QUALIDADE DE VIDA DAS MULHERES IDOSAS PORTADORAS DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO

Ivone da Silva Diniz Brauns *
Thais da Silva Ribeiro**
* Fisioterapeuta, pós graduada em Docência Superior, docente da Universidade Veiga de Almeida.
**Graduanda em fisioterapia pela Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro.
RESUMO:
OBJETIVO: Este trabalho apresenta como objetivo analisar a incidência de incontinência urinária de esforço em mulheres idosas, identificar as restrições e impacto na qualidade de vida.
MÉTODO:O estudo foi composto por 10 idosas apartir dos 60 anos de idade, sem confirmação de diagnóstico fechado de incontinência urinária de esforço. A avaliação foi realizada através do questionário Kings of Health, que é dividido em nove domínios, permite uma mensuração global dos sintomas e avalia o impacto na qualidade de vida individualmente.
RESULTADOS: Houve um baixo índice de idosas portadoras de incontinência urinária de esforço.
Palavras-chaves: incontinência urinária, mulheres idosas, qualidade de vida.
SUMMARY:
OBJECTIVE: This paper presents how to analyze the incidence of stress urinary incontinence in older women, identify the constraints and impact on quality of life.
METHOD: The study consisted of 10 elderly starting 60 years of age, without confirmation of diagnosis of closed stress urinary incontinence. The evaluation was performed by Kings of Health of the questionnaire, which is divided into nine areas, allows a global measurement of symptoms and assesses the impact on quality of life individually.
RESULTS: There was a low rate of elderly patients with stress urinary incontinence.
Keywords: urinary incontinence, women, elderly, quality of life.
INTRODUÇÃO
A Sociedade Internacional de Incontinência Urinária (ICS) define a IU como perda involuntária da urina sendo considerado um problema social ou higiênico. Segundo o programa de saúde do idoso do Ministério da saúde a incontinência atinge aproximadamente 20% da população na maioria as mulheres com mais de 50 anos de idade.
A incontinência de esforço é a comum entra a população, com prevalência na população femenina. Pode se defini-la como perda da urina ao aumento da pressão intra-abdominal e é dividida em duas situações clínicas distintas: a incontinência de esforço anatômica, a pressão vesical torna se maior que a uretral , devido a fraqueza da sustentação vesical e mobilidade da uretra e do colo vesical; a incontinência esfincteriana: ocorre devido a lesão do mecanismo esfincteriano da uretra, provocando uma incontinência de elevado grau.
A classificação da IUE citado por Elia e Bergaman em 1993 é graduada em:
Grau1: incontinência causada por grandes esforços e durante a prática de atividades física, e em leves esforços como: espirros, tosse.
Grau 2: perda da urina durante atividades da vida diária, carregar peso.
Grau 3: incontinência durante qualquer atividade.
O processo de envelhecimento é contínuo e ocorre em todos os sistemas do corpo humano. No sistema urinário uma das características mais marcantes é a perda da força da musculatura do assoalho pélvico associado a perda da elasticidade da uretra e do colo vesical, favorecendo o aumento da freqüência urinária e a incontinência de esforço (Souza,2002). Outras características relacionadas ao envelhecimento do sistema urinário é: a maior incidência de infecção, doenças neurológicas, diminuição da complacência vesical entre outros.
A prevalência da IUE em mulheres está atribuída a diversos fatores como:
– Gravidez-aumento da pressão nos órgão pélvicos podendo levar a ruptura da musculatura perineal; pariedade, tipos de parto
– Cirurgias uroginecológicas: um estudo realizadopor Van DeerVaart , mulheres histerectomizadas acima de 60 anos apresentam uma maior probabilidade de desenvolver IU.
– Tabagismo: tabagista geralmente apresentam episódios de tosse freqüentementeocasionando aumento da pressão vesical na bexiga.
– Menopausa e idade: com a idade ocorre diminuição da produção de colágeno, essa proteína é responsável pela extensabilidade e sustentação do tecido conjutivo, no período da menopausa ocorre diminuição do estrogênio, que contribui para a perda do trofismo da musculatura pélvica e afetando diretamente a continência, aumentando os sintomas urinários.
Considerando que qualidade de vida é um bem estar físico, socail e emocional,a Incontinência urinária afeta diretamente a qualidade de vida.Aspessoas com essa disfunção encontram dificuldades de realizar as suas atividades diárias, podendo levar
ao isolamento social,pois ficam com medo de passar por situações constrangedoras e de não encontrarem banheiro disponível, podendo levar ao quadro de depressão e também pode afetar a sexualidade e o convívio com seus familiares.
MATERIAIS E MÉTODO
O presente estudo foi aprovado pelo Comite de Ética da Universidade (CEP) Veiga de Almeida, sendo que a pesquisa só foi iniciada após a aprovação do CEP.
As idosasvoluntárias entrevistadas, receberam todas as informações necessárias, sobre o objetivo do estudo, concordaram e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
A seleção do estudo obedeceu os seguintes critérios:idosas apartir de 60 anos, que apresentassem ou não sinais e sintomas de IU de esforço, foram escolhidas aleatoriamente, não se submeteram ao estudo urodinâmico, para que confirmasse o diagnóstico de IU.
Os critérios de exclusão da pesquisa foram pacientes que apresentassem impossibilidade de responder ao questionário de maneira fidedigna devido adeficts neurológicos e as que se negarem a participarem do estudo.
Os questionários foram aplicados em um único momento e durou em media vinte minutos para serem respondidos.Após a aplicação dos questionários as informações foram colhidas para a análise dos resultados.
O Questionário Kings ofHelth foi o material utilizado para avaliação da qualidade de vida em idosas. Este Questionário é composto por 30 perguntas divididas em nove domínios. Os domínios são limitações físicas e sociais, qualidade do sono, medidas de gravidade, desempenho de tarefas e a limitação no desempenho das tarefas.
Foi utilizada versão validada do questionário em português.
RESULTADOS
As participantes apresentavam idade média de 60 anos.
As entrevistas foram lidas e analisadas para o levantamento dos resultados da pesquisa.
Após a leitura dos questionários respondidos pela idosas, obteve se os seguintes dados: 60% das idosas entrevistadas avaliaram sua saúde como estado normal e que problemas relacionados com a bexiga não atrapalham de maneira significativa as suas tarefas, como atividade física, viagens e a vida social.

1.Avaliação da saúde

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A maioria dasidosas entrevistadas, relataram não apresentar vida sexual ativa, e as que possuiam responderam não apresentar problemas com perda urinária durante o intercurso sexual.
A maior parte das idosas entrevistadas não relataram queixas ligadas diretamente sobre a incontinência urinária de esforço. Porém, no estudo o índice de 80% (8 idosas), relatam uma freqüência elevada da micção no período diurno, e sintomas de noctúria. Segundo Driuso e Saldanha os idosos excretam elevada quantidade de líquido em períodos noturnos em condições normais de sua saúde.
Das entrevistadas , encontramos que 20% relataram sentir se desgastadas, cansadas devido a vontade de urinar e dificuldades para voltar a dormir novamente.
Percebemos que durante a aplicação do questionário, algumas idosas omitiram ou negaram a presença de IUE, porém em alguns itens do questionário como uso de protetor higiênico, preocupação de estar cheirando a urina, responderam afirmativamente essas questões.

2. Frequência da micção urinária

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3.Noctúria

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A maior parte das idosas entrevistadas não relataram queixas ligadas diretamente sobre a incontinência urinária de esforço. Porém, no estudo o índice de 80% (8 idosas), relatam uma freqüência elevada da micção no período diurno, e sintomas de noctúria. Segundo Driuso e Saldanha os idosos excretam elevada quantidade de líquido em períodos noturnos em condições normais de sua saúde.
Das entrevistadas, encontramos que 20% relataram sentir se desgastadas, cansadas devido a vontade de urinar edificuldades para voltar a dormir novamente.
Percebemos que durante a aplicação do questionário, algumas idosas omitiram ou negaram a presença de IUE, porém em alguns itens do questionário como o uso de protetor higiênico, preocupação de estar cheirando a urina, responderam afirmativamente essas questões.
DISCUSSÃO
A incontinência urinária de esforço, é responsável por 49%, dos casos de incontinência que afetam a população femenina entre 18 e 90 anos( Sociedade brasileira de urologia), e já pode ser considerado um problema de saúde publica.
As etiologias da IUE são várias dentre elas: idade, partos, prolapsos genitais, deprivação estrogênica. Embora essa condição não traga riscos de vida, pode acarretar complicações e seriasconseqüências na saúde, sociais, financeiras e psicológicas; principalmente na população idosa em que o índice de depressão e isolamento é elevado afetando diretamente a qualidade de vida.
O parâmetro para a avaliação do estudo foi o questionário KHQ pois é considerado o questionário de qualidade de vida mais usado e mais completo sobre incontinência urinária.
Em um estudo que avalia a qualidade de vida na incontinência urinária,houve baixa incidência de queixas das idosas em relação aos sintomas de incontinência urinária de esforço.
Um fator que chamou a atenção na pesquisa foi que, muitas relataram aumento da freqüência da micção e noctúria, e relataram irritação.Esse dado pode estar relacionado não diretamente com a IUE; outros fatores podem levar a noctúria e aumento da freqüência urinária como medicamentos ou outra patologias associadas.
Quando questionadas em relação sobre a vida sexual e com seus companheiros, não foi possível constatar um resultado, 7 idosas responderam que esse item não se aplica.
Muitas das idosas entrevistadas associava a perda da urina como um processo normal do envelhecimento. Os idosos apresentam maior probabilidade de ter IU, porém essa condição não tem ligação direta com o processo de envelhecimento.
CONCLUSÃO
N a pesquisa conclui se que das 10 idosas entrevistadas, houve baixo índice de idosas portadoras de incontinência urinária de esforço,apesar de encontramos sintomas como noctúria e aumento da freqüência urinária,porém não estão ligados diretamente com a IUE.
Consideramos também que os profissionais da área da saúde devem estar atentos aos sintomas da incontinência e saber informar aos pacientes idosos,sobre essa condição, eos tipos de tratamento.
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