PROTOCOLO DE TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO PARA DIÁSTASE ABDOMINAL

PHYSIOTHERAPY TREATMENT PROTOCOL FOR ABDOMINAL DIASTASIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7362770


 Dra Simone Aparecida Vieira Rocha
Camila Cristina Jauer
Tainá do Carmo Tavares


RESUMO

A diástase do músculo abdominal é definida como distanciamento da musculatura do abdômen, se desenvolve durante a gestação devido às alterações estruturais, hormonais e biomecânicas. Essas impactam negativamente na saúde física e psicológica da gestante. A fisioterapia é fundamental no tratamento das mudanças corporais e promove, a partir de técnicas específicas de cinesioterapia e eletroterapia, a recuperação da força e tonicidade da musculatura, bem como no reposicionamento dessa região muscular. Métodos: A presente pesquisa foi do tipo quanti-qualitativo de caráter exploratório. Participaram da pesquisa duas mulheres que adquiriram a diástase do músculo reto abdominal pós-parto, ao qual estão na faixa etária de 28 a 35 anos de idade. Para a avaliação da DMRA foram utilizados um paquímetro e o teste de polpa digital, bem como foi aplicado um questionário de avaliação da diástase abdominal. As participantes passaram por intervenção terapêutica não invasiva durante 6 semanas, com duração de 40 minutos cada sessão, 2 sessões por semana para cada participante, um total de 12 sessões. Resultados: Houve melhora da força muscular, a participante 1 evoluiu de 3 para 5 na EOM, e a participante 2 progrediu de 0 para 4 com cessação total da DMRA e redução do quadro álgico na escala EVA somente para a participante 2, de 7 para 0. Conclusão: A intervenção demonstrou resolubilidade nos déficits da DMRA oriundas de sequelas tardias pós-parto, e torna-se uma ferramenta viável na prática clínica não só como tratamento, mas também como forma de prevenção, cuidados e retorno à condição muscular anterior à gestação.

PALAVRAS CHAVE: Técnicas fisioterapêuticas. Tratamento. Diástase do Músculo Reto.

SUMMARY

Abdominal muscle diastasis is defined as the distancing of the abdominal muscles, it develops during pregnancy due to structural, hormonal and biomechanical changes. These negatively impact the physical and psychological health of the pregnant woman. Physiotherapy is fundamental in the treatment of body changes and promotes, based on specific techniques of kinesiotherapy and electrotherapy, the recovery of muscle strength and tone, as well as the repositioning of this muscle region. Methods: The present research was quantitative and qualitative with an exploratory character. Two women who acquired postpartum rectus abdominis diastasis participated in the research, which are in the age group of 28 to 35 years old. For the evaluation of DRAM, a caliper and the digital pulp test were used, as well as a questionnaire to assess abdominal diastasis. Participants underwent non-invasive therapeutic intervention for 6 weeks, lasting 40 minutes each session, 2 sessions per week for each participant, a total of 12 sessions. Results: There was an improvement in muscle strength, participant 1 evolved from 3 to 5 on the EOM, and participant 2 progressed from 0 to 4 with total cessation of DRAM and reduction in pain on the VAS scale only for participant 2, from 7 to 0. Conclusion: The intervention demonstrated resolubility in DMRA deficits arising from late postpartum sequelae, and became a viable tool in clinical practice not only as a treatment, but also as a form of prevention, care and return to the previous muscle condition gestation.

KEYWORDS: Physical therapy techniques. Treatment. Diastasis of the Rectus Muscle.

INTRODUÇÃO

A diástase do músculo reto abdominal (DMRA) trata-se da separação dos feixes de musculatura e do tecido conjuntivo que podem variar de dois a dez centímetros, considerado patológico separações superiores a três centímetros, resultando em flacidez e dor lombar (MICHALSKA et al., 2018). DMRA pode acometer qualquer puérpera em alguma etapa da gestação, frequente nas mulheres após o parto, devido ao estresse e modificações corporais durante este período (MICHALSKA et al., 2018).

A sua sintomatologia é caracterizada por dor lombar excessiva decorrente da descentralização da musculatura, alterações musculoesqueléticas e uroginecológicas (DA SILVA RODRIGUES et al., 2021). Além dos problemas emocionais que podem trazer a mulher, como baixa autoestima, depressão, desenvolvimento de características anti sociais, como isolamento social e apatia, entre outros (COSTA et al., 2021).

O período gestacional compreende desde a formação do zigoto até o desenvolvimento do corpo em cerca de quarenta semanas, período caracterizado por diversas alterações no corpo materno (DEMARTINI et al., 2016). Durante este período ocorre variação hormonal e mudanças anatômicas no corpo induzidas para adaptação no processo da gestação (DA SILVA RODRIGUES et al., 2021).

Mudanças biomecânicas como crescimento do útero, reorganização dos órgãos intra-abdominais, mudanças no eixo de equilíbrio que podem resultar em lordoses, frouxidão ligamentar e interiorização da pélvis são alterações sofridas durante a gravidez (DE SOUZA et al., 2017).

 Após o fim da gestação, o corpo da mulher sofre ainda várias alterações, como: flacidez, edema abdominal e distensão da musculatura pélvica e do abdômen. (DE SOUZA et al., 2017). Essas alterações drásticas exigem um tempo de recuperação e, esse período é chamado de puerpério (SANTOS et al., 2016). Ademais, durante o parto vários hormônios agem sobre a musculatura da mulher, como: relaxina, ocitocina, beta-endorfinas, adrenalina que principalmente buscam relaxar a musculatura pélvica e abdominal, além de permitir o dilatamento do canal vaginal para passagem do feto, esta ação pode resultar no surgimento de uma fragilidade na musculatura abdominal (DE SOUZA et al., 2017; SANTOS et al., 2016).

O estresse muscular sofrido durante as mudanças corporais na gravidez, parto e recuperação no pós-parto podem resultar no afastamento muscular (LOUZADA et al., 2021). Estudo aponta uma prevalência de DMRA em cerca de 70% das grávidas devido às mudanças no período gestacional ou pós-gestacional (PAMPOLIM et al., 2021).

A principal forma de detecção do DMRA é por meio de um teste simples de palpação que permite a sua detecção antes mesmo de estar visível (URBANO, 2019). Para o diagnóstico é necessário a mulher permanecer na posição de decúbito dorsal, em que o profissional apalpar a região abdominal abaixo do umbigo e pedir para a mesma realizar a contração abdominal (URBANO, 2019). A partir daí, será verificado a distância de separação do músculo reto abdominal e então determinar se a paciente possui ou não DMRA (URBANO, 2019).

Ao almejar o fortalecimento da musculatura abdominal para o tratamento da DMRA, as técnicas fisioterapêuticas podem gerar resultados satisfatórios, e dessa forma reverter e tratar o quadro desenvolvido pela DMRA (MICHALSKA et al., 2018). 

Desta maneira, a presente pesquisa investigou quais foram os efeitos da associação das condutas fisioterapêuticas cinesioterapia, corrente russa e bandagem funcional na DMRA em puérperas entre vinte e cinco anos e trinta e cinco anos de idade residentes em Foz do Iguaçu. 

OBJETIVOS

 OBJETIVO GERAL

 Analisar os efeitos da associação das técnicas cinesioterapia, corrente russa e bandagem funcional, frente a diástase do músculo reto abdominal em puérperas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

     Analisar protocolo de exercícios de cinesioterapia para fortalecimento da musculatura abdominal frente a DMRA;
Aplicar recurso eletroterapêutico, corrente russa de média frequência, para melhora do quadro álgico da musculatura abdominal frente a DMRA;
Identificar os benefícios da bandagem elástica para fortalecimento e diminuição da mensuração da musculatura abdominal frente a DMRA;

METODOLOGIA

A presente pesquisa realizada em seres humanos foi encaminhada para o Comitê de Ética em Pesquisa – Centro Universitário Assis Gurgacz, o qual foi aprovado pelo parecer 5.505.213. Na presente pesquisa foram abordados o método de pesquisa quanti-qualitativo de caráter exploratório. A pesquisa foi realizada entre os meses de agosto a outubro de 2022 na Clínica Escola do curso de Fisioterapia do Centro Universitário União Dinâmica das Cataratas – UDC, localizado na Avenida Paraná, nº 5661 em Foz do Iguaçu.

Os instrumentos de pesquisa utilizados neste trabalho foram o termo de consentimento e livre esclarecimento (TCLE) e o questionário de avaliação aplicado às participantes.

As participantes da pesquisa foram duas mulheres que adquiriram a diástase do músculo reto abdominal pós-parto, ao qual estão na faixa etária de 28 a 35 anos de idade. As participantes foram divididas em paciente 01 e 02, paciente 01 iniciou o tratamento com dois meses de pós parto, teve duas gestações com um intervalo de um ano entre elas e com aumento ponderal de 5 kg na última gestação, paciente ativa fisicamente, paciente 02 iniciou o tratamento com dois anos de pós parto, sendo duas gestações com um intervalo de dois anos e seis meses, com um aumento ponderal de 21kg na última gestação, paciente sedentária. 

Os critérios de inclusão foram mulheres entre 18 e 40 anos de idade, não participar de nenhum outro tratamento fisioterapêutico e assinar o TCLE, diagnosticadas com a DMRA, critérios de exclusão mulheres grávidas e que não aceitarem o TCLE.

Instrumentos de Avaliação

Para a avaliação da DMRA foi utilizado o paquímetro, instrumento de medida de precisão, que realiza a métrica da distância do afastamento das fibras musculares do reto abdominal, seguiu o padrão de medidas que estabelece 4,5 centímetros, com localização supra umbilical, umbilical e infra umbilical. Um teste denominado polpa digital, foi aplicado medialmente nas bordas mediais dos músculos do reto abdominal, com ponto de referência de três dedos (4,5 cm) supra umbilical, umbilical e infra umbilical, que corresponde 1,5 cm para cada dedo. Caso a participante apresentasse afastamento das fibras musculares maior que 3 cm terá a presença da DMRA. 

  A participante fica em uma maca na posição de supino, com o quadril fletido e os joelhos a 90º flexionados, os pés ficam apoiados no leito, e os membros superiores estendidos ao longo do corpo. Nessa posição é solicitado para que ela faça uma flexão anterior de tronco até que as espinhas da escápula fiquem fora da maca, no momento em que realiza essa flexão anterior do tronco, é mensurado o afastamento dos músculos do reto abdominal. 

Após esses dois testes foi aplicado um questionário a cada participante, com 20 questões, que avaliam a pré gestação e pós gestação, cada questão terá a opção de marcar SIM ou NÃO, seguindo dos resultados dos testes e do questionário respondido individualmente por cada uma delas, foi observado se existe a presença da DMRA.

O questionário continha informações pessoais de cada participante, como nome, idade, telefone, endereço, estado civil, escolaridade, profissão, etnia, peso corporal, estatura, seguido de informações sobre qualidade de vida, medidas físicas, presença de dores, desconforto causado pelo DMRA entre outras questões.

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DIÁSTASE ABDOMINAL

  1. Duração da gestação em semanas.
  2. Tipo de gravidez, multípara ou primíparas.
  3. Aumento ponderal em kg.
  4. Se houve aborto em alguma gravidez anterior.
  5. Intervalo entre as gestações.
  6. Quais procedimentos ginecológicos realizados durante a gestação.
  7. Houve alguma intercorrência na gestação.
  8. Informações sobre o parto, data, hora, local, tempo e duração do parto.
  9. Peso do RN e estatura.
  10. Tipo de parto realizado.
  11. Se houve alguma intercorrência no parto.
  12. Quem foi o responsável pelo parto.
  13. Teve alguma preparação.
  14. É tabagista.
  15. É sedentário.
  16. Tem obesidade.
  17. A diástase encontra-se supra umbilical ou infra umbilical.
  18. Quantos cm de diástase mensurados pelo paquímetro.
  19. Tem a presença de hérnias abdominais.
  20. Possui dor lombar, se sim como você gradua de 0 a 10, em leve, moderada, intensa.

 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Foram avaliadas e tratadas duas mulheres com diagnóstico de DMRA, a coleta de dados foi realizada durante o primeiro atendimento por meio da ficha de avaliação, exame físico, teste de polpa digital e o paquímetro. No último atendimento foi aplicado a reavaliação, com a avaliação física, teste de polpa digital e mensuração da DMRA com a utilização do paquímetro.

 PROGRAMA DE INTERVENÇÃO

Para avaliação as participantes com diástase do músculo reto abdominal obtiveram comprovação pelo método do paquímetro e o método da polpa digital, durante a avaliação apenas uma das examinadoras aplicou o teste para que não houvesse troca ou dedução de informações dos dados coletados (PITANGUI et al., 2016)

Para a palpação os pontos de referência das pesquisadoras foram de três dedos (4,5cm), acima e abaixo da cicatriz umbilical perpendicularmente entre as bordas mediais dos músculos retos abdominais, a seguir a participante no sentido dorsal realizou o movimento de contração, para mensurar o espaço, cada dedo aproximadamente tem um centímetro, quando for necessário dois ou mais dedos, na qual alcança o valor de três centímetros que é considerado patológico a DMRA (PITANGUI et al., 2016) 

 Além deste método foi utilizado o paquímetro que é um equipamento para medir comprimentos e diâmetros (PITANGUI, et al., 2016). É um instrumento para acompanhar a composição corporal e avaliar o crescimento, apresenta duas partes diferentes:  uma régua graduada com encosto fixo, sobre a qual desliza uma outra peça, chamada de cursor, uma escala móvel e uma escala fixa, deslizam-se as ponteiras na direção oposta e a medida será obtida referente os cm apontados, é um material com a base de leitura em alumínio anodizado, composto por dois blocos de nylon e duas ponteiras móveis (em L) em aço inox, de 15 cm, marca CARDIOMED, com o paquímetro foi avaliado a distância entre os músculos e dessa forma foi o segundo método de determinação de DMRA.

As participantes passaram por uma intervenção terapêutica não invasiva durante 6 semanas, com duração de 40 minutos cada sessão, 2 sessões por semana para cada participante, um total de 12 sessões. Foram: corrente russa, cinesioterapia e bandagem elástica funcional. 

CONDUTAS REALIZADAS:

Explicação sobre os músculos do reto abdominal e sobre a DMRA para as participantes.

Aplicação com aparelho de eletroterapia da marca KLD Biosistemas, com o método de corrente russa, aplicado durante dez minutos em uma forma de eletroestimulação não invasiva de modo não alternado de média frequência em burts por segundo com estimulação involuntária, frequência de 2500 Hz, ciclo ativo em 50%, amplitude de modo progressiva, a frequência de modulação variou de acordo com a necessidade de capa paciente.

A realização dos exercícios de cinesioterapia foi aplicada a técnica de exercícios isométricos juntamente com a execução respiratória da participante.  A orientação foi para que a participante ficasse em posição confortável, contrair a musculatura do reto abdominal com a inspiração lenta e profunda ao executar cada série. Os exercícios elaborados foram os mesmos para as duas participantes: 

1-Exercício: Em posição decúbito dorsal participante deitada no colchonete sob rolo entre a coluna vertebral. Ciclo respiratório ativo controlado com associação da inspiração e expiração, com o uso de um peso de 500g sob a musculatura do abdômen, 3x de 10 a 15 repetições. 

2-Exercício: No colchonete realiza prancha ventral isométrica para ativar a musculatura do abdômen, 3x de 15 a 20 segundos.

3-Exercício: No colchonete realiza prancha ventral isométrica apoiando os braços no bozu, 3x de 15 a 20 segundos.

4-Exercício: No colchonete realiza elevação pélvica isométrica no bosu, com os braços ao lado do corpo e os pés em cima do bosu apontados em direção ao corpo, 3x de 15 a 20 segundos.

5-Exercício: No colchonete realiza ciclo ergômetro em decúbito dorsal com Thera Band apoiado aos pés, para fazer o exercício braços ao lado do corpo e tronco fletido, 3x de 12 repetições. 

Utilização da bandagem funcional da marca MULTILASER, após a realização dos exercícios. A aplicação da bandagem foi feita na localização dos músculos com DMRA, a participante permaneceu com a bandagem até o próximo atendimento ajudando na sustentação e força do abdômen.

Fonte: Autoras da pesquisa, 2022.

Os protocolos foram estruturados no perfil das puérperas, a diversidade etária e as condições de cada participante foram levadas em consideração para a realização do protocolo de exercícios.

RESULTADOS

O objetivo da pesquisa foi observar os efeitos dos exercícios de cinesioterapia, corrente russa, e aplicação da bandagem funcional frente a DMRA. 

Gráfico 1. Valores dos ganhos obtidos na força muscular abdominal pré e pós aplicação dos exercícios de cinesioterapia.

Fonte: Autoras da pesquisa, 2022.

Tabela 1. Valores de medida de DMRA antes e após a aplicação da bandagem funcional
avaliado por paquímetro simples nas participantes 1 e 2.

Fonte: Autoras da pesquisa, 2022.

Gráfico 2. Valores referente ao quadro álgico pré e pós aplicação da corrente russa.

Fonte: Autoras da pesquisa, 2022.

DISCUSSÃO

        O presente estudo evidenciou que os efeitos da utilização da corrente russa foram capazes de auxiliar no incremento da força muscular em diferentes condições de tônus, na musculatura do reto do abdômen em mulher ativa fisicamente e sedentária com fraqueza muscular. Essa evidência foi semelhante ao encontrado em um estudo desenvolvido com oito mulheres separadas em dois grupos, no grupo A foram submetidas a quinze sessões de corrente russa e grupo B mulheres sedentárias não submetidas à corrente russa. Comparando a corrente russa, concluíram que, apesar dos resultados não apresentaram ganhos significativos de força muscular do reto do abdômen, houve aumento de força de maneira geral (VASCONCELOS 2017).

As participantes deste estudo, diagnosticadas com diástase dos tipos supra e infra umbilicais foram submetidas à corrente russa com a aplicação das quatro entradas dos eletrodos, distribuídos dois na posição supra e dois infra-umbilical. Com base na pré- avaliação, o parâmetro para fortalecimento muscular elencado para a participante 1 foi uma frequência de pulso de 60Hz, pelo fato da mesma expressar um baixo limiar de dor, constatado na escalonagem oxford modificada que se qualifica igual a dois. Diferentemente da participante 2 exposta a uma frequência de pulso de 40Hz, identificada com maior limiar de dor frente ao grau de força igual a zero. Tais averiguações divergem de um estudo que avaliou cem mulheres e demonstrou maior prevalência nas mensurações da diástase supra umbilical e umbilical, visto que nenhuma foi avaliada com DMRA infra umbilical, já que a faixa tendínea do reto abdominal é mais vigorosa abaixo do umbigo, sustentado por quatro músculos da parede abdominal que se cruzam na parte anterior do reto abdominal (LEITE, ARAÚJO 2018). 

Reportado em uma revisão sistemática, o fortalecimento da musculatura pela corrente russa associada à cinesioterapia foi um dos recursos mais utilizados para ganho muscular e para prevenir a atrofia (COITINHO, et al., 2019). Os autores concluíram que os dados publicados mostram a satisfação e êxito do tratamento, enfatizaram que a corrente russa favorece o aumento da hipertrofia e força muscular (COITINHO, et al., 2019).

Ademais promover a recuperação muscular, agir no aumento do tônus e, consequentemente, favorecer no fortalecimento e reposicionamento adequado da musculatura foi evidenciado pelo estímulo elétrico alternado de média frequência, quando utilizado no reto abdominal pode efetivamente contribuir com a redução da diástase abdominal em mulheres puérperas (COITINHO, et al., 2019). 

O presente estudo mostrou relevância no tratamento da diástase abdominal ao promover o fechamento da diátese, diminuição da dor, e melhora da postura com o decorrer do fortalecimento das regiões supra umbilical e infra umbilical em mulheres primíparas e multíparas. Os exercícios terapêuticos abordados demonstraram-se essenciais e satisfatórios para redução da diástase abdominal em mulheres tanto durante a gestação quanto após a gestação. 

Nesse sentido, a fisioterapia se mostra de grande relevância na avaliação e tratamento da diástase abdominal, contribui para melhora do quadro funcional e favorece a qualidade de vida da mulher. Um estudo que relacionou a diástase abdominal com a gravidade dos sintomas associados, evidenciou que mulheres com diástase abdominal apresentam frequentes dores na região lombar e abdominal, fraqueza muscular da região do músculo do reto abdominal, inclusive queixas uroginecológicas (KESHWANI, MATHUR, MCLEAN, 2018).

A bandagem funcional é um método fisioterapêutico utilizado para melhoria da estabilidade, sustentação e contração dos músculos por meio de estímulos proprioceptivos sobre os mecanorreceptores e que consequentemente favorecer para o ganho de força muscular (MAGALHAES, et al 2022). Os resultados obtidos por este estudo estão em consonância com a literatura, já que observou um realinhamento e fortalecimento da musculatura abdominal com a utilização da bandagem funcional, conforme dados elucidados na tabela 1. 

Os exercícios cinesioterapêuticos se fundamentam no estímulo do fortalecimento da musculatura abdominal, principalmente o reto e o transverso do abdômen, que por sua vez melhoram a função mecânica da linha alba e auxiliam no realinhamento, reparo e remodelamento das camadas de tecido conjuntivo induzido pela contração muscular (KESHWANI, MATHUR, MCLEAN, 2018). 

Um estudo realizado com cinquenta mulheres puérperas que possuíam diástase abdominal demonstrou que a cinesioterapia foi eficiente para redução da diástase supraumbilical (PAMPOLIM et al, 2021). Os resultados aqui encontrados a partir de um protocolo de seis semanas de exercícios cinesioterapêuticos associados a aplicação de corrente russa e bandagem funcional, foi efetivo para a cessação total do total da diástase tanto supra quanto infraumbilical, tais achados corroboram com os reportados na literatura.

CONCLUSÃO

A intervenção fisioterapêutica proposta demonstrou resolubilidade nos déficits da DMRA oriundas de sequelas tardias pós parto, e torna-se mais uma ferramenta viável na prática clínica não só como tratamento, mas também como forma de prevenção, cuidados e retorno a condição muscular anterior a gestação. 

O tratamento da DMRA está direcionado em diminuir o afastamento entre os músculos do reto abdominal supra e infra umbilical, melhorar o tônus e a força muscular resultando consequentemente na melhora da sustentação postural, e diminuir a incapacidade funcional devido ao quadro álgico, o qual limita as atividades da vida diária. Destarte, no presente estudo a associação dos recursos fisioterapêuticos utilizados foram eficazes para a redução da DMRA, reconduzir a melhor qualidade de vida, não apenas fisicamente, bem como colaborar ao fomento da saúde mental e satisfação no que diz respeito à vida de maneira geral. Cabe ressaltar que, apesar do protocolo analisado ter apresentado efeitos positivos, pesquisas norteadoras para a comprovação dos fatores de risco e tratamentos preventivos são necessárias, a fim de diminuir a incidência da DMRA e suas complicações.

REFERÊNCIAS

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COITINHO, Larissa Maria Ferreira et al. Eficiência dos tratamentos fisioterapêuticos para a diástase do músculo reto abdominal no puerpério: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica de Ciências Humanas, Saúde eTecnologia, v. 8, n. 1, p. 38- 50, 2019.

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LOUZADA, Pablynne Dias; SOUZA, Graziele Gomes de. Técnicas fisioterapêuticas para correção da diástase abdominal. 2021.

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