WHAT ARE THE EFFECTS OF STRESS REDUCTION THERAPIES ON PREMATURES INTO THE NEONATAL ICU? A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7934434
Aline Djuly Pereira1; Joyce Nayara Vilela Lima1; Letícia Emanuele Braz da Silva1; Karem Morgana Zacarias Leite1; Rodrigo Da Silva Bezerra1; Maria Das Dores Soares1; Tamires Rosileide da Silva Lira1; Amanda Letícia Matias de Souza1; José Lucas Pereira Barbosa Costa1; Jakson Henrique Silva2
RESUMO
Introdução: A unidade de terapia intensiva neonatal pode ser considerada um ambiente estressante, devido a diversos fatores, tais como: luz intensa, poluição sonora, manuseio e procedimentos realizados pela equipe que compõe a unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN). O recém-nascido pré-termo (RNPT) se torna vulnerável a apresentar fatores que impulsionam a um maior tempo de permanência hospitalar e a perda de peso, pois no período de internação são submetidos a diversos tipos de procedimentos, que podem gerar dor e estresse, aumento do gasto energético e favorecendo a perda de peso. Algumas técnicas vêm surgindo como medidas de alívio de dor e redução de estresse, podendo auxiliar no melhor conforto ao RNPT. Objetivo: analisar os efeitos das terapias de redução de estresse no recém-nascido prematuro hospitalizado. Metodologia: revisão de literatura narrativa, realizada através de pesquisa de artigos científicos sem restrição de idiomas, nas seguintes bases de dados científicos: Scielo (Scientific Eletronic Libary Online), Pubmed/Medline (National Library of Medicine National Institutes of Health) Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e o Dialnet, com os seguintes descritores: Recém-nascido, Terapia de Redução de Estresse, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Resultados: Apenas 10 artigos foram elegívies para compor a revisão 57,14% da população estudada eram do sexo feminino, nascido de parto cesáreo, com idade gestacional média de 30 semanas e cinco dias, apresentando peso médio ao nascer de 2.853g. Conclusão: A prática de humanização no cuidado com o RN, pode contribuir positivamente para o período de adaptações fisiológicas, bem como a redução de quadros álgicos e estresse, que podem favorecer o estado clínico do RNPT, além de estimular o vínculo materno-infantil, reduzir o tempo de internamento hospitalar e contribuir para a redução das taxas de mortalidade.
Palavras Chave: Recém-nascido, prematuridade, unidade de terapia intensiva infantil, redução de estresse
ABSTRACT
Introduction: The neonatal intensive care unit can be considered a stressful environment, due to several factors, such as: intense light, noise pollution, handling and procedures performed by the team that makes up the neonatal intensive care unit (NICU). The preterm newborn (PTNB) becomes vulnerable to presenting factors that lead to a longer hospital stay and weight loss, because during the hospitalization period they are subjected to different types of procedures, which can generate pain and stress, increase energy expenditure and favoring weight loss. Some techniques have been emerging as pain relief and stress reduction measures, which may help to provide better comfort to the PTNB. Objective: to analyze the effects of stress reduction therapies on hospitalized premature newborns. Methodology: a narrative literature review, carried out by searching scientific articles without language restrictions, in the following scientific databases: Scielo (Scientific Electronic Libary Online), Pubmed/Medline (National Library of Medicine National Institutes of Health) Lilacs (Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences) and Dialnet, using the following descriptors: Newborn, Stress Reduction Therapy, Neonatal Intensive Care Unit. Results: The search resulted in 358 articles related to Stress Reduction Therapy in Hospitalized Premature Newborns. Regarding the population studied in the articles eligible for this review, 57.14% were female, born by cesarean section, with a mean gestational age of 30 weeks and five days, with a mean birth weight of 2,853g. Conclusion: The practice of humanization in the care of the NB can positively contribute to the period of physiological adaptations, as well as the reduction of pain and stress, which can favor the clinical state of the PTNB, in addition to stimulating the mother-child bond, reduce the length of hospital stay and contribute to the reduction of mortality rates.
Key Words: Newborn, prematurity, infant intensive care unit, stress reduction.
INTRODUÇÃO
A estimativa da prematuridade vem avançando ao longo dos anos no Brasil, tornando-se estável desde 2000, apresentando uma faixa média de 6,6% (Ministério da saúde, 2010). O recém-nascido (RN) compreende os primeiros 28 dias de vida, e pode apresentar mais facilidade em aderir a afecções neonatais, principalmente relacionadas à gestação e ao tipo de nascimento, em destaque o nascimento precoce (MARQUES et al., 2018).
O recém-nascido pré-termo (RNPT) de baixo peso sempre foi motivo de preocupação para os profissionais de saúde por estar associado à maior morbimortalidade neonatal e infantil, principalmente aqueles que necessitem de cuidados intensivos (MIRANDA, CUNHA, GOMES, 2010). A unidade de terapia intensiva neonatal (UTIN) pode ser considerada um ambiente estressante, devido a diversos fatores, tais como: como luz intensa, poluição sonora, manuseio e procedimentos realizados pela equipe que componhe a UTIN (GASPARDO et al., 2008).
O RNPT se torna vulnerável a apresentar fatores que impulsionam a um maior tempo de permanência hospitalar e a perda de peso, pois no período de internação são submetidos a diversos tipos de procedimentos, que podem gerar dor e estresse, aumento do gasto energético e favorecendo a perda de peso (GRUNAU et al., 2006). Algumas técnicas vêm surgindo como medidas de alívio de dor e redução de estresse, podendo auxiliar no melhor conforto ao RNPT submetido a internação hospitalar (LEONEL et al., 2018).
As estratégias de humanização do atendimento têm sido propostas com o objetivo de tornar a permanência dos RNPT em ambiente de UTIN menos estressante e dolorosa (MARTINS et al., 2013). A equipe multiprofissional vem adotando medidas como: manuseio mínimo e a permanência de posturas que favoreçam o alívio do estresse, contribuindo para um melhor desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) (BELEZA; CHAGAS, 2014).
O diagnóstico precoce de alterações no desenvolvimento motor em RNPT é um desafio para a equipe da UTIN, principalmente para o fisioterapeuta que exerce essa função de estimular o DNPM (GIACHETTA, et al, 2010). A detecção precoce de alteração no DNPM, associado às medidas de redução de estresse, quando bem indicadas, podem proporcionar ao RNPT uma auto-regulação em relação ao funcionamento corporal e comportamentais, que podem ser indicadores de menor permanência na UTIN (OTTONI, GRAVE, 2014).
Diante das fundamentações apresentadas é notório que as medidas de redução de estresse impactam positivamente no tempo de permanência dos recém-nascidos prematuros na unidade de terapia intensiva neonatal. Portanto, o saber sobre o uso dessas terapias pode contribuir para o ganho de peso, redução de dor e estresse, melhorando o desempenho e reduzindo o tempo de internamento. Um RNPT bem relaxado tende a manter seu ganho de peso, onde poderá melhorar significativamente o seu sistema Neural. Por isso, o objetivo deste estudo é analisar os efeitos das medidas de redução de estresse no recém-nascido prematuro hospitalizado.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão de literatura narrativa, realizada através de pesquisa de artigos científicos sem restrição de idiomas, nas seguintes bases de dados científicos: Scielo (Scientific Eletronic Libary Online), Pubmed/Medline (National Library of Medicine National Institutes of Health) Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e o Dialnet, utilizando os seguintes descritores: AND e OR para palavras chave: Recém-nascido, Terapia de Redução de Estresse, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Foram eleitas publicações dos últimos 10 (dez) anos. A seleção dos mesmos ocorreu no período de julho a setembro de 2022, foi incluídas publicações em língua portuguesa e inglesa publicados entre 2012 a 2022 que apresentaram resultados oriundos de ensaios clínicos, estudos observacionais (prospectivo e retrospectivo) que tinham como objetivo principal a avaliação dos efeitos da terapia de redução de estresse em recém nascidos prematuros internados em unidade de terapia intensiva neonatal. Os critérios de exclusão foram: estudos de revisão de literatura, sistemática, narrativa e integrativa e artigos publicados há mais de dez anos. Os procedimentos para a busca e seleção dos estudos foram descritos por meio de um fluxograma que seguiu o modelo de PRISMA para a apresentação de dados de revisões.
RESULTADOS
A pesquisa resultou em 358 artigos relacionados à terapia de redução de estresse em recém-nascidos prematuros hospitalizados. O fluxograma contendo as etapas de identificação, triagem e seleção dos estudos encontra-se descrito no fluxograma 1. Após a leitura crítica dos artigos na íntegra foram selecionados 10 artigos para extração dos resultados.
Fluxograma 1 – Etapa da Triagem de Seleção dos Artigos
Com relação aos países dos artigos (60%) foram elaborados no Brasil, os demais Turquia, Irã, Egito e China obtiveram um (10%). Os anos dos artigos variam de 2015 a 2021 (10%) 2022 (30%). Quando feito o levantamento dos tipos de estudos encontrados, 80% dos estudos elegíveis eram ensaios clínicos randomizados e não randomizados.
Com relação a população estudada nos artigos elegíveis para essa revisão 57,14% eram do sexo feminino, nascido de parto cesáreo, com idade gestacional média de 30 semanas e cinco dias, apresentando peso médio ao nascer de 2.853g. Já em relação às intervenções realizadas, o método canguru foi o mais citado (40%) seguido da radioterapia (20%) e a fisioterapia aquática (10%).
Os resultados obtidos com as intervenções realizadas mais prevalentes entre os estudos escolhidos foram redução do estresse em 70% dos artigos, 60% relataram estabilização dos sinais vitais e 50% verificaram que houve diminuição do quadro álgico dos RNPT através das escalas NFCS (Neonatal Facial Coding System), PIPP e COMFORT. A descrição completa dos estudos e suas respectivas amostras, países, intervenções e resultados encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1 – Caracterização dos Estudos
Autor/Ano/ País | Tipo de estudo | Amostra (N) | Intervenção/ Procedimento | Desfechos Primários | Outros Resultados |
Parashar P, et al., 2015, Irã | Ensaio Clínico | GE: M: 17(56,7%), F: 13(43,3%), peso ao nascer: 1.564+315, IG: 31,70+2,16, parto vaginal: 9(30%), parto cesariano 21(70%) GC: 30 prematuros (não especificam os gêneros), peso ao nascer: 1.631+ 407, parto vaginal: 13(43,3%), parto cesario: 17(56,7%). | Yakson toque envolve os elementos-chave da tradicional abordagem, incluindo mãos quentes, toque suave sem pressão e movimento lento das mãos, que são apropriados para bebês prematuros. GI: Os bebês do grupo de intervenção receberam massagem terapêutica Yakson por 5 dias, duas vezes ao dia por 15 minutos. GC: Receberam cuidados de rotina. | Redução de estresse e consumo de energia, promove aumento do escore do estado de sono. | Reduz efetivamente a dependência de O2 durante as primeiras semanas de nascimento na UTIN. |
Costa, Kassandra Silva Falcão et al., 2016, Brasil | Experimental | n= 30 (estudo não especifica o sexo) 32 a 35 semanas, peso entre 1.400 e 1.800. Não realizaram cálculo da amostra devido ao tempo curto para coleta de dados. | A coleta de dados foi realizada no período matutino e todo o procedimento, desde a troca de fraldas até o posicionamento nos dois métodos de conforto (ninho e rede), foi realizado por um mesmo profissional. A coleta de dados foi dividida em quatro fases: Fase 1- troca de fraldas; Fase 2 (intervenção) – imediatamente após a estabilização da fase 1, o prematuro era colocado no ninho; Fase 3 – ainda no mesmo dia e 3 horas após a fase 2, era realizada nova troca de fraldas; Fase 4 (intervenção): imediatamente após a estabilização da fase 3, o prematuro era colocado na redinha de descanso. | Reduz o estresse, estabelece um conforto ao prematuro e proporciona estabilização dos sinais vitais. | Maturidade neuromuscular, desenvolvimento de tônus muscular, reflexos e agilidade motora. |
Defilipo C.E, Et al, Brasil 2017 | Ensaio Clínico | N= 30 F: 17 (56,7%) M: 13 (43,3%), IG: ≤ 28 semanas (3,3%), 29 a 31 semanas (10,0%) , 32 a 34 semanas (66,7%), ≥ 35 (20%) , Peso: Muito baixo peso (16,7%) e baixo peso (83,3%) | recém-nascidos prematuros (até 28 dias) de baixo ou muito baixo peso ao nascer (peso mínimo de 1.250 gramas) de ambos os sexos, clinicamente estáveis e em nutrição enteral. O grau de desconforto respiratório foi avaliado e quantificado usando a pontuação de Silverman-Anderson sistema. A frequência cardíaca e a saturação periférica de oxigênio foram coletadas por meio de um oxímetro de pulso. A frequência respiratória foi determinada por ausculta durante um minuto. Os recém-nascidos foram submetidos à posição canguru apenas uma vez, por 90 minutos. | Ganho de peso, melhora da FR, melhora da Spo2, temperatura e FC | Menor taxa de mortalidade, menor necessidade de ventilação e oxigenoterapia, menor tempo de internação, melhor nutrição, menor incidência de apnéia. |
Novakoski K.M.R , et al. Brasil, 2018 | Ensaio Clínico | N=22 F: 14 (63,6%) M: 8 (35,4%) IG: 34 a 37 Semanas, Peso Médio: 1.858 | Participantes foram envoltos em tecidos macios e imersos, a nível do ombro, em água aquecida (36°C a 37,5°C). Foram realizados movimentos látero-laterais, ântero-posteriores e rotacionais. Participaram 22 RNPT | Reduziu a dor e melhorou o estado de sono e vigília temperatura corporal, FC melhora da SatO2 e Redução de estresse | Redução da tensão muscular e relaxamento psicofisiológico. |
Sandes, Jane Lane. et al., 2019, BR | Estudo Documental | N= 136 M: 75(55,15%), F: 61(44,85%), IG: <24 semanas, 2 (1,47%), 25-30 semanas, 50 (36,77%), >30 semanas, 84 (61,76%) Tipos de gestações: 109(80,88%) único, gemelaridade 24 16,92%), trigemelar 3(2,2%) 134 rn prematuros (98,46%), 2 com termo (1,54%) | A postura consiste na colocação do bebê, em posição prona e semidespido, sobre o tórax ou entre as mamas da mãe. | Alívio de dor e estresse, ganho de peso, manutenção da temperatura corporal pelo contato pele a pele, aumento de estatura e padrões anormais de desenvolvimento motor. | Aumento da sobrevida, redução de tempo de internação, melhora da função pulmonar e evitar encurtamentos musculares. |
Rania A El-Farrash et al., 2020, Egito | Estudo Controlado Randomizado | n= 120 Grupo 1: M: 18 (45%), F 22 (55%) IG: 32 semanas, Parto vaginal: 15 (37,5%), Parto cesario: 25 (62,5%), Apgar em 1 min: 7 (6-7) Apgar em 5 min: 9 (7-9), peso ao nascer: 1.700 duração: 60min Grupo 2: M: 16 (40%), F: 24 (60%), IG: 32 semanas, Parto vaginal: 12 (30%), Parto Cesaria: 28 (70%), Apgar em 1 min: 7 (7-8) Apgar em 5 min: 9 (8-9), Peso ao nascer: 1.686, duração: 120min Grupo C: M: 20(50%), F: 20(50%), IG: 32 semanas, Parto vaginal: 16(40%), parto cesaria: 24(60%), Apgar em 1 min: 7(7-8) Apgar em 5 min: 9(8-9), peso ao nascer: 1.663 | Foram randomizados para receber KC por 60 min diários, KC por 120 min diários ou cuidados convencionais (controles) por pelo menos 7 dias. O cortisol salivar foi medido antes e após a primeira sessão de KC e depois de 7 dias. A temperatura, a frequência respiratória, a frequência cardíaca e a saturação de oxigênio foram registradas, antes e após o KC. | Diminui o estresse, reduz a probabilidade de atraso no desenvolvimento, melhora a saturação de O2 e temperatura. | Maturação neurológica, estimulação sensorial, reduz o tempo para alimentação enteral completa e aumenta o sucesso na amamentação. |
Mazzo, Débora Melo. et al., 2021, BR | Retrospectivo, transversal de caráter descritivo | n=20 tipos de parto: cesária: 8(40%) normal: 11(55%), não informado: 1(5%) IG: média: 32,25, mínimo e max: 28-36 s, peso ao nascer: média 1.690, min e max: 1.255-2,320 prematuridade 7(35%), prematuridade + SDR 11(55%), prematuridade + SAM 1(5%), prematuridade + BP 1(5%) | A rede, fabricada com tecido de algodão, era fixada acima da incubadora transpassando a corda pelas aberturas laterais. O posicionamento do RNPT na rede era feito colocando um tecido entre a cervical e a cintura escapular, a fim de impedir a hiperflexão e hiperextensão cervical que poderiam interferir na ventilação. | Redução da dor, melhora da FC e FR, minimiza a necessidade de oxigênio e aumento da Spo2. | Equilíbrio fisiológico, interação com ambiente extrauterino e diminuição de fármacos. |
Oliveira, Elio Vieira. et al., 2022, BR | Experimental Descritivo | n= 12 RNPT Meninas 6(50%) peso min: 1.850. Max: 1.850. Média: 1.430 IG: min: 29 semanas, max: 31 semanas média: 30 semanas Meninos 6 (50%), peso min: 1.057, max: 1.900 e média: 1.750 IG: min: 29 semanas, max: 31 semanas e média: 30 semanas | O recém-nascido foi posicionado verticalmente, entre as mamas e de frente para a mãe, com a cabeça lateralizada, os membros superiores flexionados, aduzidos, com cotovelos próximos ao tronco e membros inferiores flexionados e aduzidos. A mãe foi orientada a permanecer sentada com elevação da cabeça a aproximadamente 80 graus em poltrona hospitalar acolchoada. O recém-nascido permaneceu na posição canguru durante trinta minutos, sendo em seguida realizada nova coleta dos sinais vitais avaliados pré-procedimento. | Ganho de peso, melhora da dor, estabilização dos sinais vitais, diminuição da FR, FC e temperatura, aumento da Spo2. | Diminuição do risco de sepse, mortalidade, hipotermia, hipoglicemia e readmissão hospitalar e ao aumento da probabilidade de amamentação precoce, e crescimento adequado da circunferência cefálica. |
Ozge Eda Karadag et al., 2022, Turquia | Estudo Controlado Randomizado | N= 52 GE: M 14 (56%) e F: 11 (44%) Parto Cesáreo: (56%) e Parto Vaginal: (44%) IG: 33,8 Peso ao nascer: 1880 +/- 363 Peso atual: 1988 +/- 320 Leite Materno: (88%) Fórmula: (12%) GC: M 18 (66,7%) e F: 9 (33,3%), Parto Cesáreo: (59,3%) e Parto Vaginal (40,7%), IG: 33,8, Peso ao nascer: 1918 +/- 395 Peso atual: 2064 +/- 336, Leite materno: (48,1%) , Formula: (51,9%) | Antes da aplicação, os prematuros em ambos os grupos foram avaliados com as escalas PIPP e Comfort. O grupo experimental foi monitorado no ninho com um dispositivo de batimento cardíaco por 15 minutos. O grupo controle foi observado no ninho sem o dispositivo para 15 min. Seus batimentos cardíacos e saturação de oxigênio foram registrados. Após a aplicação, prematuros em ambos os grupos foram reavaliados com PIPP e escala Comfort. | Redução de estresse, promove conforto fisiológico, efeitos positivos no desenvolvimento do bebê. | Adaptação ao mundo exterior em curto prazo. |
Yuting Huang et al., 2022, China | Ensaio Clínico | N= 60 G1: Banho Tradicional de Banheira M: 13 (43,3%) F: 17 (56,7%) , Peso ao Nascer: 2899 +/- 636, peso na hora do banho: 3067 +/- 481, Apgar 4 min: 9,47 +/- 1,106, Apgar 5 min: 9,83 +/- 0,46, Parto Vaginal: (43,3%) , Parto Cesáreo: (56,7%) G2 Banho Enfaixado: M 16 (53,3%) F: 14 (46,7%), Peso ao Nascer 2881 +/- 874, peso na hora do banho 3055 +/- 680, Apgar 4 min: 9,17 +/- 1,464, Apgar 5 min: 9,97 +/- 1,828, IG: 32, Parto Vaginal: (36,7%) , Parto Cesáreo (63,3%) | Os prematuros elegíveis foram aleatoriamente designados para banho em cueiros ou banho de banheira tradicional. Escores de estresse e indicadores fisiológicos foram medidos 10 minutos antes, imediatamente após e 10 minutos após o banho. Os tempos de choro também foram registrados para ambos os grupos. Os dados foram relatados como média e desvio padrão (DP) ou frequência (percentual) | Reduz estresse e dor associado ao banho,melhora a temperatura corporal. | Diminuição de Spo2, reduz tempo de choro durante o banho, experiência simulando o ambiente uterino. |
RN: Recém-nascido; RNPT: Recém-nascido pré-termo; FC : Frequência cardíaca; FR: Frequência Respiratória; Spo2: Saturação; UTIN: Unidade de terapia intensiva neonatal; PIPP: Perfil da Dor do Bebê Prematuro; GE: Grupo Experimental, GC: Grupo Controle, IG: Idade Gestacional, SDR: (Síndrome do Desconforto Respiratório), BP: Baixo Peso, SAM: Síndrome de aspiração de mecônio, T: Temperatura, PA: Pressão Arterial, PC: Posição Canguru, DP: Desvio Padrão, N-PASS: Escala Neonatal de dor, agitação e sedação, KC: Kangaroo Care (cuidado canguru). |
DISCUSSÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) nascem cerca de 30 milhões de prematuros ou de baixo peso por ano no mundo, considerando a prematuridade um dos fatores mais predisponentes a internação na unidade terapia intensiva neonatal, esses RN’s sofrem pelo estresse causados pelo próprio internamento e alguns procedimentos ligados a internação, além dos efeitos estressantes causados pelo próprio ambientes como: ruídos e a iluminação, que contribuem negativamente para elevados níveis de estresse, podendo gerar gasto energético excessivo, levando ao RN`s possíveis perdas de peso. Na tentativa de reduzir os efeitos causados pela internação em recém-nascidos foram desenvolvidas técnicas na tentativa de reduzir os efeitos causados pela internação favorecendo um menor tempo de internação, baixos riscos de mortalidade e gastos na saúde pública. Jordão e Colaboradores (2016).
De acordo com o perfil epidemiológico obtido nessa revisão, houve uma predominância de recém-nascido do sexo feminino, com idade gestacional média de 30 semanas apresentando peso médio ao nascer 2.853 g, nascidos de parto cesáreo. Dados de acordo com o estudo realizado por Lino e colaboradores (2015), onde dos 12 recém-nascidos 58,3% eram do sexo feminino, com idade gestacional de média de 36 semanas com média de peso ao nascer de 2.403 g, onde 58,3% nasceram de parto cesáreo. Estudos realizados na Holanda conseguiram identificar que associações entre RN do sexo masculino com aumento do risco ligados ao sofrimento fetal, diferentemente do RN do sexo feminino, onde foi observado um efeito mais protetor, devido as cargas hormonais associadas ao gênero feminino (RAMOS e CUMAN, 2009).
Com relação aos métodos mais utilizados houve maior prevalência do método canguru, seguido da radioterapia e da fisioterapia aquática. Dados semelhante foram encontrados no estudo de Carvalho e colaboradores (2022), onde ressaltam que os recursos utilizados como fisioterapia aquática e o método canguru, além de recursos de baixo custo e não farmacológico, promove alívio de dor, relaxamento e conforto, podendo contribuir positivamente na redução dos efeitos nocivos ocasionados pela internação no ambiente da terapia intensiva. Souza et al, (2022) ressaltam a importância do fortalecimento materno-infantil durante o internamento na UTI, pois, além de contribuições fisiológicas voltadas ao RN, a mãe pode diminuir transtornos emocionais como ansiedade e depressão materna, contribuindo assim, para a produção do leite materno, prevenindo a perda de peso do RN, favorecendo um menor tempo de internação hospitalar.
De acordo com os resultados obtidos através dos artigos selecionados, os métodos utilizados resultaram na redução de estresse nos RNPT, estabilização dos sinais vitais (FC, FR, Spo2 e Temperatura) e na diminuição da dor. Indo em concordância com o estudo de Lino et al, (2015) através de técnicas realizadas na própria UTIN o estudo demonstrou que houve redução nos níveis de estresse, atenuação dos sinais vitais e consequentemente da dor voltada aos RN`s. O que pode ser justificada pelo aconchego que algumas técnicas produzem ao bebê, levando efeitos similares ao útero materno, estimulando ainda o padrão flexor, contribuindo para o melhor desenvolvimento neuropsicomotor.
Apesar da área voltada aos cuidados para a população estudada esteja escassa, novos estudos com qualidade metodológica mais robusta se fazem necessários para uma melhor averiguação e compreensão sobre os benefícios das terapias alternativas voltadas aos recém-nascidos na UTI neonatal. O comportamento observado nos RN’s pode variar de acordo com a causa de base que levou ao internamento, logo ensaios clínicos randomizados seriam de grande valia para alocar a população e reduzir o risco de viés. Porém, este cuidado remete a uma estimulação prática voltada à humanização, que vem sendo bastante discutida nos dias de hoje e vem ganhando espaço como elemento essencial voltado ao cuidado multiprofissional aos internos na UTI neonatal.
CONCLUSÃO
O período de internação na UTI neonatal, pode acarretar altos índices de estresse e dor ao recém-nascido, o período de adaptação fisiológica, bem como a manutenção dos sinais vitais e clínicos, podem ser prejudicadas devido aos estímulos ligados aos procedimentos médicos e da equipe multiprofissional como um todo. O estudo demonstra que a prática alternativa, ligada ao RN na UTI neonatal, pode fortalecer as medidas de redução de estresse, dor, e controle dos sinais vitais, bem como o fortalecimento dos vínculos afetivos entre o paciente e a genitora.
A prática de humanização no cuidado com o RN, pode contribuir positivamente para o período de adaptações fisiológicas, bem como a redução de quadros álgicos e estresse, que podem favorecer o estado clínico do RNPT, além de estimular o vínculo materno-infantil, reduzir o tempo de internamento hospitalar e contribuir para a redução das taxas de mortalidade. Políticas públicas voltadas aos cuidados aos recém-nascidos prematuros devem ser estimuladas entre os profissionais de saúde da área, a fim de contribuir fortemente para o controle da mortalidade infantil, sendo a prematuridade a principal causa dela.
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1Bacharel em Fisioterapia pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau), Caruaru-PE
2Mestre em Fisioterapia Pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife-PE