PRÓTESES DENTÁRIAS COMO SOLUÇÃO PARA A PERDA DENTÁRIA EM ADULTOS: RELATO DE CASO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10456167


Paulo Roberto Silva de Castro
Davi Tavares Noé
Professor orientador: Silvia Karla da Silva Costa
Professor coorientador: Gabriel Catunda de Souza


Resumo

O objetivo deste estudo é relatar o tratamento reabilitador de paciente idosa, com prótese total superior e prótese parcial e inferior. Paciente procurou atendimento com queixa de dificuldade de mastigação, após a anamnese, exame clínico e radiográfico, foi realizado o tratamento. A confecção das próteses dentárias deu-se em 6 etapas seguindo todo o protocolo descrito na literatura atual. O resultado do tratamento foi altamente satisfatório, onde a aceitação e a adaptação da paciente com suas próteses foram muito positivas, todas as necessidades funcionais e estéticas foram restabelecidas devolvendo saúde e qualidade de vida.

Palavras-chave: Reabilitação oral. Prótese dentária. Saúde. Qualidade de vida. 

 Abstract

The objective of this study is to report the rehabilitation treatment of an elderly patient, with a complete upper denture and a partial and lower denture. Patient assisted with a complaint of difficulty chewing, after anamnesis, clinical and radiographic examinations, treatment was performed. The manufacture of dental prostheses took place in 6 stages following the entire protocol described in the current literature. The result of the treatment was highly elevated, where the acceptance and adaptation of the patient with their prostheses were very positive, all needs and aesthetics were restored, restoring health and quality of life.

Keywords: Oral rehabilitation. Dental prosthesis. Health. Quality of life. 

INTRODUÇÃO

No Brasil, é notável que a perda precoce dos elementos dentários relacionados a exodontias provocadas por doenças evitáveis como a cárie dentária e a doença periodontal é muito elevada. Cada vez mais pacientes adultos procuram por atendimento odontológico, e durante a consulta percebe-se a ausência de vários elementos dentários, e a resposta é quase sempre a mesma; “Perdi meus dentes ainda jovem, pois as condições para tratamento naquele tempo eram muito baixas”. (FRAZÃO et al., 2003). As principais causas relatadas pelos pacientes relacionadas a perda dentária precoce eram a dificuldade ao acesso a serviços de odontologia, ausência de conhecimentos sobre medidas de promoção de saúde bucal e o alto custo dos tratamentos odontológicos em consultórios particulares.  

A higiene bucal deficiente ou a completa ausência dela, acarreta diversos problemas para a saúde. A microbiota bucal é formada por uma variedade de microrganismos, entre estes, várias classes de bactérias, fungos, vírus e protozoários, que frequentemente atuam como agentes benéficos, impedindo a colonização de microrganismos patogênicos na cavidade bucal. Porém, se houver o desequilíbrio dessa microbiota, cria-se o ambiente favorável para a cárie dentária, gengivite, cálculo dentá bnkm,l rio, mau hálito e o paciente fica mais suscetível a complicações sistêmicas geradas por doenças bucais. (GERMANO et al., 2018)

A perda de dentes também pode afetar negativamente a qualidade de vida de uma pessoa, causando problemas de mastigação, dificuldades para falar e sorrir, bem como problemas psicológicos, como baixa autoestima e constrangimento social. A prótese dentária pode ajudar a corrigir esses problemas, melhorando a função mastigatória, a fala e a estética do sorriso. (GERMANO et al., 2018)

A reabilitação protética se tornou um dos pilares na odontologia moderna e desempenha um papel fundamental na saúde bucal e na qualidade de vida das pessoas, sendo uma solução viável para pacientes que perderam um ou mais dentes, seja por traumas, cáries, doenças periodontais, ou outros motivos. (ANNA P. COSTA et al., 2013)

A prótese dentária tem como objetivo repor os dentes que um dia foram perdidos ou danificados, substituindo-os por dentes artificiais confeccionados na maioria das vezes em resina acrílica, ou em resina fotopolimerizável. Existem diferentes tipos de próteses dentárias, como por exemplo as próteses totais, próteses parciais, pontes fixas e próteses apoiadas em implantes dentários.

Este aparato além de devolver a função da mastigação, também pode ajudar a preservar a saúde bucal, prevenindo a perda óssea e o deslocamento dos dentes adjacentes, que podem ocorrer quando há um espaço vazio na boca. Portanto, a prótese dentária é uma importante ferramenta para a odontologia, ajudando a melhorar a qualidade de vida e a saúde bucal das pessoas que precisam de restaurações dentárias.

Em 1986 ocorreu um levantamento epidemiológico onde estimou-se que 10% da população brasileira aos 34 anos de idade apresentava ausência total de dentes. Aos 41 e 48 anos de idade, esse problema atingia, respectivamente, 20 e 30% dos brasileiros. A partir dessa idade, a proporção de edêntulos é cada vez maior e o colapso da dentição é mais intenso: 40% aos 53 anos, 50% aos 58 anos; 60% aos 63 anos; 70% aos 68 anos e 80% aos 70 anos de idade (BRASIL, 1986).

Apesar da sociedade brasileira ainda ser acometida pela cárie dentária, houve uma diminuição da prevalência do edentulismo em idosos, onde 23,9% necessitavam de prótese dentária total em pelo menos um dos maxilares, dados que podem ser encontrados no último levantamento em saúde bucal realizado na população brasileira (BRASIL, 2010).

A fim de devolver a função mastigatória, fonética e a estética do paciente, os tratamentos com próteses dentárias tem sido um grande aliado na rotina clínica dos cirurgiões dentistas. Dessa forma é necessário ter conhecimento sobre as estruturas que compõem o sistema estomatognático para que esses tratamentos venham a ter sucesso clínico.

Kelly (1972) observou em suas pesquisas, que um padrão de sinais anatômicos é recorrente em pacientes que fazem uso tanto de próteses superiores quanto de inferiores, chamada de síndrome da combinação, ou a síndrome de Kelly.  

Segundo Kelly (1972), a Síndrome da Combinação ou a Síndrome de Kelly mostram-se a partir de um aglomerado de características únicas, onde uma maxila desdentada se opõe a dentes anteriores inferiores naturais, promovendo uma perda óssea na região anterior da maxila, junto com o crescimento das tuberosidades, hiperplasia papilar dos tecidos do palato duro e da fibromucosa na região anterior (Kelly, 1972).

Tais alterações ocorrem inter-relacionadas em pacientes que fazem uso de prótese total superior e prótese parcial removível inferior classe I de Kennedy, essas características descritas pelo autor são, na maioria dos estudos, as principais fontes de diagnóstico.

O objetivo do presente estudo é relatar o desenvolvimento e conclusão de um tratamento reabilitador de uma idosa que é desdentada total no arco superior e desdentada parcial no arco inferior, usuária de prótese total superior a mais de 20 anos sem o uso de prótese parcial removível inferior para realizar o contato oclusal na região posterior. Vale ressaltar que o provável diagnóstico deste caso venha a ser a

“Síndrome de Kelly”, diagnóstico bem recorrente entre pacientes usuários de prótese total superior e prótese parcial removível inferior. 

1.    RELATO DE CASO

Paciente gênero feminino, 64 anos de idade, compareceu à clínica odontológica do CEUNI- Fametro com queixa de dificuldade de mastigação. Na anamnese a mesma relatou ser usuária de Prótese Total superior a 30 anos, pois teria perdido seus dentes ainda enquanto jovem pela ausência de conhecimento em saúde bucal e também por recursos financeiros limitados para tratamento odontológico em âmbito privado. Paciente ainda relata nunca ter feito uso de prótese no arco inferior desde a perda de seus dentes inferiores posteriores. Não há relatos de hipersensibilidade, não faz uso de medicamentos, não apresenta alterações sistêmicas, e nem foram encontradas alterações no exame extrabucal.

Durante exame clínico, foi observado que a paciente era desdentada total no arco superior, e desdentada parcial no arco inferior, com presença apenas dos dentes 31, 32, 33, 34, 35, 41, 42, 43, 44 e 45. Foi constatada a presença de lesões cavitadas não cariosas na região cervical dos pré-molares inferiores, como mostra as (figuras 01 e 02). Ainda presença de cálculo dentário nas faces linguais dos elementos dentários 31, 32, 33, 41, 42 e 43.

                       Figura 01 – Visão intraoral inicial: direita           Figura 02 – Visão intraoral inicial: esquerda.

                        Fonte: Autores, 2022                                                       Fonte: Autores, 2022

Como exame complementar para avaliação do caso, foi realizado tomadas radiográficas dos pré-molares inferiores, como monstra as (figuras 03 e 04), constatou-se a necessidade do tratamento endodôntico no elemento 45, o contato do conduto radicular com o meio bucal estava sendo separada por uma fina camada de dentina, que poderia ser rompida e infectada a qualquer momento, e presença de área radiolúcida delimitada na região apical do elemento. 

Figura 03 – Radiografia periapical inicial dos dentes 44 e 45.

Fonte: Autores, 2022

Figura 04 – Radiografia periapical inicial dos dentes 34 e 35.

Fonte: Autores, 2022

Após os achados clínicos e radiográficos o plano de tratamento proposto foi: Adequação do meio bucal, realização da raspagem supra gengival, Tratamento endodôntico elemento 45, e restauração em resina composta nos pré-molares com abfração e reabilitação protética do arco superior com uma prótese total e do inferior com uma prótese parcial. 

Inicialmente foi realizada a adequação do meio bucal e raspagem supra gengival, foram utilizadas curetas de gracey 5–6 Millennium Plus da “Galgran”, seguido de profilaxia com escova de Robinson e pasta profilática. Na segunda sessão foi iniciado o tratamento endodôntico do dente 45, usando como instrumentação o sistema “ProDesign M” da easy, sendo finalizado na terceira sessão de atendimento com a lima e cone “#.25/06”. Durante o tratamento endodôntico do 45, foi identificado que o mesmo apresentava uma hipercementose no terço apical da raiz, impossibilitando o avanço da lima em sentido apical. (Figura 05)

                                                            Figura 05 – Elemento 45 com hipercementose.

     Fonte: Autores, 2022

Seguindo com o tratamento, na quarta sessão de atendimento foi realizado as restaurações classe V do 44 e 45, com a resina “Forma” de cor A3 de dentina e A2 de esmalte da “Ultradent”, finalizando na quinta sessão com a restauração classe V do 34 e 35 utilizando as mesmas resinas.

Na sexta sessão de atendimento foi realizado a moldagem anatômica das arcadas superior e inferior com alginato e moldeiras de estoque metálicas, para obtenção dos modelos de trabalho. Com os modelos já em mão, foram confeccionadas moldeiras individualizadas para a paciente, com a intenção de copiar com mais detalhes as estruturas bucais para um fino selamento periférico. Ainda com o modelo de trabalho, foi planejado o preparo de boca 1 do arco inferior, para confeccionar a PPR inferior. 

Paciente apresentava uma verticalidade bem satisfatória em seus segundos pré-molares inferiores, dentes esses que seriam os pilares diretos da futura prótese, sendo necessário apenas um pequeno desgaste na distal do 35, quando foi transferido o plano de orientação no preparo de boca 1.

Com o preparo já realizado, seguiu-se com a preparação das moldeiras individuais realizando o correto selamento periférico com as moldeiras e godiva de baixa fusão, aquecendo sempre a godiva com a chama da lamparina, e levando a mesma até as bordas da moldeira, tendo o cuidado de estender apenas de 2 a 3 mm a godiva para dentro da moldeira, cobrindo completamente as bordas da mesma.

Com as moldeiras devidamente preparadas, seguiu-se com a moldagem funcional com o silicone Zetaplus intro kit L da “Zhemack”, utilizando a massa leve + catalizador pôde-se obter um molde fiel das estruturas anatômicas bucais da paciente e um excelente selamento periférico (figuras 06 e 07). O molde foi vazado com gesso tipo V rosa e enviado para o laboratório para confecção das bases de resina e dos roletes de cera. (Figuras 08 e 09)

Figura 06 – Molde Superior. Figura 07 – Molde Inferior

Fonte: Autores, 2022                         Fonte: Autores, 2022

   Figura 08 – Modelo de trabalho superior.   Figura 09 – Modelo de trabalho inferior.

    Fonte: Autores, 2022                                      Fonte: Autores, 2022

Sete dias depois, o laboratório enviou as bases de prova com os roletes de cera para definir as linhas de referência, DVO (dimensão vertical de oclusão), o tamanho dos dentes, a cor dos dentes e a cor da gengiva. (Figura 10 e 11)

                        Figura 10 – Base de prova superior.                Figura 11 – Base de prova inferior.

     Fonte: Autores, 2022                                                    Fonte: Autores, 2022

No dia da prova, a cor escolhida para os dentes foi a 62 da marca “Biolux OMC”, e a cor da gengiva foi a nº4 da escala de cor de gengiva da marca “STG VIPI”. Definida a DVO, foi realizada a estabilização do rodete superior no inferior com grampos de grampeador, removendo os rodetes de cera juntos da boca, para higienizar e enviar ao laboratório.

O dia da entrega das próteses foi realizada sete dias depois após o envio ao laboratório (figuras 12 e 13). A instalação foi realizada com sucesso, tendo uma boa adaptação e retenção nas próteses, e tendo também uma excelente aceitação da paciente. 

Figura 12 – PT Superior.                                         Figura 13 – PPR Inferior.

Fonte: Autores, 2022                                         Fonte: Autores, 2022

 Figura 14 – Fotografia intraoral inicial.

 Fonte: Autores, 2022  

Figura 15 – Fotografia intraoral final.

Fonte: Autores, 2022

 Figura Fonte: Autores, 202216 – Fotografia final do sorriso         .            

2.    DISCUSSÃO

O Brasil apesar de ser considerado um país de baixa prevalência de cárie dentária, e o acesso ao tratamento odontológico ter se tornado mais acessível nos últimos anos, a relação de pacientes adultos e idosos desdentados ainda tem um valor significante comparado aos índices de cárie dentária (BRASIL, 2010). O edentulismo é uma condição prevalente em idosos, capaz de ocasionar impactos significativos em sua qualidade de vida. A ausência dentária pode resultar em transtornos alimentares, disfunções na comunicação oral, prejuízos psicológicos à autoimagem e restrições na interação social (SCHEIBLER, 2020).

A perda dentária total pode gerar sentimentos negativos nos pacientes, como tristeza, raiva, medo e dificuldades de acesso. Esses sentimentos podem afetar a autoimagem dos pacientes e levá-los à reclusão social. Portanto, é importante que o profissional tenha conhecimento do protocolo a ser utilizado para que a reabilitação seja realizada da melhor forma possível (IZAQUE et al., 2021). 

A reabilitação oral protética é uma série de procedimentos odontológicos realizados para restaurar a função mastigatória, a estética e a fonação adequada em pacientes que apresentam perda parcial ou total de dentes (COLTRO et al., 2021), o presente relato de caso mostra a realização das etapas de confecção das próteses desta paciente, na qual, apresentava características que interferiam diretamente na estética e função do sistema estomatognático.

A avaliação do paciente é uma etapa muito importante antes de começar o tratamento reabilitador, os exames extra e intrabucal são relevantes para avaliar a condição bucal da paciente. O profissional precisa ser criterioso e abrangente, incluindo a avaliação da extensão de bordas, da oclusão, das áreas de compressão, da estética e da fonética (BARROS, 2022). Exames complementares podem auxiliar no diagnóstico e no planejamento da confecção das próteses, a radiografia é uma ferramenta diagnóstica que permite a visualização das estruturas internas dos dentes e ossos maxilares que permite identificar problemas como cáries, fraturas, infecções, doenças periodontais, e a condição óssea remanescente (SANTOS et al., 2020).

A prótese total é um dispositivo protético que tem como objetivo restaurar a mastigação, a fonética e a aparência do paciente, além de preservar os rebordos alveolares e integrá-lo psico-emocionalmente na sociedade (PARDIM, 2019). Neste artigo, a paciente era usuária de uma prótese total superior com um tempo de uso de 10 anos, na qual estava completamente mal adaptada causando a perda óssea das áreas afetadas e influenciando negativamente na oclusão da paciente, até mesmo causando abfração dentária nos pré-molares inferiores por conta da alta carga mastigatória que acometia esses elementos. A abfração dentária é uma lesão não cariosa que ocorre na região cervical dos dentes, próxima à gengiva que pode ser causada por forças oclusais excessivas ou hábitos parafuncionais (CAVALCANTI et al., 2020).

Outra condição causada pelo uso da prótese mal adaptada, era a condição de má oclusão Classe III, é uma desarmonia dentária caracterizada pela protrusão dos dentes inferiores em relação aos superiores, causando uma relação anormal entre eles (REIS, 2019), o maior desafio deste relato de caso foi restabelecer a oclusão da paciente, para isso foi realizada uma compensação na prótese para poder restabelecer a dimensão vertical e o contato dos dentes posteriores, a dimensão vertical oclusal, também conhecida como DVO, apresenta fundamental relevância na reabilitação protética, uma vez que está intimamente relacionada com as funções mastigatória, muscular, articular, fonética e estética do paciente (CÉZAR, 2019).

Para a arcada inferior, a eleição da prótese parcial removível como opção terapêutica para a reabilitação oral foi estabelecida mediante a avaliação de critérios como a simplicidade técnica e o custo-efetividade da sua confecção, configura-se como uma alternativa terapêutica mais econômica e conservadora em comparação a outras opções protéticas, a exemplo das próteses fixas implanto suportadas. Na confecção da prótese dentária, a etapa de moldagem é de extrema importância e deve ser realizada com o máximo de precisão. Qualquer falha nessa etapa pode comprometer todo o trabalho realizado posteriormente, prejudicando a adaptação, a estabilidade e a função da prótese no paciente. Outra etapa fundamental na confecção da prótese é o planejamento, pois permite ao profissional avaliar as condições do paciente e definir as melhores opções protéticas para cada caso, o planejamento deve levar em consideração diversos fatores, como a quantidade e qualidade dos dentes remanescentes, a presença de doenças periodontais ou cáries, a oclusão e a estética (COSTA et al., 2020).

A paciente é portadora de uma síndrome que afeta as estruturas ósseas e que pode acabar acometendo a reabilitação oral realizada por próteses, a Síndrome da Combinação, foi definida como uma série de alterações causadas pelo trauma de próteses mal adaptadas, cinco alterações foram notadas. Essas alterações são perda óssea da parte anterior da crista alveolar maxilar, hiperplasia das tuberosidades, hiperplasia no palato duro, extrusão dos dentes anteriores inferiores e perda óssea sob as bases das próteses parciais (KELLY, 1979). Foram observadas mais seis outras mudanças associadas: perda da dimensão vertical, discrepância do plano oclusal, reposicionamento anterior da mandíbula, má adaptação das próteses, fissuras no epitélio e mudanças periodontais (SAUNDERS, 1979).

A Síndrome da Combinação é uma patologia frequente que pode manifestarse em pacientes portadores de próteses dentárias, notadamente quando há a associação de uma prótese total superior com uma prótese parcial inferior de extensão distal. Ocorrem, então, alterações degenerativas no tecido edêntulo, que resultam em desconforto e perda de eficácia mastigatória (HELAL, 2021). O caso clínico apresentado não exibiu completamente essa condição, dado que a paciente, portadora de uma prótese total superior mal adaptada, não dispunha de molares inferiores.

Em pacientes com Síndrome da Combinação, a confecção de próteses parciais removíveis inferiores pode apresentar desafios adicionais. Por isso, é fundamental que o profissional tenha conhecimento das particularidades dessa condição e realize um planejamento cuidadoso da prótese, levando em consideração as condições bucais e sistêmicas do paciente. Assim, é possível obter um resultado estético e funcional satisfatório, contribuindo para a qualidade de vida do paciente (MORÁS et al., 2019).

3.    CONCLUSÃO

Concluímos que a reabilitação oral protética em pacientes portadores da Síndrome da Combinação é um desafio para o Cirurgião-dentista, uma vez que esses pacientes apresentam particularidades anatômicas e funcionais que exigem uma abordagem individualizada e cuidadosa. Diante este estudo, foi possível constatar a importância de seguir detalhadamente cada etapa da confecção das próteses dentárias, desde a avaliação clínica até os ajustes finais. Cada etapa é fundamental para garantir o sucesso do tratamento e a satisfação do paciente.

4.    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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