NURSING PROTOCOLS FOR CARING FOR CHILDREN WITH CONGENITAL HEART DISEASE
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411111730
Amanda de Andrade Bento Vidal
Ana Luiza da Conceição Costa
Paula Raquel Monteiro Gomes Quevedo
João de Sousa Pinheiro Barbosa
Patrícia Gomes Pereira Barbosa
Rafaela Seixa Ivo
Maria Amélia Albergaria Estrela
Lorrane Rafaela de Souza Brasileiro
Resumo
A enfermagem tem um papel fundamental no cuidado da criança com cardiopatia congênita (CC), onde se faz necessário que os profissionais da saúde estejam devidamente qualificados para que seja possível realizar o cuidar de forma eficaz e segura. É necessário que os profissionais de enfermagem continuamente procurem o aperfeiçoamento para melhora dos resultados clínicos e que as complicações associadas a patologia sejam minimizadas. Este estudo aborda a importância dos protocolos assistenciais de enfermagem no atendimento a esse grupo de crianças, com o intuito de aprimorar a qualidade da assistência prestada pelo profissional da saúde. Metodologia: Estudo caracterizado como uma revisão bibliográfica integrativa, com recorte temporal de 2019 a agosto de 2024. A revisão utiliza a estratégia PICO (população, intervenção, comparação, desfecho) para orientar a coleta de dados. A pesquisa foi realizada em bases de dados como SciELO, PubMed e periódicos da CAPES. Os critérios de inclusão envolvem artigos originais, publicados nos idiomas português, inglês ou espanhol, enquanto os de exclusão consideram artigos de revisão, teses e dissertações. Objetivo: O estudo tem por objetivo a análise dos protocolos assistenciais de enfermagem utilizados no atendimento as crianças com cardiopatia congênita, identificando aqueles com maior embasamento científico e citando as diferenças dos protocolos adotados no Brasil com o de outros países.
Palavras–chave: Protocolos de Enfermagem, Cardiopatia Congênita, Suporte Emocional, Qualidade de Vida, Cuidados Pediátricos
Abstract
Nursing plays a fundamental role in the care of children with congenital heart disease (CHD), where it is necessary for health professionals to be properly qualified so that care can be provided effectively and safely. It is necessary for nursing professionals to continually seek improvement to improve clinical results and for complications associated with pathology to be minimized. This study addresses the importance of nursing care protocols in caring for this group of children, with the aim of improving the quality of care provided by health professionals. Methodology: Study characterized as an integrative bibliographic review, with a time frame from 2019 to August 2024. The review uses the PICO strategy (population, intervention, comparison, outcome) to guide data collection. The research was carried out in databases such as SciELO, PubMed and CAPES journals. The inclusion criteria involve original articles, published in Portuguese, English or Spanish, while the exclusion criteria consider review articles, theses and dissertations. Objective: The study aims to analyze the nursing care protocols used to care for children with congenital heart disease, identifying those with a greater scientific basis and citing the differences between the protocols adopted in Brazil and those in other countries.
Keywords: Nursing Protocols, Congenital Heart Disease, Emotional Support, Quality of Life, Pediatric Care
2 INTRODUÇÃO
A enfermagem desempenha um papel crucial em todas as etapas do manejo de pacientes com cardiopatia congênita, exigindo, assim, que os profissionais estejam devidamente treinados para oferecer um cuidado seguro e eficaz. A qualificação contínua desses profissionais é fundamental, pois contribui diretamente para a qualidade do cuidado, aumentando as chances de resultados mais rápidos e eficientes, além de promover a redução de custos no tratamento (SILVA et al., 2015).
Os protocolos de enfermagem específicos para a cardiopatia congênita não se limitam ao tratamento das complicações cardiovasculares agudas, mas também buscam promover a saúde em longo prazo. Eles incluem estratégias preventivas, educação para o paciente e sua família sobre a doença, e suporte para lidar com os desafios que ela pode trazer (FARIAS; RESNER; SILVA, 2019).
Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, as cardiopatias congênitas (CC) representam um desafio significativo devido à baixa taxa de sobrevida (Cappellesso et al., 2017). Nesse contexto, programas como o Renasce são essenciais, pois têm como objetivo oferecer uma assistência de enfermagem ampla e acessível, com enfoque em cuidados multiprofissionais, resultando na melhoria dos índices de sobrevida. A CC, com uma incidência de 8 a 10 casos por 1.000 nascidos vivos, é uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil, conforme aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020).
O cuidado de enfermagem para crianças com cardiopatia congênita deve ser abrangente, combinando aspectos técnicos e humanizados. A Prática Baseada em Evidências (PBE) é uma ferramenta indispensável nesse processo, pois orienta as decisões clínicas com base na evolução do paciente e nas descobertas científicas mais recentes. A formação contínua dos profissionais de enfermagem, aliada ao diagnóstico precoce e ao acompanhamento especializado, é essencial para a obtenção de melhores resultados em saúde (SILVA et al., 2018).
Por fim, o apoio e a orientação oferecidos aos familiares específicos é um pilar essencial na gestão emocional da doença e da hospitalização. A enfermagem deve adotar suas práticas para fornecer uma assistência que promova o bem-estar e a qualidade de vida das crianças com cardiopatia congênita, garantindo um suporte integral tanto ao paciente quanto à sua família (LIMA; SILVA; SIQUEIRA, 2018)
O objetivo deste estudo é analisar, nas bases de dados eletrônicos, os protocolos assistenciais para o atendimento de crianças com cardiopatia congênita com maior respaldo científico, bem como comparar os protocolos utilizados no Brasil com aqueles adotados no país.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com a Resolução nº 564/2007 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), publicada em 2017, os protocolos de assistência de enfermagem são documentos sistemáticos que estabelecem diretrizes e procedimentos padronizados para o cuidado em saúde. Esses protocolos são fundamentais para a prática clínica da equipe de enfermagem, pois garantem a padronização no atendimento e facilitam a comunicação eficiente entre os profissionais. Além disso, sua utilização otimiza o tempo e os recursos disponíveis, elevando a qualidade dos serviços prestados (VILAÇA, 2018).
A criação e implementação desses protocolos visam garantir a padronização e a eficácia no atendimento de enfermagem, auxiliando os profissionais na tomada de decisões com base nas evidências científicas mais recentes. Isso contribui para a redução de eventos adversos e garante que todos os pacientes recebam um atendimento consistente e de alta qualidade (BRASIL, 2013).
Epidemiologia da Cardiopatia Congênita
Para que os profissionais de saúde ofereçam um atendimento eficaz e qualificado, é necessário que possuam conhecimento técnico e científico atualizado, garantindo uma reabilitação adequada e a plena satisfação das necessidades dos pacientes (Mussi, 2020). Entre as condições que mais afetam a população brasileira estão a hipertensão arterial sistêmica (HAS), o infarto agudo do miocárdio (IAM) e as cardiopatias de modo geral, que compõem a tríade das principais causas de morte no país (Malta DC, 2010).
A cardiopatia congênita (CC) é uma das malformações mais comuns em recém-nascidos, com uma prevalência de 8 a 10 casos para cada 1.000 nascidos vivos. No Brasil, estima-se que aproximadamente 28.000 crianças nasçam com alguma forma de CC a cada ano, o que a torna uma das principais causas de mortalidade infantil. A sobrevida dessas crianças pode variar significativamente dependendo da região do país, sendo mais baixa nas regiões Norte e Nordeste devido à menor disponibilidade de recursos e acesso a tratamentos especializados, como a realização de ecocardiografias e cirurgias corretivas (ABC Cardiol, 2020).
Nos Estados Unidos, cerca de 44,5% das crianças com cardiopatia congênita grave falecem no primeiro ano de vida, enquanto na América Latina, essa condição é a segunda maior causa de mortalidade em menores de um ano, logo atrás das complicações neonatais. Esses dados demonstram a relevância da CC como um problema de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento, onde o acesso limitado a tecnologias e cuidados especializados agrava os avanços clínicos (ANDRADE, 2020).
A Sociedade Brasileira de Cardiologia define cardiopatia congênita (CC) como qualquer anomalia na estrutura cardíaca ou nos vasos associados, podendo ou não estar relacionada a fatores ambientais. Essas anomalias são comuns como acianóticas ou cianóticas, sendo as cianóticas pela coloração azulada da pele, causadas pela oxigenação contida no sangue ou alterações no fluxo sanguíneo (Mussi, 2018).
No Brasil, devido às suas dimensões continentais, a identificação e o tratamento das cardiopatias congênitas enfrentam desafios significativos, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Apesar dos avanços tecnológicos e da ampla evolução de exames, como a ecocardiografia, a taxa de sobrevida de pacientes com malformações cardíacas congênitas ainda é baixa (Arq Bras Cardiol, 2020).
O Programa Renasce, criado para ampliar o acesso ao atendimento de crianças com CC, promove workshops e debates que consolidam uma abordagem de cuidado multiprofissional, com destaque para o papel dos enfermeiros (Brasil, 2022). A incidência de CC no Brasil é de 8 a 10 casos por 1.000 nascidos vivos, o que representa cerca de 28.900 crianças por ano, tornando-se uma das principais causas de mortalidade infantil (ABC Cardiol, 2020).
Nos Estados Unidos, cerca de 44,5% das crianças com cardiopatia congênita falecem no primeiro ano de vida. Na América Latina, as malformações cardíacas congênitas são a segunda causa de morte em crianças menores de um ano, o que destaca a gravidade desse problema de saúde pública (Andrade TM, 2020).
Protocolo de Assistência de Enfermagem para Crianças com Cardiopatia no Mundo
A criação e implementação de protocolos de assistência de enfermagem para crianças com cardiopatia congênita são fundamentais para garantir cuidados práticos e de qualidade. Tais protocolos visam padronizar as práticas de enfermagem, fornecendo diretrizes claras para o atendimento dessas crianças, desde o diagnóstico até o tratamento e o acompanhamento pósoperatório. A uniformidade nos cuidados, baseada em evidências científicas, auxilia na redução de complicações e na melhoria dos índices de sobrevida infantil (MENDES, 2012).
Além de garantir a padronização dos cuidados, os protocolos de enfermagem devem considerar as especificidades culturais e socioeconômicas de cada região. Em países de alta renda, como os Estados Unidos, há maior disponibilidade de recursos tecnológicos e humanos para o atendimento de crianças com cardiopatia congênita, o que permite intervenções precoces e tratamentos de alta complexidade. Em contrapartida, nas regiões da América Latina, onde os recursos são mais escassos, os protocolos devem ser adaptados à realidade local, muitas vezes priorizando cuidados paliativos e a capacitação de enfermeiros para a assistência de suporte (ANDRADE, 2020).
O enfermeiro, na função de seu próximo contato com o paciente, desempenha um papel central na implementação desses protocolos. Ele não deve apenas aplicar as diretrizes técnicas, mas também fornecer um cuidado humanizado, considerando as necessidades emocionais da criança e de sua família. Essa abordagem holística tem sido defendida mundialmente como um componente essencial dos protocolos de enfermagem, visto que as cardiopatias congênitas impactam não só a saúde física, mas também o bem-estar psicológico dos envolvidos (PEREIRA, 2020).
As repercussões clínicas de cardiopatia congênita e seus tratamentos podem impactar diretamente a qualidade de vida da criança e de seus familiares (Brasil, 2018). Atualmente, as estratégias de assistência em saúde têm enfatizado uma abordagem centrada no paciente, focando na qualidade de vida e nas percepções subjetivas da doença pelo paciente, além do impacto das clínicas no seu bem-estar cotidiano (MENDES, 2012).
A experiência hospitalar de crianças com cardiopatia congênita pode gerar efeitos negativos que influenciam seu modo de vida. Nesse cenário, o enfermeiro desempenha um papel fundamental, não apenas no cuidado técnico, mas também no cuidado humanizado, com o objetivo de minimizar os impactos negativos da hospitalização (PEREIRA; TEIXEIRA; SANTOS, 2012).
Protocolos Assistenciais de Enfermagem para Criança com Cardiopatia Congênita
A formação e qualificação dos profissionais de enfermagem são essenciais para melhorar os resultados no atendimento a crianças com cardiopatia congênita. A assistência de enfermagem deve ser iniciada precocemente, com ênfase no diagnóstico ainda no pré-natal, e deve continuar no cuidado intensivo dos neonatos em unidades de terapia intensiva, tanto no pré-operatório quanto no pós-operatório (Caruso et al., 2021).
O cuidado de enfermagem deve ser baseado no conhecimento detalhado da evolução clínica da criança, o que permite intervenções orientadas para diagnósticos precisos. Isso possibilita a sistematização da assistência e a escolha de ações acertadas, levando a um prognóstico mais favorável (Silva; Araújo; Lopes, 2020).
Além disso, o apoio à família é uma parte essencial do cuidado, pois a hospitalização de uma criança com cardiopatia congênita causa um impacto significativo, dado o risco de morte. O enfermeiro deve estar sempre disponível para oferecer informações, orientações e apoio emocional, promovendo o envolvimento dos pais no processo de cuidado (Carvalho, 2022).
A assistência de enfermagem às crianças com cardiopatia congênita tem como objetivo principal promover uma melhor qualidade de vida. Assim, a pesquisa busca evidenciar a importância desse cuidado no contexto das crianças com essa patologia (Nemer et al., 2021).
4 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa, uma metodologia que permite revisar e combinar, de maneira rigorosa, estudos com diferentes abordagens metodológicas, como delineamentos experimentais e não experimentais, integrando seus resultados. Este método oferece o potencial de melhoria na produção de revisões em diversas áreas do conhecimento, mantendo o rigor das revisões sistemáticas. A revisão integrativa possibilita a combinação de dados empíricos e teóricos, promovendo a definição de conceitos, identificação de lacunas no campo de estudo, revisão de teorias e análise metodológica dos estudos sobre um tema específico.
A abordagem adotada na revisão qualitativa, com um recorte temporal de cinco anos, abrangendo o período de 2019 a agosto de 2024.
Pergunta norteadora: Os protocolos assistenciais de enfermagem para crianças com cardiopatia congênita impactantes no atendimento a crianças acometidas por essa patologia?
O desenho do estudo, caracterizado como uma pesquisa não clínica, foi prolongado conforme descrito por Brun, utilizando-se a estratégia PICO (acrônimo de P: população/pacientes; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desenvolvimento/outcome). Essa estratégia ajudou a nortear a coleta de dados, onde os componentes da mnemônica foram definidos da seguinte maneira: P: “crianças”; I: “protocolos assistenciais de enfermagem”; C: não se aplica; O: maior evidência.
A busca de estudos será realizada nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed e periódicos da CAPES, utilizando os Descritores em Saúde (DeCS)/Medical Subject Headings (MeSH) combinados com os operadores booleanos AND e OR. As palavras-chave definidas foram: “crianças”, “enfermeira assistente de protocolo” e “cardiop congênita”.
Fonte: elaborada pelos autores
Os critérios de inclusão adotados são: artigos publicados entre 2019 e agosto de 2024, escritos em português, inglês ou espanhol, publicados em revistas científicas, que sejam artigos originais e abordem a simulação realística aplicada na formação de profissionais.
Os critérios de exclusão incluem: artigos de revisão, estudos publicados fora do período previsto, teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso, artigos escritos em línguas diferentes de português, inglês ou espanhol, artigos não originais e aqueles que não atenderam objetivo dessa pesquisa.
A análise dos artigos será realizada por meio da leitura dos resumos e títulos, o que permitirá a exclusão dos estudos que não atendem aos objetivos propostos, com base nos critérios de inclusão e exclusão. Para a apresentação dos resultados, as seguintes variáveis dos estudos selecionados serão avaliadas: local do estudo, base de dados/periódico, autor (es) e ano, objetivo e nível de evidência. A qualidade metodológica das pesquisas selecionadas será definida de acordo com as seis categorias de evidência do Oxford Centre for Evidence-based Medicine.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
A discussão sobre os protocolos assistenciais de enfermagem para crianças com cardiopatia revela que as intervenções realizadas por enfermeiros desempenham um papel essencial na melhoria do prognóstico desses pacientes, conforme observado em diversos estudos (Cabral, 2020). A atuação do enfermeiro vai desde o diagnóstico precoce até o acompanhamento pós- 11 cirúrgico, destacando-se em áreas como a educação familiar, suporte nutricional e cuidado com a medicação. O estudo de Maximiliano et al. (2024) evidenciou que o avanço da tecnologia e a maior compreensão da fisiopatologia das cardiopatias congênitas resultam em melhores desfechos clínicos, reforçando a necessidade de os enfermeiros se manterem atualizados sobre as mais recentes abordagens terapêuticas (Silva et al. (2017).
Este aspecto demonstra a relevância da formação continuada e do uso de diretrizes atualizadas para garantir uma assistência de qualidade. Outro ponto fundamental é o papel da enfermagem no cuidado perioperatório e no suporte emocional dos pais, especialmente no pósoperatório, onde o suporte familiar é crucial. A revisão de Feng et al. (2020) identificou que a ausência de cuidados parentais é um fator de estresse para as crianças, e a falta de conhecimento sobre a doença aumenta a ansiedade dos pais, destacando a importância de uma abordagem centrada na família (Bonetti et al., 2017).
Esse modelo de cuidado melhora a comunicação entre a equipe de saúde e os pais, promovendo uma recuperação mais rápida e menos traumática para a criança. Isso reflete como os protocolos assistenciais precisam englobar não apenas a técnica, mas também o acolhimento emocional da família. A atuação dos enfermeiros no monitoramento das crianças com cardiopatia congênita também se destaca nos estudos, como o de Zhao et al. (2024), que mostrou que intervenções específicas de enfermagem aplicadas a pacientes submetidos à cirurgia cardíaca resultaram em benefícios clínicos significativos, como redução no tempo de hospitalização e menor exposição a raios X, A contribuição da enfermagem na assistência ao paciente submetido a cirurgia cardíaca pode possui algumas exigências, como equipe apta a prestar assistência imediata, diante que contribui para evolução do paciente (Magalhães et al., 2023).
No entanto, o estudo também apontou uma maior incidência de complicações, o que enfatiza a necessidade de cuidados vigilantes e adaptações nas intervenções. Esses achados demonstram a importância de a enfermagem não se restringir apenas aos cuidados imediatos, mas também ao monitoramento contínuo, garantindo a segurança e eficácia dos tratamentos. Proporcionando uma assistência humanizada, o profissional deve obter como objetivo o preparo do paciente, visando recuperação mais rápida e minimização dos traumas do procedimento (Braz, 2023).
A revisão de Santos et al. (2022) corrobora a relevância do papel do enfermeiro no diagnóstico precoce e na assistência neonatal, destacando que a falta de assistência adequada aumenta a gravidade da cardiopatia em neonatos (Hillesheim M. e Nazário No, 2020). Neste sentido, a enfermagem atua como uma linha de frente no reconhecimento de sinais precoces e na implementação de medidas preventivas. Essa atuação é essencial para minimizar os riscos e melhorar o prognóstico de recém-nascidos cardiopatas. O estudo reforça a importância de protocolos bem estabelecidos para a avaliação contínua das condições cardíacas em neonatos, uma vez que essa prática garante uma intervenção oportuna (Ataide da Silva, 2019).
Além disso, o cuidado pós-cirúrgico de crianças com cardiopatia congênita requer atenção especial. O método canguru, avaliado por Lisanti et al. (2020), mostrou-se uma prática segura e eficaz para promover o vínculo familiar e melhorar a recuperação dos bebês (Brasil, 2021). A aplicação de intervenções como essa dentro dos protocolos assistenciais mostra como estratégias que integram a família no processo de cuidados hospitalares podem resultar em desfechos mais positivos, tanto para a criança quanto para os pais. Essas intervenções humanizadas são fundamentais para a qualidade da assistência de enfermagem, mostrando que o aspecto técnico deve ser sempre complementado pelo acolhimento e suporte emocional. O estudo de Amazonas et al. (2023) enfatiza ainda a necessidade de diretrizes de enfermagem focadas no acompanhamento pós-alta, garantindo a continuidade do cuidado domiciliar.
A continuidade do acompanhamento após a alta hospitalar é crucial para a qualidade de vida da criança e sua família. Porém, efetivar essa assistência exige o suporte de rede de cuidados em saúde e apoio social, diretrizes, onde apresenta fragilidades nesse contexto no Brasil ( BRAGA, 2013). A capacitação dos cuidadores e a educação em saúde são essenciais para evitar complicações e promover o bem-estar da criança. O suporte dado às famílias, especialmente no que tange à alimentação, cuidados com medicação e feridas cirúrgicas, garante que o ambiente familiar se torne um espaço de recuperação efetiva. Assim, os protocolos de enfermagem não podem se limitar ao ambiente hospitalar, mas devem ser estendidos para a realidade domiciliar, reforçando a importância de uma educação permanente. Os profissionais de enfermagem são responsáveis pela a maioria das ações assistenciais, incluindo fatores condicionantes de saúde, como moradia, e por isso, estão em uma posição onde podem reduzir a possibilidade de incidentes que afetam o paciente, além de identificar possíveis complicações e realizar as condutas necessárias para minimizar os danos (PEDREIRA, 2009).
Os protocolos de atendimento de enfermagem para crianças com cardiopatia têm mostrado avanços significativos no diagnóstico e tratamento dessas condições, especialmente com o aumento do uso de tecnologias médicas e a compreensão da fisiopatologia cardíaca. Estudos como o de Maximiliano et al. (2024) ressaltam a importância da atualização constante dos enfermeiros em relação a novas terapias, o que reflete diretamente na qualidade de vida dos pacientes pediátricos, evidenciando a relevância do acompanhamento especializado e sistemático para o prognóstico positivo dessas crianças. Considerando que a enfermagem está presente em todas as etapas do cuidado à crianças com cardiopatias, é necessário aprimorar prática clínica desse profissional, sendo assim, com o avanço do conhecimento, há uma demanda crescente na evolução da saúde deste paciente, sendo pautado por meio da Sistematização da Assistência de Enfermagem (Farias et al. 2019).
A abordagem da qualidade de vida em crianças com cardiopatia também foi explorada por Pascal Amedro et al. (2021), que destacou a ausência de informações suficientes para realizar recomendações seguras quanto ao exercício físico em crianças com arritmia hereditária, como a síndrome de Brugada. Este resultado demonstra a necessidade de protocolos de enfermagem que considerem a individualidade dos pacientes e integrem estratégias de monitoramento contínuo para evitar riscos, ao mesmo tempo que promovem o desenvolvimento físico seguro e a reabilitação dos pacientes. Partindo deste contexto, é necessário formular estratégias que fortaleçam o conhecimento científico para prestar qualidade no cuidado com o paciente, tais estratégias baseiamse no monitoramento contínuo e estabelecido por protocolos (LOPES, 2023).
A vigilância cardiovascular em gêmeos com síndrome de transfusão feto-fetal e restrição seletiva do crescimento fetal, abordada por Noll ATR et al. (2024), aponta para a necessidade de um acompanhamento rigoroso, dado o impacto dessas condições no desenvolvimento cardíaco (Sa Filho; Silva Lima; Gomes, 2022). O papel da enfermagem, nesse contexto, é essencial para garantir o monitoramento de funções cardíacas, identificar precocemente anomalias e intervir adequadamente, prevenindo complicações graves durante o desenvolvimento desses pacientes (Mendes, 2012). O estudo de Silva M. T. et al. (2024) destaca a associação de variáveis maternas e neonatais com a indicação precoce da ecocardiografia, um exame essencial para o diagnóstico de cardiopatia congênita (Miyague NI, et al., 2017).
Esse dado sublinha a importância da sistematização da assistência de enfermagem, visto que a identificação precoce dos fatores de risco gestacionais e neonatais pode favorecer a realização de exames diagnósticos em tempo oportuno, promovendo intervenções mais ágeis e, consequentemente, melhores desfechos para os neonatos cardiopatas (Lopes S. et al., 2018). A eficácia do uso de marcapassos em crianças com bloqueio atrioventricular congênito foi observada na meta-análise de Deshpande et al. (2022). Embora a taxa de mortalidade fosse significativa, os resultados sugerem que a intervenção com marcapasso é eficaz com baixa incidência de efeitos colaterais a longo prazo. No contexto da prática de enfermagem, a monitorização contínua desses pacientes é crucial para garantir o sucesso terapêutico e o bem-estar dos pacientes, ressaltando a necessidade de um acompanhamento detalhado e ajustado às necessidades individuais. Para tanto, a enfermagem presta cuidados e acompanhamento direto a esses pacientes com alta complexidade, é necessário estar devidamente capacitado para essa função para suprir todas as necessidades (MOTA et al., 2018).
As orientações de enfermagem para cuidadores de crianças com cardiopatia congênita, conforme discutido por Amazonas et al. (2023), são essenciais para a continuidade do cuidado após a alta hospitalar (Castro; Duarte; Diniz, 2017). Nutrição, cuidados com feridas cirúrgicas e suporte à família são temas centrais, e isso mostra que a enfermagem vai além do cuidado clínico, também fornecendo suporte emocional e educacional para as famílias, que desempenham um papel vital no processo de recuperação da criança (Santos e Santos, 2024).
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos resultados analisados, conclui-se que os protocolos assistenciais de enfermagem são essenciais para a abordagem integral das crianças com cardiopatia congênita. O cuidado precisa abranger desde o diagnóstico precoce, passando por intervenções durante a hospitalização, até o acompanhamento pós-alta. O enfermeiro, ao implementar essas diretrizes, deve ser capaz de atuar de forma técnica e empática, garantindo que a criança receba o cuidado necessário enquanto a família é apoiada.
As evidências mostram que, com protocolos bem estruturados e práticas de enfermagem baseadas em evidências, é possível melhorar significativamente os resultados clínicos e a qualidade de vida dessas crianças. Há evidências do impacto da implementação de protocolos de enfermagem baseados em evidências na assistência a crianças com cardiopatia congênita. O cuidado centrado na criança e na família, apoiado por intervenções personalizadas e contínuas, mostrou-se fundamental para melhorar os resultados clínicos e promover a qualidade de vida desses pacientes.
A atuação do enfermeiro, dentro do contexto de um plano de cuidados bem estruturado, assegura que todas as etapas do tratamento – desde o diagnóstico precoce até o acompanhamento pós-alta – sejam devidamente monitoradas e adaptadas às necessidades individuais de cada criança. Assim, a utilização de protocolos assistenciais não apenas otimiza o manejo clínico, mas também promove a segurança e a humanização do atendimento.
A reflexão sobre o cuidado de enfermagem evidencia que práticas baseadas em evidências são cruciais para garantir intervenções eficazes e seguras, minimizando riscos e complicações. Estudos recentes mostram que a implementação de protocolos específicos, como o cuidado pós-operatório centrado na família e o uso do método canguru, traz benefícios significativos tanto para as crianças quanto para seus cuidadores. Além disso, os resultados indicam que a capacitação contínua dos enfermeiros é essencial para que possam aplicar as melhores práticas e adaptar suas intervenções conforme as inovações tecnológicas e descobertas científicas. Portanto, a educação permanente em enfermagem é um pilar que sustenta a qualidade da assistência, especialmente em condições complexas como as cardiopatias.
Em suma, a adoção de protocolos de enfermagem baseados em evidências tem impacto direto na qualidade do cuidado prestado a crianças com cardiopatias congênitas. O papel do enfermeiro vai além da execução técnica, abrangendo também a educação em saúde, o suporte emocional e o cuidado humanizado, elementos essenciais para o sucesso terapêutico. A aplicação sistemática desses protocolos reflete o compromisso da enfermagem em proporcionar uma assistência integral 14 e centrada nas necessidades dos pacientes, destacando o enfermeiro como um agente fundamental na promoção de saúde e bem-estar de crianças com condições cardíacas complexas.
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