PRÓTESE TOTAL IMEDIATA: UMA POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PROVISÓRIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10086288


Gabriel de Paula Oliveira
Gabriel Vinicius Oliveira Rodrigues
Orientador: Prof. Me. Marcelo Bressan Corrêa


RESUMO

Se tratando de quando o paciente hesita em ficar sem dentes enquanto aguarda o período de cicatrização para realizar uma reabilitação definitiva, a prótese total imediata é um dispositivo preparado antes da realização das extrações dentárias e instalado imediatamente após esses procedimentos. Ela proporciona uma restauração imediata da estética, fonética, mastigação e da interação social além de favorecer uma recuperação mais acelerada do processo de cicatrização.

Sua principal recomendação se dá quando a condição dos dentes remanescentes não permitem outra opção reabilitadora que ofereça benefícios estéticos e funcionais. Todavia, como desvantagem o paciente necessita de várias sessões clínicas para realizar o reembasamento da prótese visto que a mesma não possui uma adaptação precisa igual à prótese total convencional.

O objetivo deste estudo foi realizar um levantamento bibliográfico sobre uso de prótese total imediata como reabilitação provisória detalhando suas vantagens e desvantagens, indicações e contraindicações salientando sua fase cirúrgica e pós cirúrgica.

Palavras chaves: Prótese total imediata, instalação, reembasamento

INTRODUÇÃO

De acordo com o estudo de Carga Global de Doenças, Injúrias e Fatores de Risco, a perda dos dentes é a 36ª condição mais comum entre as 291 doenças e lesões investigadas, impactando aproximadamente 160 milhões de indivíduos em todo o mundo (MARCENES et al., 2013).

O principal desafio reside no aspecto estético, decorrente da perda dos dentes, que pode ser originada por diversas razões, como a presença de cáries, doenças periodontais e até mesmo pela falta de conscientização da população em relação aos cuidados com a higiene bucal. Esses fatores contribuem para um considerável aumento na demanda por tratamento reabilitador (SOARES et al., 2012).

Mediante a um diagnóstico clínico e radiográfico, a indispensabilidade de realizar múltiplas extrações dentárias podem acarretar distúrbios ao paciente. Uma estratégia que visa aprimorar a qualidade de vida consiste na redução do intervalo de tempo entre a finalização da exodontia dos dentes remanescentes e a confecção da Prótese Total Convencional (PTC). Nesse sentido, os indivíduos podem ser eficazmente reabilitados por meio da técnica de elaboração da Prótese Total Imediata (PTI) (SANTOS; SILVA; HADDAD, 2015).

A prótese total imediata é um aparelho reabilitador provisório confeccionado previamente às extrações dentárias (SHIBAYAMA et al., 2006), sendo utilizada por um curto período de tempo, por razões mastigatórias, estéticas, suporte oclusal e primordialmente pela convivência social do paciente passando pela transição do estado dentado para o edentado (DE BASTOS; RODRIGUES, 2015).

REVISÃO DE LITERATURA

INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES

A indicação da PTI se dá em que a condição dos dentes remanescentes não permitem a realização de uma outra opção reabilitadora, proporcionando condições estéticas e funcionais (DE CASTRO et al., 2020).

São contraindicados para o tratamento com prótese total imediata os seguintes grupos de pacientes com: distúrbios sistêmicos que comprometam a regeneração tecidual, pacientes portadores de coagulopatias, idosos que apresentem debilidade na saúde, pacientes com impedimentos que inviabilizem a realização de múltiplas extrações, distúrbios psicológicos ou que possuem capacidade mental reduzida e pacientes submetidos a radioterapia na região de cabeça e do pescoço (TORREBLANCA; DEL SOLAR, 2013).

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Quando devidamente indicada, a PTI pode se configurar como uma aliada de grande relevância na prática da reabilitação, haja vista que as vantagens apresentam benefícios tais como o controle de hemorragias, prevenção de infecções, manutenção da harmonia facial, da fonética, da capacidade de mastigação, do equilíbrio emocional e, também contribuindo para a devolução da dimensão vertical de oclusão (DVO), evitando o enfraquecimento da musculatura facial (DEBORTOLLI et al., 2022; SHIBAYAMA et al., 2006).

Evita-se ainda, dessa forma, a introdução de alimentos na área cirúrgica, contribuindo para uma recuperação mais acelerada do processo de cicatrização (PATEL; JABLONSKI; MORROW, 2018).

Ademais as desvantagens devem-se pela necessidade de fazer o reembasamento após o ato cirúrgico e a troca da prótese após um período médio de 2 a 3 meses para a reabilitação definitiva (TORCATO et al., 2012; MAINIERI; MAINIERI, 2008). SHIBAYAMA et al., 2006 dizem que se tornam imprescindíveis múltiplas sessões clínicas para o acompanhamento da prótese, em virtude da perda iminente de suporte, estabilidade e retenção, decorrente da contínua remodelação óssea.

FASE CIRÚRGICA

Na indicação de uma intervenção cirúrgica, torna-se imperativo avaliar o risco inerente ao procedimento a ser executado. As etapas de maior relevância para a estimativa do risco cirúrgico consiste em uma minuciosa anamnese e exame físico abrangente. Quando pertinente, a requisição de exames complementares é justificada (STEIN, 2006).

A preservação alveolar tem por objetivo mitigar os efeitos da reabsorção óssea fisiológica que ocorre após as extrações dentárias visando à criação de um leito cirúrgico com maior volume ósseo disponível (JONKER et al., 2021). Para isso as técnicas cirúrgicas pré-protéticas podem ser aplicadas almejando aprimorar as condições anatômicas dos rebordos alveolares após procedimentos de extração dentária, assim intencionando uma melhor proservação do alvéolo dentário e promover maior estabilidade e conforto no posicionamento das próteses (SOARES et al., 2020).

A alveoloplastia é um procedimento cirúrgico que permite a correção plástica do processo alveolar, com o intuito de regularizar o tecido ósseo remanescente. Essa abordagem proponha-se estimular uma adaptação imediata mais eficaz da prótese após as extrações, preparando, assim, o paciente para a reabilitação (HANNA, 2011).

FASE PÓS-CIRÚRGICA

Após a finalização das extrações a instalação da prótese é executada de maneira imediata, tornando-se necessário proceder ao reembasamento em virtude da perda de retenção particularmente evidente. Essa circunstância advém da ausência de um ajuste preciso entre a base da prótese e a mucosa nas áreas anteriormente ocupadas pelos dentes remanescentes.

Os materiais empregados para o reembasamento podem ser classificados quanto à sua consistência, sendo categorizados como maleáveis ou rígidos (GOMES et al., 2014).

Os materiais resilientes para reembasamento são comumente empregados como recursos auxiliares no tratamento protético e na gestão das mucosas orais no pós-cirúrgico para proporcionar uma melhor adaptação e retenção. A resina é aplicada à superfície da prótese, com a finalidade de absorver e distribuir as forças mastigatórias, a fim de minimizar o trauma, a sensação dolorosa e o desconforto local (PUÇA et al., 2020).

O paciente deve ser orientado de que, sob nenhuma circunstância, a prótese deve ser removida, uma vez que ele não conseguirá recolocá-la adequadamente na cavidade bucal (CORRÊA, 2005).

Após um período de 7 dias da instalação da PTI, procede-se à remoção das suturas (TELLES; HOLLWEG; BARBOSA, 2003), e avalia-se a necessidade de reembasamento que ocorre mediante a identificação de redução na estabilização da prótese em relação aos tecidos moles e duros subjacentes (ZARB, 2014).

CONCLUSÃO

Torna-se manifesto que a prótese total imediata constitui um tratamento eficaz e vantajoso para pacientes recentemente desdentados que necessitam de uma reabilitação funcional e que, não desejam passar pelo estado edêntulo, desta forma contribuindo para uma melhor recuperação das atribuições estéticas, funcionais e biológicas, além de tudo devolvendo a autoestima e o convívio social.

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

  • PTI: Prótese Total Imediata
  • PTC: Prótese Total Convencional
  • DVO: Dimensão Vertical de Oclusão

Referências

  1. MARCENES, Wagner et al. Global burden of oral conditions in 1990-2010: a systematic analysis. Journal of dental research, v. 92, n. 7, p. 592-597, 2013.
  2. SOARES, Mario Sergio et al. Abordagem interdisciplinar em reabilitação bucal. Revista da Associacao Paulista de Cirurgioes Dentistas, v. 66, n. 4, p. 260-267, 2012.
  3. SANTOS, Jéssica Cristinne Aviz; SILVA, Jéssica Daniela da; HADDAD, Marcela Filié. Reabilitação com prótese total imediata: relato de caso. Rev. Odontol. Araçatuba (Impr.), p. 24-28, 2015.
  4. SHIBAYAMA, Ricardo et al. Próteses totais imediatas convencionais. Rev. Odontol. Araçatuba (Impr.), p. 67-72, 2006.
  5. DE BASTOS, FB; RODRIGUES, CR. Prótese total imediata com recuperação da curvatura de Spee. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research, v. 9, n. 3, p. 11-16, dez./fev. 2015.
  6. DE CASTRO, Daniel Sartorelli Marques et al. Reabilitação do sorriso por meio da utilização de prótese total imediata: relato de caso. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. supl., n. 47, p. e2996, 2020.Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/2996/1885. Acesso em: 03 nov. 2022.
  7. TORREBLANCA, Fiorella Diaz; DEL SOLAR, Martin Quintana. Prótesis Total inmediata como alternativa de tratamiento. Revista Estomatológica Herediana, v. 23, n. 1, p. 29-33, 2013.Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/295098502_Protesis_Total_inmediata_como_alternativa_de_tratamientoAcesso em: 24 out 2023
  1. DEBORTOLLI, Ana Luiza Bogaz et al. Reabilitação estética e funcional com prótese total superior e prótese total imediata inferior: um relato de caso com acompanhamento clínico de 6 meses. Anais, 2022.
  2. PATEL, J.; JABLONSKI, RY; MORROW, LA Próteses totais: uma atualização sobre avaliação clínica e manejo: parte 1. British dental Journal , v. 8, pág. 707-714, 2018.
  3. TORCATO, Leonardo Bueno et al. Prótese total imediata: relato de caso clínico. Revista Odontológica de Araçatuba, v. 33, n. 2, p. 66-69, jul./dez. 2012.
  4. MAINIERI, É. T.; MAINIERI, V. C. Visão contemporânea da prótese dentária. Porto Alegre: Evangraf, 2008.
  5. STEIN, Airton Tetelbon. Avaliação pré-operatória e cuidados em cirurgia eletiva. Porto Alegre: Unimed, 2006
  6. JONKER, Brend Pjotr et al. Contorno dos tecidos moles e avaliação radiográfica da preservação do rebordo na colocação precoce de implantes: um ensaio clínico randomizado controlado. Pesquisa Clínica em Implantes Orais , v. 1, pág. 123-133, 2021.
  7. SOARES, Tatiane Gontijo et al. Cirurgias pré-protéticas em tecidos moles e reabilitação de prótese total. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento , v. 9, n. 11, pág. e879119646-e879119646, 2020.
  8. HANNA, Leandro Botelho. Manobra de Chompret: alterações dimensionais alveolares vestíbulo palatinas em regiões homólogas que foram submetidas a exodontia. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. 2011.
  9. GOMES; Andréia Coelho et al. Reabilitação bucal com prótese total imediata. Full Dent Sci, v. 5, n. 20, p. 590-4, 2014.
  10. PUÇA, Daniel Lopes Terra et al. Reabilitação bucal com prótese total imediata: um recurso estético e funcional–relato de caso. ARCHIVES OF HEALTH INVESTIGATION, v. 9, n. 6, p. 517-521, 2020.
  11. CORRÊA, Gerson de Arruda. Prótese total: passo-a-passo. 2005.
  12. TELLES, Daniel de Moraes; HOLLWEG, Henrique; BARBOSA, Luciano de Castellucci. Prótese total convencional e sobre implantes. In: Prótese total convencional e sobre implantes. 2003. p. 324-324.
  13. ZARB, George A. Tratamento Protético para Pacientes Edêntulos. Elsevier Health Sciences Brazil, 2014.