurar a qualidade dos resultados. A interpretação dos resultados considerou os parâmetros estipulados pela portaria 2914/11. Métodos e guias das organizações APHA e EPA forneceram uma base essencial para a validação e o alinhamento desta metodologia a padrões reconhecidos, garantindo a coerência e consistência das análises que foram realizadas. 

5 Resultados e Discussão

A análise microbiológica e parasitológica das 40 amostras de água potável, distribuídas entre as quatro macroregiões da cidade de Palmas (TO), revelou presença significativa de microrganismos indicadores de contaminação em diferentes níveis. De acordo com a Tabela 01, foram identificadas contaminações microbiológicas em todas as regiões avaliadas, ainda que com variações na frequência e na presença de parasitas.

Na região Norte, das 10 amostras analisadas, 2 apresentaram contaminação microbiológica por coliformes totais e 3 foram positivas para parasitas, sendo identificado Entamoeba histolytica. A presença deste protozoário patogênico é particularmente preocupante, pois está associada à amebíase, uma infecção intestinal de alta morbidade. A detecção parasitológica nesta região pode estar relacionada a falhas no tratamento da água ou ainda à contaminação secundária decorrente de armazenamento inadequado nas residências, como caixas d’água mal vedadas ou sem limpeza periódica.

Na região Sul, foram detectadas 3 amostras positivas para coliformes totais e Escherichia coli, microrganismo considerado indicador clássico de contaminação fecal recente. Embora nenhuma amostra desta região tenha sido positiva para parasitas, a presença de E. coli aponta para possíveis falhas no sistema de desinfecção ou também para a recontaminação da água em reservatórios domiciliares, situação comum em áreas urbanas com infraestrutura sanitária desigual ou deficiente.

A região de Taquari apresentou o maior número de amostras positivas no teste microbiológico: 5 em 10, todas com presença de coliformes totais. Apesar da ausência de parasitas nas amostras analisadas, o alto índice de contaminação bacteriana sugere exposição constante da população a microrganismos que podem causar doenças gastrointestinais. As causas podem incluir tanto falhas na rede de distribuição quanto manuseio inadequado da água em domicílios, como uso de recipientes sem higienização ou acúmulo de biofilmes em caixas d’água.

Em Taquaralto, 2 amostras apresentaram contaminação microbiológica e outras 2 foram positivas na análise parasitológica. Foram identificados coliformes totais, coliformes fecais, E. coli e Entamoeba histolytica. Este perfil de contaminação mista revela um cenário sanitário mais crítico, em que falhas múltiplas podem estar ocorrendo — desde o tratamento e distribuição até o uso doméstico. A ausência de manutenção preventiva em caixas d’água e reservatórios individuais, como limpeza regular e vedação adequada, pode ser um fator determinante para a persistência desses microrganismos.

De forma geral, observou-se que a contaminação microbiológica esteve presente em 12 das 40 amostras (30%), e a parasitológica em 5 amostras (12,5%), com maior concentração de parasitas patogênicos nas regiões Norte e Taquaralto. A presença de coliformes e E. coli em água considerada tratada reforça a importância de investigar tanto o sistema público de abastecimento quanto os fatores domésticos, como a estrutura das caixas d’água, a frequência de higienização e as condições de estocagem em recipientes reutilizados.

Esses achados evidenciam a necessidade de um monitoramento sanitário ampliado, que considere o comportamento do consumidor e a infraestrutura domiciliar como parte da cadeia de segurança hídrica. O fortalecimento da vigilância integrada, com ações conjuntas entre os setores de saúde, meio ambiente e educação, é essencial para a promoção do uso seguro da água e a prevenção de doenças de veiculação hídrica no contexto urbano de Palmas.

Tabela 01– resultado dos testes microbiológico e parasitológico de amostras de água para consumo das 4 macro região de Palmas- TO 

6. Conclusão

Os resultados obtidos neste estudo evidenciam a existência de contaminação microbiológica e parasitológica em amostras de água destinadas ao consumo humano em diferentes macroregiões da cidade de Palmas (TO). A presença de coliformes totais, Escherichia coli e Entamoeba histolytica indica comprometimento da qualidade da água em etapas distintas da cadeia de abastecimento, abrangendo desde o tratamento até o armazenamento final nas residências.

A distribuição dos microrganismos patogênicos revelou variações regionais significativas, com maior incidência de contaminação microbiológica na região de Taquari e maior diversidade de parasitas nas regiões Norte e Taquaralto. Esse padrão sugere não apenas falhas pontuais nos sistemas públicos de tratamento e distribuição, mas também negligência quanto à manutenção e higienização de reservatórios domiciliares, como caixas d’água e filtros, que podem funcionar como focos secundários de contaminação.

A identificação de parasitas como E. histolytica em água potável tratada é um achado relevante, pois evidencia a necessidade urgente de inclusão de parâmetros parasitológicos nos programas regulares de monitoramento da água, conforme diretrizes já preconizadas por organismos internacionais de saúde pública. A análise exclusiva de indicadores bacterianos, embora importante, não é suficiente para garantir a segurança microbiológica da água consumida pela população.

Diante desse cenário, torna-se indispensável o fortalecimento da vigilância sanitária ambiental, com atuação contínua e integrada entre órgãos públicos, agentes comunitários e usuários finais. Além disso, ações educativas voltadas à população sobre a importância da limpeza periódica das caixas d’água, correta manipulação da água potável e descarte adequado de resíduos são fundamentais para a redução de riscos.

Por fim, este estudo contribui com dados inéditos sobre o perfil sanitário da água em Palmas, Tocantins, e reforça a urgência de políticas públicas que priorizem a universalização do saneamento básico, o monitoramento integral da qualidade da água e a promoção da saúde coletiva. A adoção de medidas preventivas baseadas em evidências pode representar um avanço significativo na proteção da saúde da população palmense.

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