WHAT ARE THE BENEFITS THAT ROLE PLAYING GAME IN DUNGEONS AND DRAGONS 5TH EDITION PROVIDES TO ITS PARTICIPANTS?
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412121337
Willian José Boso1
Ruan Felipe Faria2
Resumo
Este estudo busca identificar os benefícios que o jogo de Role Playing Game (RPG), especificamente Dungeons and Dragons (D&D) 5ª edição, pode proporcionar em grupos terapêuticos, com base nos princípios da Gestalt-terapia. A pesquisa parte da premissa de que jogos como D&D, que envolvem interpretação de papeis e tomada de decisões tanto individuais quanto em grupo, estimulam a criatividade, a autorregulação e a interação social. Por meio de uma revisão bibliográfica exploratória, qualitativa e fenomenológica, utilizando fontes como artigos científicos, livros e periódicos especializados, com ênfase na Gestalt-terapia e no RPG.
Palavras-chave: Role Playing Game, Dungeons and Dragons, Gestalt-terapia, criatividade,
1 O INÍCIO DA JORNADA
Os títulos foram modificados para elucidar de modo lúdico o tema apresentado, sendo assim: o início da jornada é a introdução, a jornada fantástica é a fundamentação teórica, a metodologia é a estratégia é importante, o resultado e discussões é sem o diálogo não tem resultados, e as considerações finais é a jornada nunca tem fim.
Os jogos estão presentes na sociedade de modo a ser disseminados culturalmente com registros datados anteriores a 2.600 Antes de Cristo, Kishimoto (2017) descreve que são atividades possíveis de serem realizadas com no mínimo uma pessoa, ou a si mesmo. Para ser considerado um jogo, deve conter regras que servem para restringir e delimitar as ações passíveis, contendo um ou mais objetivos, com isso norteando as pessoas de como funciona e possibilitando a mesma de escolher os melhores métodos de chegar no propósito apresentado antes de iniciar o entretenimento.
Os jogos tendem a emergir sentimentos enquanto seus jogadores estiverem entretidos, além das escolhas que as pessoas devem fazer, envolvendo processos psicológicos básicos e executivos, podendo exigir trabalhado em grupo, articulando diálogos e comportamentos sociais, necessários para o desenvolver de determinado modo ou gênero de jogo.
É evidenciado uma diversidade de fatores elucidado no parágrafo anterior em relação aos jogos, e por estarem presentes na sociedade de diferentes modos, trago como objetivo identificar quais são os benefícios que o role play game pode proporcionar em grupos terapêuticos por meio do D&D 5 edição.
Masmorras e Dragões (Dungeons and Dragons ou D&D) é um jogo de Role Play Game (RPG), no qual envolve a interação com outros indivíduos que compõem o grupo, sendo essas de conversar, articular e interagir com o personagens construídos por cada um, com traços de personalidade específicos para cada um, atribuindo assim um papel a ser desenvolvido, e em meio a tudo isso se tem o narrados, podendo ser chamado também de mestre, no qual desenvolve um enredo que envolve os participantes a pensarem e agirem a situações fictícias e fantasiosas, como explica Martins (2018).
O mestre é o detentor das regras do mundo, em suma um delimitador da situação narrada, envolvendo um contexto, história e as dificuldades que precisam acontecer para os jogadores trabalharem juntos, cada um sendo responsável pelas suas ações, das quais devem estar em conformidade com o papel atribuído (MARTINS, 2018).
O D&D 5 edição possui diversos livros, 3 deles são os básicos que foram desenvolvidos em autoria da Wizards RPG Team, lançado em 2014, com tradução oficial no Brasil em 2019, que é: o livro do jogador, o livro do mestre e o de monstros, e com base nesses é desenvolvido pelo mestre uma história, com suas próprias características únicas. Os personagens dos jogadores são criados pelos mesmos ou pelo narrador, com isso delegando uma função a todos os participantes; com o objetivo de cada um interpretar e dramatizar (MARCATTO, 2020).
2 A JORNADA FANTÁSTICA
Os jogos que utilizam o role play game são, de acordo com Velasco (2019), são interpretativos e possuem narrativas que atraem seus jogadores pela forma do desenvolvimento do enredo, a sigla RPG significa ‘Role Playing Game’ traduzido como um jogo de interpretação de papeis.
Do ponto de vista do psicólogo Marcatto (2020), o jogador tem sua participação ativa por tomar decisões individuais e em grupo. Um exemplo seria que os personagens são como papeis que se assemelham com uma peça teatral, mas a diferença é que pode emergir qualquer situação inesperada, por se tratar de ações que devem ser tomadas no mesmo instante, sendo inesperadas até certo ponto pelo narrador.
O RPG de mesa expande o universo da criatividade do indivíduo, por meio da narração do ambiente e da situação em que se encontram, e cada pessoa interpreta o que escutou de modo diferente, exercitando o imaginário e o pensamento lógico, havendo uma resposta criativa para contornar ou resolver a situação (MARCATTO, 2020).
A criatividade, sendo ela central nesse jogo, é descrita como:
Qualidade da pessoa criativa, de quem tem capacidade, inteligência e talento para criar, inventar ou fazer inovações na área em que atua; originalidade. Essa capacidade de inventar, de criar, de compor a partir da imaginação. [Linguística] Capacidade inata que o falante possui para desenvolver e entender uma quantidade excessiva de enunciados, mesmo os que nunca havia ouvido ou falado antes. (CRIATIVIDADE, 2024, [s/p])
No ponto de vista da abordagem psicológica gestalt-terapia, a criatividade é um dos conceitos chave em relação a saúde do indivíduo, como descrito por Lima (2009), sendo fundamental para a vida, a criatividade e o bem-estar estão juntos, no qual no momento em que não se é mais criativo o ser humano adoece, por não conseguir se autorregular singularmente frente às situações problemas do seu cotidiano.
A autorregulação também como conceito, é para Ribeiro (2006), necessidades que surgem em meio ao momento e lugar em que nos encontramos, somos seres biopsicossocioespirituais. Para que possamos alcançar o equilíbrio precisamos satisfazer tudo que parece necessário, acontecendo por meio de ajustamentos criativos, caso não se tenha noção da própria totalidade os ajustamentos tendem a ser disfuncionais, propiciando para o adoecimento psíquico.
Enquanto Lima (2009), reforça que o ajustamento criativo são formas de conseguir alcançar a auto satisfação por meio do ambiente em que se encontram as possibilidades existentes ou que podem ser criadas pelo mesmo. As necessidades surgem quando a pessoa encontra em si ou no ambiente algo que falta nela, e que são precisas para alcançar o equilíbrio em sua vida.
Ao analisar que a criatividade está relacionada à autorregulação, logo, se tem uma variedade de métodos que podem ser utilizados para se restaurar o equilíbrio, podendo esse ser masmorras e dragões, com sua aplicabilidade em grupos terapêuticos.
A sua maleabilidade frente aos objetivos o torna versátil, pois, com o empoderamento da questão problema, é traçado meios de se alcançar o que favorece o desenvolver dos integrantes do grupo por meio de uma narrativa que construa um contexto e ambiente envolvente, com os integrantes se adaptando e desenvolvimento seu personagem ao interagir com o mesmo, podem tomar consciência das resoluções que precisavam em sua realidade (MARTINS, 2018).
As campanhas de D&D acontecem sempre com outros integrantes constituindo a mesa, sendo de 3 a 6 pessoas, mas o que é um grupo em si? Quando buscado a terminologia foi encontrado que é o “Conjunto de pessoas ou de objetos reunidos num mesmo lugar, que formam um todo” GRUPO (2020).
O que seria um grupo terapêutico então? Na perspectiva gestáltica, são métodos de contato com outros indivíduos, que por sua vez, desenvolvem habilidades de compreensão mútuas por meio da interação entre si e o outro, além de compreenderem quais ações tomar inserido nesse contexto, com outras pessoas, e desse modo havendo uma melhora nas relações interpessoais, desenvolvendo o repertório social e distinguindo o que são suas questões e aquilo pertencente às relações que o envolvem (TALLEGEN, 1984).
Enquanto para Fadel e Pinheiro (2015), essa perspectiva de grupo terapêutico é vista por meio dos contextos que emergem nas relações interpessoais, com a função de estabelecer afeto entre os participantes. Essa relação só pode ser vista quando o próprio terapeuta está dentro desse grupo, podendo com isso ver os vínculos que foram criados ou que já existiam.
Os autores continua relatando que o grupo terapêutico tem a possibilidade de se tornar melhor até mesmo que uma terapia individual, caso tenha um coordenador que consiga lidar com as individualidades presentes e se ajustar conforme a demanda exija, desenvolvendo os participantes como seres que vivem no mundo, com sua liberdade e responsabilidade por suas tomadas de ações, propiciando o suporte para o self e o potencializando o grupo em sua autenticidade.
3 ESTRATÉGIA É IMPORTANTE
Foi realizada uma pesquisa de revisão bibliográfica exploratória, a fim de alcançar o objetivo de identificar quais são os benefícios que o role play game pode proporcionar em grupos terapêuticos por meio do D&D 5 edição, articulando o tema com os fundamentos da Gestalt-terapia.
A pesquisa caracterizou-se exploratória, pois busca encontrar um esclarecimento quanto ao tema, por meio de sua amplitude, obtendo resultados principalmente para evidenciar questões para pesquisas futuras (SITTA et al., 2010; GARCES, 2010).
Inicialmente foi realizada a definição dos termos de inclusão para haver maior aprofundamento em literatura específica, sendo essas: role play game; dungeons and dragons; e contato. Utilizando na buscas dos termos foi procedida por bibliográficas nas bases de dados da, Google Acadêmico, Instituto de Gestalt Terapia (IGT), PEPSIC, sendo complementado com livros da abordagem da Gestalt-terapia e filosofia, com o dicionário on-line de português Dicio, no qual foi evidenciado o significado geral das palavras que se fazem necessárias ter o entendimento.
O aprofundamento foi realizado por meio bibliográfico, consistindo em ações voltadas a buscas de materiais, como artigos científicos, periódicos, monografias e livros, tecendo um raciocínio lógico sobre o assunto retratado por outros autores (PRAIA; CACHAPUZ; PÉREZ, 2002).
Como critério de exclusão se teve a língua estrangeira, artigos que não continham nenhuma informação referente ao termo de role play game ou à abordagem da Gestalt-terapia.
Os dados foram tratados com caráter qualitativo fenomenológico, descrito por Bicudo et al., (2022), como não cumulativo, tratando os materiais coletados como aspectos investigados do tema, sendo uma parte da totalidade, de maneira a evidenciar o seu todo aprofundadamente.
A perspectiva qualitativa como método, retrata a necessidade de realizar um aprofundamento em fenômenos da sociedade, sendo sustentado pela subjetividade da questão humana (CESÁRIO; FLAUZINO; MEJIA, 2020).
4 SEM O DIÁLOGO NÃO TEM RESULTADO
É possível com isso notar que o trabalho em grupo traz diversos benefícios, mas e quando é trabalhado com RPG? O autor Marcatto (2020) descreve suas experiências utilizando o RPG como ferramenta pedagógica de ensino, ao utilizar as regras as adaptando de acordo com o grupo em que realizou conseguiu alcançar resultados positivos com os seus grupos, diversos integrantes após o grupo ter chegado ao fim da aventura começaram a criar as suas próprias aventuras.
O autor supracitado retrata sua experiência positiva frente a aplicação do role play game como ferramenta pedagógica, esse método pode ser implementado em diversas situações, como em grupos terapêuticos com objetivos fixo, como o desenvolvimento de habilidades sociais, no qual concomitantemente estará sendo trabalhado também outras questões vinculadas à questão problema inicial, sendo analisada pelo narrador, que seria um psicólogo nesse contexto.
As outras possibilidades são mostradas por Costa et al. (2007), no qual é utilizado com adolescentes que estão no ensino médio, esse jogo de regras com um mundo onde os participantes se tornam co-criadores do universo, pois moldam o mundo por meio de suas ações. Com isso propiciando momentos de introspecção sobre o que está sendo descrito pelo narrador ou outro jogador, e promove o diálogo entre os integrantes do grupo, ocorrendo uma ampliação do processo de pensar além do de construir conhecimento.
5 A JORNADA NUNCA TEM FIM
Os resultados obtidos evidenciaram uma lacuna no saber em relação ao RPG como método terapêutico, principalmente em relação ao masmorras e dragões, tendo em vista que o objetivo é identificar quais são os benefícios que o role play game pode proporcionar em grupos terapêuticos por meio do D&D 5 edição.
A análise dos dados obtidos, evidenciou a falta de material que seja possível utilizar como referência sobre esse tema em específico, com um vasto campo a ser explorado até o momento.
REFERÊNCIAS
BICUDO, Maria Aparecida Viggiani et al. Constituição de dados na pesquisa qualitativa de abordagem fenomenológica desafio ao pesquisar qualitativo em meios digitais. New Trends in Qualitative Research, v. 10, p. e523-e523, 2022.
CESÁRIO, Jonas Magno dos Santos; FLAUZINO, Victor Hugo de Paula; MEJIA, Judith Victoria Castillo. Metodologia científica: Principais tipos de pesquisas e suas características. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, V. 05, 2020.
CRIATIVIDADE. Significado de Criatividade. Disponível em:<https://www.dicio.com.br/criatividade/>. Acesso em: 29 nov 2024.
FADEL, Fábio Costa; PINHEIRO, Márcia Estarque. Gestalt-Terapia de Grupo: o que é isso?.IGT na Rede, v. 12, n. 22, p. 196-239, 2015.
GARCES, S. B. B. Classificação e Tipos de Pesquisas. Universidade de Cruz Alta –RS: Unicruz; Abril de 2010. Disponível em:http://www.redepoc.com/jovensinovadores/ClassificacaoeTiposdePesquisas.doc. Acesso em: 29 de nov 2024.
GRUPO. significado de Grupo. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/grupo/>. Acesso em: 29 nov 2024
KISHIMOTO, Tizuko M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. Cortez editora, 2017.
LIMA, Patrícia Albuquerque. Criatividade na gestalt-terapia. Estudos e Pesquisas em Psicologia, v. 9, n. 1, p. 85-95, 2009.
MARCATTO, Alfeu. Quer conhecer ótimos jogos pedagógicos?. Disponivel em:<http://www.alfmarc.psc.br/avent_edu.asp>. Acesso em: 29 nov 2024.
MARTINS, Dana. O que é Dungeons & Dragons (D&D)?. 2018. Disponível em:<http://www.conversacult.com.br/2018/08/o-que-e-dungeons-dragons-d.html>. Acesso em: 29 nov 2024.
PRAIA, J. F; CACHAPUZ, A. F. C; PÉREZ, D. G. Problema, teoria e observação em ciência: para uma reorientação epistemológica da educação em ciência; Ciência & Educação. v.8, nº 1, p.127 – 145, 2002.
RIBEIRO, Jorge Ponciano. Vade-mécum de Gestalt-terapia. Summus Editorial, 2006. TELLEGEN, Therese A. Gestalt e grupos. Summus Editorial, 1984.
VELASCO, Ariane. Saiba o que é RPG e quais são os jogos mais populares. 2019. Disponível em: <https://canaltech.com.br/games/o-que-e-rpg-os-mais-populares/>. Acesso em: 29 nov 2024.
SITTA. E. I et al. A contribuição de estudos transversais na área da linguagem com enfoque em afasia. Rev. CEFAC, São Paulo. v.12, n.6. 2010.
1 Bacharel em psicólogo pelo centro universitário de Brusque UNIFEBE.
2 Estudante de psicologia do 10ª semestre no centro universitário de Brusque UNIFEBE.