PROMOÇÃO DA SAÚDE COMO FORMA DE EMPODERAMENTO NO AUTOCUIDADO DO TRABALHADOR DA SAÚDE

HEALTH PROMOTION AS A FORM OF EMPOWERMENT IN THE SELF-CARE OF HEALTH WORKERS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410131939


 Deuzely dos Santos Lacerda
Jeany Castro dos Santos
Alessandra Ruita Santos Czapski
Rosa Maria da Silva Leite
Josiany Castro dos Santos Sousa
Keila Mariana Soares Barbiero
Ana Madalena dos Santos
Josekleia Castro dos Santos


RESUMO: Este estudo teve como objetivo investigar a promoção da saúde como um mecanismo de empoderamento no autocuidado dos trabalhadores da saúde, considerando o processo saúde-doença desses profissionais. A pesquisa, de caráter qualitativo, utilizou entrevistas semiestruturadas para coleta de dados, realizadas com profissionais que integram a Estratégia Saúde da Família no Centro de Saúde da Comunidade Francisco Júnior, em Palmas-Tocantins. Buscou-se compreender como as ações de promoção da saúde, internalizadas pelos trabalhadores, contribuem para o seu empoderamento no autocuidado. Os resultados indicam que os profissionais participantes possuem entendimento sobre o conceito de promoção da saúde, reconhecem as atividades que compõem o seu processo de saúde-doença e fazem a correlação entre essas atividades e a promoção da saúde. As análises demonstraram que as ações promovidas pelos profissionais de saúde são voltadas tanto para o cuidado com os usuários quanto para o cuidado consigo mesmos, fortalecendo o empoderamento no autocuidado. Tais ações são essenciais para garantir a autonomia dos trabalhadores no manejo do seu processo de saúde-doença.

Palavraschave: Promoção da saúde. Empoderamento. Autocuidado. Trabalhador da saúde. Processo saúde-doença.

ABSTRACT:  This study aimed to explore health promotion as a mechanism of empowerment in the self-care of health workers, considering their own health-disease process. The research employed a qualitative approach, using semi-structured interviews for data collection. The field research was conducted with professionals from the Family Health Strategy of the Francisco Júnior Community Health Center, located in Palmas, Tocantins. The objective was to understand how health promotion actions, when internalized by the workers, contribute to their empowerment in self-care. The results showed that the sample of professionals had a clear understanding of the concept of health promotion, recognized the health promotion activities that are part of their own health-disease process, and correlated these activities with health promotion. The analyses indicated that the actions developed by health professionals were focused on health promotion for both the users and themselves, thus fostering empowerment in self-care. These actions are crucial for ensuring the autonomy of health workers in managing their health-disease process.

Keywords: Health promotion. Empowerment. Self-care. Health worker. Health-disease process.

INTRODUÇÃO

A promoção da saúde, enquanto estratégia de empoderamento, desempenha um papel central no autocuidado dos trabalhadores da saúde, que vivenciam constantemente a dinâmica do processo saúde-doença. A compreensão e a aplicação prática da promoção da saúde são fundamentais para ampliar as ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida, tanto dos profissionais de saúde quanto dos usuários que atendem.

O interesse por este tema emergiu da experiência prática da pesquisadora durante o estágio supervisionado no curso de Serviço Social, realizado na Gerência de Regulamentação do Trabalho – Área Técnica da Saúde do Trabalhador, no Estado do Tocantins. Essa vivência motivou a investigação sobre a percepção dos profissionais de saúde em relação ao conceito e à prática da promoção da saúde, bem como ao processo de empoderamento no ambiente laboral.

De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196, a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido por políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e ao acesso universal e igualitário a ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde (Brasil, 1988). A Organização Mundial de Saúde (OMS) complementa essa definição, afirmando que saúde é um estado dinâmico de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não apenas a ausência de enfermidade (Duarte; Borges; Arruda, 2011).

Os determinantes sociais de saúde, como hábitos e costumes, influenciam diretamente o estado de saúde das populações. A promoção da saúde, ao atuar sobre esses determinantes, contribui para a redução das desigualdades, assegurando os direitos humanos e fortalecendo a equidade no cuidado à saúde (Buss; Pelegrini Filho, 2007).

Este estudo busca analisar a compreensão dos trabalhadores da saúde acerca da promoção da saúde e do empoderamento no autocuidado, com o objetivo de identificar o nível de conhecimento sobre o tema entre os servidores do Centro de Saúde da Comunidade (CSC) Francisco Júnior, em Palmas-TO. A hipótese principal é que a falta de entendimento sobre a promoção da saúde contribui para o alto índice de atestados médicos e afastamentos por motivos de adoecimento.

A pesquisa procura responder às seguintes questões: Qual é o entendimento dos trabalhadores da saúde sobre o conceito de promoção da saúde? Quais atividades de promoção da saúde fazem parte do processo de saúde-doença dos trabalhadores? Como os trabalhadores correlacionam o conceito de promoção da saúde com seu próprio processo de saúde-doença?

Essa pesquisa justifica-se pela relevância de compreender como os profissionais de saúde, que promovem ações de cuidado à população, também aplicam essas práticas em sua própria saúde. Além de ampliar o debate sobre as ações de promoção da saúde no ambiente de trabalho, o estudo oferece uma reflexão crítica sobre o empoderamento no autocuidado dos trabalhadores de saúde.

A base teórica deste trabalho inclui estudos sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), políticas públicas de promoção da saúde e conceitos de autocuidado e empoderamento. A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) e a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) são abordadas para destacar a importância da promoção da saúde na organização do SUS e na prevenção de agravos à saúde (BRASIL, 2006; 2012).

PERCURSO METODOLÓGICO

A pesquisa teve como objetivo responder às seguintes categorias: entender o conceito de promoção da saúde para o trabalhador da saúde; compreender quais atividades de promoção da saúde integram o processo de saúde/doença do trabalhador; e correlacionar o conceito de promoção da saúde apresentado pelo trabalhador com seu processo saúde/doença.

Para tanto a pesquisa de campo foi realizada no CSC Francisco Júnior, onde foram entrevistados profissionais de saúde da Estratégia Saúde da Família (ESF). Este trabalho está estruturado em três partes: a primeira refere-se à construção do SUS e a Atenção Básica; a segunda trata da Políticas públicas e promoção da saúde; e a terceira diz respeito a promoção da saúde como estratégia para o autocuidado dos trabalhadores.

Inicialmente, a proposta era entrevistar quatro profissionais de nível superior das equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) dessa unidade, incluindo um médico, dois enfermeiros e um dentista. Além disso, pretendia-se entrevistar quatro profissionais de nível médio, entre os quais um técnico de enfermagem, dois agentes comunitários de saúde e um auxiliar de saúde bucal, que aceitassem participar da pesquisa. No entanto, não foi possível entrevistar todo o público-alvo estabelecido na metodologia, pois um dos profissionais (o auxiliar de saúde bucal) estava de licença médica.

É importante destacar que, para a realização das entrevistas com os demais profissionais da ESF, foram necessárias várias visitas ao Centro de Saúde da Comunidade (CSC) e tentativas de abordagem para conseguir agendar horários para as entrevistas. Devido à intensa carga de trabalho e ao atendimento direto ao usuário, esses profissionais apresentaram dificuldade em disponibilizar tempo para atividades além das prescritas em suas agendas. O alto fluxo de usuários consome grande parte do tempo desses trabalhadores, complicando a coleta de dados.

Outro desafio enfrentado durante a pesquisa foi o receio demonstrado por alguns entrevistados ao preencher o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com seus dados. Alguns profissionais expressaram preocupação com a possibilidade de exposição profissional, apesar da explicação de que as informações seriam mantidas em sigilo e que o TCLE visava garantir a legitimidade da pesquisa.

Em conformidade com os princípios éticos da pesquisa, os participantes foram identificados neste artigo como entrevistado 1 até entrevistado 7.

Ao discutir promoção da saúde no Brasil, é impossível mencionar o Sistema Único de Saúde (SUS) e os desafios enfrentados pela sociedade diariamente. Os desafios, decorrentes do contexto histórico, envolvem responsabilidades não apenas do setor de saúde, mas também de todos os envolvidos na formulação de políticas públicas. Assim, ao abordar políticas públicas, é essencial considerar o Estado, o pacto social, interesses e relações de poder (Albuquerque; Sá; Araújo Junior, 2016).

Em consonância com Freitas e Mandu (2010), a promoção da saúde é uma política e prática que ocorre entre setores, englobando ações do governo na saúde e em outros setores sociais e produtivos. Envolve também ações de indivíduos, famílias e da sociedade, sempre buscando a melhoria das condições de vida da coletividade.

As condições econômicas, sociais e políticas devem ser consideradas não apenas como contextos para o conhecimento da realidade ou para possíveis intervenções, mas como práticas sociais em si mesmas, responsáveis por criar um domínio de conhecimento que visibiliza conceitos, objetos, técnicas e modos de vida. A questão da promoção da saúde na sociedade emergiu a partir das transformações sociais, refletindo mudanças na percepção da saúde e nas estratégias de promoção dessa saúde.

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO SUS E A ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE

Este texto aborda o processo de construção do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Atenção Primária em Saúde (APS), destacando o contexto histórico da Reforma Sanitária no Brasil e a criação do SUS, com a APS desempenhando um papel central na estrutura do sistema de saúde brasileiro.

A Reforma Sanitária, um marco na saúde pública brasileira, foi impulsionada pela promulgação da Constituição Federal de 1988, que restaurou o regime democrático no país e consolidou a saúde como um direito de todos e dever do Estado. O princípio da seguridade social, introduzido pela Constituição, trouxe transformações significativas nas políticas públicas, incluindo a separação entre os sistemas de saúde pública e previdenciária, uma questão que vinha sendo debatida há anos (Paiva; Teixeira, 2014). O movimento pela Reforma Sanitária coincidiu com a criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) em 1976 e da Pós-Graduação da Associação Brasileira em Saúde Coletiva (ABRASCO). Essas instituições foram essenciais para a formação de profissionais e o desenvolvimento de um sistema de saúde público, com base nos princípios de universalidade, integralidade e equidade (Paiva; Teixeira, 2014).

A luta pela Reforma Sanitária resultou em mudanças importantes nas ações de saúde pública, com o objetivo de ampliar o acesso e a eficiência dos serviços de saúde. Além disso, foi necessário o fortalecimento do quadro técnico de profissionais de saúde, que desempenham um papel fundamental na implementação das políticas públicas (Escorel, 1999 Apud Paiva; Teixeira, 2014). O movimento da Reforma Sanitária foi um fenômeno político que exigiu mais do que a criação de leis e portarias; foi necessário suporte técnico e atuação qualificada de profissionais, que compreendessem a complexidade do sistema de saúde baseado nos princípios de universalização, integralidade e equidade (Cohn, 1989).

Como fruto desse movimento e da Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído pelas Leis 8.080 e 8.142, garantindo o acesso universal e gratuito à saúde como um direito fundamental. O SUS organiza os serviços de saúde pública no Brasil e é regido pelos princípios da universalidade, integralidade e equidade. A gestão descentralizada do sistema envolve as esferas municipal, estadual e federal, sempre com participação social (Brasil, 2000). O SUS é considerado um dos sistemas de saúde mais democráticos do mundo, com conselhos de saúde presentes em todas as esferas governamentais, assegurando a participação da sociedade na formulação de políticas públicas. Além disso, o SUS regula e fiscaliza a prestação de serviços de saúde privados, garantindo que esses serviços atuem de forma complementar ao sistema público (Brasil, 1988; Carvalho, 2013).

Os princípios do SUS incluem, entre outros, a universalidade do acesso, a integralidade do cuidado e a equidade no atendimento, que são essenciais para assegurar que o sistema de saúde atenda às necessidades da população brasileira (Brasil, 1988, 1990 apud Carvalho, 2013). A partir de 1988, as ações de saúde pública passaram a ser vistas como um conjunto integrado, que exige cooperação entre os diferentes níveis de governo e profissionais de saúde. O SUS reorganizou a prestação de serviços de saúde, promovendo a democratização das ações e serviços, que deixaram de ser restritos a grupos específicos e passaram a ser universais e acessíveis a toda a população (Brasil, 2000).

Dentro do SUS, a Atenção Primária em Saúde (APS) desempenha um papel fundamental. A APS é a porta de entrada para o sistema de saúde e abrange ações de promoção da saúde, prevenção de doenças, diagnóstico, tratamento e reabilitação, focando na resolução dos problemas de saúde mais comuns e relevantes da comunidade (BrasiL, 2006). Os serviços de APS são orientados pelos princípios da universalidade, acessibilidade, integralidade, equidade e participação social, e são organizados para fornecer cuidados contínuos e integrais à população. A APS considera o indivíduo em sua totalidade, levando em conta suas necessidades de saúde e seu contexto sociocultural (Lavras, 2011).

A Estratégia Saúde da Família (ESF) é uma das principais políticas da APS no Brasil. A ESF promove o atendimento multidisciplinar e a integração entre profissionais de saúde e as comunidades. As equipes de ESF são responsáveis por um número definido de famílias e desenvolvem ações de promoção, prevenção e tratamento, com foco na integralidade e continuidade do cuidado (Brasil, 2012). Essas equipes são formadas por médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde, entre outros profissionais, que atuam em conjunto para garantir a assistência integral à população (Brasil, 2012).

A Atenção Primária, quando bem estruturada, tem impacto positivo significativo na saúde da população e contribui para a melhoria da eficiência do sistema de saúde, reduzindo as desigualdades sociais e de saúde no Brasil (Giovanella et al., 2009). A ESF e outros programas da APS atuam como um filtro para organizar o fluxo de serviços de saúde, desde os cuidados mais simples até os mais complexos, garantindo que os usuários recebam atendimento adequado e integral em todos os níveis do sistema.

POLÍTICAS PÚBLICAS E PROMOÇÃO DA SAÚDE

Neste texto, discutiremos a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) e apresentaremos conceitos e opiniões de diferentes autores sobre o assunto. Em seguida, abordaremos a Política Nacional de Humanização (PNH), que foi criada em 2003 com o objetivo de efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no Brasil e promovendo trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários. A proposta da PNH coincide com os princípios do SUS e da PNPS, enfatizando a necessidade de assegurar atenção integral à população e de expandir as condições de direitos e cidadania. Ao avançar na perspectiva da transdisciplinaridade, a PNH propõe uma atuação que visa à ampliação da garantia de direitos e ao aprimoramento da vida em sociedade, evidenciando a complexidade do que pode ser considerado como âmbito de monitoramento e avaliação da humanização em saúde. A PNH desafia a necessidade de “inventar” indicadores que consigam dimensionar e expressar não apenas mudanças nos quadros de saúde-doença, mas também provocar reflexos e repercussões em diferentes níveis de representação e realização dos sujeitos, reconhecendo que cada um é protagonista em seu próprio processo de saúde e doença (Santos-Filho, 2007).

A PNH fundamenta-se em conceitos, objetivos, diretrizes e dispositivos que visam reorganizar os processos de trabalho em saúde, propondo transformações nas relações sociais que envolvem trabalhadores e gestores na sua experiência cotidiana de organização e condução de serviços. Além disso, busca mudanças nas formas de produzir e prestar serviços à população. Dessa maneira, a PNH objetiva fortalecer o coletivo em relação aos direitos de cidadania e à produção de saúde, demandando a construção de estratégias e técnicas colaborativas entre profissionais, usuários e gestores do serviço de saúde (Brasil, 2007; Santos-Filho, 2007).

Santos-Filho (2007) argumenta que, ao ampliar e compreender o processo de saúde por meio de ações de educação e promoção da saúde, os atores envolvidos (gestor, trabalhador e usuário) podem transcender o modelo médico-centrado, ampliando as ações de saúde para contemplar também o social e o psicológico. Navarro (2013) reforça que a PNH é uma política pública voltada para transformar modos de cuidar e de fazer gestão, encontrando-se em constante processo de reinvenção, seja ao desestruturar relações de poder no sistema de saúde, seja ao se apoiar em experiências exitosas do SUS. A PNH acredita na mudança e entende que o sujeito constrói seu mundo enquanto constrói a si mesmo.

No âmbito da gestão, a PNH busca implementar instâncias colegiadas e promover a horizontalização das “linhas de mando”, valorizando a participação dos atores, o trabalho em equipe e a comunicação lateral, democratizando os processos decisórios e promovendo a corresponsabilização de gestores, trabalhadores e usuários (Navarro, 2013). No campo da atenção, as diretrizes centrais incluem a acessibilidade e integralidade da assistência, garantidas por vínculos entre serviços, trabalhadores e a população, avançando para o que se denomina “clínica ampliada”, que lida de maneira mais efetiva com as necessidades dos sujeitos.

Para propiciar essas mudanças, busca-se também transformar o campo da formação, com estratégias de educação permanente que aumentem a capacidade dos trabalhadores para analisar e intervir em seus processos de trabalho (Santos-Filho, 2007). A PNH é norteada pela ética na produção de saúde, preservando a cidadania. Exemplos de diretrizes incluem acolhimento, clínica ampliada, valorização do trabalho e do trabalhador, cogestão, defesa dos direitos do usuário e ambiência (Navarro, 2013).

Um aspecto central que nos interessa é o processo de cogestão, que expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nas análises e decisões quanto a ampliação das responsabilidades da gestão. A cogestão transforma o espaço em um ambiente de análise dos contextos e das políticas, promovendo uma diretriz ético-política que visa à democratização das relações na saúde, sendo fundamental para o fortalecimento da humanização do cuidado e da gestão no SUS (Brasil, 2009).

Cogestão é definida como a inclusão de novos sujeitos nos processos de gestão, abrangendo a análise de contexto e problemas, bem como o processo de tomada de decisão. Assim, um conjunto ampliado de sujeitos assume o papel de gestores de seus próprios processos de trabalho, recompõe as funções da gestão e mantém a organização funcionando (BRASIL, 2009, p. 24). A PNH identifica dois grupos de dispositivos de cogestão: os que organizam um espaço coletivo de gestão, permitindo a negociação entre as necessidades e interesses de usuários, trabalhadores e gestores; e aqueles que garantem a participação ativa de usuários e familiares nas unidades de saúde (Brasil, 2009).

Outra diretriz relevante é o acolhimento, que, por seu caráter transversal, está diretamente ligado à percepção de pertencimento e ao progresso na produção de saúde. O acolhimento busca fortalecer o regime de afetabilidade que se estabelece em cada encontro, resultando na construção de redes de conversação que sustentam relações e potencializam as práticas de saúde (Brasil, 2009). A Política Nacional de Humanização define acolhimento como um processo que envolve a responsabilização do trabalhador ou equipe pelo usuário desde sua chegada até sua saída, garantindo uma escuta qualificada e atenção integral (Brasil, 2010, p. 51). Isso se relaciona com a ideia de que o acolhimento deve ir além da formalidade e refletir uma atenção genuína às necessidades do usuário.

A Política Nacional da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT) deve ser articulada à PNSST (instituída pelo Decreto n. 7.602, em 2011), abrangendo toda a extensão do SUS, além de incluir o Ministério do Trabalho e Emprego e a Previdência Social (BRASIL, 2012 apud BOTTEGA e MERLO, 2017). A PNSTT define princípios, diretrizes e estratégias para o desenvolvimento de ações de atenção integral à saúde do trabalhador, com ênfase na vigilância, visando à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores e à redução da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos (Brasil, 2012).

Os princípios e diretrizes da PNSTT incluem a universalidade, integralidade, participação da comunidade, descentralização, hierarquização, equidade e precaução (BRASIL, 2012). A política abrange todos os trabalhadores, independentemente de sua localização, urbana ou rural, de sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, ou de seu vínculo empregatício, incluindo assalariados, autônomos, avulsos, temporários, cooperativados, aprendizes, estagiários, domésticos, aposentados ou desempregados. Isso a diferencia do público-alvo do Ministério do Trabalho e Emprego e da Previdência Social, que se concentra nos trabalhadores formais (Brasil, 2012).

A PNSTT busca fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (ST) e integrá-la aos demais componentes da Vigilância em Saúde, promovendo a saúde e ambientes de trabalho saudáveis, ampliando o entendimento da saúde do trabalhador como uma ação transversal e incluindo a categoria trabalho nas análises de situação de saúde e nas ações de promoção da saúde (Brasil, 2012).

A maior proposta da PNSTT é sua concepção de ação transversal, entendendo o trabalho como um determinante do processo de saúde-doença. Nesse contexto, busca-se romper com a ideia de que o processo de adoecimento é responsabilidade exclusiva do trabalhador, enfatizando a influência dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos, o que se reflete no acréscimo do princípio da precaução, além dos princípios gerais do SUS (Brasil, 2012 Apud Bottega E Merlo, 2017).

Por fim, no que tange ao empoderamento e autocuidado, Carvalho e Gastaldo (2008) identificam o empoderamento como um dos pilares do movimento de Promoção à Saúde, evidenciando sua relevância para o controle sobre os determinantes do processo saúde-doença. Esse conceito está presente nas definições de ‘saúde’ e ‘promoção à saúde’, e é central em estratégias como a participação comunitária e a educação em saúde. O empoderamento possibilita que indivíduos e coletivos aprendam a viver plenamente e a lidar com limitações impostas por enfermidades em diversos contextos, como a escola, o domicílio e o trabalho.

Carvalho e Gastaldo (2008) enfatizam a dualidade do empoderamento: o psicológico, que confere autocontrole e autoconfiança aos indivíduos, e o social/comunitário, que legitima e dá voz a grupos marginalizados, promovendo justiça social e melhorando a qualidade de vida. As práticas de empoderamento são fundamentais para capacitar os indivíduos a analisarem e atuarem sobre seus próprios problemas, utilizando habilidades adquiridas.

A compreensão do empoderamento é aprofundada pelas contribuições de Foucault, que propõe que o poder não é uma entidade estável, mas uma relação dinâmica que deve ser analisada em suas diversas manifestações. A análise do poder é crucial para entender como as políticas de saúde operam em favor ou contra os trabalhadores da saúde.

PROMOÇÃO DA SAÚDE ENQUANTO ESTRATÉGIA DE FORTALECIMENTO DO PROCESSO DE AUTOCUIDADO DO TRABALHADOR

O resultado da pesquisa com a equipe da Estratégia Saúde da Família – ESF, realizada no Cento de Saúde Comunitário – CSC Francisco Junior, localizado na Quadra 403sul em Palmas – TO. Com a intenção de fundamentar teoricamente este, recorremos a autores que discutem o assunto.

Nesta seção, discutiremos os dados coletados a partir das entrevistas realizadas, apresentando as respostas dos profissionais de saúde sobre a promoção da saúde em suas vidas. A primeira categoria abordada consiste em entender o conceito de promoção da saúde para esses trabalhadores. A pergunta feita foi: Como você percebe a promoção da saúde na sua vida?

Os entrevistados trouxeram diversas percepções sobre a promoção da saúde. O Entrevistado 1 destacou que a promoção da saúde é fundamental tanto em sua vida profissional quanto pessoal, afirmando que, para levar informações ao usuário, é imprescindível estar munido de conhecimento sobre o assunto. Essa compreensão, segundo ele, é o que realmente promove a sua saúde.

O Entrevistado 2 enfatizou que suas escolhas diárias, orientadas pelo conhecimento adquirido em sua formação, são essenciais para a promoção da saúde. Ele citou práticas como alimentação saudável, brincadeiras ao ar livre com os filhos, não fumar, consumo moderado de álcool, realização de exames regulares de saúde e a prática de atividade física. Essa resposta evidencia como as ações de promoção da saúde não se limitam ao ambiente de trabalho, mas se estendem para a vida familiar e social, refletindo um compromisso integral com a saúde.

O Entrevistado 3 associou a promoção da saúde aos cuidados cotidianos tanto com sua própria saúde quanto com a dos pacientes, enquanto o Entrevistado 4 destacou a importância do conhecimento e da prevenção de doenças como pilares para a promoção da saúde. Da mesma forma, o Entrevistado 5 mencionou que incentivar boas práticas entre os pacientes se reflete em sua própria vida, afirmando que o autocuidado é uma alternativa valiosa para evitar adoecimentos.

O Entrevistado 6 percebe a promoção da saúde através do bem-estar físico e mental, apontando para uma redução do adoecimento e uma melhora na qualidade de vida. Por fim, o Entrevistado 7 trouxe a prática de atividade física e uma alimentação balanceada como pilares fundamentais de sua visão sobre promoção da saúde.

As falas dos entrevistados revelam que a promoção da saúde vai além do simples cuidado físico; ela envolve um conjunto de escolhas e práticas que impactam diretamente a qualidade de vida tanto do profissional quanto dos pacientes atendidos. Essa visão é corroborada por Malta et al. (2009), que definem a promoção da saúde como um “conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito individual e coletivo, visando atender às necessidades sociais de saúde e garantir a melhoria da qualidade de vida da população, emerge intrinsecamente marcada pelas tensões próprias à defesa do direito à saúde” (MALTA et al., 2009, p. 1.684).

Assim, as declarações dos profissionais de saúde demonstram uma compreensão multifacetada da promoção da saúde, que abrange desde o autocuidado até a conscientização sobre práticas saudáveis, refletindo a importância desse conceito na construção de uma sociedade mais saudável e na atuação dos trabalhadores da saúde.

Os entrevistados 1, 2 e 4 ressaltaram o conhecimento como uma ferramenta essencial para promover saúde em suas vidas. Eles relataram que percebem a promoção da saúde em seu dia a dia, tanto no aspecto profissional quanto no pessoal, demonstrando que essa compreensão se reflete em suas práticas cotidianas. Para eles, a saúde não é apenas uma questão de ausência de doenças, mas sim uma construção contínua que requer informação e conscientização.

Por outro lado, os entrevistados 3 e 5 destacaram que a promoção da saúde ocorre através do cuidado e dos ensinamentos que transmitem aos seus pacientes. Eles perceberam que, ao atender e orientar os usuários, não apenas promovem a saúde dos outros, mas também a sua própria. Essa interconexão entre o autocuidado e o cuidado ao próximo reforça a ideia de que a promoção da saúde é uma prática coletiva, onde cada ação positiva reverbera tanto na vida do profissional quanto na dos pacientes.

As respostas dos entrevistados 6 e 7 indicam uma clara ênfase na qualidade de vida, com foco em bons hábitos que resultam em saúde. Para eles, a promoção da saúde está intrinsecamente ligada a práticas diárias que envolvem atividade física e alimentação balanceada, elementos fundamentais para garantir um estado de bem-estar duradouro.

Com base nas respostas fornecidas pelos trabalhadores da ESF do CSC Francisco Júnior, observa-se que todos os profissionais têm uma compreensão clara do conceito de promoção da saúde. Eles mencionam, em seus depoimentos, aspectos como autocuidado, conhecimento, qualidade de vida e boas práticas, o que demonstra uma consciência robusta acerca da importância da saúde em suas vidas e em suas práticas profissionais.

O termo promoção da saúde foi definido pela Carta de Ottawa como “o processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo.” (WHO, 1986, apud BUSS, 2000, p. 170).

Este documento evidencia que a saúde é um recurso fundamental para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, além de ser uma dimensão crucial da qualidade de vida. Assim, a saúde é entendida como um recurso essencial para a vida cotidiana.

Portanto, as falas dos entrevistados não apenas corroboram a definição de promoção da saúde proposta pela Carta de Ottawa, mas também reforçam a ideia de que o processo de promoção da saúde é uma construção coletiva e individual. O entendimento que esses profissionais têm sobre a promoção da saúde evidencia a relevância de um enfoque integrado e holístico, onde o conhecimento e o autocuidado são fundamentais para não apenas atender às necessidades de saúde da população, mas também para garantir a saúde e o bem-estar dos próprios trabalhadores.

Para analisar a segunda categoria da pesquisa, que busca compreender quais atividades de promoção da saúde fazem parte do processo de saúde/doença do trabalhador, foi perguntado aos entrevistados: Quais são as ações de promoção da saúde que desempenham?

A Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) dispõe de diretrizes e técnicas que organizam as ações de promoção da saúde em todas as esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), visando garantir um cuidado integral à saúde. De acordo com a PNPS, a forma como homens e mulheres vivem os transforma em produtos e produtores de mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais, que impactam a vida em sociedade em uma velocidade sem precedentes (Brasil, 2006 apud Malta et al., 2009). As respostas dos entrevistados revelam um compromisso significativo com a promoção da saúde. O Entrevistado 1 mencionou que as ações realizadas incluem o acompanhamento de grupos de idosos, hipertensos, diabéticos, combate ao tabagismo, hanseníase e gestantes, além de campanhas mensais como Outubro Rosa e Novembro Azul. Ele ressaltou a importância de a capacitação contínua para melhor atender os indivíduos. O Entrevistado 2 destacou que o Centro de Saúde Comunitário Francisco Júnior possui diversas ações, como grupos de puericultura e atividades comemorativas, enfatizando a importância do atendimento e da educação em saúde, que envolvem todos os profissionais da ESF.

O Entrevistado 3 associou a promoção da saúde aos cuidados diários com a saúde de seus pacientes, enfatizando o empoderamento dos usuários. O Entrevistado 4 citou a realização de atividades grupais, rodas de conversa e palestras interativas como estratégias para promover a saúde. Já o Entrevistado 5 mencionou o acompanhamento de grupos e visitas domiciliares a usuários que não podem comparecer à unidade de saúde, ressaltando a luta no combate à dengue e a importância da orientação para a qualidade de vida. O Entrevistado 6 listou ações como planejamento familiar, grupos de gestantes e campanhas de vacinação, enquanto o Entrevistado 7 também falou sobre o acompanhamento de grupos de idosos e as campanhas educativas.

Com base nas informações obtidas, nota-se que todos os profissionais da equipe da ESF desempenham ações semelhantes em seu cotidiano profissional, como o acompanhamento de hipertensos e diabéticos (Sistema Hiperdia), Programa de Controle de Tabagismo, Programa de Saúde da Mulher, Programa de Pré-Natal e Puerpério, Programa de Saúde do Homem, Programa de Saúde do Idoso e Programa Nacional de Imunizações. É importante destacar a relevância da capacitação, mencionada pelos entrevistados 1, 2 e 6, como uma forma de adquirir conhecimento para promover saúde. O Entrevistado 5 enfatizou a importância do atendimento domiciliar para usuários impossibilitados de buscar atendimento no CSC.

De acordo com Freitas e Mandu (2010), na Política de Saúde da Família, a promoção da saúde por meio do cuidado domiciliar ampliado é uma preocupação constante, ajustando-se ao conhecimento da estrutura familiar e seu funcionamento. As ações de promoção da saúde discutidas também fazem parte das atribuições da atenção básica, que se define como um “conjunto de ações, individuais e coletivas, que envolve a promoção e proteção da saúde, a prevenção de doenças e agravos, a redução de danos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” (Brasil, 2012, p. 19).

Dentre as ações específicas voltadas à divulgação e implementação da PNPS, estão as práticas corporais e as atividades físicas, com funções que incluem “promover ações, aconselhamento e divulgação de práticas corporais e de atividades físicas, incentivando a melhoria das condições dos espaços públicos, considerando a cultura local e incorporando brincadeiras, jogos, danças populares, entre outras práticas” (Brasil, 2006, p. 33).

Para efetivar essas práticas, é necessário buscar inovações que estabeleçam políticas públicas saudáveis e desenvolvam ambientes favoráveis à saúde da população, entre outras ações que proporcionem qualidade de vida a toda a sociedade.

Para aprofundar a discussão sobre a promoção da saúde, foi perguntado aos profissionais: “Dentre as ações que você descreveu, quais têm aplicabilidade no seu cotidiano?”

Os entrevistados trouxeram perspectivas valiosas sobre como suas práticas diárias se alinham com a promoção da saúde. O Entrevistado 1 afirmou que “todas elas fazem parte do meu dia a dia, pois faço parte da equipe da ESF que desenvolve essas ações; de certa forma, direta ou indiretamente, isso reflete na minha vida.” Ele destacou a interconexão entre seu trabalho e a promoção da saúde, evidenciando que as ações não são apenas profissionais, mas também pessoais.

O Entrevistado 2 complementou “Todas as ações que descrevi refletem no meu cotidiano, principalmente no aspecto profissional, pois estou integrado na ESF.” Para ele, a integração com a equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF) é crucial para a efetivação das práticas de promoção da saúde.

Em contraste, o Entrevistado 3 trouxe uma perspectiva diferente ao dizer que “nenhuma” das ações tem aplicabilidade no seu dia a dia. Essa fala destaca uma possível desconexão entre a teoria da promoção da saúde e a prática individual, o que pode ser um sinal de alerta sobre o autocuidado desse profissional.

Por outro lado, o Entrevistado 4 observou que, ao aplicar ações de promoção da saúde dentro do consultório, “automaticamente eu previno doenças, tanto do usuário quanto de todos em casa/família.” Essa conexão entre as ações de promoção da saúde e a prevenção de doenças ilustra a importância do trabalho realizado pelos profissionais de saúde.

O Entrevistado 5 enfatizou: “Considero que todas essas ações fazem parte tanto da minha vida profissional quanto do pessoal. Estamos envolvidos profissionalmente e não dá para separar isso da vida pessoal”. A fusão das esferas pessoal e profissional é um tema recorrente, refletindo a realidade de muitos trabalhadores da saúde.

O Entrevistado 6 destacou a relevância do combate à dengue, afirmando: “A ação que tenho mais aplicabilidade no meu dia a dia é o combate à dengue, pois sabemos que a dengue se tornou um grande problema com efeitos devastadores na saúde pública”. Essa preocupação com a saúde pública demonstra um comprometimento significativo com a comunidade.

O Entrevistado 7 também enfatizou que todas as ações que desempenha, especialmente o combate ao mosquito transmissor da dengue, são parte do seu cotidiano. Essa ênfase em ações práticas para a saúde da população reflete a urgência de abordar questões que afetam a saúde coletiva.

Com base nas informações obtidas, nota-se que todos os profissionais da equipe da ESF desempenham ações semelhantes em seu cotidiano profissional, como o acompanhamento de hipertensos e diabéticos, programas de controle de tabagismo, saúde da mulher, pré-natal e puerperal, saúde do homem, saúde do idoso e imunizações. A capacitação contínua, mencionada por vários entrevistados, é vista como uma estratégia essencial para aprimorar o atendimento.

Segundo Freitas e Mandu (2010), a promoção da saúde na Política de Saúde da Família é uma preocupação constante, que se reflete no cuidado domiciliar ampliado. Este cuidado está alinhado com o conhecimento da estrutura familiar e seu funcionamento. Isso se alinha à definição de promoção da saúde como um “conjunto de ações, individuais e coletivas, que envolve a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de doenças e agravos, a redução de danos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” (Brasil, 2012, p. 19).

Além disso, as práticas corporais e atividades físicas são ressaltadas na PNPS, com funções que incluem “promover ações, aconselhamento e divulgação de práticas corporais e de atividades físicas, incentivando a melhoria das condições dos espaços públicos, considerando a cultura local” (Brasil, 2006, p. 33). Para implementar essas práticas, é necessário buscar inovações que estabeleçam políticas públicas saudáveis, desenvolvendo ambientes favoráveis à saúde da população e promovendo qualidade de vida.

Assim, as falas dos entrevistados não apenas ilustram o entendimento e a prática da promoção da saúde em suas rotinas, mas também ressaltam a importância de uma abordagem integrada e intersetorial na saúde pública. O trabalho dos profissionais de saúde não se limita a atender os pacientes; eles também desempenham um papel vital na promoção do bem-estar coletivo e na construção de uma sociedade mais saudável.

Dando continuidade ao assunto, foi questionado aos entrevistados: Você percebe alguma mudança na sua vida quando faz ações que promovem sua saúde? Por quê?

As respostas foram unânimes no reconhecimento das mudanças trazidas pelas ações de promoção da saúde. O Entrevistado 1 afirmou: “Sim. Porque quando promovo a minha própria saúde, eu tenho qualidade de vida. Assim, consigo passar isso para os usuários e para os meus colegas da ESF em que trabalho”. Aqui, observa-se como a promoção da saúde se traduz em uma troca positiva, onde o cuidado individual se reflete na capacidade de cuidar do outro.

O Entrevistado 2 trouxe uma visão mais ampla ao dizer: “Sim, as mudanças estão diretamente relacionadas à existência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), qualidade de sono, disposição e qualidade de vida como um todo”. Essa perspectiva evidencia a conexão entre as práticas de saúde e a prevenção de doenças, ressaltando a importância do autocuidado para um bem-estar duradouro.

O Entrevistado 3 respondeu de forma breve, afirmando: “Sim. Melhoria na qualidade de vida”. Apesar da concisão, sua afirmação alinha-se ao reconhecimento do impacto positivo das ações de promoção da saúde em sua vida.

O Entrevistado 4 respondeu “Sim. Porque promove o conhecimento, o bem-estar, além do que, o foco é informar, esclarecer, empoderar a população incentivando o autocuidado. Essas atividades nos estimulam a buscar qualidade de vida”. Essa fala destaca a dimensão educacional da promoção da saúde e a importância do empoderamento comunitário.

Por sua vez, o Entrevistado 5 expressou preocupação ao afirmar: “Sim, a mudança de hábitos. É uma pena que nem todos os profissionais que trabalham comigo consigam aderir a essas mudanças. Estão sempre adiando e, por isso, estão perdendo tempo de ter uma qualidade de vida.” Essa reflexão ressalta a dificuldade de mudança de hábitos entre os colegas de trabalho, evidenciando a tensão entre a teoria e a prática do autocuidado.

O Entrevistado 6 destacou “Sim, há uma grande mudança. Porque descobrimos que somos mais felizes em contribuir e ser participantes para uma saúde melhor”. Essa fala ressalta o valor do envolvimento e da contribuição na melhoria da saúde, tanto individual quanto coletiva.

Finalmente, o Entrevistado 7 compartilhou “Um benefício no cotidiano, resultado de uma alimentação rica em nutrientes e carboidratos, seguida de atividade física orientada e acompanhada por um profissional da área”. Sua resposta ilustra a conexão entre práticas saudáveis e os benefícios diretos percebidos na vida cotidiana.

A análise das respostas indica que todos os entrevistados, exceto o Entrevistado 3, percebem mudanças significativas em suas vidas em decorrência das ações de promoção da saúde. A contradição na resposta do Entrevistado 3, que afirmou não aplicar nenhuma ação em seu dia a dia, mas reconheceu a melhoria na qualidade de vida, sugere uma desconexão entre a prática de autocuidado e a percepção de seus efeitos.

Cabe evidenciar a justificativa do Entrevistado 5, que lamenta a falta de adesão de seus colegas às práticas saudáveis, refletindo sobre a realidade de muitos trabalhadores da saúde que enfrentam estresse e correria, comprometendo sua qualidade de vida. Essa expressão de “qualidade de vida” é recorrente entre os entrevistados, sinalizando uma preocupação comum com o bem-estar em meio às demandas profissionais.

A qualidade de vida é uma construção complexa, e Freitas e Mandu (2010, p. 201) definem-na como “o acesso a condições que uma sociedade considera culturalmente como padrão de conforto e bem-estar, englobando aspectos relativos à vida subjetiva, familiar, trabalho, ambiente, relações sociais, estética e cultura.” O Ministério da Saúde, por sua vez, a define como “grau de satisfação das necessidades da vida humana, como alimentação, acesso à água potável, habitação, trabalho, educação, saúde, lazer e elementos materiais que têm como referência a noção de conforto, bem-estar e realização individual e coletiva” (BRASIL, 2012, p. 29).

Considera-se, portanto, que a promoção da saúde deve envolver uma variedade de ações capazes de prevenir e potencializar o indivíduo a escolher estilos de vida mais saudáveis, criando políticas públicas que beneficiem a vida dos sujeitos por meio da articulação entre setores (MALTA et al., 2009).

Para compreender a importância da promoção da saúde, foi questionado aos entrevistados. Para você, qual a importância da promoção da saúde? As respostas revelaram um entendimento profundo sobre o tema.

O Entrevistado 1 destacou “A partir do momento que eu promovo saúde, estou garantindo que o usuário tenha qualidade de vida, evitando assim o adoecimento, internações e até mesmo gastos desnecessários. Isso é muito gratificante saber que a população adoece menos, porque estamos fazendo um trabalho de qualidade”. Essa fala ilustra a relação direta entre o cuidado de saúde promovido e os benefícios que isso traz, tanto para os usuários quanto para o profissional.

O Entrevistado 2 complementou “A promoção da saúde tem fundamental importância no autocuidado, pois visa promover saúde antes da doença se instalar no indivíduo. Para mim, é muito importante, porque foi através da promoção da saúde que mudei meus hábitos”. Aqui, a conexão entre promoção da saúde e mudanças pessoais em hábitos de vida é evidente, indicando como a prática profissional pode se refletir em mudanças na vida pessoal.

O Entrevistado 3 resumiu “Sim. Melhoria na qualidade de vida”. Sua resposta concisa reforça a relevância das ações de promoção da saúde em melhorar as condições de vida.

Para o Entrevistado 4, a promoção da saúde é “extremamente relevante, uma vez que a gente trabalha a prevenção de riscos de doenças e uma série de problemáticas relacionadas a fatores determinantes à saúde”. Ele ainda destaca a importância do empoderamento da comunidade, que é um aspecto crucial para o autocuidado. O Entrevistado 5 vê a promoção de saúde como um “fator determinante no empoderamento clínico do paciente.” Isso ressalta a importância do engajamento dos usuários na gestão de sua própria saúde.

O Entrevistado 6 afirmou: “A importância é que iremos alcançar grandes resultados, reduzindo índices de casos de doenças, ampliando o conhecimento da comunidade, empoderando os usuários e incentivando o autocuidado.” Ele enfatiza o papel transformador das ações de promoção da saúde na vida da comunidade.

Por fim, o Entrevistado 7 destacou “É de muita importância, desde o autocuidado em relação às prevenções, como vacinas e consultas anuais.” Sua fala reforça a ideia de que a prevenção é fundamental para evitar o adoecimento.

A análise das respostas mostra que todos os entrevistados reconhecem a importância da promoção da saúde, conforme os princípios da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS). Contudo, observa-se que as respostas tendem a se concentrar na importância da promoção da saúde para os usuários e a comunidade, enquanto a conexão com o próprio processo de saúde/doença é menos enfatizada. O Entrevistado 2 foi um dos poucos a mencionar a promoção da saúde em relação ao autocuidado do trabalhador.

O Entrevistado 1 menciona a gratificação de oferecer atendimento de qualidade, refletindo a satisfação que advém do seu trabalho. Segundo Costa et al. (2013), a Estratégia Saúde da Família (ESF) se destaca por integrar ações de promoção da saúde com foco na atenção integral, reforçando a importância do trabalho colaborativo e do empoderamento dos profissionais e da comunidade.

O papel do Agente Comunitário de Saúde (ACS) é essencial nessa dinâmica. Os ACS são responsáveis por desenvolver estratégias de prevenção e promoção da saúde nas comunidades, criando um elo entre os profissionais de saúde e a população. Essa articulação permite que as necessidades dos usuários sejam identificadas e atendidas de forma mais eficaz (COSTA et al., 2013).

O Entrevistado 2 destaca que a promoção da saúde o ajudou a mudar hábitos, enquanto os Entrevistados 4, 5 e 6 enfatizam o empoderamento como uma ferramenta crucial para a promoção da saúde, mesmo que focando mais nos usuários do que em si mesmos.

A promoção da saúde é uma estratégia-chave para enfrentar desafios de saúde pública e é fundamental para a construção de uma sociedade mais saudável. Carvalho e Gastaldo (2008, p. 2031) afirmam que o empoderamento permite que indivíduos e coletivos sejam capazes de lidar com as limitações impostas por enfermidades, sugerindo que as ações de promoção da saúde devem ocorrer em diversos contextos.

Por fim, a satisfação do Entrevistado 1 em seu trabalho reflete a ideia de que a satisfação profissional é crucial para o bem-estar geral. Araújo et al. (2016, p. 6) afirmam que “a satisfação no trabalho é um dos principais componentes para a satisfação geral com a vida”, destacando a interconexão entre o trabalho, a saúde mental e a qualidade de vida. Portanto, é vital que os trabalhadores da saúde também cuidem de sua saúde e bem-estar para continuarem a desempenhar suas funções de forma eficaz.

Dando continuidade à discussão, foi perguntado aos profissionais entrevistados: Além de você, quem mais dos seus amigos e familiares participam de atividades ou ações de promoção da saúde que você desenvolve? As respostas revelaram diferentes níveis de envolvimento familiar e comunitário nas ações de promoção da saúde.

O Entrevistado 1 mencionou que sua família participa ativamente, afirmando “Estou sempre mostrando para eles que os bons hábitos nos previnem do adoecimento”. Essa afirmação destaca o papel do profissional como um agente de transformação, não apenas no atendimento aos usuários, mas também na influência positiva que exerce sobre sua família.

O Entrevistado 2 reforçou essa ideia, relatando “Minha família são as pessoas que mais participam diretamente de minhas ações de promoção de saúde e também alguns amigos que demonstraram interesse pelo meu conhecimento na área da saúde”. Isso indica que o conhecimento profissional pode se estender além do ambiente de trabalho, impactando a vida pessoal e a saúde de pessoas próximas.

Por outro lado, o Entrevistado 3 revelou um distanciamento, respondendo “Ninguém.” Essa resposta ressalta um possível isolamento em relação à prática da promoção da saúde fora do ambiente profissional.

O Entrevistado 4 mencionou que “alguns colegas da ESF do meu trabalho e praticamente toda a comunidade do território de abrangência” participam. Esse envolvimento comunitário é essencial para a eficácia das ações de saúde, uma vez que promove a construção de redes de apoio.

O Entrevistado 5 destacou o papel do sogro no acompanhamento da ESF, que participa ativamente das atividades de reabilitação. Isso evidencia como a promoção da saúde pode afetar diretamente grupos vulneráveis, como os idosos.

O Entrevistado 6 também compartilhou a experiência familiar “Na minha família, procuramos fazer atividade física todos os dias, alimentação saudável, não ingerir álcool, etc”. Essa resposta demonstra a integração das práticas saudáveis no cotidiano familiar.

O Entrevistado 7 destacou a participação de alguns colegas em atividades físicas, reforçando a ideia de que a promoção da saúde é um esforço coletivo.

A análise das respostas mostra que, em geral, os entrevistados 1, 2, 5 e 6 reconhecem a participação de seus familiares nas ações que desenvolvem, enquanto o Entrevistado 3 se destaca por não identificar essa conexão. Isso pode indicar a necessidade de fortalecer o envolvimento familiar nas práticas de saúde, pois a promoção da saúde não deve se restringir apenas ao ambiente profissional, mas também se expandir para as relações pessoais e familiares.

Freitas e Mandu (2010) afirmam que a participação da população nas decisões deve ser democrática, envolvendo trabalhadores e a sociedade na criação de políticas públicas. Assim, as interações sociais e a mobilização da comunidade são fundamentais para a eficácia das ações de promoção da saúde. Essa perspectiva é corroborada por Bertusso et al. (2014), que argumentam que a integração do conhecimento dos trabalhadores nas ações de promoção e prevenção da saúde pode fortalecer a busca por melhores condições de trabalho e qualidade de vida.

Além disso, os profissionais da saúde enfrentam desafios que impactam sua saúde e bem-estar. A carga horária excessiva, múltiplos vínculos de emprego e a falta de recursos são fatores que podem comprometer seu autocuidado. Portanto, a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNSTT) busca entender o trabalho como um determinante do processo saúde-doença, enfatizando a necessidade de ações intersetoriais e articulação entre as esferas de governo (Brasil, 2012 apud BOTTEGA E MERLO, 2017).

O cuidado do trabalhador da saúde deve ser uma prioridade, pois, conforme os autores, sua saúde e bem-estar estão diretamente relacionados à qualidade do atendimento que oferecem. Nesse sentido, a promoção da saúde deve ser uma responsabilidade compartilhada entre os trabalhadores, gestores e a comunidade, garantindo que todos tenham acesso a condições adequadas de saúde e qualidade de vida.

Em suma, as falas dos entrevistados evidenciam a importância das práticas de promoção da saúde tanto no âmbito profissional quanto na vida pessoal. O envolvimento da família e da comunidade é crucial para a eficácia dessas ações, contribuindo para a construção de um ambiente mais saudável e solidário. A promoção da saúde, portanto, deve ser vista como um esforço coletivo que beneficia não apenas os indivíduos, mas toda a sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos dados coletados por meio das entrevistas com os profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) do Centro de Saúde Comunitário Francisco Júnior revela que as ações desenvolvidas por esses trabalhadores estão voltadas tanto para a promoção da saúde dos usuários quanto para o autocuidado dos próprios profissionais. Isso indica que a promoção da saúde atua como um mecanismo de empoderamento no autocuidado do trabalhador da saúde.

As equipes multiprofissionais da ESF desempenham um papel crucial ao desenvolver ações que orientam os usuários e promovem saúde e qualidade de vida para a população atendida. Promover saúde envolve detectar e enfrentar os determinantes do processo saúde-doença, favorecendo, assim, as condições de saúde da coletividade. Essas equipes realizam ações essenciais na área da saúde, incluindo promoção, prevenção e tratamento para todos os usuários que necessitam desses serviços. Um ponto importante a destacar é que, quando um paciente se encontra impossibilitado de se deslocar até a unidade de saúde, os profissionais realizam atendimentos domiciliares, garantindo o acesso à saúde.

Nos relatos dos profissionais, ficou evidente que eles buscam capacitações para adquirir conhecimento, permitindo que, empoderados, possam oferecer um atendimento seguro e de qualidade à população. A falta de preparo, por outro lado, pode comprometer esse atendimento e contribuir para o surgimento de novos problemas.

Constatou-se que 86% dos profissionais entrevistados possuem uma compreensão clara do que é promoção da saúde e reconhecem a importância de sua aplicabilidade tanto na vida dos usuários quanto na sua própria, especialmente no que diz respeito ao autocuidado. Por outro lado, apenas 14% não possuem essa percepção. Assim, nossa hipótese de que “ao estar empoderado quanto à política de promoção de saúde, o trabalhador da saúde consegue realizar ações que promovam sua saúde” foi confirmada. Contudo, é importante ressaltar que nem todos os entrevistados têm clareza total sobre as atividades que desenvolvem relacionadas à promoção da saúde.

Entende-se que o processo saúde/doença dos trabalhadores está diretamente relacionado ao seu ambiente de trabalho. A saúde e a doença são condicionadas pelas condições de vida das pessoas e se manifestam entre os trabalhadores também pelo modo como vivenciam as condições e os processos em que estão inseridos.

Este estudo foi satisfatório e contribuiu significativamente para alcançarmos o objetivo proposto, que era “compreender se o trabalhador da saúde utiliza as práticas de promoção da saúde preconizadas na política de promoção de saúde como ações do seu cotidiano, incluindo-as assim na construção do seu processo de saúde/doença.”

A pesquisa sobre esse tema foi de grande importância. Por meio deste estudo, buscamos tornar públicas as questões relacionadas à promoção da saúde como uma forma de fortalecimento do trabalhador da saúde, promovendo reflexões sobre a relação entre empoderamento e o processo saúde/doença desses profissionais.

Por fim, espera-se que este estudo sirva como uma fonte de inspiração para novas pesquisas sobre essa temática e que contribua de forma positiva para a reflexão por parte dos próprios profissionais da saúde.

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