PSICOLOGIA DO ESPORTE E EDUCAÇÃO FÍSICA: MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS PARA POPULAÇÃO COM OBESIDADE DURANTE A PANDEMIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249071059


Alexandre Bosquette Gomes1


Resumo

Esta pesquisa teve como objetivo realizar uma revisão integrativa sobre as razões pelas quais houve um aumento no número de indivíduos com obesidade e excesso de peso durante a pandemia da COVID-19, reforçando atuação dos profissionais da área da saúde com foco no Psicólogo do Esporte (PE) e o Profissional de Educação Física (PEF), atuando em conjunto para promover estratégias de mudanças comportamentais, melhor adesão em programas de Atividade Física (AF) para esta população durante o cenário pandêmico e mudança dos hábitos alimentares. Metodologia: artigos, teses e dissertações em português e inglês publicados entre 2020 e abril de 2024 em três bases de dados com os descritores Psicologia do Esporte e Educação Física e as palavras chaves, obesidade; mudança comportamental; atividade física; COVID-19. Resultados e Discussão: 34 estudos foram selecionados, aos quais priorizaram investigações qualitativas sobre mudanças comportamentais relacionadas a estratégias para adesão na pratica de AF e mudança dos hábitos alimentares. Considerações Finais: É necessária uma intervenção multidisciplinar no tratamento da obesidade durante o cenário pandêmico, para uma melhor adesão nos programas de AF e uma melhora nos hábitos alimentares.

Palavras – chaves: obesidade; mudança comportamental; atividade física; COVID-19.

Summary

This research aimed to carry out an integrative review on the reasons why there was an increase in the number of individuals with obesity and overweight during the COVID-19 pandemic, reinforcing the role of health professionals with a focus on Sports Psychologists ( PE) and the Physical Education Professional (PEF), working together to promote behavioral change strategies, better adherence to Physical Activity (PA) programs for this population during the pandemic scenario and changes in eating habits. Methodology: articles, theses and dissertations in Portuguese and English published between 2020 and April 2024 in three databases with the descriptors Sports Psychology and Physical Education and the key words, obesity; behavioral change; physical activity; COVID-19. Results and Discussion: 34 studies were selected, which prioritized qualitative investigations on behavioral changes related to strategies for adherence to PA and changes in eating habits. Final Considerations: A multidisciplinary intervention is necessary in the treatment of obesity during the pandemic scenario, for better adherence to PA programs and an improvement in eating habits.

Keywords: obesity; behavioral change; physical activity; COVID-19.

Resumen

Esta investigación tuvo como objetivo realizar una revisión integradora sobre las razones por las cuales hubo un aumento en el número de individuos con obesidad y sobrepeso durante la pandemia de COVID-19, reforzando el papel de los profesionales de la salud con enfoque en los Psicólogos del Deporte (PE) y el Profesional de Educación Física (PEF), trabajando en conjunto para promover estrategias de cambio de conducta, mejor adherencia a los programas de Actividad Física (AF) para esta población durante el escenario de pandemia y cambios en los hábitos alimentarios. Metodología: artículos, tesis y disertaciones en portugués e inglés publicados entre 2020 y abril de 2024 en tres bases de datos con los descriptores Psicología del Deporte y Educación Física y las palabras clave obesidad; cambio de comportamiento; actividad física; COVID-19. Resultados y Discusión: Fueron seleccionados 34 estudios, que priorizaron investigaciones cualitativas sobre cambios conductuales relacionados con estrategias de adherencia a la AF y cambios en los hábitos

alimentarios. Consideraciones finales: Es necesaria una intervención multidisciplinaria en el tratamiento de la obesidad durante el escenario de pandemia, para una mejor adherencia a los programas de AF y una mejora en los hábitos alimentarios.

Palabras clave: obesidad; cambio de comportamiento; actividad física; COVID- 19.

Introdução

O estudo de Campos et al. (2023), mostra que no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2019), na última pesquisa nacional de saúde feita em 2019, o número de pessoas com sobrepeso ou obesidade era de aproximadamente 96 milhões, sendo em sua maioria mulheres (53 milhões), a faixa etária mais afetada é entre 40 e 59 anos, e a faixa etária menos afetada é entre 18 e 24 anos. Essa patologia é caracterizada pelo aumento exacerbado da gordura corporal, e possui diferentes tratamentos, sendo a base delas a perda e manutenção do peso, sendo necessário que as estratégias adotadas se ajustem ao cotidiano de cada indivíduo.

A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um acúmulo de gordura excessiva que aumenta o risco de comorbidades. O diagnóstico da obesidade é realizado seguindo parâmetros da OMS com base no Índice de Massa Corporal (IMC), que é um cálculo relacionando peso corpóreo (kg) e estatura (m) ² dos indivíduos. A partir deste parâmetro, é considerado sobrepeso índice superior a 25kg/m², enquanto índice igual ou acima de 30 kg/m² é considerado obesidade (Campos et al., 2023; Mitchell et al., 2022).

Segundo Adhiambo et al. (2023) e Mitchell et al. (2022), as diretrizes da OMS sobre AF e comportamento sedentário recomendam AF regular para adultos com doenças crônicas. As recomendações incluem pelo menos 150 a 300 minutos de AF aeróbica de intensidade moderada ou pelo menos 75 a 150 minutos de AF aeróbica de intensidade vigorosa por semana, juntamente com atividades de fortalecimento muscular de intensidade moderada ou superior, 2 ou mais dias por semana para benefícios adicionais.

O primeiro passo deste estudo foi de pesquisar como a pandemia da COVID-19 contribuiu para o aumento da obesidade, e como o indivíduo obeso se sente em relação a prática de AF, estabelecendo estratégias motivacionais utilizadas dentro da PE. Reforçando assim, uma intervenção multidisciplinar para os profissionais da saúde envolvidos no tratamento da obesidade e excesso de peso durante a pandemia da COVID-19 (Burnatowska, Surma, & Olszanecka- Glinianowicz, 2022; Jebeile, Kelly, O’Malley, & Baur, 2022).

Estudo realizado por Burnatowska et al. (2022), mostrou que a quarentena e o distanciamento social foram consideradas as medidas mais úteis para conter a infecção e a maioria dos países emitiu vários graus de ordens de “abrigo no local” para retardar a propagação da COVID-19 durante as primeiras ondas da pandemia. No entanto, há evidências de que o confinamento pode ter efeitos prejudiciais na saúde psicológica e física das pessoas (Alonso-Fernández, Fernández-Rodríguez, Taboada-Iglesias, & Gutiérrez-Sánchez, 2022).

Além disso, a AF tem sido enaltecida e propagada há séculos como um potente fator de promoção à saúde. Nesse caso, a AF se refere a qualquer movimento físico produzido pelo tecido muscular esquelético que faz com que o praticante consuma energia. Nessas atividades, há também componentes biológicos, psicossociais, culturais e comportamentais. Especificamente, o exercício é descrito como “um subconjunto de AF planejada, estruturada e repetitiva e que tem como objetivo final ou imediato a melhoria da manutenção da aptidão física” (Bozzola, Barni, Ficari, & Villani, 2023; Múzquiz-Barberá et al., 2022).

Estudo dirigido por Randall et al. (2021) falam sobre a importância do PE entender como os fatores psicológicos influenciam o desempenho físico e compreender como a participação nessas atividades afeta o desenvolvimento emocional, a saúde e o bem-estar de uma pessoa nesse ambiente. Bem como a AF planejada, estruturada e repetitiva é o campo de atuação do PEF e não por acaso é reconhecida como um fator determinante e condicionante da saúde (Patel, Sathiyamoorthy, Giruparajah, Toulany, & Hamilton, 2022).

Desta maneira a obesidade é de origem multifatorial, que engloba desde influências genéticas até aspectos socioeconômicos e comportamentais. Diante disso, a ênfase em práticas clínicas multidisciplinares ao processo de educação comportamental é prioritária para concretizar não só do acesso, mas principalmente a incorporação de hábitos saudáveis de vida e alimentação, associada com uma rotina de AF (Patel et al., 2022).

Alguns autores como Pellegrini, DeVivo, Kozak, & Unick, (2023), reforçam um tratamento clinico multidisciplinar entre o PEF e PE nas dificuldades e desafios que permeia o cenário durante a pandemia na COVID-19. De fato, a pandemia da COVID-19 contribuiu com uma segunda pandemia, a da obesidade. Sendo assim, é de extrema relevância uma abordagem que avalie e monitore os pilares no tratamento da obesidade, que são, dieta, nível de AF e mudança comportamental.

Um acompanhamento dos profissionais envolvidos no processo de perda-ganho de peso e sua manutenção, que também deve ser considerada e incluída no tratamento da obesidade, incluindo estratégias de motivação para o engajamento no programa de AF (Kriaucioniene, Bagdonaviciene, Rodríguez- Pérez, & Petkeviciene, 2020). Por outro lado, Adhiambo et al. (2023) em seu estudo falam sobre as barreiras à prática de AF que incluem tempo limitado, condições de saúde crônicas concomitantes, falta de motivação, carga de sintomas, acesso e custo dos centros de fitness e apoio social limitado.

Estudos realizados por Jebeile et al. (2022) e Kriaucioniene et al. (2020), falam sobre a criação de protocolos e condutas relacionadas à prevenção e controle da obesidade, que é um grande desafio aos profissionais do serviço de saúde no Brasil e no mundo a fora, por isso, este estudo serve como ferramenta para os PEF e PE, entre outros, na tentativa de preencher esta lacuna. Desta forma, estas condições corroboram a uma pior adesão ao tratamento e respostas as intervenções propostas, sendo um dos maiores problemas de saúde no mundo.

Epidemia de obesidade a próxima pandemia em curso

Globalmente a obesidade, ou a percentagem da população com excesso de peso, tornou-se mais generalizada e gerou grandes preocupações de saúde pública em crianças e adolescentes. No período 2017 e 2018, a incidência global de adolescentes com obesidade (excesso de peso) foi de 19,3% e impactou cerca de 14,4 milhões de adolescentes. Atualmente, encontramos um quadro pouco animador com relação ao sucesso dos programas e estratégias de emagrecimento (Ventura et al., 2021).

Almandoz et al. (2022) mostra que os potenciais caminhos de risco para a obesidade durante a pandemia incluem, restrição de AF e movimentos diários, exposição excessiva a padrões alimentares nocivos nas mídias sociais, sofrimento emocional, medo de contágio e baixo acesso a tratamento e cuidados. Em seus estudos Almandoz et al. (2022) e Burnatowska et al. (2022) falam sobre o confinamento e o distanciamento social, como estratégias utilizadas para conter o avanço da transmissão do coronavírus, principalmente nos primeiros meses de pandemia, que acarretaram um aumento do comportamento sedentário, além do consumo de alimentos fornecidos por aplicativos de delivery, com maior oferta de alimentos ultraprocessados com alto conteúdo calórico.

De acordo com Matthews et al. (2022) o comportamento sedentário é definido como qualquer atividade caracterizada por um gasto energético inferior a 1,5 METs (equivalente metabólico da tarefa) na posição sentado, reclinado ou deitado. Essas atividades geralmente são realizadas em frente a telas de computador, televisão, celulares e tablets, mas também incluem o tempo sentado para se deslocar de um lugar a outro utilizando carro, ônibus ou metrô, e para realizar trabalhos manuais, jogar cartas ou jogos de mesa.

Sendo assim, as situações vivenciadas durante a pandemia, como as perdas de familiares e amigos, o medo do adoecimento, da perda de emprego e consequentemente dos meios de subsistência, levaram ao surgimento ou agravamento de casos de depressão, estresse e ansiedade. Os sentimentos de angústia e medo muitas vezes são minimizados com o consumo de maior quantidade de alimentos, ou mesmo de alimentos ricos em açúcar e gordura, muitas vezes de menor custo. Dessa forma, esses fatores podem ser considerados um dos responsáveis pelo ganho de peso durante a pandemia (Daniel et al., 2022; Randall et al., 2021).

Através do estudo de Bonfrate et al. (2023), percebe-se uma ligação entre hábitos alimentares pouco saudáveis e emoções desagradáveis (por exemplo, medo, solidão, tristeza) existe em muitos indivíduos com obesidade e, às vezes, antecede o início da obesidade. É uma das razões para o aumento das taxas de obesidade em indivíduos com depressão, especialmente se a depressão não tratada. Pode-se esperar, portanto, que o estresse causado pela pandemia provoque “comer emocional” nesse grupo.

Estratégias de mudanças comportamentais para aumentar a adesão a pratica regular de atividade física, na população com obesidade durante a pandemia da COVID-19

A obesidade é considerada um grave problema de saúde pública uma vez que acomete milhões de pessoas em todo o mundo e vem crescendo vertiginosamente a cada ano, em todas as faixas etárias e em todas as classes sociais. Em 2019, a federação mundial da obesidade estimou que haveria 206 milhões de crianças e adolescentes com idades entre os 5 e os 19 anos a viver com obesidade em 2025 e 254 milhões em 2030. Dos 42 países que se estima terem, cada um, mais de 1 milhão de crianças com obesidade em 2030, os primeiros classificados são a China, seguida pela Índia, os Estados Unidos da América, a Indonésia e o Brasil, sendo apenas sete dos 42 primeiros países de rendimento elevado (Jebeile et al., 2022).

Almutairi, Burns, & Portsmouth, (2022) reportam que apenas 20% das pessoas com obesidade e que procuram tratamento conseguem perder (10% do peso inicial) e manter o peso saudável por pelo menos um ano. A diminuição dos níveis de AF é uma das principais mudanças sociais que impulsionam a atual pandemia de obesidade. Reconhecer a importância em se ter uma rotina que estimule a pratica de AF para a manutenção da saúde do indivíduo com excesso de peso é muito importante, porém, é necessário também conhecer os fatores que motivam os indivíduos a praticarem AF regularmente.

O estudo de Robinson et al. (2021), mostra que o comportamento é amplamente definido como qualquer realização que o organismo ou ser vivo faz, o que inclui ações, palavras e manifestações de emoções e pensamentos. Para promover mudanças no estilo de vida, o comportamento deve ser observável, mensurado e definido. O emagrecimento envolve essencialmente uma mudança de comportamento em direção a um novo estilo de vida.

Em vista disso, Stratton et al. (2023) em seu estudo analisaram algumas variáveis que ajudariam a explicar quais pessoas obtêm sucesso nos programas de intervenção para o emagrecimento. Tipicamente, os sujeitos que abandonam os programas precocemente apresentam maior IMC e menor nível de AF, já fizeram mais que 4 tentativas de dietas no último ano e apresentam maiores flutuações no peso corporal nos últimos meses.

Um outro estudo randomizado conduzido por Oh, An, Min, & Park, (2022) com o protocolo de 5 dias/semanas, durante 3 semanas, utilizando aplicativo de jogos baseados em Inteligência Artificial (IA), descobriu que através dos movimentos corporais para controlar os personagens dos jogos, jogado por crianças obesas se mostrou eficaz na melhora de IMC, VO2máx, teste de caminhada de 6 minutos e função cardiopulmonar, comparados a pré-teste. Sugerindo assim, o uso do aplicativo como estratégia terapêutica eficaz em casa, o que poderia servir como base para pesquisas científicas avançadas sobre exercícios em casa baseadas em IA.

Chew et al. (2021) pesquisaram algumas estratégias de intervenção frente as respostas geradas pela COVID-19, são os serviços móveis de saúde, como o aplicativo mHealth apps. Os aplicativos mHealth apps têm potencial para amplo alcance e adoção entre a população devido ao seu baixo custo, ampla disponibilidade de Internet e altos níveis de propriedade de smartphones. O programa de controle de peso mHealth, fornece treinamento de saúde individualizado, vídeos educativos sobre nutrição e AF, e automonitoramento para melhorar comportamentos de dieta e AF.

Os autores Calcaterra et al. (2021) e Christinelli et a. (2021) falaram sobre os termos telessaúde e telemedicina que são geralmente empregados de forma intercambiável, mas a telessaúde se desenvolveu para abranger uma gama mais ampla de atividades e serviços digitais de saúde. O uso da tecnologia de telessaúde é uma abordagem relativamente nova para prestar assistência durante o surto de COVID-19.

Além do mais, segundo os autores Chew et al. (2021) e Vandoni et al. (2021) em seus estudos verificaram que a telessaúde é eficaz na promoção do aumento do automonitoramento e da mudança comportamental, além de oferecer a oportunidade de realizar suporte nutricional on-line e programas de treinamento físico para promover um estilo de vida saudável e reduzir comportamentos sedentários em crianças e adolescentes.

Um estudo realizado por Múzquiz-Barberá et al. (2022) apresentam as diretrizes clínicas sobre hipertensão e obesidade, os autores concordam que a promoção de um estilo de vida saudável deve ser o primeiro passo considerado em pacientes obesos com hipertensão. Para alcançar essas mudanças, o processo deve ser baseado em dois pilares fundamentais, AF regular e comportamento alimentar saudável.

Sendo assim, neste estudo foi utilizado uma intervenção autoadministrada baseada na web ‘Living Better’ concebida para facilitar mudanças no estilo de vida dos pacientes. A intervenção já demonstrou benefícios positivos para a saúde a curto e médio prazo em pacientes com fenótipo obesidade- hipertensão. Este programa multimídia, interativo e autoadministrado é composto por 9 módulos de intervenção que buscam mudar gradativamente o comportamento alimentar e os padrões de AF dos participantes (Múzquiz- Barberá et al., 2022).

O objetivo deste estudo foi examinar a evolução durante 3 anos de um grupo de pacientes hipertensos com sobrepeso e obesidade que já haviam seguido o programa ‘Living Better’. A intervenção deste programa durante a pandemia de COVID-19 produziu melhorias significativas na pressão arterial, IMC, comportamento alimentar e AF (Múzquiz-Barberá et al., 2022).

Segundo Rogers et al. (2020), uma das teorias psicológicas aplicada para compreender os fatores motivacionais subjacentes ao engajamento em comportamentos de saúde é a Teoria da Autodeterminação (TAD). Considerando que a TAD afirma que competência, autonomia e relacionamento são as 3 necessidades humanas básicas, e o grau com que elas são satisfeitas contribuirá para determinar a motivação intrínseca de um indivíduo.

Tais estudos de Malloy-Diniz et al. (2020) e Pinto et al. (2022) sobre a intervenção da TAD são necessários dada a dificuldade das pessoas em iniciar e manter comportamentos saudáveis ao longo do tempo, principalmente durante o contexto da pandemia. Sendo assim, programas de modificação de estilo de vida podem ajudar indivíduos com sobrepeso e obesidade a perder de 5 a 10% do peso inicial para alcançar melhorias clinicamente significativas em vários resultados de saúde.

Portanto, a TAD foi desenvolvida como uma estrutura teórica para entender as bases da motivação humana a partir de 2 componentes centrais: a energia psicológica e a meta para a qual a energia é direcionada. A estrutura conceitual da TAD é bastante útil para explicar o processo de adesão a intervenções de saúde, explorando a dinâmica da motivação durante a mudança de comportamento conducentes à saúde (por exemplo, aumento do gasto energético através de exercícios, e alimentação saudável) ou apoiar tratamentos de saúde (por exemplo, adesão ao programa de AF, autogestão em seguir a dieta) (Feig et al., 2022; Malloy-Diniz et al., 2020).

Consequentemente, os fatores psicológicos que afetam a motivação na população obesa incluem a necessidade de competência (sentir-se confiante e autoeficaz), necessidade de autonomia (ter participação nas decisões ou de alguma forma “mandar” nelas) e necessidade de relacionamento (importar-se com e ter a atenção dos outros). Estar consciente desses fatores e alterar as coisas quando possível aumenta o sentimento de motivação intrínseca do indivíduo. Este conceito é muito utilizado pelo PE, e se aplica para aderência em programas de exercício físico, seja em academias, parques ou em domicilio, e podem contribuir de forma significativa para o sucesso e manutenção do peso (Cancello, Soranna, Zambra, Zambon, & Invitti, 2020; Mun & So, 2022).

Tipo do estudo

Este estudo descritivo utilizou uma abordagem qualitativa para investigar as razões pelas quais houve um aumento expressivo de indivíduos com obesidade e excesso de peso durante a pandemia da COVID-19, e também quais as estratégias podem ser adotadas tanto pelo PE, quanto pelo PEF para promover estratégias de mudanças comportamentais, para a adesão á pratica de AF regular.

Procedimentos

Este estudo teve 4 etapas de procedimentos metodológicos. Sendo na primeira etapa, dá-se o processo para as buscas na literatura, onde foram utilizados os descritores Psicologia do Esporte e Educação Física, (segundo o DeCS/MeSH) nos idiomas português e inglês. Além desses descritores, foi utilizada as palavras- chaves: obesidade; mudança comportamental; atividade física; COVID-19. Para auxiliar na identificação dos estudos voltados para o objetivo desta pesquisa.

Na segunda etapa foram consultadas 3 bases de dados: PUBMED, LILACS e GOOGLE ACADÊMICO. Nestas bases foi utilizado o operador boleanos “AND”, na construção das classes de busca, nos 2 idiomas. Critérios de inclusão: artigos originais, teses e dissertações publicados em português e inglês, artigos quantitativos e qualitativos originais publicados em periódicos peer-reviewed, publicados entre os anos de 2020 a abril de 2024. Critérios de exclusão: a) estudos que não tratavam da obesidade no contexto da pandemia da COVID-19; b) resultados repetidos na busca; c) monografias

A terceira etapa compreendeu a análise dos resumos dos estudos pré-selecionados (que preenchiam os critérios de inclusão ou que não permitiam certeza de que deveriam ser excluídos) para a identificação de sua relevância. Após esta análise todos os estudos selecionados foram obtidos na íntegra. Esta fase compreendeu a leitura completa e a avaliação dos estudos, para verificar se cada um deles realmente tratava da obesidade no contexto da pandemia. Na quarta etapa é apresentada a discussão dos resultados e a síntese. A quinta etapa compreende as considerações finais sobre a temática investigada.

Resultados

Foram identificados, inicialmente, 7. 844 estudos para esta revisão, com leitura dos títulos. Destes, 122 foram selecionados para a leitura de resumos, sendo excluídos 38 por duplicidade. Portanto, 84 trabalhos foram lidos na íntegra e 50 excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão, resultando em 34 selecionados.

A Figura 2 apresenta o fluxograma descrevendo o processo de busca e seleção dos estudos.

Figura 2. Fluxograma de busca e seleção dos estudos inclusos na revisão

O Quadro 1 apresenta os estudos incluídos na revisão quanto às estratégias de adesão a pratica de atividade física e mudanças comportamentais durante o cenário pandêmico da COVID-19, contendo autores, ano, título da pesquisa, amostra/estudos, tipo de pesquisa.

Quadro 1. Artigos incluídos na pesquisa relacionados às estratégias a pratica de atividade física e mudanças comportamentais

Autor/AnoPalavras chavesAmostra/EstudosTipo da pesquisa
Adhiambo et al. (2024)Exercício                              físico; experiência; HIV/AIDS;                      adulto mais velho100 indivíduos com mais de 50 anos com            vírus            da imunodeficiência humanaQualitativo (entrevista- semiestruturada)
Almandoz et al. (2022)Mudança; comportamento; saúde                    mental; obesidade; COVID- 19404              indivíduos (mulheres)Quantitativa (pesquisa                     on- line)
Almutairi, Burns                & Portsmouth (2022)Características sociodemográficas; conhecimento; atitude; comportamentos; atividade                      física; COVID-191.500 estudantes do ensino médio com idades entre 11 e 15 anosQuanti-quali (pesquisa transversal                     on- line)
Alonso- Fernández, Fernández- Rodríguez, Taboada- Iglesias,                & Gutiérrez- Sánchez (2022)COVID-19; pandemia; confinamento; HIIT; atividade                      física; depressão21              indivíduos saudáveis           de ambos os sexosQuantitativa (Pesquisa                      de campo)
Arellano- Alvarez               et al. (2023)Obesidade        infantil; COVID-19; mudança de       estilo   de       vida; confinamento; adolescentes29 crianças e adolescentes de ambos os sexos com sobre peso e obesidadeQuantitativa (entrevista estruturada)
Bonfrate et al. (2023)Género; COVID-19; doença metabólica; aspectos psicológicos;        dieta mediterrânica245 indivíduos de ambos os sexosQuali-quanti (transversal descritiva)
Bozzola, Barni, Ficari,                & Villani (2023)Adolescentes; atividade     física; exercício; COVID-19111    estudos incluídos    para análiseQuali-quanti (revisão      de literatura)
Burnatowsk a, Surma, & Olszanecka – Glinianowic z (2022)COVID-19; alimentação emocional; índice de massa corporal; sobrepeso; obesidade66   estudos incluídos       para análiseQuali-quanti (revisão sistemática)
Campos et al. (2023)Obesidade; obesidade       infantil; complicações       da obesidade3.517 estudos selecionados, após critérios         de exclusão, restaram 13 estudos para análiseQualitativa (revisão integrativa)
Cancello, Soranna, Zambra, Zambon, & Invitti (2020)COVID-19; confinamento; estilo de vida; hábitos alimentares; dieta; atividade física; dormir;                     fumar; enquete; saúde490 indivíduos de ambos os sexosQuali-quanti (questionário on- line                  semi- estruturado)
Christinelli et al. (2021)Obesidade; tecnologia biomédica; aplicativos           moveis; promoção da saúde; prevenção                    de doenças; telemonitoramento; exercício físico94       estudos selecionados, após critérios              de exclusão, restaram 6 estudos para análiseQuali-quanti (revisão integrativa)
Chew et al. (2021)Obesidade pediátrica;       saúde móvel;              aplicativos; comportamento       de saúde; saúde móvel; obesidade; adolescente;       estilo de vida; bem-estar; telefone celular73 adolescentes com sobre peso e obesidadeQuali-quanti (estudo prospectivo        de coorte única)
Daniel et al. (2022)SARS-CoV-2; coronavírus; distanciamento social;             quarentena; pesquisa    de obesidade; saúde1.334 indivíduos de ambos os sexosQuali-quanti (pesquisa on-line transversal)
Feig et al. (2022)Atividade física; cirurgia bariátrica; psicologia; emoções positivas; mudança de comportamento de saúde23      adultos    de ambos os sexosQuali-quanti (entrevista semi- estruturada)
García- García et al. (2023)Atividade  física; saúde         mental; comportamento sedentário; confinamento; estudantes universitários2.355 indivíduos de ambos os sexosQuali-quanti (estudo longitudinal    que utilizou questionário on- line)
Jebeile, Kelly, O’Malley, & Baur (2022)Crianças; adolescentes; obesidade; epidemiologia; etiologia; complicações;      co- morbidade; tratamento; mudança            de comportamento; prevenção;         cirurgia bariátrica;        cirurgia metabólica; farmacoterapia; IMC200      estudos Medline         (PubMed) e     Cochrane Database     of Systematic Reviews,            foram utilizado        nas referenciasQuali-quanti (pesquisa bibliográfica)
Kriaucionie ne, Bagdonavic iene, Rodríguez- Pérez,                & Petkevicien e (2020)Nutrição; atividade física; consumo de álcool;                        peso corporal; COVID-19; quarentena2.447 indivíduos de ambos os sexosQuali-quanti (questionário auto- administrado, pesquisa transversal        on- line)
Krupa- Kotara et al. (2023)COVID-19;    SARS- CoV-2;      pandemia; crianças; comportamento alimentar;    hábitos alimentares;                 estilo de vida294    crianças         de ambos os sexosQuali-quanti (questionário on- line)
Malloy- Diniz et al. (2020)COVID-19; saúde mental; modificação de comportamentos103 estudos foram utilizados                        nas referênciasQualitativo (artigo de atualização)
Matthews et al. (2022)Comportamento sedentário; atividade física;              pandemias; transporte; Estados Unidos;               peso corporal; COVID-19; pesquisas1.635   adultos            de ambos os sexosQuali-quanti (estudo longitudinal                     que utilizou questionário                        on- line)
Mitchell               et al. (2022)COVID-19; atividade física;              pandemias; aspectos comportamentais; emprego; sobrepeso; consumo de álcool; obesidade1.947 adultos de ambos os sexos residentes                          no Reino UnidoQuali-quanti (questionário auto-relatado)
Mun & So (2022)COVID-19; comportamento de saúde; inatividade física; dieta não saudável; hora de dormir; Coreia do SulDados da Pesquisa de                    Saúde Comunitária realizada em 2020 com um   total                          de 229.269 adultosQuali-quanti (estudo transversal)
Múzquiz- Barberá               et al. (2022)Internet;     saúde; estilo de vida; dieta mediterrânea; atividade     física; perda     de       peso; obesidade; hipertensão29    indivíduos       de ambos os sexosQuali-quanti (estudo prospectivo quase experimental )
Oh, An, Min, & Park (2022)Inteligência artificial; exercício em casa; obesidade; adolescente; sobrepeso24 adolescentes com obesidade de ambos os sexosQuali-quanti
Patel, Sathiyamoo rthy, Giruparajah , Toulany, & Hamilton (2022)COVID-19; adolescentes; crianças; obesidade; ganho de peso55 crianças e adolescentes com obesidadeQuantitativa
Pellegrini, DeVivo, Kozak       & Unick (2023)Dieta;               obesidade; controle         de               peso comportamental; COVID-1930    indivíduos       de ambos os sexosQuali-quanti (ensaio     clínico randomizado)
Pinto et al. (2022)Pandemia do covid- 19; exercício físico; motivação.39    indivíduos       de ambos os sexosQuali-quanti (estudo descritivo utilizando entrevistas            pelo número     do celular)
Randall    et al. (2021)Atividade   física; bem-estar     físico; bem-estar psicológico; satisfação da vida; pandemia do covid- 19; educadores de infância1.434    professores de ambos os sexosQuali-quanti (pesquisa           on- line)
Restrepo (2022)Obesidade; exercício           físico; sono;   álcool; tabagismoO   BRFSS   coleta dados         sobre residentes dos EUA de         todos     os       50 estados, do Distrito de Columbia e de 3 territórios dos EUA sobre comportamentos de          risco relacionados à saúde e condições crônicas de saúdeQuali-quanti
Robinson et al. (2021)COVID-19; Comportamento alimentar; Obesidade; Atividade     física; Controle de peso2.002 indivíduos de ambos os sexosQuali-quanti (questionário on- line)
Rogers               et al. (2020)COVID-19;        SARS- CoV-2;        condição crônica; confinamento; abordagem     de método      misto; obesidade; percepções de risco; atividade                   física (exercício)9.190   adultos       de ambos os sexosQuali-quanti (pesquisa                     on- line)
Stratton               et al. (2023)COVID-19; atividade física;        mulheres; México; nível                de funcionamento percebido1.882 questionários preenchidos para o estudoQuali-quanti (estudo transversal         que utilizou questionário            on- line anônimo)
Vandoni               et al. (2021)COVID-19; obesidade                   infantil; exercício; programa de treinamento on- line;         pediatria; sedentário; telessaúde186   estudos          das bases         de     dados eletrônicas PubMed,         Scopus, EMBASE e Web of Science,             foram utilizado                        nas referenciasQuali-quanti (revisão narrativa)
Ventura               et al. (2021)Crianças; adolescentes;         dieta mediterrânea; atividade        física; distúrbio   do       sono; COVID-19;          doença não          transmissível; fatores  de             risco; sedentarismo3.464 questionários preenchidos com informações sobre crianças de ambos os sexosQuali-quanti (questionário estruturado       on- line)

As informações contidas dos estudos no Quadros 1 foram desta forma agrupadas para proporcionarem uma visão geral das pesquisas, porém serão ampliadas e discutidas na sessão de discussão.

Apesar do aumento do número das pesquisas de campo sobre o tema, os estudos da Tabela 1 (58% desta pesquisa) contribuem para agregar conhecimento, disseminar informação sobre a importância da mudança comportamental no processo de emagrecimento. Outros 23 estudos apresentaram discussões sobre como a pandemia da COVID-19, acarretou um aumento de sobre peso e obesidade na população. 4 estudos que utilizaram a IA concluíram que é uma estratégia eficaz para uma melhora na mudança de comportamento relacionada a dieta, adesão á pratica de AF e vídeos educativos relacionados a uma melhora geral de hábitos saudáveis. E 76% dos estudos analisados apresentaram discussões relevantes sobre a importância do tratamento multidisciplinar na adesão a pratica de AF e tratamento/controle da obesidade e excesso de peso.

Discussão

Estudos conduzidos por Patel et al. (2022) e Pellegrini et al. (2023) voltados para a compreensão dos fatores determinantes nas mudanças comportamentais podem ser aplicados na rotina do PE, atuando em conjunto com o PEF, para compreender melhor sobre os motivos determinantes na mudança de fatores comportamentais no controle de peso, para a população com obesidade e excesso de peso durante o cenário pandêmico. Portanto, é necessária uma intervenção nos aspectos de mudanças comportamentais, estratégias de engajamento em programas de AF, uma vez que são fatores de risco modificáveis.

Conforme estudo de Almutairi et al. (2022) esclarece que, embora programas que envolvem tratamento combinando modificação comportamental como, aconselhamento nutricional e início em programas de AF, sejam apontados como efetivos no controle da obesidade, taxas de abandono do tratamento variam de 10% a 80% em estudos com obesos. Desta forma, o uso da tecnologia levou os profissionais da área da saúde a manter relações com indivíduo com excesso de peso e obesidade, de modo a reduzir os comportamentos sedentários e os riscos para a saúde associados, causados pela pandemia da COVID-19 (Vandoni et al., 2021).

O uso de jogos utilizando a IA, tem se mostrado eficaz na melhora do condicionamento físico, IMC e redução do consumo de calorias (Oh et al., 2022). Chew et al. (2021) evidenciaram a utilização de uma ferramenta móvel de saúde como uma intervenção precoce antes de um programa multidisciplinar de controlo de peso baseado em clínica, podendo ser uma estratégia de tratamento eficaz e apropriada durante uma pandemia.

Almandoz et al. (2022) e Burnatowska et al. (2022) citam em seus estudos que uma das dificuldades para mudanças dietéticas está na crença dos indivíduos de que não há necessidade de alteração dos hábitos alimentares, o que se torna um desafio para os profissionais de saúde em obter sucesso em suas intervenções. Almandoz et al. (2022) e Robinson et al. (2022) concluíram em seus estudos que reconhecer a necessidade de alteração dos hábitos alimentares é requisito fundamental para iniciar uma mudança dietética.

Além disso, está bem estabelecido que existem barreiras para integrar a pratica regular de AF na rotina de uma pessoa e barreiras ainda maiores para manter o comportamento a longo prazo. No contexto da pandemia, indivíduos com obesidade versus sem obesidade tiveram maiores barreiras percebidas para a tomada de decisão racional em começar em um programa de treinamento físico, atribuindo a falta de motivação e falta de apoio social (Arellano-Alvarez et al., 2023; Adhiambo et al., 2023).

Pesquisas de Stratton et al. (2023), Calcaterra et al. (2021) e Chew et al. (2021) sugerem que atingir o comportamento sedentário (por exemplo, o tempo gasto sentado ou deitado) pode ser uma meta mais alcançável em comparação com os esforços destinados a aumentar o nível de AF com potenciais efeitos positivos na saúde física e mental. Diante deste cenário, numerosos estudos também contribuem para o entendimento, de que as pessoas com obesidade frequentemente enfrentam rotulações negativas persistente em diferentes ambientes, como ambiente de trabalho, educacional e até mesmo de saúde (Bonfrate et al., 2023).

Os autores Bonfrate et al. (2023) e Jebeile et al. (2022) em seus estudos falaram que o estigma do peso se refere à desvalorização social de uma pessoa por ela ter sobrepeso ou obesidade e inclui estereótipos negativos de que os indivíduos são preguiçosos e não têm motivação e força de vontade para melhorar a saúde. Maior massa corporal está associada a um maior grau de estigma de peso, embora estudos longitudinais tenham mostrado que as associações entre estigma de peso e IMC são bidirecionais (Alonso-Fernández et al., 2022).

Deste modo, a relação entre a prática de AF e a manutenção da saúde mental tornou-se um consenso entre os profissionais de saúde (Almandoz et al., 2022). Os autores Mitchell et al. (2022) e Restrepo (2022) evidenciaram que diante do declínio do nível de AF da população mundial, a OMS assumiu que estamos vivenciando a prevalência de estilos de vida sedentário. Ou seja, a falta de exercício e a restrição de AF não é mais apenas um problema estético, mas um grave problema de saúde pública, conforme a OMS, anualmente 5 milhões de pessoas no mundo morrem em decorrências de doenças associadas ao sedentarismo, entre elas a obesidade.

Diante disso, vários autores, Almutairi et al. (2022), Arellano-Alvarez et al. (2023) e Cancello et al. (2020) concluíram em suas pesquisas, que AF como caminhar, correr ou andar de bicicleta são essenciais para manter os sistemas do corpo humano em função saudável, isso é essencial para a manutenção da saúde, principalmente durante o cenário pandêmico, e um aumento da população com excesso de peso

De modo geral, quando se trata dos riscos para a saúde durante a pandemia, na maioria das vezes se fala muito em hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares (Múzquiz-Barberá et al., 2022). Em seus estudos Calcaterra et al. (2021) e Chew et al. (2021) expõem que os efeitos dos hábitos sedentários gerados pela inatividade física na saúde mental podem ser igualmente devastadores. Estudo de García-García et al. (2023) mostrou que pessoas moderadamente ativas têm menos probabilidade de serem afetadas por transtornos mentais do que pessoas que não praticam nenhuma AF.

Contudo, pessoas que permanecem durante muito tempo em comportamento sedentário costumam ter problemas com a autoestima, autoimagem, depressão, ansiedade, aumento do estresse e maior risco de doenças como obesidade e síndrome metabólica (Múzquiz-Barberá et al., 2022; Jebeile et al., 2022).

Isso mostra que a participação em programas de exercício físico, podem trazer benefícios físicos e psicológicos aos praticantes, independentemente da idade. Além de melhorar a aptidão física, o exercício físico regular também pode melhorar a capacidade cognitiva e reduzir os níveis de ansiedade e estresse em geral (Bonfrate et al., 2023; Alonso-Fernández et al., 2022).

Considerações finais

Em resumo, a obesidade é uma emergência pandémica que afeta pessoas em todo o mundo, e é ainda agravada pela infecção pandémica devido à infecção por SARS-CoV-2. Num círculo vicioso, as medidas promulgadas contra a COVID-19 aumentaram os estilos de vida sedentários, que são prejudiciais sob múltiplos pontos de vista. O isolamento social causado pela pandemia da COVID-19 desempenha um papel importante na saúde física e mental, em parte devido à sua associação com comportamentos de estilo de vida inadequados, como a falta de AF, e uma dieta desiquilibrada.

Mesmo pequenos aumentos na AF têm grandes efeitos na redução de mortalidade, e melhora nos quadros de depressão, estresse e ansiedade. Na medida em que indivíduos solitários têm poucas conexões sociais e, portanto, carecem das influências promotoras de saúde, sendo indivíduos menos propensos a se envolverem em programas de AF.

Portanto, visto as influencias causadas na saúde física e mental na população com excesso de peso durante a pandemia na COVID-19, foram relatadas alguma das estratégias que podem ser adotadas pelo trabalho em conjunto dos PEF e

PE, para um maior engajamento através das mudanças comportamentais, em programas de emagrecimento, seja através da AF e dietas propostas.

Enfim, foi sugerido também uma intervenção ainda na infância no combate a obesidade infantil, citando a ampliação de políticas de saúde, bem como o desenvolvimento e infraestrutura apropriada para práticas recreativas e de AF também devem ser estimuladas durante o cenário pandêmico.

Declaração de finaciamento

O autor possui vinculo profissional com a UNITOLEDO WYDEN e recebe bolsa do programa de pesquisa e produtividade da UNITOLEDO WYDEN.

Divulgação de interesse

O autor declara não ter conflito de interesse.

Referencias

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1 Universidade UniToledo WydenBolsista do Programa Pesquisa Produtividade da UNITOLEDO WYDEN https://orcid.org/0009-0006-7011-9041
alexandregomes.academicousjt@gmail.com