PROGRAMAÇÃO METABÓLICA E OBESIDADE: INFLUÊNCIA DOS INSULTOS NAS DIFERENTES JANELAS DE PROGRAMAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS NA PROLE ADULTA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11663088


Amanda Morais Ribeiro1
Leone Romagnoli Cardoso2
Orientador(a): Camila Cristina Ianoni Matiusso3


RESUMO

A obesidade é uma doença caracterizada pelo nível elevado de gordura corporal acumulada que compromete a saúde dos indivíduos. No panorama global, a obesidade é considerada uma crise de saúde pública, quase triplicou desde 1975 e atualmente 40% da população mundial está acima do peso. Assim, evidencia-se ampla relação com a revolução industrial, onde a população passou a consumir alimentos ultraprocessados em grande escala, aumentando riscos de doenças metabólicas. Diante disso, a busca da razão pertinente causou a formação da sociedade DOHaD que criou a definição de programação metabólica, que pode ser modulada por diversos insultos. Essa revisão literária visa integrar as informações dos estudos publicados, a fim de elucidar os fatores presentes nas janelas de programação metabólica na gestação, lactação e primeira infância predispõem o aparecimento da obesidade na vida adulta em ratos. Desse modo, a pesquisa foi realizada por meio dos descritores em ciências de saúde “programação metabólica”, “janelas de programação” e “obesidade”. Foram selecionadas pesquisas bibliográficas sobre o assunto em bases de dados SCIELO e PUBMED. Os estudos selecionados evidenciaram que os insultos ocorridos na gestação, lactação e primeira infância podem gerar fenótipos metabólicos diferentes, mas apresentam como resultado final a predisposição à obesidade na vida adulta. Com isso, conclui-se a necessidade de maiores investigações acerca desse evento, haja vista o impacto que isso pode causar na qualidade de vida e na saúde dos indivíduos.

Palavras-chave: Programação metabólica. Janelas de programação; Obesidade.

1  INTRODUÇÃO

A revolução industrial foi um período de grande desenvolvimento tecnológico que se espalhou rapidamente pelo mundo, causando grandes transformações. Uma das principais características desse momento foi a maior produção, sobretudo de alimentos ultraprocessados (1). Nesse contexto, observa-se uma ampla relação entre o aumento da obesidade com a revolução industrial, momento que a população passou a consumir alimentos que contêm altas concentrações de açúcares, lipídios e carboidratos, levando ao aumento do índice de glicemia em jejum, aumentando os riscos de desenvolverem doenças cardiometabólicas (2, 3).

Diante disso, ocasionou em um aumento de custos para os países, devido a alta demanda de capitais reportados à saúde (4). Assim, criou-se um novo conceito da ciência, denominado Origens Desenvolvimentistas da Saúde e da Doença (DOHaD), abordado num relatório inovador de Barker e Osmond (4, 5, 6). Este ramo da ciência agrega metodologias investigativas, entre outras, para esclarecer o efeito de fatores estressantes aplicados em fases sensíveis do desenvolvimento e a

relação com o desenvolvimento de doenças na vida adulta (7, 8). Alguns estudos, identificaram o crescimento exponencial de distúrbios metabólicos e com isso foi elucidado conceitos que respondem a esses dados, criando-se a definição de programação metabólica (6, 9).

A programação metabólica é um efeito causado por alterações nutricionais e/ou hormonais que ajustam a morfologia e o metabolismo do indivíduo, resultando em modulação de fases críticas do desenvolvimento (10). Estas fases são definidas como “janelas de programação metabólica”, caracterizadas pela alta taxa de proliferação e diferenciação celular (11).

Estudos demonstraram quais eventos importantes ocorrem nessas janelas, principalmente na gestação, que levam ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares (12, 13, 14, 15). O mesmo já havia sido abordado por Barker, et al. (1994), mas não se sabia o momento gestacional onde o distúrbio tinha sido desencadeado (16). Observou-se que insultos no início da gestação aumentam a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, no meio da gestação propiciam o surgimento de doenças renais e no final da gestação, onde o feto começa a ganhar mais peso corporal, a probabilidade de desenvolver doenças relacionadas ao acúmulo de gorduras é muito maior (12, 17, 18, 19).

Também, foi descoberto os insultos e seus mecanismos que causam um exponencial, elevado atualmente, na diabetes tipo II (17). Segundo Mclellan, et al. (2007), se deve pois, em qualquer momento que é realizado um insulto, esse mesmo pode atrapalhar o metabolismo da glicose de alguma forma, aumentando a probabilidade de ter diabetes na vida adulta (17, 20).

Diante disso, a preconcepção, a lactação e a puberdade são etapas fundamentais para o desenvolvimento do indivíduo, sendo uma das principais janelas de programação, por que são períodos em que as conexões neuronais estão sendo formadas no cérebro do indivíduo (21). Em roedores especificamente, grande parte da neurogênese ocorre no útero e durante as primeiras três semanas de vida (22). Além disso, o estado metabólico materno, bem como, sua dieta durante o período de amamentação é importante pois causam repercussões no metabolismo e no estado de saúde futuro da prole, podendo até mesmo favorecer a instalação de doenças na vida adulta (10).

A programação metabólica ganhou destaque em 2013, quando o epidemiologista e professor David Barker faleceu (23). Segundo Ciancio, et al. (2023), os estudos de epidemiologia humana investigaram como as ações de efeitos adversos que podem atuar na pré-concepção, quanto no desenvolvimento embrionário, fetal e pós natal podem afetar no indivíduo adulto, gerando diversas doenças que prejudicam o adulto (24, 25). Segundo Barker, et al. (1994), a prole de mães que sofreram restrições alimentares, por exemplo, poderiam desenvolver obesidade na vida adulta (16, 23, 24). Uma evidência clara desse fenômeno é o indicativo observado em adultos que foram gerados em período de fome e guerra, estes foram diagnosticados com obesidade, hipertensão e DM2 (diabetes mellitus tipo 2) (17, 26).

Experimentos em roedores são utilizados para esclarecer os elementos biológicos que caracterizam a programação metabólica (27). Dentre eles está o desmame precoce, o qual, quando executado cessa a ingestão de proteínas, vitaminas, minerais e entre outros componentes presentes no leite que são essenciais para o desenvolvimento do indivíduo no período lactacional (28). Essas alterações nutricionais, em uma janela crítica do desenvolvimento humano, podem acarretar em alterações metabólicas permanentes (27, 28). O desmame precoce, pode causar consequências a longo prazo sobre as ilhotas pancreáticas, assim, os processos metabólicos regulados pelo glucagon e insulina são impactados (29). Logo, a prole pode apresentar algumas manifestações como, hiperfagia, resistência à leptina, aumento de triglicerídeos hepáticos, hiperfagia e aumento do estresse oxidativo (30).

Ademais, na vida adulta, podem desenvolver distúrbios voltados ao aumento de peso, devido a tentativa metabólica de compensar o ganho nutricional (29, 31, 32). A hipótese do fenótipo econômico sugere que o desenvolvimento fetal seja sensível a modificações em gestações com baixa ou alta disponibilidade nutricional

(33). Assim, postula-se que o desenvolvimento embrionário em um ambiente precário de nutrientes, permite que o organismo do mesmo desenvolva uma resposta adaptativa que promove o crescimento de alguns órgãos vitais (34). Assim, aumentando as chances de sobrevivência do feto durante a gestação e também no período pós natal de sobreviver em um local com baixa disponibilidade nutricional durante a vida. Em contrapartida, embriões que se desenvolvem com alta disponibilidade de nutrientes não apresentam a mesma resposta adaptativa, de modo que apenas conseguem manter uma vida adequada com uma grande disponibilidade nutricional (33, 34).

Por conseguinte, observamos que existem janelas críticas do desenvolvimento com maior vulnerabilidade a insultos que repercutem no estado de saúde do indivíduo, principalmente no âmbito de uma maior probabilidade de desenvolver obesidade ao longo da vida (31, 33). Eventos reunidos que implicam na programação metabólica repercutem no metabolismo materno e na prole (11). Desvendar estes eventos e os mecanismos e consequências da programação metabólica contribuem para a compreensão da prevalência de doenças crônicas na população mundial.

2  METODOLOGIA

Trata-se de um estudo descritivo do tipo revisão que analisou muitas publicações teóricas sobre os fatores presentes nas janelas de programação metabólica, gestação, lactação e primeira infância, que predispõem o aparecimento da obesidade na vida adulta em ratos.

A elaboração da pesquisa foi realizada por meio dos descritores em ciências de saúde “programação metabólica”, “janelas de programação” e “obesidade”. A coleta de dados foi realizada através de pesquisas bibliográficas abordadas em bases de dados SCIELO e PUBMED.

Foram excluídos estudos como estudos com potenciais conflitos de interesse, investigações não pertinentes e estudos que não contribuíam de forma significativa para o avanço científico. Foram incluídos a maior quantidade de artigos completos que se enquadrassem ao tema e objetivo proposto, dando prioridade para pesquisas mais recentes. Entre os artigos disponíveis, foram selecionados e analisados de forma detalhada os estudos com potenciais abordagens sobre os principais insultos presentes nas diferentes janelas de programação metabólica e o mecanismo que predispõem à obesidade na vida adulta.

Os dados selecionados dos meios eletrônicos consultados foram e apresentados na seção “Resultados e Discussões”.

3  RESULTADOS E DISCUSSÕES

A obesidade é uma doença caracterizada pelo nível elevado de gordura corporal acumulada que compromete a saúde dos indivíduos (35). Segundo o Ministério da Saúde, a etiologia da obesidade é bastante complexa, sendo considerada uma doença crônica de origem multifatorial que engloba dimensões biológicas, sociais, culturais e comportamentais. No panorama global, a obesidade é considerada uma crise de saúde pública, quase triplicou desde 1975 e atualmente 40% da população mundial está acima do peso (2). No Brasil, existem 41,2 milhões de adultos obesos, ou seja, um em cada quatro indivíduos maiores de 18 anos têm obesidade. E a projeção da incidência anual de novos casos tende a aumentar cada vez mais (1).

Visto isso, evidencia-se que a obesidade precisa ser tratada como um problema na saúde pública, pois a mesma aumenta o estado inflamatório do organismo, deixando o obeso exposto a uma inflamação crônica (36). Esse processo inflamatório ocorre devido aos adipócitos, células que compõem o tecido adiposo, que liberam interleucinas inflamatórias, como IL-6, que desencadeiam uma retroalimentação positiva estimuladora de macrófagos tipo 1 que apresentam atividade pró-inflamatória, assim, gerando um ciclo inflamatório (37, 38). Juntamente a isso, é de extrema importância ressaltar o impacto resultante desse ciclo sobre a vida dos indivíduos, como o aumento de risco de doenças mortais, como, diabetes, do coração, e ao menos 13 tipos de câncer segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2018) (39).

A pretexto destas informações, se torna indispensável compreender o caráter etiológico nas janelas de programação metabólica, como o período de gestação, lactação e a primeira infância, que favorecem o indivíduo a ocasionar um sobrepeso que o leva à obesidade (32). Assim, tornando possível a implementação de ações que podem reverter o cenário atual, o qual o globo se encontra (36).

3.1  Insultos Metabólicos na Gestação

Segundo Suzuki, et al. (2018), quando Barker, em 1998, implementou o conceito de janelas de programação metabólica que predispõe o aparecimento da obesidade na vida adulta, o mesmo postulou uma sugerindo que o desenvolvimento fetal seria sensível ao ambiente nutricional (4). A programação fetal teria como objetivo aumentar as chances de sobrevivência do embrião, resultando em um metabolismo pós-natal alterado (9, 31, 37).

Visto isso, percebe-se a importância de estudar os insultos que ocorrem durante a fase fetal (40, 41). Tais insultos acarretam em consequências significativas na vida adulta do indivíduo, como a obesidade (42, 43). Segundo Lacagnina, et al. (2019), o mesmo fenômeno, criado conceitualmente por Barker, foi observado durante a fome holandesa que ocorreu na segunda guerra mundial, após o exército nazista cortar os suplementos alimentícios do país (44, 45). De acordo com Skowronski, et al. (2024), observou-se, nessa conflagração, que a carência alimentar da mãe levava ao mau desenvolvimento da prole (46, 47).

Consequentemente, principalmente, da resposta ao baixo nível de nutrientes durante a fase fetal e ao início da infância (40). Segundo Roseboom, et al. (2012), os adultos nascidos perto da fome holandesa desenvolviam algum tipo de problema de origem cardiovascular (48). Isso torna convicto que o indivíduo é extremamente sensível ao ambiente nutricional devido a presença do sistema regulador do balanço energético, o qual se caracteriza pela plasticidade da homeostase energética corporal (44). O desequilíbrio entre a ingestão e o gasto energético materno influencia no balanço energético positivo ou negativo do feto (49).

A obesidade materna associa-se ao ganho de peso acima das recomendações, tornando o balanço energético do feto positivo. Isso verifica-se primordialmente como um grande gerador de resultados adversos na fase fetal e na futura vida adulta do mesmo, podendo predispor o surgimento da obesidade e distúrbios metabólicos (50). Além disso, tais alterações na fase fetal resultam em recém-nascidos grandes para a idade gestacional, sendo classificados como grande para a idade gestacional (GIG). Outros determinantes patológicos maternos, além da obesidade, que influenciam o desenvolvimento do neonato GIG, são respectivamente a hipertensão arterial sistêmica e a diabetes mellitus (51, 52). Concluindo, assim, que algumas doenças crônicas maternas predispõem o surgimento de obesidade. Ambas as classificações dos neonatos, demonstram risco elevado de agravos na saúde, tais como: baixos índices de Apgar, convulsões, complicações respiratórias, obesidade, hipertensão arterial sistêmica e síndrome metabólica (49).

É essencial recordar a contribuição materna na geração da prole tão precocemente quanto o próprio processo de gestação (42, 53). A nutrição materna durante a maturação do oócito é relevante para a futura formação fetal, informando-o precocemente sobre a disponibilidade energética, com a intenção de ativar mecanismos compensatórios para mantê-lo vivo caso haja restrição das fontes de alimento (50). Após a implantação do embrião, durante o primeiro trimestre ele é suprido por aminoácidos e glicose, advindos da placenta, para que a formação tecidual e a síntese de energia ocorram de forma eficaz (54). Ao fim da gestação, as necessidades do balanço energético fetal aumentam e ácidos graxos livres e glicerol, derivados do estoque de tecido adiposo materno, serão utilizados como fonte de energia pela gestante e seus produtos metabólicos, tais como: cetona e substratos energéticos, serão aproveitados pelo cérebro fetal para o desenvolvimento final (55).

A partir dos dados fornecidos sobre o metabolismo materno-fetal, acredita-se que o feto que sofreu restrição do crescimento intraútero obteve intrusões de crescer lentamente e ter menos tecido muscular formado, ou seja, ser “econômico”, como forma de gastar menos energia (56). Dessa forma, após o nascimento, o feto realiza uma aceleração compensatória do crescimento na tentativa de restabelecer o processo de crescimento corporal (57, 58). Podendo provocar, a longo prazo, graves complicações e insultos nas janelas de programação metabólica, dentre eles a obesidade, resistência insulínica, síndrome metabólica e doenças crônicas não transmissíveis (59).

Entretanto, caso o feto apresente grande aporte energético e nutricional de sua mãe, ele poderá haver maior crescimento intraútero (42, 53, 59). Mas, isso não se classifica como algo benéfico ao feto, porque ao nascer terá maior disposição de tecido adiposo em comparação ao tecido magro, influenciando consequentemente no metabolismo e predispondo o aparecimento de síndrome metabólica e obesidade na vida adulta (60).

3.2  Insultos Metabólicos na Lactação

Uma alimentação balanceada e adequada tanto para a lactante quanto para o lactente é essencial para o crescimento, desenvolvimento e manutenção do organismo (61). Visto que, o fornecimento inadequado e insuficiente de nutrientes em períodos críticos do desenvolvimento fisiológico, como na lactação, causa modulações nos circuitos fisiológicos e neurais do lactente e consequentemente repercussões a curto e a longo prazo (17).

A partir disto, é preciso clarificar os desbalanços fisiológicos que ocorrem no adulto devido a insultos que ocorrem durante a lactação, como por exemplo o desmame precoce (17, 62). Segundo Peixoto, et al. (2020), o desmame precoce em humanos, que seria a interrupção da amamentação materna antes do lactente completar seis meses de idade, independentemente de ser a decisão materna ou não, influencia diretamente na vida do indivíduo na sua fase adulta (62, 63, 64).

Pietrobon (2020), apresentou que aos ratos são recomendados apenas 21 dias para a lactação completa (65). Simulando o desmame precoce nesses animais, deixa-os em amamentação por apenas 19 dias e após isso colocam um esparadrapo nos ratos para cessar o aleitamento materno precocemente (66). Isso permite que os ratos apresentem defeitos nas ilhotas pancreáticas na vida adulta, tornando os animais propensos ao sobrepeso, hiperfagia e resistência à leptina (29). Devido ao excesso de adiposidade e aumento do estresse oxidativo, todos os mecanismos que eram regulados de forma efetiva pela insulina e pelo glucagon passam a ser inefetivos (42).

Além disso, em pesquisas com ratos, quando a alimentação se altera de forma brusca e antecipada após o desmame precoce, pode ser prejudicial, gerando uma grande modulação no sistema metabólico dos ratos (28, 30). Então, os animais passam a buscar em outras fontes de alimentos os nutrientes que haviam no leite materno para alcançar a saciedade nutricional. Mas, isso acarreta em modulações no metabolismo que refletem na vida adulta, principalmente distúrbios metabólicos voltados ao sobrepeso para tentar compensar esse ganho nutricional (66).

De acordo com Pietrobon (2020), o grande efeito de busca e preferência alimentar, que se sobrepõe à saciedade, após o desmame precoce ocorre por meio de alterações do sistema dopaminérgico e endocanabinóide (65). O sistema dopaminérgico está relacionado à recompensa, por meio da liberação de dopamina, e o sistema endocanabinóide está relacionado com a preferência alimentícia e a busca dos nutrientes (67). Esses sistemas funcionam em conjunto e em equilíbrio, fisiologicamente (64). Pois, após o circuito endocanabinóide desempenhar sua função e o indivíduo encontrar o alimento e consumi-lo, tem-se a estimulação do sistema dopaminérgico que libera dopamina e provoca a saciedade, dessa forma interrompe a busca provocada pelo sistema endocanabinóide (68, 69). Entretanto, quando ocorre um desequilíbrio na comunicação desses dois sistemas, como acontece no desmame precoce devido à falta de nutrientes que mantinham a homeostase, não temos um cessando o outro, assim, ocorre um desequilíbrio (66, 70). Consequentemente, se houver uma liberação exacerbada do endocanabinóide e uma baixa liberação de dopamina, a busca alimentar torna-se ininterrupta e se sobressai em relação à saciedade, levando o indivíduo a não-saciedade (71).

De fato, concluímos que a amamentação realizada de forma correta tem como principal resultado a menor predisposição à obesidade na vida adulta. Entretanto, quando comparado ao indivíduo que sofreu desmame precoce ou que passou por outras influências durante o período da lactação, devido à alta modulação que as janelas de programação metabólica sofrem nesse período, este apresenta maior predisposição à obesidade na vida adulta.

3.3  Insultos Metabólicos na Primeira Infância

A primeira infância compreende a fase dos 0 aos 6 anos e é um período crucial no qual ocorre o desenvolvimento de estruturas e circuitos cerebrais, bem como a aquisição de capacidades fundamentais que permitirão o aprimoramento de habilidades futuras mais complexas (72).

Em 2018, Mariana Pantano realizou um estudo que abordou a relevância dos primeiros 1.000 dias (270 dias de gestação e os dois primeiros anos de vida) no indivíduo e a maneira que esse intervalo de tempo determina o metabolismo do humano e a probabilidade do mesmo de desenvolver doenças (68, 73).

Esse fato torna-se crucial a partir do momento que se percebe que o indivíduo apresenta um desenvolvimento e crescimento normal, tendo todas as suas conexões sinápticas desenvolvidas no momento adequado (72). Porém, caso o indivíduo apresente, por exemplo, um desmame precoce, o metabolismo do mesmo precisa realizar um rápido ganho de peso corporal para compensar o que foi ausentado (29, 31, 32, 66). Quando esse mecanismo metabólico recompensador do crescimento não ocorre adequadamente, devido a falhas, pode gerar um processo denominado catch up falho, ou seja, um instante de crescimento acelerado após um crescimento falho inicial. Porém, o crescimento muito rápido geralmente pode ser prejudicial ao indivíduo devido a vulnerabilidade e o desequilíbrio metabólico que o organismo é exposto (74).

No catch up fisiológico, o estômago sintetiza e secreta grelina, um hormônio orexígeno, que alcança o hipotálamo e estimula-o, permitindo então o aumento do apetite e a busca por alimento. Simultaneamente, o hipotálamo estimula a hipófise a secretar GH (Growth hormone) que aumenta os níveis de IGF (Fator de crescimento semelhante à insulina) no organismo, permitindo a preparação do metabolismo para receber os nutrientes que procura e a promoção do crescimento tecidual (75). Após esse processo, o excesso de glicose captado pelo corpo é armazenado no tecido adiposo. Esse tecido secreta leptina, um hormônio anorexígeno, que desempenha papel antagonista à grelina, estimulando o hipotálamo a inibir essa substância e consequentemente causar a saciedade e então cessar a busca alimentar (76).

Entretanto, esse processo só ocorre em um ambiente nutricional favorável, garantindo um crescimento adequado ao organismo. No exemplo do desmame precoce, o catch up fisiológico torna-se falho, favorecendo a obesidade na vida adulta (66, 77). A falta de nutrientes, causada por essa restrição alimentar, permite que o estômago secrete a grelina, fazendo o indivíduo buscar alimentos antecipadamente. Porém, essa procura faz-se constante pelo organismo, assim estimulando juntamente o GH da mesma forma. Esse ciclo permanece incessante por causa da falta do alimento adequado para inibir a produção da grelina, principalmente porque não ocorre o acúmulo de triglicerídeos no tecido adiposo e em consequência, a secreção de leptina torna-se deficitária para inibir a grelina, tornando o indivíduo insaciado (78, 79).

Concomitante a isso, os níveis séricos de GH ficam excessivos e induzem à insensibilidade, ou seja, provocam resistência hormonal ao mesmo. Dessa forma, se estabelece um crescimento falho devido à falta de IGF-1, estimulado normalmente pelo GH (79, 80). No momento que o sujeito se realimentar e houver reganho de peso, o GH volta a ser atuante, permitindo que o metabolismo tente recompensar o período falho de crescimento por meio da síntese exacerbada de IGF-1. Mas, esse excesso hormonal induz o desenvolvimento tecidual de maneira acelerada, podendo muitas vezes ser falho e, além do grande acúmulo de triglicerídeos que causa, permitindo predispor e provocar a obesidade devido a grande quantidade de tecido adiposo acumulado no organismo do indivíduo na tentativa do reganho de peso (80,81).

Portanto, se faz claro que na primeira infância do indivíduo, o mesmo está sujeito a insultos que podem alterar seu metabolismo na vida adulta, podendo predispor à obesidade (82). Assim como na adolescência, existem muitos estudos que comprovam uma semelhança nessa vulnerabilidade do metabolismo à alguns fatores condicionantes como, a obesidade abdominal, triglicerídeos elevados, baixos níveis do colesterol de lipoproteínas de alta densidade (HDL-c), e pressão arterial e glicemia de jejum aumentadas, que permitem o aparecimento da obesidade na vida adulta (83).

3.4           Principais Relações e Diferenças das Janelas Metabólicas da Gestação e Lactação

As relações entre as janelas de programação metabólica são importantes para avaliarmos os diferentes resultados (10, 11). Evidencia-se que os insultos ocorridos durante a gestação e lactação podem gerar fenótipos metabólicos extremamente distintos na prole. Tal fato é observado através de estudos que abordam os mecanismos que os insultos ocorridos nas janelas de programação geram sucessões com diferentes metabolismos, as quais, na maioria dos casos, apresentam como resultado a obesidade na vida adulta (9, 11, 17).

Segundo Carvalho, et al. 2016, a comparação entre a prole de mães obesas e de mães com o peso considerado adequado durante o período gestacional, permite observar que os derivados de progenitoras obesas desenvolvem um maior risco para desenvolver desordens alimentares e como consequência a predisposição à obesidade (83). Isso ocorre porque o sobrepeso maternal é um stress que estimula a inflamação, gerando um aumento de estresse oxidativo e diminuição da enzima 11beta-hidroxiesteróide desidrogenase 2 (11 HSD2), presente na placenta para inibir o cortisol materno em cortisona (84). Dessa forma, favorece o aumento dos níveis de cortisol materno circulante através da placenta, onde torna-se anabólico devido à associação aos nutrientes disponíveis provindos da mãe, podendo causar macrossomia fetal (84, 85, 86). Além deste fator, o stress também ocasiona disbiose intestinal, gerando diversos problemas digestivos e absortivos. Então, observamos a alteração metabólica da prole devido a obesidade da progenitora na gestação (85).

A amamentação é uma pauta muito debatida nas janelas de programação metabólica, sendo recomendada até os 6 meses de vida. Porém, diversos dados mostram que o desmame precoce é um fator presente em muitas relações mãe-bebê que participam da modulação da programação metabólica da prole (17, 61). Segundo Pietrobon, et al. 2020, a interrupção abrupta dos nutrientes do leite materno em ratos acarreta em efeitos a longo prazo sobre as ilhotas pancreáticas da prole e também desregulação nos sistemas dopaminérgico e endocanabinóide, que participam do controle da saciedade (65). Como resultado, apresentou-se que a saciedade passa a ocorrer tardiamente, gerando o fenômeno de hiperfagia, o que ocasiona a obesidade (85).

Assim, entende-se que os insultos ocorridos em diferentes janelas de programação metabólica, principalmente na gestação e lactação, permitem que sejam gerados fenótipos metabólicos altamente distintos. Mas, ambos permitem que a predisposição à obesidade na vida adulta ocorra devido às alterações ocasionadas por eles no organismo.

4  CONCLUSÃO

Diversos estudos dedicam-se a compreender esse tema complexo que é a programação das janelas metabólicas e como elas predispõem o surgimento de obesidade na vida adulta e para outras gerações. Dado o exposto, percebe-se que os insultos ocorridos na gestação, lactação e primeira infância podem gerar fenótipos metabólicos diferentes, mas apresentam como resultado final a predisposição à obesidade.

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1Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto UniCesumar Campus Maringá e-mail: ra-22034181-2@alunos.unicesumar.edu.br

2Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto UniCesumar Campus Maringá e-mail: ra-22037763-2@alunos.unicesumar.edu.br

3Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto UniCesumar Campus Maringá e-mail: camila.matiusso@docentes.unicesumar.edu.br