VACINAÇÃO EXTENSION PROJECT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7759921
Gisele Souza da Silva1
Bruna Markowicz Amorim de Souza2
Livia Bittencourt Tahan3
Pedro Henrique Gunha Basilio4
Sofia Chagas Nalesso5
Leticia Poliane Ferreira de Souza6
Rafaela Schiessl7
Helena Messias Gomes8
Paulo Eduardo Przysiezny9
RESUMO
Objetivo: Descrever as vertentes que contribuíram para o formação do Projeto de Extensão VacinAção, do qual, detém a intencionalidade da retomada da cobertura vacinal, propondo-se tirar suas dúvidas acerca do tema, haja vista a crescente disseminação de notícias falsas que se alastrou na pandemia da COVID-19. Método: Sucedeu-se primeiramente um estudo sobre as consequências dos movimentos anti-vacinas. Diante dessa problemática, obteve-se a ideia de disseminar informações científicas compactuada a uma linguagem acessível para a população leiga, sendo implementada virtualmente e presencialmente. Foi criado um perfil no Instagram a fim de disponibilizar conteúdos, divulgar ações e consequentemente, atingir um número maior de participantes impactados pelo Projeto. Atualmente, realizam-se visitas em escolas, partilhando informações através de conversas e dinâmicas. Resultados: O Projeto obteve 182 seguidores em seu perfil oficial do instagram, além de 245 visualizações em sua primeira live transmitida através do perfil da Faculdades Pequeno Príncipe. Nesse viés, a segunda live alcançou 206 perfis diferentes. Além disso, em agosto de 2022, os extensionistas elaboraram um folder mediante aos conhecimentos adquiridos diante das aulas assistidas, abrangendo informações importantes sobre a vacinação. Considerações Finais: As ações efetuadas são de extrema relevância tanto para o âmbito acadêmico, desenvolvendo o futuro profissional e o capacitando com aulas acerca das especificidades vacinais, quanto seu impacto para a sociedade, promovendo a educação em saúde da população e fomentando-os de informações pertinentes e científicas, dado que a vacinação está além das escolhas pessoais e da decisão individual, refletindo-se em ato de cidadania.
Palavras-chave: Vacinação; educação em saúde; desinformação.
ABSTRACT
Objective: To describe the aspects that contributed to the formation of the VacinAção Extension Project, which intends to resume vaccination coverage, proposing to resolve your doubts about the subject, given the growing spread of false news that has spread in the COVID-19 pandemic. Method: First, a study on the consequences of anti-vaccine movements was carried out. Faced with this problem, the idea of disseminating scientific information in an accessible language for the lay population was obtained, being implemented virtually and in person. An Instagram profile was created in order to make content available, publicize actions and, consequently, reach a greater number of participants impacted by the Project. Currently, visits are made to schools, sharing information through conversations and dynamics. Results: The Project had 182 followers on its official Instagram profile, in addition to 245 views on its first live broadcast through the profile of Faculdades Pequeno Príncipe. In this vein, the second live reached 206 different profiles. In addition, in August 2022, the extensionists prepared a folder based on the knowledge acquired in the face of the attended classes, covering important information about vaccination. Final Considerations: The actions carried out are extremely relevant both for the academic field, developing the professional future and training them with classes on vaccine specificities, as well as their impact on society, promoting health education for the population and providing them with information relevant and scientific, given that vaccination is beyond personal choices and individual decision, reflected in an act of citizenship.
Keywords: Vaccination; Health education; misinformation.
1. INTRODUÇÃO
A ideia de realização do projeto se deu durante um dos Momentos Tutorial, uma das disciplinas do curso de medicina pela Faculdades Pequeno Príncipe, em que um dos objetivos abordados colocava em pauta as consequências do movimento antivacina no Brasil. Com base nas informações obtidas e abordadas, percebeu-se a necessidade de produzir algum conteúdo que pudesse transmitir informações seguras e esclarecedoras acerca das vacinas, a fim de combater notícias falsas que apenas causam medo e insegurança, colocando a saúde pública em risco. O sarampo, por exemplo, considerado erradicado desde 2016 no Brasil, por conta da vacinação, em contrapartida, voltou a circular recentemente no país de forma intensa,, decorrente da diminuição da adesão ao calendário vacinal.
Até o final da década de 80, o sarampo era uma doença endêmica no território nacional, com epidemias a cada dois ou três anos. Em 1990, houve a última grande epidemia de sarampo no Brasil, com mais de 45 mil casos registrados da doença. Em 1992, deu-se início ao Plano de Controle e Eliminação do Sarampo que, entre outras estratégias, teve a Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo, alcançando uma taxa de 96% de adesão da população alvo. Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de erradicação da doença, pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS).
Apesar de o sarampo ter sido erradicado no Brasil, em Nota, a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e o Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil (GEDIIB), alertam sobre a situação epidemiológica de Sarampo no Brasil e no Mundo:
“Nos primeiros três meses de 2019 o número global de casos de sarampo aumentou em 300% comparados ao mesmo período de 2018”, alerta a Organização Mundial de Saúde (OMS). Todas as regiões do mundo registram aumento no número de casos da doença. Surtos atuais incluem 168 países de todos os continentes com mais de 170.000 casos confirmados”.
Hoje, conforme a Secretaria Municipal de Saúde Centro de Epidemiologia, em Curitiba, até fevereiro de 2019 foram registrados 496 casos confirmados de sarampo. Além disso, de acordo com o DATASUS (Tecnologia da Informação a Serviço do SUS), a cobertura vacinal do município de Curitiba, em 2019, foi de 58,24% da população.
Um dos motivos para essa realidade é o fato de as doenças, tanto sarampo, como poliomielite, difteria, entre outras, terem sido controladas graças às vacinas, o que leva à falsa ideia de que foram eliminadas ou não causam mais problemas.
Diante dessa realidade, os acadêmicos participantes do “Projeto VacinAção” se organizam para comparecer em locais públicos com alto fluxo de pessoas, incluindo pessoas em situação de rua, e conversar sobre as vacinas, baseados em livros e artigos científicos, abrangendo desde sua produção até como funcionam no organismo, levando à sua compreensão. Além disso, a proposta do projeto é abrir um espaço para que as pessoas possam tirar suas dúvidas acerca do tema, haja vista que muitas notícias têm surgido e gerado desconfiança no público leigo. Dessa forma, é possível aumentar a adesão da comunidade a seguir o calendário vacinal e as recomendações médicas em relação a isso.
Assim, o “Projeto de Extensão VacinAção” vem ao encontro dos anseios da Faculdade, do Curso de Medicina e da comunidade, uma vez que ensino, pesquisa e extensão são indissociáveis do processo de ensino-aprendizagem e este projeto propicia esta articulação. Preocupados com a problemática da repercussão do movimento antivacina, o projeto busca esclarecer dúvidas e trazer a ciência ainda mais próxima à comunidade. Vacinar-se é um ato de cidadania.
2. DESENVOLVIMENTO
Após estudo das consequências do movimento antivacina, os acadêmicos concluíram que era necessária uma ação para diminuir ou reverter isso. Para tanto, buscou-se fundar um Projeto de Extensão, na medida em que o objetivo é levar informações científicas e compreensíveis para a população leiga acerca das vacinas e da vacinação.
A partir disso, juntamente do professor coordenador do projeto, os estudantes estruturaram o projeto de maneira a se posicionar presencial e virtualmente: para esse formato, criou-se um perfil no instagram, a fim de atingir mais pessoas, mais rapidamente, bem como disponibilizar conteúdos em diferentes formatos e divulgar as ações. Para aquele, ministramos aulas e capacitações para os extensionistas sobre temas técnicos para os integrantes do projeto, como imunologia e tipos de vacina, além de aula sobre oratória, visto que precisamos nos comunicar de forma clara e empática com o público leigo.
Atualmente, o projeto realiza visitas a uma escola em Curitiba, conversando com alunos do ensino fundamental e médio. É feita uma dinâmica com perguntas e respostas, para estimular a participação. Ao final é entregue um panfleto com informações acerca das vacinas, o perfil do instagram e um checklist com as vacinas que eles deveriam ter tomado. O panfleto visa resumir as informações que são passadas durante a dinâmica. Abaixo, duas imagens dele.
O projeto de extensão “VacinAção” alcançou até o momento, por meio da divulgação de suas redes sociais, 182 seguidores, além das experiências com lives. A primeira live, realizada em junho de 2021, foi transmitida pelas redes sociais oficiais da Faculdades Pequeno Príncipe e obteve 245 visualizações. A segunda live ocorreu em novembro de 2022 e foi transmitida pelo Instagram oficial do projeto. O tema escolhido foi “Poliomielite: a importância da vacina contra a paralisia infantil”, e a live obteve 32 visualizações durante a transmissão e chegou a 206 perfis diferentes. Apesar do satisfatório alcance, a popularização das informações sobre vacinas e a consequente adesão da população a elas se dá, também, pela construção de um diálogo fora dos meios digitais. Por isso, em agosto de 2022, um folder foi criado, de forma conjunta, pelos integrantes do grupo, consolidando-se como um produto final dos conhecimentos adquiridos, contendo as informações avaliadas importantes no entendimento da vacinação pela população-alvo. Além disso, um e-book sobre poliomielite foi desenvolvido pelo grupo a fim de ser outro material de linguagem acessível à população leiga e disponibilizado para download no perfil do Instagram do Projeto.
O objetivo é que esse material sirva de suporte para ações presenciais, tendo sido aprovado na experiência de novembro do mesmo ano. Na ocasião, foi realizada uma ação educativa em um colégio de ensino fundamental e médio de Curitiba-PR, por meio de uma conversa dos integrantes do projeto com os alunos da instituição, sobre motivos para se vacinar, mecanismos imunológicos que tornam a vacina eficiente, história da vacina e o que a compõe. Essa ação foi realizada com 8 turmas de 20 alunos cada, do sexto, sétimo, e nono ano do ensino fundamental, além de uma turma do primeiro ano do ensino médio. Conforme tabela 1.
Além do impacto para a sociedade, o Projeto VacinAÇÃO promove uma série de reflexões aos acadêmicos envolvidos, que exercitam a interdisciplinaridade ao buscarem compreender as razões da queda da cobertura vacinal e soluções práticas que estimulem a população a cumprir sua parte, neste pacto coletivo que é o ato da vacinação. Por este diálogo perpassa a compreensão de fenômenos sociais, culturais, políticos e biológicos, como o funcionamento do sistema imune e a sua relação com as vacinas. No entanto, a compreensão precisa se traduzir em linguagem e informação acessível à população e, para tanto, são exercitados diversos mecanismos de oratória e escrita, tornando ainda mais rica a experiência para todos os integrantes do projeto.
O projeto ainda irá realizar ações em locais públicos com maior fluxo de pessoas, como praças, calçadões e unidades de saúde, para atingir a maior parte da população – os adultos – e, possivelmente, quem mais sofre com fake news, em números absolutos, pois também são usuários de redes sociais, tornando-se nosso público alvo.
3. CONCLUSÃO
O Projeto de Extensão “VacinAção” abrange um tema de extrema relevância para a sociedade e saúde pública. Sua importância está relacionada tanto no âmbito acadêmico, atuando na capacitação de futuros profissionais de saúde, quanto na educação em saúde para a população leiga, com a realização de ações em escolas e no ambiente virtual, como a criação de e-book e promoção de lives informativas abertas ao público.
Sem caráter político, o principal objetivo é contribuir para o aumento da adesão à cobertura vacinal, especialmente aquela disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que vem sendo mitigada ao longo dos últimos anos. Para isso, o projeto tem como finalidade combater fake news sobre vacinas, disseminando informações baseadas em estudos de evidências científicas e traduzidas a uma linguagem acessível a todos. O projeto também contribui na formação de acadêmicos à medida que integra conhecimentos de diferentes perspectivas dentro da saúde e exercita habilidades de comunicação, por meio do trabalho em equipe e relação com a comunidade.
Um dos principais desafios do projeto é expandir o público para além de pessoas da área da saúde e atingir a comunidade leiga no geral, o que está sendo aprimorado na organização de ações presenciais em lugares públicos. Tendo em vista o impacto ainda limitado sobre a população, a meta dos integrantes é expandir seus ideais e contribuir progressivamente para uma perspectiva populacional mais consolidada acerca das vacinas.
REFERÊNCIAS
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7. MIZUTA, Amanda, et al. Percepções acerca da importância das vacinas e da recusa vacinal numa escola de medicina. Faculdade de Medicina e Odontologia São Leopoldo Mandic, Campinas, SP, Brasil, 2018. Disponível em:<https://saude.curitiba.pr.gov.br/images/InfoSarampo%20Ctba%2007%20fev2020. pdf>.
8. NASSARALLA, A.; DOUMIT, A.; MELO, C.; LÉON L.; VIDAL, R.; MOURA L. Dimensões e consequências do movimento antivacina na realidade brasileira. Revista Educação em Saúde: V7, suplemento 1,2019.
9. NOBRE, Roberta; GUERRA, Lúcia Dias da Silva; CARNUT, Leonardo. Hesitação e recusa vacinal em países com sistemas universais de saúde: uma revisão integrativa sobre seus efeitos. Saúde em Debate: v. 46, n. spe1, pp. 303-321, 2022. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0103-11042022E121>. Acesso: 17 nov 2022.
10. SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE; CENTRO DE EPIDEMIA. InfoSarampo Curitiba, 2019.
11. SILVA, R. N.; OLIVEIRA, R. Os limites pedagógicos do paradigma da qualidade total na educação. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTIFICA DA UFPe, 4., 1996, Recife. Anais do II Congresso de Iniciação Científica da UFPe. Recife: UFPe, 1996. p. 21-24. (referência de anais de congresso/simpósio).
12. SOCIEDADES BRASILEIRAS DE REUMATOLOGIA (SBR), INFECTOLOGIA (SBI), IMUNIZAÇÃO (SBIm) E DO GRUPO ESTUDO DII BRASIL (GEDIIB). Alerta Da Situação Epidemiológica Do Sarampo No Brasil E Orientações Quanto A Vacinação Dos Pacientes Com Doenças Imunomediadas (Reumatológicas, Psoríase E Doença Intestinal Inflamatória). Disponível em: <https://saude.curitiba.pr.gov.br/images/SBR-SBI-SBIM%20Vacina%20SCR%20pctes %20imunossuprimidos%20maio2019.pdf>.
13. SOUZA, B. M. A.; LANGHAMMER, G. G.; GOMES, H. M.; SANTOS, J. P.; SOUZA, L. P. F.; FARIA, M. D.; PRZYSIEZNY, P. E. Poliomielite: A doença da paralisia infantil. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1JCpkQ2VDL5loutfw9S-_HUdFjavWnQIX/view>.
14. UNIMED. A importância da vacinação: por que imunizar crianças e adultos é essencial. Disponível em: <https://www.unimed.coop.br/viver-bem/saude-em-pauta/a-importancia-da-vacinacao >.
ANEXOS
FRENTE DO FOLHETO
VERSO DO FOLHETO
Tabela 1. Resultados das ações.
EVENTO | MÊS | IMPACTO (n° de pessoas) |
REDES SOCIAIS | CONTÍNUO | 182 |
LIVE | JUNHO/2021 | 245 |
LIVE | NOVEMBRO/2022 | 32 |
AÇÃO ESCOLA PRIVADA | NOVEMBRO/2022 | 80 |
1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9Graduandos de Medicina – Faculdades Pequeno Príncipe
6Graduanda de Enfermagem – Faculdades Pequeno Príncipe