REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7457348
Alcides Mendes Pinheiro Neto1
Rodrigo Gonçalves Freitas1
Tiago Costa Esteves2
Resumo
Introdução: as fraturas do radio distal são mais comuns em adultos do que em crianças, e representam de 10% à 12% das fraturas do esqueleto. Abraham Colles em 1814 descreveu a fratura como o deslocamento posterior do segmento distal do rádio apresentando característica em “dorso de garfo”. A limitação é significativa, pois a mão representa 90% de toda a funcionalidade do membro superior. Objetivo: o principio deste estudo é a proposta de realização de um manual de orientação fisioterapêutica para pacientes com FRD que não tenham ou apresentem difícil acesso à um centro de reabilitação. Metodologia: elaboração de um manual contendo exercícios terapêuticos para pacientes pós-operatórios em FRD, ganho de amplitude de movimento, alongamento, melhora do trofismo e diminuição de dor. Manual produzido nos moldes de revisão literária contendo referencias de livros científicos disponíveis no acervo da Escola Superior da Amazônia e revisões sistemáticas através de banco de dados online. Discussão: Os estudos sistemáticos abordados retratam a pertinência e validez dos recursos utilizados no tratamento da FRD porem mostra a escassez a cerca de dados quantitativos como evidencias que comprovem a eficácia dos mesmos. Conclusão: Por conta da disposição geográfica na região amazônica e do difícil acesso a centros de reabilitação, o manual apresenta-se de forma eficaz no intuito de minimizar as seqüelas decorrentes da FRD. Em hipótese alguma, o manual substitui a intervenção prática do fisioterapeuta.
Palavras-chave: Fratura de rádio distal. Fisioterapia fratura. Fisioterapia rádio distal.
Abstract
Introduction: Fractures of the distal radius are more common in adults than in children, and represent 10% to 12% of skeletal fractures. Abraham Colles, in 1814, described the fracture as the posterior displacement of the distal segment of the radius, presenting a “fork-like” characteristic. The limitation is significant, as the hand represents 90% of all upper limb functionality. Objective: the principle of this study is the proposal to create a physiotherapeutic guidance manual for patients with DRF who do not have or have difficult access to a rehabilitation center. Methodology: elaboration of a manual containing therapeutic exercises for postoperative patients in DRF, gain in range of motion, stretching, improvement of trophism and reduction of pain. Manual produced in the form of a literary review containing references to scientific books available in the Escola Superior da Amazônia collection and systematic reviews through an online database. Discussion: The addressed systematic studies portray the pertinence and validity of the resources used in the treatment of DRF, but show the scarcity of quantitative data as evidence that proves their effectiveness. Conclusion: Due to the geographical location in the Amazon region and the difficult access to rehabilitation centers, the manual is presented effectively in order to minimize the sequelae resulting from DRF. Under no circumstances does the manual replace the practical intervention of the physiotherapist.
Keywords: Distal radius fracture. Fracture physiotherapy. Radial distal physiotherapy.
1. INTRODUÇÃO
Abraham Colles, que em 1814, descreveu a fratura que até hoje leva o seu nome e que apresenta deslocamento posterior característico do fragmento distal do rádio, produzindo deformidade típica em “dorso de garfo” (SEVERO et al, 2003). As fraturas do rádio distal (FRD) são mais comuns em adultos do que em crianças, acometem de 10% a 12% das fraturas do esqueleto e são, muitas vezes, chamadas de fratura de Colles, não se levando em conta os vários tipos de fraturas distintas da extremidade distal do rádio.
A FRD pode ser encontrada em qualquer faixa etária e na literatura brasileira é apontada uma freqüência variável de 1% a 31% sendo freqüentemente associada a quedas sobre a mão, estando o punho em extensão no instante do impacto, por este motivo, é de denotada importância em adultos com idade avançada (BARBOSA et al, 2009). As fraturas são elementos freqüentes, onde devemos considerar, concomitantemente, a lesão dos tecidos moles que circundam o osso, o sangramento, a dor, o estresse, a contaminação e outros elementos. Na faixa etária pediátrica, estas representam cerca de 10% a 25% quando consideradas todas as lesões e raramente são fatais (FRANCIOZI, 2008).
As FRD são as mais freqüentes do membro superior (74,5% das fraturas do antebraço) em adultos. Ocorrem na população jovem, sendo relacionadas a traumas de alta energia como acidentes motociclísticos e automobilísticos, quedas de grandes alturas e acidentes esportivos. No entanto, é a população idosa a mais acometida devido ao processo de fragilização óssea resultante principalmente de osteoporose, onde a fratura decorre de traumas de baixa energia, freqüentemente quedas domiciliares (SIMÃO et al, 2008).
A limitação funcional na FDR é bastante significativa, pois a mão é responsável por cerca de 90% da função do membro superior. O polegar, envolvido em 40% a 50% da função da mão, é o dedo funcionalmente mais importante. O indicador, envolvido em cerca de 20% é o segundo mais importante, e o anular é o menos importante. O dedo médio, responsável por cerca de 20% de toda a função da mão, é o mais forte, sendo importante para as funções de precisão e força, sendo assim podemos perceber que o paciente tem uma perda de várias funções, se limitarmos os dedos e a mão (DUTTON, 2010).
Essas fraturas são geralmente de fácil tratamento e bom prognóstico se tratada com pós-operatório imediato, adquirindo grande importância devido à elevada freqüência com que ocorre. Nos últimos 20 anos tem havido maior atenção em relação à classificação, ao tratamento e à reabilitação funcional das fraturas do rádio distal, cujas altas taxas de seqüelas são motivos de preocupação. Existe um conceito de que essas fraturas são de fácil redução, embora continuem pouco divulgadas as dificuldades de manutenção da redução por inerente instabilidade (SEVERO et al, 2003).
A produção de um estudo consistente e embasado deve-se ao fato de que as FRD apresentam-se como uma das fraturas de maior incidência do membro superior com características de impotência funcional. Desta forma pode implicar-se em complicações incluindo distrofia simpático reflexa, rigidez articular, perda de força de preensão, de potência, alterações neuromotoras decorrentes da lesão do nervo mediano, deformidade residual da articulação do punho, instabilidade mediocarpal, dentre outras (BARBOSA et al, 2009).
O princípio básico da elaboração de um manual será informar e conscientizar o paciente, onde especificará através de abordagem simples procedimentos que favorecerão a melhora da estrutura lesada, assim como também prevenirão complicações secundárias. Visando oferecer ao paciente, orientações sobre procedimentos terapêuticos e funcionais que possam ser realizados no âmbito domiciliar, com o intuito de intensificar o tratamento, contribuindo para a aceleração de um prognóstico favorável, pois com o manual o paciente terá uma conscientização da patologia em questão e poderá fazer os procedimentos propostos pelo mesmo (ALBERTONI, 2008).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 MÉTODOS DE REDUÇÃO
Os métodos gessados conhecidos, isto é, os aparelhos moldados completos e talas acima ou abaixo do cotovelo, são incapazes de realizar a contenção adequada, na maioria das vezes, dentro de níveis aceitáveis (FRANCIOZI, 2008). Durante anos, vários autores tentam formar uma abordagem completamente eficaz para a FRD e no decorrer tivemos muitas interpretações onde auxiliaram no desenvolvimento das técnicas atuais (SEVERO et al, 2003).
Segundo Severo et, al. (2003) aqui estão os autores que ajudaram na interpretação da fratura de radio distal; colles (1814) tratava esse tipo de fratura com massagens e imobilização com suportes. Jones (1915) substituiu a técnica de colles por redução manipulativa e imobilização com gesso e tala dorsal. Bohler (1919) recomendou tração prolongada evitando manobras violentas e , em 1923, adotou o método de redução cruenta e estabilização por fixação transesquelética bipolar nas fraturas cominutivas. Rush e Rush (1949) iniciaram a fixação percutânea intramedular. De Palma introduziu um tipo de fixação percutânea transulnar para fraturas instáveis.
Sarmiento (1975) recomendou o tratamento pelo método incruento, que incluiu imobilização com órteses de plástico moldável com o antebraço supinado. Ulson apud Pardini (1985) relata fixação das fraturas do radio distal com a combinação de métodos de fixação percutânea, isto é, combinação de osteossintese intramedular percutânea e fixação externa. Jakob e Fernandez (1982) apresentaram o uso de minifixadores externos nas fraturas cominutivas articulares e o conceito de ligamentotaxia.
Muitas dessas são fraturas estáveis que podem ser tratadas com redução incruenta e imobilização com aparelho gessado. Entretanto a imobilização resulta em contratura muscular, proliferação de tecido conectivo, e formação de aderência intra-articulares, alem de degeneração da cartilagem (MARQUES, KONDO, 1998). As fraturas instáveis e/ou com envolvimento da superfície articular podem comprometer o resultado final, se não forem tratadas adequadamente. A osteossíntese com fios percutâneos tem sido utilizada nas fraturas da extremidade distal do rádio, tanto como tratamento único, quanto como complemento do fixador externo. É uma técnica excelente nas fraturas instáveis, intra e extra-articulares, e em combinação com outras técnicas (LABRONICI et al, 2008).
2.2 CLASSIFICAÇÃO DE FRATURAS
As FRD podem ser classificadas em estáveis e instáveis, sendo as instáveis caracterizadas por: cominução dorsal inicial maior que 50% da distância dorsal à palmar, cominução metafisária palmar, inclinação dorsal inicial maior que 20º translação de fragmento maior que 1,0 cm, encurtamento inicial maior que 0,5 cm, ruptura intra-articular, fratura ulnar associada e osteoporose grave. As estáveis não apresentam dificuldades para tratamento e geralmente evoluem satisfatoriamente com métodos não-cirúrgicos (SEVERO et al, 2003).
As instáveis requerem tratamento cirúrgico, sendo os principais métodos utilizados na prática clínica a fixação com fios de Kirschner, os fixadores externos e as placas e parafusos, estas podendo ser as tradicionais ou as com parafusos bloqueados (rosqueados a placa). Apesar de não existir definição na literatura de qual o melhor método de fixação das fraturas distais do rádio, existe atualmente uma tendência à utilização cada vez mais freqüente das placas com parafusos bloqueados, sejam as volares ou as ortogonais (dorsal e radial), pois proporcionam maior estabilidade nos ossos osteoporóticos (SIMÃO et al, 2008).
Um dos aspectos técnicos importantes para se evitar a perda secundária da redução é o posicionamento adequado dos parafusos distais destas placas, que devem ser mantidos junto ao osso subcondral onde a densidade óssea é maior, proporcionando um suporte mais adequado. Uma desvantagem encontrada com os parafusos bloqueados é que sua direção é predeterminada pela rosca presente na placa, o que muitas vezes dificulta seu correto posicionamento, podendo inclusive erroneamente penetrar no espaço articular (SIMÃO et al, 2008).
2.3 ANATOMIA DO RÁDIO
O rádio encontra-se lateralmente a ulna, se levada em consideração à posição anatômica. Sua extremidade proximal é chamada de cabeça do rádio e faz parte do complexo articular do cotovelo, articulando-se com o úmero e a ulna. Na porção distal apresenta um alargamento, onde sua face medial se articula novamente com a ulna e distalmente com os ossos do carpo no punho, precisamente, escafóide e o semilunar (WILLIAMS, 1995).
Além das articulações, proximal e distal entre o rádio e a ulna, há também uma membrana interóssea forte conectando esses dois ossos, na articulação do punho existem ligamentos que a estabilizam, são eles; ligamento colateral radial do carpo, que se inicia no processo estilóide e insere-se nos ossos do carpo (trapézio e escafóide), O ligamento colateral ulnar do carpo, que tem seu inicio no processo estilóide da ulna e vai até os ossos carpais (piramidal e pisiforme), e também há o ligamento radiocárpico palmar e dorsal, originando-se das extremidades distais do carpo e da ulna até a fileira proximal dos ossos carpais (SPENCER, 1991).
De acordo com a classificação dos ossos, o rádio é um osso longo onde implica diretamente em sua estrutura, tendo uma diáfise como ligação para duas epífises, proximal e distal, na diáfise há uma maior compactação óssea, pois precisa de força de compactação e de tensão para proteger uma cavidade medular, essa possui o nome de cavidade da medula óssea amarela, ela é revestida pelo endósteo, um fino tecido conjuntivo. As epífises também têm estruturas ósseas compactas, porém somente na sua superfície externa, internamente as epífises são preenchidas por interligadas placas de tecido esponjoso (WILLIAMS, 1995).
Além da estrutura óssea e articular, outro ponto importante é a compreensão da localização dos receptores, onde esses são bastante influenciados pela lesão e trazem sintomas significativos para o paciente. Temos quatro tipos de receptores; o tipo I encontra-se na cápsula articular superficial, o tipo II, encontra-se na camada profunda da cápsula articular e nos coxins adiposos, o tipo III, encontra-se nos ligamentos e o tipo IV, encontra-se na cápsula fibrosa, nos ligamentos, nos coxins adiposos, no periósteo e nas paredes dos vasos sanguíneos (KISNER, 2005).
2.4 CONSOLIDAÇÃO DAS FRATURAS
Na consolidação da fratura ocorrem três progressões regenerativas; Pró-calo, calo cartilaginoso e calo ósseo. O Pró-calo é formado a partir de uma hemorragia dos vasos do sistema ósseo, produzindo um inchaço e formando um coagulo sanguíneo, o calo fibrocartilaginoso inicia a sua formação através dos fibroblastos, células de produção que são ativadas e substituem a formação da coagulo sanguíneo por fibras. Há também um calo externo (estrutura que ultrapassa a superfície usual do osso) e um calo interno (extremidade que oclui a cavidade medular). O calo ósseo tem sua formação de gradualmente através do aumento das células osteoblásticas que são derivadas da camada interna do periósteo e do endósteo, mantendo assim uma camada firmemente unida (REIS, 2005, SPENCER, 1991).
Para Spencer, (1991) O processo de cicatrização de um osso fraturado difere dos processos apresentados para as estruturas de tecidos moles. A cicatrização do osso consiste em cinco estágios: Formação de hematoma, proliferação celular, formação do calo ósseo, ossificação e remodelagem. A formação de hematoma ocorre durante as primeiras 48 a 72 horas. O tecido ósseo necrosado e o tecido mole a ele relacionado sofrem uma reação inflamatória. A granulação ocorre durante o estágio de proliferação celular, quando as bordas do osso fraturado tentam estabelecer uma união fibrosa. Inicialmente, o tecido de união é cartilaginoso, e a partir desta estrutura é que se desenvolve a estrutura óssea. A consolidação ideal da fratura depende de muitos fatores, entre os quais está um bom suprimento sanguíneo, a imobilização adequada durante o estágio inicial, esforço e tensão apropriada durante o processo de consolidação e a sustentação de estruturas adjacentes. Alem disso, a idade, o sexo, e o nível de atividade física do individuo, bem como o estado nutricional tecidual, desempenharão um importante papel no processo global de consolidação.
Entretanto o inicio da formação do calo ósseo é de osso esponjoso, e a sua formação em osso compacto é parcialmente influenciada pela pressão de sustentação e tensão aplicada ao segmento em questão (KISNER, 2005).
Quando o osso fraturado encontra-se na fase do calo ósseo, é de extrema importância o estimulo sobre pressão e tensão no segmento acometido, pois ocasionará o remodelamento do osso esponjoso em osso compacto. Nesta fase, exercícios fisioterapêuticos são indicados para melhorar o processo de formação do calo ósseo, assim como ganho de amplitude de movimento. A cinesioterapia deve ser aplicada de acordo com o paciente, seguindo sempre um nível de evolução (KISNER, 2005).
Na formação do calo ósseo, a imobilização prolongada é um efeito deletério para o processo de consolidação, isso é um dos fatores que levam a utilização de recursos como a osteossíntese, permitindo o osso suportar peso imediatamente, assim aumentando a atividade dos osteoblastos (ALBERTONI 2008, SPENCER, 1991).
Durante os meses de formação do calo ósseo, outras células estão em atividade; os osteoclastos, essas absorvem o osso do calo externo e a parte do calo interno que bloqueava o canal medular, remodelando o local da fratura (SPENCER, 1991).
A compreensão da constituição do tecido normal não é suficiente para que o profissional lide com o movimento humano. O próprio movimento é influenciado por muitos fatores. Um destes fatores é uma alteração da constituição resultante de lesão ou comprometimento. Quando isto ocorre, o tecido sofre uma serie de processos na tentativa de retornar ao seu estado funcional pré-morbidade. Embora muitas informações que abordem o reparo tecidual e a cicatrização de feridas tenham sido publicadas, o processo ainda não está totalmente compreendido. Contudo, é essencial que o profissional que esteja trabalhando com um individuo em tratamento para disfunção do movimento o compreenda o melhor possível como os princípios da cicatrização afetarão o retorno do individuo às atividades diárias (KONIN, 2006).
2.5 REABILITAÇÃO DAS FRATURAS
A abordagem reabilitativa no tratamento das fraturas deve iniciar-se, sempre que possível, logo após a conduta ortopédica, conservadora (tração, gesso, imobilizações com órtese) ou cirúrgica (redução cruenta, osteossíntese, endoprótese, enxerto ósseo, fixação externa). O encaminhamento para reabilitação deve ser precoce e as informações referentes às intercorrências ou dificuldades observadas durante o ato cirúrgico, restrições impostas pela patologia ou pela técnica cirúrgica, programações cirúrgicas futuras e exames realizados devem estar contidos no relatório ou resumo de alta. A orientação correta do paciente, a estimulação à prática de exercícios diários e a atenção global e não apenas do segmento corporal afetado são os princípios básicos que regem a reabilitação nas fraturas (PRECOCE – GLOBAL – ATIVA) (REIS, 2005).
2.6 DISTROFIA SIMPÁTICO REFLEXA
Em 1980, Cooney et al., após observar a evolução de 565 fraturas da extremidade distal do rádio, encontraram 31% de complicações, que variavam desde perda da redução à ocorrência de distrofia simpático-reflexa (ALBERTONI, 2002).
A distrofia simpático-reflexa foi inicialmente descrita por Mitchell em 1864, durante a guerra civil americana, como quadro de edema doloroso em uma extremidade após ferimentos por arma de fogo, acompanhado de alterações vasomotoras e tróficas. Desde então, esta doença vem recebendo diversas terminologias, tais como algodistrofia, causalgia, atrofia de Sudeck, síndrome ombro-mão, neuroalgodistrofia, distrofia simpática pós-traumática ou síndrome dolorosa regional complexa tipo I. Há inúmeras condições associadas ao desenvolvimento da DSR. Em mais de 60% dos casos descritos em adultos há história de trauma. A DSR ocorre também mais freqüentemente em adultos com instabilidade emocional, depressão, mania de insegurança. Muitas vezes, o quadro de DSR está associado a outras patologias com disfunção autonômica: enxaqueca, síncope e dor abdominal (LOTITO et, al., 2004).
Caracteriza-se por resposta anormal e excessiva do sistema nervoso autônomo – SNA (simpático) em uma extremidade secundária a trauma ou outras condições, levando a dor, ao edema, a alterações tróficas da pele, à instabilidade vasomotora e ao déficit articular. A instabilidade vasomotora pode flutuar entre a vasodilatação, que ocorre geralmente na fase aguda e dura cerca de três meses e a vasoconstrição, resultando em extremidade quente ou fria e aumento ou diminuição da sudorese. Se o paciente estiver na fase distrófica (de três a seis meses), o estudo radiológico mostra osteoporose, que se intensifica no estágio atrófico (seis meses em diante), quando se podem perceber também erosões ósseas. O tratamento consiste em mobilização precoce, uso de calor e/ou frio, analgésicos ou no bloqueio de gânglios simpáticos que suprem a região (químico ou por ultra-som) (REIS, 2005).
O diagnóstico da DSR é basicamente clinico, por meio dos sinais e sintomas apresentados de acordo com a IASP (Associação Internacional para Estudo da Dor). Os sinais e sintomas devem ser divididos em grupos distintos, o paciente deve ter dois dos seguintes sintomas: sensoriais, vasomotor e motor, o paciente deve apresentar ao menos dois dos seguintes sinais: vasomotor, sudomotor e motor. Exames radiográficos podem ser solicitados para um melhor diagnóstico, onde terá como resultado a diminuição da densidade óssea. Exames termográficos que determinarão a diferença de temperatura entre o membro afetado e o normal, e o exame de pletismografia evidencia as diferenças de perfusão entre os membros (ALBERTONI, 2008).
O quadro clínico pode variar consideravelmente, onde os sintomas acometem preferencialmente a parte distal do membro afetado irradiando-se para a porção proximal do mesmo. Os sinais flogísticos são divididos em fases segundo Steinbrocker, onde a primeira fase também chamada de fase aguda ou quente aparece até três meses após o inicio da lesão com os sinais flogísticos agudos. A segunda fase, conhecida como fase fria ou distrófica, aparece de três a seis meses após o inicio da lesão, apresentando dor em queimação que piora com o frio, cianose e enrijecimento articular, e na radiografia é observado osteoporose salpicada. A terceira e ultima fase, chamada de atrófica da DSR aparece após seis meses de lesão, caracterizada por atrofia cutânea, diminuição da ADM e apresenta impotência funcional, nessa fase pode ocorrer à diminuição do quadro doloroso (ALBERTONI, 2008).
2.7 OSTEOSSÍNTESE
Redução anatômica é fundamental em fraturas articulares, no restante do osso será simplesmente alinhamento anatômico, onde os dois visam uma fixação estável suficiente a ponto de suportar as biomecânicas locais, a fixação pode ser através de varias técnicas e implantes. Podendo ter; estabilidade absoluta ou relativa, sendo interfragmentária (parafusos de tração e placas) ou dinâmicas (osteossíntese com haste intramedular e placas em ponte). A preservação do suprimento sanguíneo tem um importante papel referente a partes moles na consolidação da fratura, assim tende a evitar danos ao tecido perifratrurário diminuindo assim os riscos de infecção e consequentemente o retardo de consolidação. Com uma estrutura alinhada, estável e suprida, o próximo procedimento é a mobilização precoce do membro afetado, restabelecendo a função e diminuindo os efeitos deletérios (doença fraturaria) (ALBERTONI, 2008).
Todo método cirúrgico que promova e mantenha a redução de uma fratura produz agressão sobre o suprimento sanguíneo dos fragmentos ósseos e das partes moles que os circundam. Esta agressão poderá ser maior ou menor, dependendo do tipo de acesso cirúrgico, do tipo de implante e da técnica de redução utilizada. A recuperação da resistência mecânica da região fraturada, que em ultima analise representa a capacidade desta em suportar a carga, dependerá da somatória de todos estes fatores mencionados e da qualidade da interface osso – osso e osso – implante (REIS, 2005).
Dentre todos os materiais usados, o aço inoxidável, que é uma liga metálica, continua sendo o mais usado. Devido as suas características mecânicas e biológicas, alem da boa relação custo/beneficio, deverá continuar sendo o material de escolha para a fabricação de implantes ortopédicos por muitos anos. Além do aço, o titânio puro e suas ligas têm sido cada vez mais utilizados por apresentarem excelente biocompatibilidade, resistência à corrosão, ausência de reação alérgica e menor modulo de elasticidade que o aço inoxidável. Podemos citar ainda a liga de cromo/cobalto, polímeros, cimento acrílico e os materiais carbônicos (REIS, 2005).
Sobre o tratamento conservador, inúmeros tipos de imobilização têm sido descritos, com o intuito de manter, da melhor maneira, a redução obtida: flexão e desvio ulnar, extensão do punho, imobilização com gesso axilopalmar ou antebraquiopalmar, com o antebraço supinado ou pronado. Na realidade, o que se observa é que os maus resultados com esse tipo de tratamento estão diretamente relacionados com o grau de desvio inicial, a cominuição da fratura e, principalmente, com o grau de acometimento articular. O tratamento cirúrgico consiste em fixação percutânea, fixação externa, osteossíntese rígida, enxertia óssea associada e artroscopia (ALBERTONI, 2002).
2.8 ELETROTERMOFOTOTERAPIA
Os agentes eletrofísicos são usados pelos fisioterapeutas para tratar uma grande variedade de condições. Esses agentes incluem ondas eletromagnéticas e sonoras, além de correntes estimuladoras de músculos e nervos. Em parte, essas técnicas são usadas para induzir o aquecimento dos tecidos. Durante séculos, os antigos filósofos especularam sobre a natureza do calor e do frio. As opiniões eram divididas quanto ao fato de o calor ser uma substância ou um efeito do movimento de partículas, mas no século XVIII, os físicos e bioquímicos chegaram a conclusão de que a velocidade de movimento das moléculas constituintes do corpo ou objeto dava aos nossos sentidos a impressão de calor ou de frio (KITCHEN, 2003).
Os fisioterapeutas tratam lesões inflamatórias agudas e crônicas, feridas abertas e fechadas e problemas associados com os processos de regeneração como edema e hematomas. É utilizada uma grande variedade de agentes eletrofísicos para iniciar ou favorecer o processo de reparo, incluindo o ultra-som, as diatermias, lasers e correntes de estimulação em baixa frequência. Para compreender como os agentes eletrofísicos podem afetar os tecidos que estão se regenerando e a base teórica que envolve sua escolha e aplicação, é essencial que sejam considerados os processos fundamentais da regeneração-processo complexo, porém essencial sem o qual o corpo seria incapaz de sobreviver onde há ações integradas das células, matriz e mensageiros químicos e visa restaurar a integridade do tecido o mais rápido possível (KITCHEN, 2003).
A eletroestimulação pulsada de baixa freqüência é um dos recurso que pode ser utilizado nos pacientes com FRD , pois ocasiona alívio da dor e melhora na função, existindo, ainda, a hipótese de reparação da cartilagem. Os campos eletromagnéticos pulsados têm sido utilizados em fraturas não consolidadas, obtendo um índice de sucesso de 70 a 80%. Essa terapia baseia-se no aparecimento de correntes elétricas minúsculas, causadas pelo estresse físico no osso, sendo estes os estímulos que promovem a formação óssea. Assim seria feita uma simulação do campo eletromagnético pulsado promovendo a reparação do tecido ósseo ou cartilaginoso, caso a fratura tenha afetado face articular (MARQUES, KONDO, 1998).
Os objetivos básicos dos recursos utilizados em medicina física são: analgesia, relaxamento muscular, diminuição do edema e estimulação sensitivo-motora, com as consequentes vantagens de redução da farmacoterapia sistêmica, ausência de efeitos colaterais, de o tratamento ser localizado e auxiliar na melhora da função. Para os recursos utilizados existem indicações e contra-indicações, cuidados especiais de manuseio e aplicação; onde são largamente utilizados na prática diária, porém não existe necessidade de associação de diferentes métodos para atingir um mesmo objetivo. Os métodos empregados devem ser coadjuvantes no tratamento, que deve ser complementado com outras técnicas terapêuticas (LIANZA, 2007).
O frio é indicado em casos de dor, inflamação e espasmos musculares, atuando como agente analgésico diretamente nas terminações nervosas diminui assim a velocidade de condução nervosa por estimulação competitiva nas fibras amielínicas, agindo nos mecanismos de comporta. Na inflamação, o frio reduzirá a hiperemia e o edema por causar vasoconstrição. Na musculatura terá como efeito a diminuição da velocidade do disparo das fibras do fuso muscular, diminuindo o espasmo. O calor também tem efeito analgésico, além de aumentar a extensibilidade do tecido colágeno e diminuir a rigidez articular, sabe-se que o calor é contra-indicado em fases agudas, pois exacerba a inflamação (MARQUES, KONDO, 1998).
2.9 REABILITAÇÃO
A avaliação clinica da incapacidade é importante, pois através dela temos condições de determinar a capacidade residual funcional do paciente, ou seja, o seu potencial de reabilitação. A objetividade dessa avaliação depende da compreensão de conceitos importantes, como lesão, incapacidade, lesão secundária e invalidez. A reabilitação tem por objetivo principal dar função, ou seja, dar o máximo de independência nas funções do dia-a-dia do paciente. O processo reabilitacional deve ser realizado dentro de um centro de reabilitação por uma equipe multidisciplinar a qual deve constar de uma anamnese completa da doença e dados específicos do paciente quanto à repercussão do acometimento osteoarticular no seu estado funcional (KISNER, 2005; LIANZA, 2007).
O objetivo principal do tratamento, é sem dúvida o restabelecimento da função da mão, no menor intervalo de tempo possível, prezando sempre pela analgesia, redução da inflamação, preservação da amplitude de movimento, melhorar a força muscular da mão e membro superior e reeducação sensitiva. A pouca tolerância da mão à imobilização justifica a necessidade de um tratamento intensivo com repetição dos processos terapêuticos, várias vezes ao dia. Os recursos terapêuticos são variados e o tratamento de reabilitação deverá incluir a terapia medicamentosa quando necessária, meios físicos, cinesioterapia e terapia ocupacional (LIANZA, 2007).
2.10 – MOBILIZAÇÃO ARTICULAR
O movimento articular conduz o fluido sinovial à cartilagem articular avascular nutrido-as para ajudar no processo de trofismo articular, mantendo também a extensibilidade e força tensiva dos tecidos articulares e periarticulares, coibindo a proliferação fibroadiposa que causa aderências intra-articular e comprometimento dos tendões e ligamentos. Com lesão ou degeneração articular, há uma diminuição de interpretação de estímulos aferentes que podem afetar de forma significativa o feedback do membro lesionado, no caso, o punho. Os estímulos são interpretados por quatros tipos de receptores (tipo I, II, III e IV), onde o tipo I, tipo II e o tipo IV, têm funções distintas; tipo I, posicionamento estático, senso de direção do movimento e regulação do tônus muscular, tipo II, alterações de velocidade e regulação do tônus muscular, tipo IV, estímulos nociceptivos. O receptor tipo III ele age em conjunto com os tipos I e II para obter regulação do tônus muscular, e para obter o senso de direção do movimento, ele age em conjunto somente com tipo I (KISNER, 2005).
Os efeitos neurofisiológicos da mobilização são; oscilação e separação com uma pequena amplitude onde estimularão os mecanoceptores, e assim inibindo os nociceptores ao nível da medula espinhal e tronco encefálico, as técnicas de mobilização causam também efeitos mecânicos e são de extrema importância para ajudar na nutrição intra-articular através de separação ou deslizamento de pequena amplitude e impedir os efeitos dolorosos e degenerativos da estagnação quando uma articulação esta edemaciada ou dolorida e não pode ser movida por meio da ADM (KISNER, 2005).
A mobilização precoce é de extrema importância para a diminuição da deformidade para o deslocamento angular e encurtamento radial em fraturas de Colles, além de amenizar os sinais flogísticos como a dor, inchaço e rigidez no curto prazo, dando uma maior ADM, e não aumentando a deformidade estética em fraturas radiais (NASH, 2004).
2.11 – PROPRIOCEPÇÃO
A propriocepção, termo empregado por Sherrington, por volta de 1900 refere-se à capacidade de reconhecer a posição das articulações no espaço dos proprioceptores que contribuem para a regulação da postura global (equilíbrio postural) postura segmentar (estabilidade articular) e “sensações musculares” que são diversas sensações periféricas conscientes. Onde está é dividida em quatro submodalidades de sensações musculares: postura; movimento passivo; movimento ativo; e resistência ao movimento. Estas submodalidades correspondem hoje ao termo sentido de posição articular, cinestesia e sentido de resistência (ANTUNHA, 2008, LEPORACE, 2009).
O Sistema Proprioceptivo recebe informações oriundas de múltiplos sensores do nosso corpo como a pele da sola dos pés, músculos e articulações, mucosas, língua, sistema visual e sistema auditivo do equilíbrio (labirinto). Este sistema integra todas essas informações que são interpretadas pelo sistema nervoso central (SNC) e expede as ordens necessárias para as fibras musculares de todo o corpo influenciando as respostas reflexas e o controle motor voluntário para que estas realizem uma determinada ação (ANTUNHA, 2008, LEPORACE 2009).
A propriocepção faz parte de um sistema denominado sistema somato-sensório, este engloba todas as informações originadas pelos mecanorreceptores, nocirreceptores e termorreceptores. As informações proprioceptivas são oriundas dos receptores musculares e tendíneos, denominados fuso muscular e órgão tendinoso de Golgi, e receptores localizados nos ligamentos, cápsula articular, meniscos e tecidos cutâneos (LEPORACE, 2009).
O Sistema Proprioceptivo funciona como um sexto sentido por informar ao cérebro quanto ao estado do corpo humano. Sempre que o Sistema Proprioceptivo entra em disfunção, podem ocorrer sintomas como; erros de localização espacial que é caracterizado quando a pessoa tem dificuldade em perceber a posição exata de cada segmento do seu corpo em relação aos outros segmentos e também a relação entre corpo e espaço. Ela derruba objetos inadvertidamente, despeja líquidos fora do recipiente onde pretende colocá-los (leite fora da xícara, água fora do copo) (ANTUNHA, 2008).
Sabe-se que diversas características sensório-motoras encontram-se alteradas após um processo lesivo, a diminuição na propriocepção gera indiretamente alterações no controle neuromuscular, que, associado a instabilidade mecânica leva a instabilidade funcional. A instabilidade funcional, consequentemente, predispõe a novas lesões e desta forma um ciclo de lesões se inicia (LEPORACE, 2009).
A reabilitação terá o enfoque de reverter estas alterações através de estimulações periféricas para tentar obter uma resposta motora eficiente para amenizar a instabilidade originada pela lesão. A estimulação destas posturas se dá com treinamento controlado e progressivo, gerando as adaptações sensório-motoras adequadas para estimular a capacidade e confiança do paciente. Os Quatro elementos que devem ser focados para restabelecer os déficits sensórios-motores são: propriocepção, estabilização dinâmica, controle neuromuscular reativo e padrões motores funcionais (LEPORACE, 2009).
2.12 – EXERCICIOS TERAPEUTICOS
Iniciar as atividades cuidadosamente para que as estruturas lesadas não sofram estresse excessivo é essencial para não prejudicar o paciente, dependendo da anamnese, o objetivo será promover o aumento da ADM ou o fortalecimento de músculos, cartilagens, tecido conjuntivo e principalmente o ósseo (KISNER, 2005). Segundo Marques e Kondo (1998) Também foi identificado por outros estudos que os exercícios são indicados, acreditando que estes combatem os sintomas, como; perda da força, endurance, e funcionabilidade, além de aumentar a densidade óssea, diminuir a dor, pois melhoram a biomecânica.
A fase de exercícios físicos é prescrita com precisão após a determinação da regeneração óssea através de uma análise clínica. Existem vários tipos de exercícios terapêuticos usados pela fisioterapia: mobilização passiva e ativa, alongamentos, exercícios isométricos, isotônicos e outros. Os exercícios isométricos e isotônicos progressivos para a musculatura são mais eficazes para o fortalecimento muscular e melhora da funcionalidade do que os exercícios globais de fisioterapia (MARQUES, KONDO, 1998).
Para um prognóstico com minimização de riscos é fundamental o paciente passar por fases evolutivas, como; cinesioterapia passiva que manterá a mobilidade da articulação minimizará os efeitos da formação de contratura, auxiliará na circulação e na dinâmica vascular, diminui ou inibe a dor (MARQUES, KONDO, 1998). A cinesioterapia ativo-assistida é usada para dar uma assistência suficiente aos músculos de maneira cuidadosamente controlada para que a musculatura seja fortalecida aos poucos. A cinesioterapia ativa fornecerá feedback sensorial proveniente dos músculos em contração, aumenta a circulação e assim previne a formação de trombos e melhora a funcionabilidade. A ultima fase, a cinesioterapia resistida terá o objetivo de fortalecer as estruturas através das forças de tensão e compressão onde o foco principal é o tecido ósseo, evitando assim os efeitos deletérios (KISNER, 2005).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Foi elaborada com fundamentações teóricas relevantes a fratura de radio distal a confecção de um manual de orientação fisioterapêutica para pacientes submetidos à cirurgia de rádio distal no pós-operatório, obtendo um guia de procedimentos terapêuticos e funcionais objetivando o ganho de amplitude de movimento para flexão, extensão, pronação e supinação de punho, de articulações metacarpais e interfalangianas; combatendo possíveis alterações sensitivas, presença de edema, hipotrofismo muscular e dor.
A produção do manual será baseada nos moldes de revisão literária tendo como base, livros acadêmicos especializados da biblioteca da faculdade ESAMAZ e artigos científicos sistemáticos e de revisão bibliográfica relacionados à fratura de rádio distal e quanto ao processo de reabilitação fisioterapêutica pesquisados nas bases de dados, como; Web of Science, Scopus, Lilacs, Scielo, Medline, Pubmed e Cochrane BVS, utilizando como descritores: fratura de rádio distal, rádio distal, fisioterapia fratura e fisioterapia rádio distal em diferentes combinações, sendo aceito artigos na língua portuguesa e inglesa que abordem sobre reabilitação de fratura de rádio distal.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Bialocerkowski (2009), o estudo abordado retrata a síndrome da dor complexa regional contendo ensaios clínicos-randomizados, randomizados e série de casos em inglês datados entre 1987 a 2007. Ensaios clínicos randomizados relatam que a imagética motora contribuiu significativamente para o inchaço nos dedos sendo mais eficaz do que a fisioterapia realizada de forma habitual em um espaço amostra de 64 pacientes e que a fisioterapia associada ao tratamento médico apresenta resultados superiores à Terapia ocupacional associada ao tratamento médico em um espaço amostral de 135 pacientes.
Estudos não randomizados atestam que o tratamento sensório-motor estatisticamente influencia na redução da dor e aumenta a discriminação tátil em termos de pré-alteração/alteração média pós tratamento em um curto espaço amostral de 6 pacientes; a exposição in vitro reduziu significativamente o medo relacionado a dor e a incapacidade em estudo adotando termos pré e pós tratamento em um espaço amostral de 8 pacientes. Resultados conclusivos atestam o uso da imagética motora para reduzir a dor em pacientes com síndrome da dor complexa regional.
Em relação ao estudo desenvolvido por Howe et, al. (2012) sobre a utilização de exercícios para melhorar o equilíbrio nos idosos, podemos fazer referencia à condição proprioceptiva que inevitavelmente acaba sendo abordada e analisada. Apresenta-se como um estudo randomizado controlado, utilizando um público alvo acima de 60 anos, utilizando como resultados preliminares as medidas clinicas, configurando o publico alvo em torno de 9917 pacientes residentes em domicilio próprio ou centros hospitalares.
As categorias de exercícios foram listadas como parâmetros avaliativos (marcha/equilíbrio/coordenação/ tarefas funcionais, exercícios de fortalecimento, exercícios em 3D, atividade física em geral, ciclismo, atividade informatizada utilizando feedback visual e plataforma vibratória). Através da utilização de testes e escalas de avaliação como o Time Up and Go Test e a escala de equilíbrio de Berg obtiveram-se resultados satisfatórios quanto aos exercícios usados na avaliação, mas com incapacidade de determinar quais os melhores exercícios para o aperfeiçoamento do equilíbrio.
Ainda nesta vertente, Gillespie et, al. (2003) realizaram um estudo para avaliar os efeitos das intervenções destinadas ao combate das quedas em idosos baseado em sessenta e dois ensaios clínicos randomizados. Como resultado o estudo mostra que as intervenções existem, mas que são carentes de comprovação e validação, alem de evidencia seguras que atestem a favor destas técnicas implementadas para o combate e prevenção de quedas.
Abordando o uso de fixadores externos para o tratamento das fraturas de rádio distal, Handoll et, al. (2007) realizaram um trabalho comparativo entre o tratamento conservador e o uso dos fixadores externos nas FRD em adultos, realizando ensaios clínicos randomizados controlados, envolvendo 15 ensaios heterogêneos no total de 1022 adultos. A fragilidade metodológica fica por conta da falta de ocultação da alocação e avaliação de resultados inadequados. Embora sejam suficientes, existem evidencias que favorecem o uso de fixadores externos principalmente pela melhor congruência anatômica ofertada e pelas complicações cirúrgicas serem diminuídas.
Apresentando-se como um material pertinente à redução e consequente reabilitação das fraturas, Handoll e Madhok (2002) objetivam neste trabalho mostrar quando e que tipo de intervenção cirúrgica são mais adequadas ao tratamento das fraturas de rádio distal. Moldadas como ensaios clínicos randomizados envolvendo paciente com maturidade esquelética e que apresentam fratura do rádio distal onde foi feita a comparação do tratamento cirúrgico e conservador, diferentes tipos de intervenção cirúrgica e tempo de imobilização pós-cirúrgico.
As principais categorias de intervenção cirúrgica foram a fixação externa percutânea, redução aberta e fixação interna. Os resultados foram extraídos por dois avaliadores através de resultados clínicos, anatômicos e funcionais através de 48 ensaios promovendo comparações entre 25 tratamentos diferentes, no total de 3371 pacientes. De modo geral as reduções cirúrgicas a uma melhor aparência após a consolidação das fraturas, porem não há comprovação de que interferiram na melhora do quadro funcional e clínico dos pacientes. Os resultados conclusivos atestam que os ensaios clínicos não fornecem evidencias robustas suficientes para serem levadas em consideração na gestão das fraturas, apesar de que de um modo particular existe evidencias favoráveis ao uso da fixação externa percutânea. Também não é objetivo a fato de que a intervenção cirúrgica ira produzir resultados consistentes à longo prazo.
Enfatizando o tratamento conservador para a fratura de radio distal, Rajan et, al. (2003) priorizam determinar o tratamento conservador mais adequado para as fraturas de radio distal. Os critérios de seleção adotados foram ensaios clínicos randomizados controlados de pacientes com maturidade esquelética e com fratura do terço radial distal. Foram inclusos também a utilização de apoio externo (gesso ou órtese) e manipulação da fratura. Os dados extraídos foram obtidos através de resultados anatômicos, clínicos e funcionais, incluindo complicações.
Os ensaios foram agrupados em categorias relacionadas à manipulação de fraturas deslocadas e técnicas diferenciais para a duração da imobilização. Embora existam dados quantitativos de alguns ensaios, a falta de estudos e de qualidade e heterogeneidade acarretou em inibição do grupamento de resultados. Ao todo há 37 estudos no conjunto universo de 4215 pacientes, principalmente mulheres e idosos, atendendo aos critérios de inclusão. Resultados finais promovem que as evidencias são insuficientes para quais os métodos conservadores são os mais apropriados e indicados para o tratamento das fraturas de rádio distal.
Abordando estudos sobre o processo de reabilitação, suas etapas e perspectivas quanto à evidencias que de fato atestam sua veracidade, o material produzido por Handoll e Madhok (2002) tem como objetivo examinar a eficácia da terapêutica usada nos processos de reabilitação seja ela de forma conservadora ou cirúrgica. Foram abordados doze estudos randomizados no total de 601 pacientes, utilizando pacientes que foram imobilizados ou submetidos à intervenção cirúrgica. Perante os achados, observou-se que não houve resultados satisfatórios no processo de reabilitação à curto prazo, o que necessariamente não compromete o estudo haja visto que as evidencias encontradas são escassas e insuficientes para determinar a eficácia das diversas intervenções terapêuticas nas fraturas do rádio distal.
Sobre as condições impostas pela prática de alongamentos na prevenção ou na redução da dor muscular após a realização de atividades físicas, Herbert et, al. 2011 realizaram a produção de um material científico com objetivo de avaliar os efeitos do alongamento antes ou após os exercícios no desenvolvimento da dor muscular tardia. Estudos randomizados foram das técnicas disponíveis de alongamento para antes e depois de realizados os treinamentos físicos, alem de avaliar a dor muscular considerado como parâmetro de observação avaliativo usando GRADE. Foram utilizados 12 estudos para realização deste material em um universo de 2377 pacientes onde a qualidade das evidencia apresentaram-se em um nível de baixa a moderada. Os resultados conclusivos apontam o alongamento realizado anteriormente ou posteriormente à realização dos exercícios não produzem reduções clínicas importantes na síndrome da dor muscular tardia.
5. CONCLUSÃO
As fraturas do rádio distal acometem com grande impacto o cotidiano dos pacientes portadores deste quadro patológico. Levando em consideração a disposição geográfica, disponibilidade e o acesso a centros especializados de reabilitação, os pacientes residentes de regiões interioranas apresentam mais dificuldades do que a população residente em grandes centros e que disponibiliza do fácil acesso aos locais de atendimento para a prática terapêutica de reabilitação.
O desenvolvimento de atividades laborais e recreativas apresentam grande comprometimento, haja visto que a mão é um segmento corporal indispensável na realização das mais simples atividades; desde o simples ato de comer até aos movimentos mais complexos, como pegar uma agulha ou movimentos de seleção com os dedos. Pensando nestas condições, a realização deste estudo alcança resultados objetivos e conclusivos sobre a importância da proposta de criação de um manual de orientação no combate às sequelas impostas pela FRD e lesões adjacentes, como encurtamentos e diminuição do trofismo muscular. Vale ressaltar também que em hipótese alguma o manual substitua a intervenção prática do fisioterapeuta. O manual apresenta indicação apenas para minimizar as sequelas em pacientes que não apresentam condição alguma ou difícil acesso ao tratamento adequado.
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ANEXO A – Manual de Orientação
Fratura de Rádio Distal
Manual de Orientações
Manual de orientação de exercícios domiciliares para paciente com fraturas de rádio distal
INFORMAÇÃO AO PACIENTE
Este manual não pretende substituir o auxílio do profissional de fisioterapia após o tratamento conservador ou cirúrgico.
O objetivo deste manual é orientá-lo enquanto aguarda agendamento para tratamento fisioterapêutico ou para intensificar o tratamento, visando que o numero de seções de fisioterapia por semana não sejam suficiente ou até mesmo seja indisponível o acesso a um centro especializado.
Esses exercícios podem ser realizados em sua casa, para auxiliar em sua recuperação. Cada exercício indicado no manual objetivará um nível de progressão diante da incapacidade presente. Se você não conseguir realizar algum exercício, não desanime, tente depois.
O importante é que você consiga fazer todos os exercícios para que seu “punho” recupere o movimento e a força muscular e, assim conseguir realizar suas atividades sem dificuldade.
Para maior segurança do paciente assim como do profissional responsável pela orientação dos exercícios descritos neste manual, o paciente deverá realizar somente aqueles com a data e a assinatura do profissional.
Esses exercícios deverão ser realizados por pelo menos 6 meses, mesmo já tendo iniciado a fisioterapia ambulatorial. Toda vez que você passar para outra etapa de exercícios, deverá repetir os anteriores também.
Qualquer dúvida que você possa ter, poderá ser solucionada quando for avaliado pelo médico e fisioterapeuta em suas visitas ao hospital. Não esqueça de trazer seus exames e este manual, toda vez que passar em consulta.
OSTEOSSINTESE NA FRATURA DO RADIO DISTAL
Manual de orientações
A articulação do punho é formada pelo Rádio (osso do ante-braço do mesmo lado do polegar), Ulna (osso do ante-braço paralela ao rádio) e os ossos carpais que são ossos pequenos e estão fazendo a conexão entre a mão e o Rádio e a Ulna. (Figura 1). Esta articulação tem grande importância para o corpo, pois essa se lesionada levará o individuo a um alto índice de incapacidade, tendo em vista que o mesmo poderá perder algumas funções da mão temporariamente ou definitivamente. Dependendo da fratura, poderá ser indicado a imobilização ou o método cirúrgico. O método cirúrgico é feito através da osteossintese, que pode ser parafusos, placas de metal ou fios de metal, podendo ser combinados também. (Figuras 2 e 3)
A função das próteses metálicas é dar um suporte seguro ao osso fraturado, para que assim aja uma recuperação segura e um mais próximo alinhamento original do osso.
TIPOS DE PRÓTESE
Existem vários tipos e modelos de próteses metálicas, a escolha da prótese dependerá do tipo de fratura que acomete o punho, da idade e principalmente da experiência e preferência individual do cirurgião.
PLACA VOLAR
Na aplicação pode-se observar uma placa constituída de uma liga metálica muito resistente que se fixará na superfície do osso fraturado através de parafusos, unindo as partes (Figura 3 e 4).
FIOS DE KIRSCHNER
Os Fios Kirschner fazem a fixação óssea também, mas de uma maneira diferente, pois estes não precisão de parafusos, eles “amarram” o osso como se fossem grampos (Figura 5).
FISIOTERAPIA PÓS-OPERATÓRIA EM PACIENTES COM FRATURA DE RÁDIO DISTAL.
Como você sabe sua articulação (junta) foi reforçada por uma prótese e ela requer cuidados especiais.
Existem ações que podem prejudicar a consolidação (“cura” do osso), ou seja, desestabilizar a estrutura fixada pela prótese (ela pode sair do lugar), e para que isso não ocorra é muito importante seguir um programa de fisioterapia adequado e as orientações dadas pelo fisioterapeuta, a fim de se ter uma recuperação mais rápida e uma boa qualidade de vida.
Caso haja alguma dúvida quanto aos cuidados a serem tomados com a prótese e ao tratamento, procure o seu médico ou o fisioterapeuta para seu esclarecimento.
Toda vez que você retornar na consulta médica traga a sua cartilha, para que o fisioterapeuta lhe reavalie e acrescente novos exercícios e somente realize em casa aqueles que ele recomendar.
PRIMEIRO DIA DE PÓS-OPERATÓRIO
1. Em primeiro lugar o mais importante são os cuidados com o punho fraturado, procure não fazer movimentos maiores que o permitido até o presente momento, não faça atividades que exijam muita força ou causem dor excessiva, pois a sua fratura ainda não tem estabilidade suficiente. Assim você não poderá por ex.: apoiar-se com a mão fraturada, mas sempre que puder, movimente o braço fraturado, lembre-se você fraturou o punho, mas ainda existem articulações que precisão manter a sua função para o não desenvolvimento de outras doenças. Desta forma procure movimentar os dedos da mão, o punho (até onde ele puder e sem dor), o cotovelo e o ombro. Movimente o punho suavemente para frente, para trás, para um lado e para o outro. A cada hora. (Figura 6, 7, 8, 9)
2. Com a mão fechada faça força como se estivesse segurando algo e sustente a contração por 10 segundos e então relaxe. Faça o exercício a cada hora, este estimulará e fortalecerá a musculatura traumatizada do punho (Figura 10).
3. Um recurso analgésico que você pode utilizar é o gelo, sente-se e apóie o braço de maneira confortável (em cima de uma mesa, por exemplo) com uma toalha em baixo, coloque gelo picado (aproximadamente quatro xícaras) em um saco plástico e o coloque em seguida em cima do local da fratura por 15 minutos, isso diminuirá o inchaço e aliviará a dor. (Figura 11 e 12)
Obs: Não coloque o saco de gelo diretamente na pele, o braço deve estar protegido por uma ou duas folhas de papel toalha.
SEGUNDO / TERCEIRO DIA DE PÓS-OPERATÓRIO
Você continuará realizando os exercícios anteriores, mas novos exercícios serão importantes para a sua recuperação. Alguns você conseguirá realizar sozinho e quando isto não for possível, não desista, repita mesmo que seja em uma intensidade menor para obter êxito na realização do movimento.
1. Para não perder funções básicas é preciso trabalhar o ombro. Sentado ou em pé você deixará o braço ao longo do corpo e o levantará por 3 séries de 10 repetições pela frente (flexão anterior de ombro) (figura 13 e 14) e 3 séries de 10 repetições pelos lados (abdução de ombro). Este exercício preservará a articulação do ombro. (Figura 15 e 16)
2. Para movimentar o seu cotovelo, fique sentado ou em pé, deixe o braço ao longo do corpo sem movimentar o ombro e com a mão fechada dobre e estique o cotovelo por 3 séries de 10 repetições (figura 17 e 18). Este exercício irá melhorar a circulação sanguínea, e estimulará a função muscular.
3. No segundo e terceiro dia de Pós-operatório já é importante que você faça movimentos do punho, com o cotovelo dobrado e junto ao lado do corpo, movimente o punho para frente e para trás por 3 séries de 10 repetições. Este exercício combinado com os outros melhoram a circulação sanguínea e diminuem o inchaço. (Figura 19 e 20)
4. A mão também tem que ser exercitada, pegue um balão e encha-o até a metade da sua capacidade total para poder aperta-lo e assim trabalhar a mão e os dedos por 3 séries de 10 repetições. (Figuras 21 e 22)
5. Faça o trabalho de abrir completamente a mão e unir os dedos lateralmente por 3 séries de 10 repetições com a resistência de uma liga estando está enrolada em cada dedo. (Figuras 23 e 24)
6. Exercite os dedos também com movimentos de preensão, para isso você deve realizar movimentos de pinça em todos os dedos com uma bolinha. Este exercício melhora a coordenação e a força. (Figuras 25 e 26)
Obs: Este manual não substitui os serviços de fisioterapia, seu intuito é apenas de caráter informativo para que o paciente tenha noção do processo pelo qual passou, e tentar minimizar os efeitos deletérios do pós-cirúrgico através destes exercícios propostos.
1Acadêmicos do curso de Bacharelado em Fisioterapia da Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ.
2Prof. Esp. do curso de Bacharelado em Fisioterapia da Escola Superior da Amazônia – ESAMAZ