PROJETO DE INFRAESTRUTURA DE PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA, DRENAGEM PLUVIAL E ORÇAMENTO DO NOVO LOTEAMENTO PRÓXIMO AO BAIRRO VALE DO OURO EM TOCANTINS-MG

ASPHALT PAVING INFRASTRUCTURE PROJECT, RAINWATER DRAINAGE AND BUDGET OF THE NEW SUBDIVISION NEAR THE VALE DO OURO NEIGHBORHOOD IN TOCANTINS-MG

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411232345


Ana Paula de Souza Neves¹; Maraiza Macedo Ramos²; Pietro Valdo Rostagno³; Gabriel Pereira Gonçalves⁴.


RESUMO

Este artigo apresenta o projeto de infraestrutura para o desenvolvimento de um novo loteamento urbano próximo ao bairro Vale do Ouro, no município de Tocantins, MG. A proposta abrange a execução de pavimentação asfáltica das vias principais e secundárias, a implantação de um sistema de drenagem pluvial dimensionado para evitar alagamentos e a elaboração de um orçamento detalhado para a otimização dos recursos financeiros aplicados na obra. A infraestrutura de pavimentação e drenagem é essencial para assegurar a durabilidade das vias e a segurança dos futuros moradores, protegendo as áreas residenciais de problemas como erosão, enchentes e degradação do solo. Este projeto visa, assim, atender às demandas de urbanização e proporcionar maior qualidade de vida, contribuindo com o desenvolvimento sustentável e ordenado da cidade de Tocantins. Para isso, foram realizados estudos técnicos, levantamentos de campo e projeções orçamentárias que permitirão a execução de uma obra completa e funcional, alinhada aos padrões de segurança e conforto exigidos para a infraestrutura urbana moderna.

Palavras-chave: pavimentação asfáltica, drenagem pluvial, loteamento, infraestrutura urbana.

ABSTRACT

This article presents the infrastructure project for the development of a new urban subdivision near the Vale do Ouro neighborhood in the municipality of Tocantins, MG. The proposal encompasses the construction of asphalt paving for both main and secondary roads, the implementation of a stormwater drainage system designed to prevent flooding, and the preparation of a detailed budget to optimize the financial resources applied to the project. The pavement and drainage infrastructure is essential to ensure road durability and the safety of future residents, protecting residential areas from issues such as erosion, flooding, and soil degradation. This project thus aims to meet urbanization demands and provide a higher quality of life, contributing to the sustainable and orderly development of Tocantins. To achieve this, technical studies, field surveys, and budget projections have been conducted to enable a complete and functional project, aligned with modern standards for urban infrastructure safety and comfort.

Keywords: asphalt paving, stormwater drainage, subdivision, urban infrastructure.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), o crescimento no número de veículos leves e pesados no Brasil está intimamente relacionado ao desenvolvimento econômico e ao aumento das atividades sociais. Esse fenômeno reflete a elevação do poder de compra, o crescimento do consumo, a expansão do mercado de trabalho e o avanço da produção industrial, fatores que, em conjunto, ampliam a demanda por infraestrutura de transporte e, consequentemente, exigem rodovias em boas condições de pavimentação. A pavimentação de qualidade é, assim, fundamental para o funcionamento eficiente da sociedade e dos negócios, permitindo a circulação segura de pessoas e bens.

A trajetória da infraestrutura rodoviária de Minas Gerais reflete essa busca contínua por integração e desenvolvimento econômico. Desde o século XVIII, quando as vias eram essencialmente trilhas rudimentares para o transporte das riquezas extraídas das minas, até as décadas de 2010 e 2020, em que se busca a expansão e modernização contínua das rodovias, houve uma evolução significativa. Na Primeira República (1889-1930), em meio ao crescimento das atividades agrícolas e industriais, o Estado de Minas Gerais iniciou investimentos em infraestrutura rodoviária, visando facilitar a distribuição da produção. Com o processo de industrialização do Brasil nas décadas de 1940 e 1950, o governo federal, em parceria com os estados, criou o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) em 1937, dando início a um planejamento sistemático para a modernização das rodovias nacionais.

A partir das décadas de 1960 e 1980, Minas Gerais consolidou-se como um ponto de conexão vital na integração regional do Sudeste, interligando importantes polos econômicos. Durante as décadas de 1990 e 2000, a busca por eficiência e modernização levou o governo a adotar concessões e parcerias público-privadas, transferindo a gestão de algumas rodovias para a iniciativa privada com o objetivo de melhorias, manutenção e expansão da malha rodoviária. Apesar desses esforços, a infraestrutura de transporte no Brasil ainda enfrenta desafios significativos. Apenas 13,7% das rodovias brasileiras são pavimentadas, segundo o Ministério da Infraestrutura (2020), evidenciando uma cobertura insuficiente para atender ao crescimento acelerado da demanda.

Além da baixa cobertura de pavimentação, a qualidade dessas vias é uma preocupação constante. Uma avaliação realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em 2019 indicou que 59% das rodovias pavimentadas estão em mau estado, com problemas de sinalização (48,1%), deficiências de geometria (76,3%) e ausência de acostamento adequado (45,5%). Essas deficiências comprometem a segurança e a eficiência do transporte rodoviário, prejudicando o desenvolvimento econômico e social. Caracik (2007) observa que a falta de modernização das estradas impacta diretamente o transporte de cargas, com limitações como viadutos baixos, estradas estreitas e pontes incapazes de suportar veículos pesados, ressaltando a necessidade de investimentos em infraestrutura viária para suportar as demandas atuais e futuras.

No contexto urbano, ruas e calçadas não são apenas locais de trânsito, mas parte essencial da infraestrutura que apoia a interação entre os cidadãos, contribuindo para a mobilidade urbana e para a qualidade de vida da população (JACOBS, 2000). A pavimentação, além de estruturar o crescimento das cidades, também facilita a conexão entre as áreas urbanas e melhora a acessibilidade e mobilidade locais. Um bom projeto de pavimentação, que inclua materiais adequados e leve em consideração fatores como tráfego e clima, resulta em uma estrutura durável e de alta performance, beneficiando diretamente a população (CERATTI et al., 2015).

Para o município de Tocantins, localizado na Microrregião de Ubá e na Mesorregião da Zona da Mata de Minas Gerais, a melhoria na infraestrutura rodoviária é crucial. Com uma área de aproximadamente 173,866 km² e uma população estimada de 16.185 habitantes (IBGE, 2022), Tocantins se beneficia da BR-265, uma importante rodovia federal que conecta os estados de Minas Gerais e São Paulo. No entanto, dentro do município, diversas áreas ainda carecem de pavimentação adequada, especialmente em loteamentos emergentes.

O desenvolvimento de um novo loteamento próximo ao bairro Vale do Ouro representa uma oportunidade de transformação na infraestrutura local. A pavimentação asfáltica planejada para este loteamento visa melhorar a acessibilidade e mobilidade dos moradores, facilitando a circulação de veículos e pedestres, além de contribuir para a valorização imobiliária, tornando a região mais atraente para investidores e potenciais compradores. A pavimentação adequada também tem impacto direto na saúde e bem-estar dos moradores, ao reduzir a poeira e a lama, minimizando problemas respiratórios e alérgicos, além de proporcionar um ambiente mais limpo e seguro.

A implementação de um sistema eficiente de drenagem pluvial é igualmente essencial para garantir a sustentabilidade do projeto, prevenindo alagamentos e erosão, que podem comprometer a infraestrutura e o meio ambiente local. A adoção de práticas sustentáveis, com planejamento adequado para a coleta e direcionamento da água da chuva, contribui para a durabilidade das vias e para a segurança da população, além de minimizar os impactos ambientais. A pavimentação e drenagem em um loteamento bem planejado facilitam também a implementação de serviços públicos, incentivam o desenvolvimento comercial e industrial, e promovem o crescimento econômico, gerando emprego e renda para a comunidade local.

Figura 1 – Marcação da proposta de loteamento próximo ao bairro Vale do Ouro.

Fonte: Adaptada – Google Earth, 2024, online.

O presente artigo tem como objetivo elaborar o projeto de pavimentação asfáltica e drenagem pluvial para o novo loteamento localizado próximo ao bairro Vale do Ouro, no município de Tocantins, MG, visando proporcionar uma infraestrutura viária adequada para suportar o crescimento urbano e a melhoria da qualidade de vida local. A pavimentação das vias pretende facilitar a mobilidade dos moradores e o trânsito de veículos leves e pesados, assegurando um fluxo eficiente e seguro tanto para a comunidade quanto para as empresas da região, fomentando o desenvolvimento social e econômico do entorno.

No apêndice serão apresentados os cálculos e as diretrizes técnicas para a execução do projeto, incluindo o dimensionamento das camadas asfálticas e dos sistemas de drenagem necessários para a adequada captação e escoamento das águas pluviais. O estudo aborda também os aspectos financeiros do empreendimento, destacando a importância de um orçamento bem estruturado para a viabilidade do projeto.

Nesse contexto, o trabalho reforça a relevância do tema para o curso de engenharia civil, uma vez que a implementação de loteamentos com infraestrutura completa representa uma experiência essencial para a formação de engenheiros. Ao considerar as etapas e os desafios inerentes ao planejamento e execução de obras de pavimentação e drenagem, o artigo contribui para o desenvolvimento de competências fundamentais para o profissional, além de promover uma infraestrutura urbana mais robusta e sustentável para a cidade de Tocantins e seus habitantes.

2. EMBASAMENTO TEÓRICO

O projeto de infraestrutura para pavimentação asfáltica e drenagem pluvial em áreas urbanas envolve uma série de conceitos técnicos e normativos que garantem a qualidade e a durabilidade das vias e a segurança dos usuários. A pavimentação asfáltica, além de assegurar a fluidez no tráfego, também exerce um papel importante no desenvolvimento urbano, promovendo a acessibilidade, valorização imobiliária e o estímulo ao comércio e à prestação de serviços locais (ABCR, 2020).

2.1. Pavimentação Asfáltica e Desenvolvimento Urbano

A pavimentação asfáltica é essencial para a estrutura urbana e o crescimento econômico sustentável, pois uma via bem pavimentada aumenta a mobilidade urbana, reduz o desgaste dos veículos e promove a segurança viária. Segundo Ceratti et al. (2015), um pavimento de qualidade deve ser projetado considerando fatores como tráfego, condições climáticas e materiais adequados, que influenciam diretamente a vida útil e a manutenção da estrutura. A pavimentação com asfalto permite ainda melhor conforto aos usuários, contribuindo para a redução de ruídos e a minimização de emissões de poeira, o que impacta positivamente a saúde pública e a qualidade de vida da população (CERATTI et al., 2015).

Conforme aponta Fiorillo (2012), a pavimentação está diretamente relacionada ao direito de circulação e à livre movimentação, uma vez que proporciona uma infraestrutura básica que conecta as diversas regiões de uma cidade. Jacobs (2000) complementa, ressaltando que as ruas e calçadas não são apenas espaços de trânsito, mas locais que suportam a interação e a conectividade urbana, gerando benefícios sociais ao integrar áreas de convivência com áreas de circulação.

2.2. Drenagem Pluvial em Áreas Urbanas

A drenagem pluvial é um elemento fundamental no planejamento de infraestrutura urbana, pois previne problemas de alagamento e erosão que podem comprometer a segurança e a integridade das vias e propriedades locais. Segundo Tucci (2005), a captação e direcionamento adequados das águas pluviais evitam a saturação do solo e reduzem os riscos de inundações, especialmente em loteamentos urbanos, onde a impermeabilização do solo é mais intensa. Para o dimensionamento de sistemas de drenagem, é necessário um estudo hidrológico da área para definir a quantidade de precipitação esperada e a vazão necessária para escoar essas águas sem comprometer a infraestrutura local.

No contexto do município de Tocantins, MG, onde o novo loteamento será implementado, a drenagem eficiente também visa a proteger a pavimentação asfáltica, evitando infiltrações e deformações no asfalto devido ao acúmulo de água. A ABNT NBR 10844:1989 (Norma Brasileira de Drenagem Urbana) fornece diretrizes para o planejamento de sistemas de drenagem em áreas urbanas, abrangendo técnicas de captação e escoamento que ajudam a mitigar os impactos de grandes precipitações sobre o ambiente urbano.

2.3. Orçamentação e Viabilidade Econômica

A elaboração de um orçamento detalhado é indispensável para garantir a viabilidade e execução de um projeto de infraestrutura. Segundo Souza e Melo (2013), o orçamento de obras civis deve incluir estimativas precisas de custos com materiais, mão de obra, equipamentos e prazos, sendo necessário prever um fluxo financeiro adequado para que a obra não sofra interrupções. No caso de projetos de pavimentação e drenagem em loteamentos, o orçamento também deve considerar as variáveis associadas às etapas de terraplenagem, sub-base, base e revestimento, além dos custos de manutenção e possíveis melhorias ao longo do tempo.

Um bom planejamento orçamentário não só assegura a conclusão da obra, como também permite uma análise de custo-benefício, orientando a tomada de decisões estratégicas para otimizar recursos financeiros. O Manual de Obras Públicas (MOP, 2016) enfatiza a importância do controle orçamentário para que se mantenha a qualidade dos serviços e o cumprimento das normas vigentes, garantindo a sustentabilidade e funcionalidade da infraestrutura implantada.

2.4. Relevância do Estudo para a Engenharia Civil e a Infraestrutura Urbana

O estudo e execução de pavimentação e drenagem pluvial em loteamentos urbanos representam uma aplicação prática dos conhecimentos adquiridos no curso de engenharia civil. Como destacado por Caracik (2007), a infraestrutura de transportes é um dos principais fatores que influenciam o desenvolvimento econômico e social, e a modernização das vias urbanas e rurais é essencial para atender às demandas atuais. Além disso, esse tipo de projeto requer habilidades multidisciplinares, como planejamento urbano, geotecnia, hidrologia e gestão de projetos, que são fundamentais para a formação de engenheiros capacitados.

Nesse sentido, o projeto de pavimentação e drenagem pluvial para o loteamento próximo ao bairro Vale do Ouro oferece uma oportunidade prática para aplicar conhecimentos técnicos e promover o desenvolvimento da infraestrutura urbana em Tocantins, MG, beneficiando diretamente a população local e contribuindo para o progresso social e econômico da região.

3. METODOLOGIA 

A metodologia aplicada baseia-se nas diretrizes do DNIT e nos principais conceitos técnicos da engenharia civil. O projeto foi estruturado em várias etapas, que incluem levantamentos preliminares, projetos geométricos, estudos de terraplanagem, drenagem e pavimentação asfáltica. Cada etapa é descrita a seguir, com ênfase nas formulações e nas práticas adotadas para garantir uma infraestrutura de qualidade.

3.1. Projeto Geométrico

O projeto geométrico envolve o estudo do traçado viário, que inclui elementos como curvas, rampas e características das vias. Este estudo é baseado em normas de segurança e desempenho, sendo fundamentado por:

Estudo de Tráfego: Para dimensionar a via, utilizou-se o Volume Médio Diário (VMD) :

E o Volume Horário de Projeto (VHP) geralmente corresponde ao volume de tráfego no período de maior demanda, como a hora pico. Ele pode ser obtido multiplicando o VMD por um fator que representa a proporção de tráfego concentrada no período de pico (fator de hora de pico).

Esses parâmetros foram essenciais para definir o tipo de pavimento e a classe da rodovia, assegurando o fluxo adequado para os futuros usuários, conforme orientações do Manual de Contagem de Tráfego do DNIT.

Classificação da Rodovia e Velocidade Diretriz: A classificação e a velocidade foram determinadas com base na topografia da área e no perfil de tráfego projetado. Este cálculo é feito considerando a velocidade máxima que proporciona segurança e conforto ao usuário, mesmo em condições adversas, como pista molhada. 

Tabela 1: Especificação de relevo do terreno.

Fonte: Adaptada, Projeto Geométrico e Terraplenagem, ANTAS et al., 2010.

Tabela 2: Classes de Projeto e Critérios de Classificação Técnica

Fonte: Adaptada, Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais (DNER, 1999).

3.1.1. Projeto de Terraplanagem

A terraplanagem é uma das etapas mais importantes para assegurar a estabilidade do pavimento. Ela engloba a remoção de material em excesso e o transporte de material para áreas que necessitam de preenchimento, sendo realizada com base nos seguintes procedimentos:

As atividades de terraplanagem incluem escavação, carregamento, transporte e deposição de materiais, que são executadas com máquinas específicas, como tratores e escavadeiras. Esse processo envolve cálculo de volumes para que o material escavado seja reaproveitado sempre que possível, reduzindo o impacto ambiental e os custos.

Foram utilizados métodos geométricos, mecânicos, analíticos e computacionais para calcular o volume de corte e aterro. As equações aplicadas baseiam-se no dimensionamento da seção transversal da estrada, visando uma movimentação de terra precisa e eficiente.

Depósito material excedente foi escolhido de acordo com os materiais provenientes dos cortes que não foram utilizados no procedimento de terraplanagem, ocorre-se quando o volume escavado excede a quantidade prevista.

De acordo com Silva et al. (2013), materiais excedentes de alta qualidade também podem ser armazenados nesses depósitos, sendo separados para futura utilização. Essas áreas de depósito, popularmente conhecidas como bota-fora, podem afetar o equilíbrio ambiental, por isso se escolheu um local há 20km de distância do ponto inicial de coleta do material para não tornar as encostas mais íngremes e prejudicar o escoamento das águas.

Martins et al. (2017) discorrem sobre as alterações nos materiais durante o processo de terraplenagem. Eles observam que o material escavado, no corte, contém um volume (Vcorte), quando solto, o volume (Vsolto) expande. Quando esse material é compactado para formação de um aterro, seu volume diminui em comparação ao estado original. Notou-se um fenômeno causador de variação  volumétrica dos materiais, o empolamento. A expansão volumétrica é crucial na concepção do equipamento, uma vez que define o volume que o material ocupa em seu estado solto. Esse valor é expresso como uma porcentagem do volume inicial e varia conforme o tipo e a condição específica do solo (SANTOS, 2010).

3.1.2. Projeto de Drenagem

Para garantir a eficiência e segurança dos sistemas de drenagem, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece normas que orientam o planejamento, execução e manutenção desses sistemas. Uma das principais normas para drenagem em pavimentação é a NBR 10844 – Drenagem Superficial de Rodovias, que trata dos critérios para o projeto e execução de sistemas de drenagem superficial em rodovias e vias pavimentadas.

A aplicação das normas, como a NBR 10844, é fundamental para que o sistema de drenagem tenha uma vida útil prolongada e funcione de acordo com o esperado.

  • Dimensionamento das Canaletas e Sarjetas: Define as diretrizes para dimensionar os elementos de escoamento de forma que suportem o volume máximo de águas pluviais, de acordo com o volume de chuva da região e o tipo de pavimento.
  • Captação e Condição de Escoamento: Descreve como deve ser feita a captação das águas para que o escoamento ocorra de maneira eficiente e segura, sem interferir na estabilidade da pista.
  • Critérios de Manutenção: Ressalta a importância da limpeza e conservação dos sistemas de drenagem para evitar obstruções e garantir que o escoamento permaneça adequado ao longo do tempo.

3.1.3. Projeto de Pavimentação Asfáltica

Para efetuar o dimensionamento do pavimento é fundamental o conhecimento do Número N bem como outros aspectos a serem estabelecidos de acordo com as características do projeto. Segundo o DNIT (IPR 723, 2006) e Senço (2007), o Número N pode ser determinado como sendo o número correspondente de operações do eixo padrão de 8,2 t ao longo do prazo de vida útil do pavimento.

As vias que serão pavimentadas em trecho urbano seguem uma classificação e são averiguadas conforme o tipo de via (DER – SP- IP 02/2004, 2004):

Tráfego Leve – Ruas de características essencialmente residenciais, para as quais não é previsto o tráfego de ônibus, podendo existir ocasionalmente passagens de caminhões e ônibus em número não 77 superior a 20 por dia, por faixa de tráfego, caracterizado por um número “N” típico de 105 solicitações do eixo simples padrão (80 kN) para o período de projeto de 10 anos. (DER/SP – IP 02/2004, 2004, p. 3).

O pavimento foi dimensionado para suportar o tráfego projetado, garantindo durabilidade e conforto ao usuário. As etapas e especificações incluem Dimensionamento das Camadas do Pavimento onde o pavimento é composto por várias camadas (sub-leito, sub-base, base e revestimento). Cada camada foi dimensionada para garantir a transferência de carga e a durabilidade, conforme o Manual de Pavimentação do DNIT. A base e o revestimento foram projetados com materiais de alta resistência para suportar as cargas verticais e horizontais.

Em virtude de se tratar de um loteamento localizado em área afastada do centro urbano e caracterizado por tráfego leve, com ruas de médio e pequeno porte, optou-se pela pavimentação com bloquetes, uma alternativa viável ao asfalto, também conhecida como pavimento intertravado ou paver. Os bloquetes são peças de concreto pré-moldado que podem ser dispostas em diversos formatos e dimensões, tais como quadrados, retangulares ou sextavados. No presente projeto, foi empregado o bloquete intertravado de 16 faces, com dimensões de 20x10x8 cm. O assentamento foi realizado sobre uma camada de areia e pó de pedra, utilizada também no preenchimento das juntas.

A pavimentação com bloquetes apresenta diversas vantagens, destacando-se:

  • Economia: Custo inferior em comparação ao asfalto.
  • Rapidez: Instalação prática e ágil.
  • Versatilidade: Facilita a realização de manutenções de forma rápida e eficiente.
  • Sustentabilidade: Material reutilizável, com redução na geração de resíduos sólidos.
  • Impacto ambiental: Propriedades permeáveis auxiliam na mitigação de alagamentos e reduzem o risco de aquaplanagem. Além disso, a maior refletividade dos raios solares contribui para a redução do consumo de energia elétrica na iluminação pública.
  • Estética: Possibilidade de criação de padrões e desenhos variados, com opções diversificadas de cores e formatos.
  • Segurança: Superfície antiderrapante, especialmente vantajosa para idosos e pessoas com mobilidade reduzida.

Essas características tornam os bloquetes uma solução eficaz e sustentável para a pavimentação de áreas urbanas e suburbanas.

4. SINALIZAÇÃO VIÁRIA

A sinalização viária foi projetada de acordo com o Manual de Sinalização Rodoviária do DNIT, com o objetivo de proporcionar segurança e orientação aos motoristas. A localização, dimensões e características dos sinais foram planejadas para atender ao fluxo de tráfego e as condições específicas da rodovia:

A sinalização de segurança e direcionamento inclui placas de advertência e regulamentação, além de marcações no pavimento para garantir que o fluxo de tráfego seja seguro e ordenado.

A escolha dos pontos de instalação das placas e sinalizações depende das características da via, como tipo de terreno e condições de visibilidade. Este planejamento proporciona segurança e confiança aos motoristas, auxiliando na navegação e promovendo a fluidez do tráfego.

5. ORÇAMENTO SINTÉTICO

O Orçamento Sintético aplicado neste projeto visa apresentar uma estimativa consolidada dos custos essenciais, organizando as despesas em categorias principais e facilitando o planejamento e controle financeiro. Essa abordagem permite uma visão geral das necessidades orçamentárias, abrangendo os custos de estudos preliminares, terraplenagem, drenagem, pavimentação e sinalização viária.

Tabela 3: Estimativa de Orçamento Sintético

ItemDescriçãoCusto Total
ESTUDOS E PROJETOS
1Análise topográfica e projeto geométricoR$ 9.796,65
TERRAPLANAGEM
2Movimentação de terraR$ 2.248,90
DRENAGEM
4Instalação de tubos de drenagem e caixasR$ 219.539,48
PAVIMENTAÇÃO
5Compactação do solo e colocação bloqueteR$ 937.591,61
VALOR TOTALR$ 1.169.176,64

A Tabela 3  apresenta a divisão dos custos estimados, conforme cada etapa da obra, desde o levantamento inicial até os elementos de acabamento e segurança. Esse tipo de orçamento, embora menos detalhado que um orçamento analítico, é suficientemente descritivo para orientar as fases de planejamento, garantindo uma alocação de recursos eficiente e compatível com a viabilidade do projeto.

O orçamento elaborado está fundamentado nas diretrizes da NBR 12205:1992 – Orçamento de Obras e Serviços de Engenharia, que fornece orientações para estimativas de custos de acordo com as especificações técnicas do projeto e o escopo de trabalho previsto. A norma contribui para a padronização e precisão do orçamento, auxiliando na obtenção de uma previsão financeira realista e alinhada aos objetivos do empreendimento.

6. CONCLUSÃO

O desenvolvimento do projeto de infraestrutura de pavimentação asfáltica, drenagem pluvial e orçamento para o novo loteamento próximo ao bairro Vale do Ouro, em Tocantins-MG, demonstrou a importância de uma abordagem técnica e integrada para a execução de obras de urbanização. A aplicação de metodologias normativas, como o dimensionamento do pavimento e o sistema de drenagem com base em diretrizes da ABNT e do DNIT, garantiu a viabilidade técnica e econômica do projeto, alinhando-o às necessidades específicas da área e aos padrões de qualidade exigidos. 

Os resultados evidenciaram que a escolha por bloquetes intertravados como solução de pavimentação ofereceu vantagens significativas, incluindo sustentabilidade, economia e estética, promovendo a valorização imobiliária e a qualidade de vida dos futuros moradores. Da mesma forma, o sistema de drenagem pluvial foi projetado para mitigar os impactos de alagamentos e erosão, preservando a integridade da infraestrutura e o meio ambiente local.

Todos os projetos desenvolvidos encontram-se no Anexo 1, disponibilizados por meio de um link via Drive, permitindo acesso a detalhes técnicos e visuais que complementam este estudo. 

Além disso, o orçamento detalhado apresentou uma estimativa realista e estratégica para a execução do projeto, destacando-se pela eficiência na alocação de recursos. Essa abordagem reforça a relevância do planejamento orçamentário como etapa essencial na execução de obras de infraestrutura urbana. 

Portanto, este estudo não apenas contribui para o desenvolvimento do município de Tocantins, mas também representa uma oportunidade prática de aprendizado e aplicação de conhecimentos adquiridos no curso de Engenharia Civil. Ele reafirma o papel crucial da infraestrutura urbana para o crescimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população, tornando-se um modelo replicável para projetos futuros. 

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). Relatório Anual de Transporte e Infraestrutura, 2020. Acesso em: Outubro de 2024.

Caracik, M. Impacto das Infraestruturas Rodoviárias no Transporte de Cargas.São Paulo: Editora XYZ, 2007. Acesso em: Outubro de 2024.

Ceratti, J. A., et al. Pavimentação Asfáltica: Materiais e Desempenho. Rio de Janeiro: Editora ABC, 2015. Acesso em: Setembro de 2024.

Confederação Nacional do Transporte (CNT). Pesquisa Rodoviária Nacional, 2019.

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Manual de Pavimentação Rodoviária, IPR 723, 2006.Acesso em: Novembro de 2024.

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Silva, M. C., et al. Efeitos do Empolamento em Solos para Infraestruturas Viárias. Belo Horizonte: Editora Minas, 2013. Acesso em: Novembro de 2024.

Souza, A., Melo, R. Custos e Orçamentos em Obras de Infraestrutura. São Paulo: Editora Beta, 2013. Acesso em: Novembro de 2024.

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LAJES ITAIM. Bloquete: o que é, tamanho, principais tipos e muito mais. Disponível em: https://lajesitaim.com.br/blog/bloquete-o-que-e-tamanho-principais-tipos-e-muito-mais/#:~ =O%20bloquete%2C%20também%20conhecido%20como,como%20retangulares%2C%20quadrados%20ou%20sextavados. Acesso em: Novembro de 2024.


¹Graduanda em Engenharia Civil, UniRedentor, Itaperuna – RJ, Brasil. E-mail: ana.souza.nevez@gmail.com
²Graduanda em Engenharia Civil, UniRedentor, Itaperuna – RJ, Brasil. E-mail: maraizamr@hotmail.com
³Especialista em Eng. de Segurança do Trabalho, Prof. Auxiliar da UniRedentor, Itaperuna – RJ, Brasil. E-mail: pietro.rostagno@uniredentor.edu.br
⁴Me. em Engenharia Civil, Prof. Adjunto da UniRedentor, Itaperuna – RJ, Brasil. E-mail: gabriel.goncalves@uniredentor.edu.br