PROMOVENDO O BEM-ESTAR PSICOLÓGICO: ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DE DEPRESSÃO EM IDOSOS DE 60 A 80 ANOS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410082205


Ane Caroline Amarante Araújo1; José Rikelme Barbosa Lima1; Naiara Dos Santos Rodrigues1; Michelle Nunes Brito Da Silva1; Paloma Marinho Ferraz1; Pedro Henrique Rodrigues Alencar2


RESUMO

O envelhecimento é uma fase normal e natural do desenvolvimento da sociedade, profundamente ligada às condições de saúde e adoecimento, e influenciada por fatores neurobiológicos, genéticos, funcionais e socioculturais. A qualidade de vida desempenha um papel central na caracterização do envelhecimento como saudável ou patológico, tornando evidente que a saúde psicológica do indivíduo é resultado do contexto em que ele está inserido. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo analisar as estratégias de enfermagem adotadas para prevenir a depressão em idosos de 60 a 80 anos. Trata-se de um estudo de revisão narrativa, realizado por meio de pesquisas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google acadêmico, através dos seguintes descritores depressão AND idosos AND enfermagem AND prevenção. Os critérios de elegibilidade adotados foram: trabalhos completos que abordassem sobre a temática entre o ano de 2019 a 2024. Foram excluídos os artigos dissertações, teses, ensaios teóricos e relatos de experiência. Ao final foram selecionados oito estudos. Dentre as estratégias utilizadas pelos enfermeiros, cita-se : estimular a manutenção das Atividades da Vida Diária (AVDs); incentivar a participação ativa da rede de suporte social; manter o ambiente domiciliar bem ventilado; limpar e desinfetar com álcool 70% superfícies frequentemente tocadas, como cabeceira da cama, controle remoto, maçanetas, celulares e bengalas; e promover uma alimentação saudável, acompanhada de boa ingestão de líquidos, como medidas prioritárias para reduzir as chances de contaminação pela COVID-19. Assim, conclui-se que os profissionais de saúde precisam redefinir a prestação de cuidados e a atenção aos

idosos nos serviços de saúde, além de promover a capacitação da equipe de enfermagem para atender de forma mais adequada às necessidades gerontológicas.

Palavras-chave: Enfermagem; Depressão; Envelhecimento; Idosos. 

ABSTRACT

Aging is a normal and natural phase of society’s development, deeply linked to health and illness conditions, and influenced by neurobiological, genetic, functional, and sociocultural factors. Quality of life plays a central role in characterizing aging as healthy or pathological, making it clear that an individual’s psychological health is a result of the context in which he or she lives. Therefore, this study aimed to analyze the nursing strategies adopted to prevent depression in elderly individuals aged 60 to 80 years. This is a narrative review study, carried out through research in the Virtual Health Library (VHL) and Google Scholar, using the following descriptors: depression AND elderly AND nursing AND prevention. The eligibility criteria adopted were: complete works that addressed the topic between the years 2019 and 2024. Dissertations, theses, theoretical essays, and experience reports were excluded. In the end, eight studies were selected. Among the strategies used by nurses, the following are mentioned: encouraging the maintenance of Activities of Daily Living (ADLs); encouraging the active participation of the social support network; keeping the home environment well ventilated; cleaning and disinfecting frequently touched surfaces, such as bed headboards, remote controls, doorknobs, cell phones and canes, with 70% alcohol; and promoting a healthy diet, accompanied by good fluid intake, as priority measures to reduce the chances of contamination by COVID-19. Thus, it is concluded that health professionals need to redefine the provision of care and attention to the elderly in health services, in addition to promoting the training of the nursing team to meet gerontological needs more adequately.

Keywords: Nursing; Depression; Aging; Elderly.

4. INTRODUÇÃO

A longevidade é um dos principais marcos na história contemporânea da humanidade, sendo viabilizada pela evolução de diversas áreas científicas, que oferecem tratamentos eficientes e reabilitadores, proporcionando melhor qualidade de vida aos idosos. O crescimento progressivo da população idosa, especialmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil, levanta discussões sobre os aspectos relacionados ao envelhecimento no contexto da saúde (Sousa et al., 2020).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) até o ano de 2050 um quinto da população mundial terá mais de 60 anos de idade, fenômeno este explicado pelo declínio das taxas de fecundidade, aumento da expectativa de vida e melhoria das condições de saúde populacional. Sabe-se que o processo de envelhecimento implica em diversas alterações demográficas e epidemiológicas, com aumento substancial de doenças crônicas e, consequentemente, do aumento pelas demandas de saúde (Veras, 2020).

Diante disso, é pertinente esclarecer que o processo de envelhecimento, conhecido como senescência, envolve alterações fisiológicas naturais que ocorrem ao longo da vida, independentemente da presença de doenças ou fatores predisponentes. Exemplos dessas alterações incluem a perda de energia e de massa muscular, mudanças posturais e modificações no ciclo sono/repouso (Torres, 2023).

Entre as questões relacionadas à saúde, destaca-se a preocupação com os transtornos mentais, especialmente a depressão, uma condição recorrente em pessoas com mais de 65 anos. Estima-se que essa patologia afete mais de 264 milhões de pessoas no mundo, configurando-se como um problema de saúde pública, incapacitante e com potencial para alterar o cotidiano das famílias (Sousa et al., 2020).

A depressão tornou-se um dos principais motivos de consulta a psiquiatras e psicólogos. Os pacientes muitas vezes não recebem tratamento porque não reconhecem os seus sintomas. O número de pacientes idosos que sofrem de depressão é crescente no Brasil e no mundo, tornando esse cenário uma prioridade de saúde pública para encontrar formas de prevenção e manejo dessa doença, que geralmente é multifatorial e está associada a doenças crônicas infecciosas (Cardoso et al., 2024).

Entre os fatores que podem causar depressão em idosos, destacam-se os sociais, como a perda de parentes e amigos; os psicológicos, como traumas; e os essenciais, como o uso de drogas. Principalmente, existem fatores biológicos, conforme a teoria da depressão das monoaminas, que sugere que a depressão é causada, entre outras coisas, por uma diminuição anormal na neurotransmissão de serotonina e/ou norepinefrina. Esses neurotransmissores desempenham papéis importantes no humor, no ciclo sono-vigília e na motivação. As condições associadas à idade podem ser um fator importante e contribuir para a ocorrência dessas condições (Minayo et al., 2019).

Neste contexto, é necessário adotar medidas que complementem a farmacoterapia tradicional utilizada no tratamento da depressão e que visem melhorar a qualidade de vida dos idosos. Estudos demonstraram os benefícios do exercício físico regular para os idosos, pois ele reduz o estresse que causa depressão, ansiedade e transtornos de humor, além de proporcionar autonomia e facilitar a realização das atividades diárias (Cardoso et al., 2024).

Portanto, partindo do contexto de que a população idosa está crescendo rapidamente em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento. Este aumento acentuado da longevidade traz consigo uma série de desafios relacionados à saúde mental, sendo a depressão uma das condições mais prevalentes e incapacitantes entre os idosos. Apesar dos avanços na farmacoterapia, muitos idosos continuam a sofrer de depressão devido a uma combinação de fatores sociais, psicológicos e biológicos.

Diante disso, identificar e implementar estratégias de promoção da saúde mental e prevenção da depressão são essenciais para melhorar a qualidade de vida dessa população. O desafio reside em desenvolver abordagens multifacetadas que incluam não apenas intervenções médicas, mas também medidas sociais, psicológicas e de estilo de vida.

Além disso, intervenções que promovam a socialização e o suporte comunitário podem ajudar a mitigar o impacto da perda de entes queridos e o isolamento social, fatores comuns entre os idosos.

Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo responder a seguinte questão problema: Quais as estratégias podem ser adotadas por profissionais de enfermagem para prevenir a depressão em idosos de 60 a 80 anos? 

5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 Envelhecimento: aspectos conceituais

O envelhecimento é a fase de desenvolvimento normal e natural da sociedade que está intimamente relacionado com as condições de saúde e de adoecimento, atrelado a aspectos neurobiológicos, genéticos, funcionais e socioculturais. A qualidade de vida pode caracterizar o envelhecimento como patológico ou saudável, sendo assim tona-se perceptível que a condição de saúde psicológica do indivíduo resulta do contexto no qual o mesmo encontra-se inserido (ABREU, 2021).

No Brasil, os idosos passaram a ter seus direitos garantidos na Constituição Federal de 1988 e, posteriormente, através da Política Nacional do Idoso (PNI) com a Lei 8.842/94, que visa garantir os direitos sociais das pessoas idosas, gerando possibilidades para incentivar sua autonomia, integração e participação efetiva da sociedade, bem como validar o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). (BRASIL, 1988; BRASIL, 1994). 

A probabilidade de um envelhecimento saudável e o aumento da expectativa de vida, necessita de cuidados estratégicos cada vez mais eficazes para os idosos. Sendo assim, o surgimento de doenças como a depressão pode ser associado a sentimentos negativos armazenado por um mau acolhimento profissional. (VIEIRA et al., 2016).

Assim, ressalta-se que o processo de envelhecimento populacional já é uma realidade no Brasil. Pela primeira vez, a maioria das pessoas pode esperar viver até os 60 anos ou mais. No entanto, viver mais não significa viver melhor. A dinâmica das cidades e de trabalho, os novos arranjos de moradia e família, o crescente culto ao individualismo e mudanças nos valores tradicionais da sociedade influenciam de modo desigual e contraditório na qualidade de vida das pessoas (Bezerra et al., 2021).

5.2 Depressão em idosos

Os transtornos mentais são prevalentes em todo o mundo e afetam pessoas de todas as idades. De acordo com dados da OMS, em 2019, cerca de 970 milhões de pessoas apresentavam algum tipo de distúrbio mental, sendo que 28,9% desses casos correspondiam a transtornos depressivos, dos quais 11,2% ocorriam em indivíduos com 60 anos ou mais (Scarano et al., 2023).

A depressão é a síndrome psiquiátrica que mais tem se mostrado presente na população idosa, apresentando taxas que variam entre 5% e 35%, de acordo com os diferentes tipos e níveis que a depressão pode se manifestar. Este tipo de transtorno pode provocar alterações no funcionamento biológico que podem gerar alterações no humor, mais especificamente, um humor deprimido e perda do interesse pelas coisas antes interessantes (Hamdan & Corrêa, 2009). Fatores de vulnerabilidade aumentam a probabilidade de depressão na presença de acontecimentos próprios da vida e que podem propiciar uma condição favorável para o surgimento da depressão em idoso. Mas, não há evidências que comprovam que esse seja o fator primário de causalidade, nem que haja maior prevalência nesse grupo, na comparação com os mais jovens.

A depressão em idosos se configuram dentro de um conjunto de alterações morfofuncionais, porém é uma fase do ciclo da vida marcada por mudanças físicas, psicológicas e sociais. Caracteriza-se ainda como um momento de reflexão, em que o idoso compreende que alcançou muitos objetivos, por outro lado, sofreu muitas perdas, além da debilidade na saúde, que se destaca como um dos principais problemas (Scarano et al., 2023).

A prevenção da depressão na população idoso abrange estratégias nos níveis primário, secundário e terciário, respectivamente focadas em reduzir incidência, detectar precocemente e prevenir recidivas (Coelho; Motta; Caldas, 2019). Programas comunitários multiprofissionais que integrem essas estratégias são recomendados.

5.3 Cuidados de enfermagem em idosos com depressão

O cuidado de enfermagem aos idosos com depressão deve ser baseado em uma abordagem integral, que leve em consideração as necessidades físicas, psicológicas e sociais dos pacientes. Para isso, é importante que os profissionais de enfermagem estejam capacitados para identificar os sinais e sintomas da depressão, realizar a avaliação minuciosa do estado de saúde dos idosos e implementar as medidas terapêuticas adequadas (Scarano et al., 2023).

Dessa forma, a equipe de enfermagem deve sempre estar preparada e capacitada para cuidar do idoso com depressão, pois os mesmos estão ligados diretamente aos processos do cuidar, ligados bem mais que médicos e outros profissionais ao paciente, sendo necessária uma visão holística do mesmo de modo a seguir todos os caminhos da assistência. Este profissional deve estar atento, uma vez que os indicadores de depressão muitas das vezes, passam despercebidos sendo necessário, uma visão fixa aos possíveis sinais de diagnósticos (GUEDES, et. al. 2015).

Em relação à saúde física, é recomendado que o idoso aprenda e pratique exercícios físicos diários. Os idosos poderão realizar alongamentos simples e exercícios de fortalecimento muscular, tais como: levantar-se e sentar-se na cadeira algumas vezes seguidas, subir escadas, agachar para pegar objetos ou carregar sacolas com pouco peso, caminhar dentro de casa, sempre respeitando os limites do próprio corpo. Outra forma de movimentar o corpo é dançar ao ouvir músicas de sua preferência. Os exercícios físicos ajudam as funções imunológicas do idoso, reduzem a inflamação e auxiliam as funções mentais e emocionais. Dentre os cuidados importantes para a manutenção da saúde dos idosos está a alimentação. 

É fundamental que seja saudável e em horários regulares as refeições, de preferência, realizá-las com as pessoas que residem com o idoso, tomando a precaução de não compartilhar utensílios, como copos, pratos, talheres e xícaras. Também, é importante o envolvimento da família no planejamento das refeições, ao preparar e servir os alimentos, e fazer a limpeza dos utensílios (Unicovskys et al., 2023).

6. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo/exploratório, documental, do tipo revisão narrativa. O estudo descritivo aborda as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis (SOUZA et al., 2010). Segundo Rother (2007) a revisão narrativa possibilita a aquisição e atualização de conhecimento sobre um determinado tema em curto período de tempo; no entanto, não possui metodologia que viabilize a reprodução dos dados e nem traz respostas quantitativas para determinados questionamentos.

Para a realização da pesquisa, foram obedecidas as seguintes etapas: escolha do tema, questão de pesquisa, busca ou amostragem na literatura, categorização dos estudos, avaliação dos estudos, interpretação dos resultados e apresentação da revisão. A questão norteadora do estudo foi a seguinte: “Quais as estratégias podem ser adotadas por profissionais de enfermagem para prevenir a depressão em idosos de 60 a 80 anos?”

No que se referem aos preceitos éticos, o estudo foi realizado com base em dados secundários, logo, dispensou a apreciação do Comitê de Ética.

Para facilitar a escolha dos estudos, a busca se deu por meio do modo “with full text”, em que foi utilizado os descritores do Descritores em Ciências da Saúde (DECS) sendo os seguintes: depressão AND idosos AND enfermagem AND prevenção. Utilizou-se o operador booleano AND em que possibilitou encontrar estudos que continham os descritores escolhidos e responderam questão norteadora. Primeiramente foi realizado um levantamento dos estudos nas seguintes bases de dados: Biblioteca Cientifica Eletrônica Online (SCIELO) e Google Acadêmico.

Os critérios de elegibilidade adotados foram: trabalhos completos que abordassem sobre a temática entre o ano de 2019 a 2024. Foram excluídos os artigos dissertações, teses, ensaios teóricos e relatos de experiência.

A análise de dados foi feita através da categorização de todos os assuntos envolvendo a temática, que serão apresentados em tópicos para a discussão. Sendo assim, para fins de organização, os dados selecionados foram dispostos em um quadro sinóptico contendo os seguintes itens: título, base de dados, ano de publicação e tipo de estudo. 

A apresentação dos resultados e a discussão geral sobre a temática foram feitas de forma, possibilitando ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisa elaborada, visando atingir o objetivo deste estudo.

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A revisão foi organizada de acordo com a estratégia PRISMA 2020 (Preferred Reporting Items for System reviews and Meta-Analyses) para a comunicação de revisões sistemáticas e meta-análises de ensaios clínicos randomizados (Page et al., 2021) (Figura 1). 

Figura 1 – Fluxograma de seleção dos estudos.

Fonte: Autores, 2024.

7.1 Caracterização dos estudos

Na presente revisão, foram selecionados 09 artigos que cumpriram os critérios de inclusão e exclusão previamente definidos. Em que se encontram na tabela 1, de acordo com autor, título, tipo de estudo e resultados.

Tabela 1. Características dos estudos selecionados, Imperatriz, MA, Brasil, 2024

AutorTítuloObjetivoTipo de estudoResultados
Almeida et al., 2023Depressão no idoso: fatores de risco, prevenção e estratégias de cuidadoExplorar, por revisão de literatura recente, os principais fatores de risco, formas de prevenção e cuidado da depressão em idosos.Revisão de literaturaDiversos fatores biopsicossociais elevam o risco de depressão em idosos, incluindo condições clínicas crônicas, declínio funcional, luto e isolamento social.
Silva et al., 2022Repercussões à saúde mental de idosos e as estratégias de enfermagem em tempos de pandemia de covid-19Analisar as repercussões à saúde mental de idosos devido à pandemia de COVID-19 e as estratégias de enfermagem utilizadas nesse período pandêmicoRevisão de literatura integrativaA enfermagem contribuiu na assistência quanto a vários aspectos não só físicos quanto sociais e psicológicos, promovendo a reabilitação em casos mais complexos, mantendo contato direto e constante com o paciente idoso, e orientando-o quanto às medicações e cuidados de enfermagem a estes e a seus familiares
Sousa et al., 2020Enfermagem na prevenção da depressão no idosoIdentificar a partir da literatura, os fatores de risco para depressão no idoso bem como a importância da enfermagem frente a essa situaçãoRevisão de literatura A análise da literatura nos conduz a reconhecer a importância da atuação do enfermeiro na identificação dos fatores de risco para o paciente portador de depressão, pois é primordial que o idoso receba informações sobre sua doença.  
Scarano et al., 2023Depressão em idosos residentes em instituição de longa permanência: estudo de revisãoIdentificar as evidências na literatura sobre a depressão em idosos residentes em uma instituição de longa permanênciaRevisão de literaturaOs estudos foram categorizados nas seguintes temáticas: prevalência da depressão em idosos institucionalizados; idoso e família; perfil clínico da depressão em idosos; Estratégias de enfrentamento; cuidado de enfermagem
Souza et al., 2021Adoecimento mental dos idosos diante da pandemia do Sars-cov-2 e as principais contribuições da Enfermagem: uma revisãoRefletir sobre o adoecimento mental em idosos no período pandêmico do SARS-COV-2 e as principais contribuições da enfermagemRevisão bibliográficaA enfermagem é de suma importância no monitoramento dos sintomas em pacientes idosos, sendo responsável por ofertar apoio e desenvolver estratégias de cuidado e assistência mais efetiva e humanizada
Unicovsky et al., 2023Saúde do idoso no póspandemia: Estratégias de enfrentamentoRefletir sobre a saúde do idoso no período pós- pandemia e propor estratégias de enfrentamento.Revisão de literaturaRealizar atividades físicas, manter rotinas ou criar novas, manter conexões sociais são maneiras de enfrentar a crise
Fidelis; Oliveira, 2020
Envelhecimento: as ações de enfermagem à idosos com depressão
Demonstrar a importância da enfermagem na prevenção do idoso com depressão, descrever a fisiopatologia da depressão, deixando claro a importância do enfermeiro na prevenção e cuidado com o idoso.Revisão bibliográficaO papel do enfermeiro frente à idosos com depressão requer atenção, cuidado e preparo profissional, para que o mesmo seja capaz de identificar a condição e necessidade deste paciente, a fim de melhorar sua qualidade de vida, durante o processo de envelhecimento.
Fonte: Autores, 2024.  

A depressão consiste em um transtorno mental que envolve fatores biológicos e psicossociais e, em idosos, apresenta características particulares e ocorrência frequente (SILVA et al., 2014). Os fatores associados ao desenvolvimento do quadro em idosos são aqueles decorrentes da necessidade de adaptação às alterações do processo de envelhecimento, a independência dos filhos, aposentadoria, redução da renda, limites na busca de atividades de lazer satisfatórias, mudança na autoimagem, isolamento social, separação, perda de familiares e amigos, uso de medicamentos dentre outros (Sousa et al., 2020).

Diversos fatores de risco biopsicossociais para depressão em idosos são descritos na literatura, incluindo comorbidades clínicas, declínio funcional, luto e isolamento social (Stella, 2002). Condições crônicas como acidente vascular cerebral, câncer, doenças osteoarticulares e síndromes demenciais elevam o risco, assim como a perda progressiva da independência e mobilidade (Almeida et a., 2023).

Dessa forma, os profissionais de enfermagem necessitam de conhecimentos específicos sobre essa população mediante estratégias de apoio para oferecer orientações quanto ao isolamento para evitar contágio e manter sua rotina de medicamentos, cuidados com a saúde e rotina de consultas (SILVA; SANTOS, 2020).

Costa et al. (2020) destacam diversas intervenções que podem melhorar a assistência aos idosos afetados pela pandemia, indo além das estratégias antivirais e imunológicas. Eles defendem que é fundamental prescrever e recomendar a prática de atividade física (AF) como forma de aprimorar componentes da aptidão física, tais como aptidão cardiorrespiratória, força muscular e coordenação motora, os quais estão diretamente ligados às funções fisiológicas dos principais sistemas orgânicos. Dessa forma, a prática de AF torna-se essencial para os idosos durante o período de quarentena, pois ajuda a manter a função fisiológica e a reserva dos sistemas orgânicos, contribuindo para mitigar os impactos físicos e mentais da COVID-19. Durante o isolamento social imposto pela pandemia, a AF desempenha um papel crucial, promovendo a saúde dos idosos e ajudando a prevenir problemas decorrentes do confinamento, além de contribuir para a manutenção da homeostasia da saúde (Silva et al., 2022).

Sabendo-se que com o envelhecimento geralmente repercute em inúmeras dificuldades e limitações, torna-se fundamental preservar a autonomia e a funcionalidade desses indivíduos, sendo primordial a manutenção da execução de algumas atividades (Souza et al., 2021).

Nesse contexto, Marins et al. (2020) ressalta que o profissional de enfermagem pode adotar diversas estratégias e orientações junto aos idosos e sua rede de apoio social. Entre elas, estão: estimular a manutenção das Atividades da Vida Diária (AVDs); incentivar a participação ativa da rede de suporte social; manter o ambiente domiciliar bem ventilado; limpar e desinfetar com álcool 70% superfícies frequentemente tocadas, como cabeceira da cama, controle remoto, maçanetas, celulares e bengalas; e promover uma alimentação saudável, acompanhada de boa ingestão de líquidos, como medidas prioritárias para reduzir as chances de contaminação pela COVID-19. Além disso, é essencial reforçar a importância de restringir atividades que exponham os idosos ao risco de contágio, sendo evitar sair de casa a principal recomendação. A higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel também deve ser enfatizada. No ambiente domiciliar, sempre que possível, deve-se manter uma distância mínima de 1 metro entre o idoso e qualquer pessoa que esteja tossindo ou espirrando, e é necessário explicar a etiqueta respiratória, que inclui cobrir a boca e o nariz com o cotovelo ao tossir ou espirrar, ou usar um lenço de papel, que deve ser descartado imediatamente.

As estratégias de enfrentamentos mais empregados pela apresentação deste estudo foram a de autocontrole e resolução de problemas. O autocontrole relacionase evidência de regulação de sentimentos e ações, ao mesmo tempo que a resolução de problemas determine o esforço para administração ou solução do problema. Uma das estratégias mais comuns para lidar com as situações estressantes é o uso da religiosidade e da espiritualidade. A religião é importante recurso de apoio para idosos institucionalizados, o que auxilia no enfrentamento do estresse, na busca de sentido para a vida e na manutenção da saúde mental e física (Scarano et al., 2023).

Segundo Silva et al. (2015) em seus estudos, o enfermeiro deve ter um olhar cuidadoso para o idoso que chega ao serviço de saúde. Estes procuram nos serviços ajuda para participarem de forma ativa no quesito autocuidado. Nesse sentido, os profissionais de saúde exercem um papel importante na manutenção da autonomia dessa clientela, uma vez que pode estimular o idoso a realizar certas atividades diárias, considerando, o limite imposto pelo processo natural de envelhecimento (Fidelis; Oliveira, 2021).

Por fim, é importante destacar que os profissionais de enfermagem devem estar comprometidos com o cuidado humanizado e centrado no paciente, respeitando suas escolhas, valores e crenças cuidado de enfermagem36. Dessa forma o cuidado de enfermagem aos idosos com depressão deve ser baseado em princípios éticos e humanitários.

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Os profissionais de saúde precisam redefinir a prestação de cuidados e a atenção aos idosos nos serviços de saúde, além de promover a capacitação da equipe de enfermagem para atender de forma mais adequada às necessidades gerontológicas. Também é fundamental investigar casos de violência doméstica, que podem causar sérios prejuízos à saúde mental dos idosos.

Portanto, é crucial que mais pesquisas sejam conduzidas sobre o tema, visando identificar os fatores que contribuem para transtornos mentais, como depressão, ansiedade e outros agravos psicológicos na saúde dos idosos. Além disso, é necessário buscar métodos para prevenir o aumento desses problemas, promovendo saúde e qualidade de vida na terceira idade.

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1Acadêmicos do curso de Enfermagem da Universidade Paulista – UNIP

2Professor da Universidade Paulista