PROGRAMA DE EXERCÍCIOS E ORIENTAÇÕES PARA CRIANÇAS COM FIBROSE CÍSTICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10204966


Estefany Soares Evangelista
Lyandra Rodrigues Lino
Nathalia Fernandes de Lamata
Victor Prado dos Santos
Shayran Silva da Costa
Orientadora: Profª Jamili Anbar


INTRODUÇÃO

A Fibrose Cística (FC) é uma doença autossômica recessiva multissistêmica comum, potencialmente fatal, a manifestação dessa doença é mais comum no período neonatal, porém pode vir em um período mais tardio de sua vida. Nos últimos anos, grandes avanços foram feitos na compreensão da fisiopatologia da Fibrose Cística, permitindo à comunidade científica propor os mecanismos subjacentes a muitas manifestações clínicas da FC. Após a descoberta do gene regulador da condutância transmembrana da Fibrose Cística (CFTR) em 1989, a estrutura e a função da proteína CFTR foram descritas. Desde então, mais de 2.000 variantes do gene CFTR e seu impacto na quantidade e função da proteína CFTR foram relatados. O papel da proteína CFTR como um canal iônico para o transporte de cloreto e bicarbonato e seus efeitos em vários órgãos epiteliais revestidos por células e muco é agora melhor compreendido. Mecanismos de suscetibilidade à infecção na FC também foram sugeridos e incluem anormalidades na composição, volume e acidez dos fluidos da superfície das vias aéreas, alterações anatômicas e funcionais das glândulas submucosas e deficiências no sistema de depuração do muco. Múltiplas hipóteses explicando a resposta inflamatória excessiva na FC também são debatidas e envolvem depuração de mucina prejudicada, hipóxia prolongada, anormalidades lipídicas, desequilíbrio de protease e antiprotease e desequilíbrio oxidante e antioxidante. [1]

A Fibrose Cística é uma doença crônica progressiva que ocorre em todas as etnias e é igualmente comum em ambos os sexos. Atinge cerca de 70 mil pessoas em todo mundo, e é a doença genética grave mais comum da infância [2]. O gene da FC foi isolado, clonado e sequenciado, permitindo estudar os mecanismos bioquímicos responsáveis pela fisiopatologia da doença. Também auxilia no tratamento de complicações do paciente, como fluidos espessos e viscosos que obstruem os pulmões, pâncreas e ductos biliares.

O tratamento atual inclui antibioticoterapia, higiene respiratória, exercícios, mucolíticos, broncodilatadores, oxigénio, agentes anti-inflamatórios e suporte nutritivo. O exercício físico, aliado ao tratamento, melhora a capacidade física de crianças e jovens com FC. As evidências mostram que o exercício físico combinado com o tratamento padrão em pacientes com a patologia em questão melhora a capacidade funcional e o estado nutritivo, aumenta a depuração mucociliar e a densidade mineral óssea e minimiza o declínio da função pulmonar, aprimorando assim o prognóstico e a sobrevida de internações. Em comparação com indivíduos saudáveis, as crianças com FC introduzem função respiratória diminuída e subnutrição, levando à fadiga muscular e comprometimento do desempenho e da mobilidade. Consequentemente, a prática de atividade física regular é de extrema importância no tratamento desses pacientes e deve ser incentivada durante todo o processo de crescimento e desenvolvimento para que esse comportamento tenha maiores chances de ser transferido para a vida adulta. [3]

OBJETIVOS

O presente estudo tem como objetivo:

  • Apresentar um protocolo de exercícios para crianças com Fibrose Cística.
  • Orientar sobre a disfunção causada pela Fibrose Cística através de vídeos de curta metragem e distribuição de manual ilustrativo, disponibilizados gratuitamente.

JUSTIFICATIVA

O presente estudo apresenta um protocolo de exercícios fisioterapêuticos para crianças com Fibrose Cística, com finalidade de promover acessibilidade e informações sobre a disfunção causada. Os exercícios irão favorecer a eliminação da secreção, reduzir os agravos da doença e minimizar as alterações psicossociais. Assim como ajudar na rotina dos cuidados diários, monitorização de sintomas e auto percepção do cuidado.

O programa de orientação é voltado para crianças que estejam obrigatoriamente sob acompanhamento fisioterapêutico e médico. Sendo, portanto, uma terapia auxiliar, o programa não substitui nenhum tratamento e não dispensa acompanhamento profissional.

HIPÓTESE

Melhora da qualidade de vida e adesão ao tratamento de crianças com Fibrose Cística.

MÉTODO

Trata-se de um estudo de revisão interativa, que busca compreender as vivências de famílias com crianças diagnosticadas com Fibrose Cística e trazer informações sobre a doença e instruir exercícios que podem ser realizados em sua casa. Foram selecionados exercícios utilizados no tratamento de pacientes com esta disfunção.

O grupo focal foi famílias com crianças e jovens entre 5 a 18 anos com Fibrose Cística que convivem na mesma residência.

A pesquisa foi realizada nas seguintes bases de dados: SCIELO, PUBMED, PEDRO e Livros, utilizando os seguintes descritores: Fisioterapia; Fibrose Cística e Exercícios. Foram utilizados 1 livro e 24 artigos científicos em Inglês e Português de um período de 2008 a 2022.

O estudo em questão não apresenta conflitos de interesse, não recebeu financiamento e foi conduzido integralmente com recursos próprios. Além disso, todo o material utilizado foi doado pelos membros do grupo de pesquisa.

CRITÉRIOS DE SEGURANÇA

Só poderá realizar o que foi proposto crianças hemodinamicamente estáveis, sem sinais de desconforto respiratório.

Importante que todos que forem acompanhar os exercícios tenham em casa um oxímetro e a tabela de referência dos valores normais (tabela1), para realizar o monitoramento dos sinais vitais antes do exercício, durante e após o seu término. Em caso de alteração nos valores, suspender o exercício imediatamente.

Tabela 1: Parâmetros dos Sinais Vitais Normais

Fonte: Régua de avaliação da dor (MACKWAY-JONES, MARSDEN, WINDLE, 2017).

(Abreviações: FC- frequência cardíaca; FR- frequência respiratória; Tax- temperatura corporal; Sp02- saturação; mrpm- movimentos respiratórios por minuto).

Além do monitoramento dos sinais vitais, se faz necessário o cálculo da frequência cardíaca máxima e submáxima. A frequência cardíaca submáxima, aquela com a qual o paciente consegue fazer exercícios sem se sentir mal, fica em torno de 60 a 80 por cento da frequência cardíaca máxima para a idade do paciente. Para saber a taxa máxima para idade, precisa fazer o seguinte cálculo: 220 menos a idade do paciente. Por exemplo: faça 220- a idade do paciente, se a frequência cardíaca estiver entre 60% e 80% desse valor (o que corresponde a um número entre 105 e 140 batimentos por minuto), está dentro do normal. [5]

CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

Na tabela 2, apresentamos quais os critérios de inclusão e exclusão utilizados no presente estudo para criação do protocolo de exercícios. O mesmo abrange os critérios que utilizamos nas buscas pelos exercícios e informa quais pacientes estão aptos ou não a realizarem o protocolo proposto.

Tabela 2: Quadro de critérios de exclusão e inclusão.

CRITÉRIOS DE EXCLUSÃOCRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Crianças/adolescentes menores de 5 anos e maiores de 18 anosCrianças/adolescentes de 5 anos a 18 anos
Hemodinamicamente instávelHemodinamicamente estáveis e sem desconforto respiratório.
Pós TransplantadosCrianças/ adolescentes com alterações posturais.
Com Hemoptise MaciçaCrianças/adolescentes secretivos.
Pneumotórax não drenado ou com menos de duas semanas após drenoCrianças/ adolescentes com responsáveis ou acompanhantes para auxilio em determinados exercícios
Pacientes hospitalizadosPacientes com Fibrose Cística que tenham redução de força muscular, motora ou respiratória.
Pós operatório imediatoCrianças e adolescentes que estão em tratamento da Fibrose Cística, com acompanhamento multiprofissional.
Crianças/adolescentes não cooperativosPacientes colaborativo.
Outras doenças CrônicasCrianças/adolescentes apenas com Fibrose Cística, sem doenças crônicas associadas.

Pacientes seguindo tratamento em casa.


REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os critérios para escolha de exercícios, foram exercícios cientificamente comprovados como eficazes no tratamento de Fibrose Cística, conforme alguns exemplos citados na tabela 3 e ao longo deste estudo.

Os exercícios e a prática de atividade física são recomendados desde 1970 para pessoas com Fibrose Cística, estudos apontam que a prática de exercícios físicos melhora a função pulmonar, qualidade de vida além de diminuir a mortalidade. De acordo com Swisher, Anne K. A prática de atividade física deve fazer parte da rotina de pessoas com Fibrose Cística em qualquer idade.

Tabela 3: Revisão Bibliográfica.

AutorObjetivoMétodoIdade das AmostrasConclusão do Artigo
Elbasan, B (2012)Avaliar os efeitos da fisioterapia respiratória e do treinamento físico aeróbio na aptidão física de crianças pequenas com Fibrose Cística. 5 a 13 anosConcluíram que exercícios aeróbios aumentam a expiração forçada e contribuem com a eliminação de secreção, consequentemente ajuda no aumento da tolerância ao exercício e diminui a sensação de falta de ar.
Gruber W (2008)Examinar os efeitos de um programa de treinamento físico supervisionado, analisando os aspectos da aptidão como flexibilidade, equilíbrio e coordenação em paciente com Fibrose Cística.Caso e Controle6 a 18 anosConcluíram que alguns dos componentes motores da aptidão física em crianças com Fibrose Cística foram inferiores em comparação com crianças saudáveis da mesma idade. Com isto ele apoia não somente a prática de exercícios aeróbios, mas também exercícios de flexibilidade, equilíbrio e de habilidades motoras como componentes da aptidão física em jovens com Fibrose Cística.
Eduardo Foschini (2009)Analisar o treinamento físico ambulatorial de crianças portadoras de Fibrose Cística para verificar a melhor conduta fisioterapêutica durante a reabilitação pulmonar.Revisão de Literatura Concluíram que o treinamento físico em crianças com Fibrose Cística tem grande importância para eficácia do tratamento fisioterapêutico.
Eliane Mattana (2019)Analisar a melhor conduta para crianças com Fibrose Cística.Revisão Sistemática Concluíram que os efeitos da prática de exercícios físicos são benéficos para crianças e adolescentes com Fibrose Cística, porém salienta a falta de um protocolo padrão e sugere mais estudo sobre a temática.
Haack, Adriana; (2013)Realizar uma revisão sobre exercícios físicos em pessoas com Fibrose Cística.Revisão Bibliográfica Concluíram que os exercícios físicos colaboram positivamente na função pulmonar e que é necessário novas pesquisas com estudos mais homogêneos.
Silva LT (2021)Avaliar a capacidade de exercício e nível de atividade física diária de crianças com Fibrose Cística e associar com o estado nutricional, função pulmonar, tempo de hospitalização e ao uso de antibióticos.Estudo Transversal6 a 18 anosConcluíram que a capacidade de exercício de crianças e adolescentes com Fibrose Cística apresentou-se reduzida e associada ao aumento do tempo de hospitalização, ao uso de antibiótico, função pulmonar e estado nutricional. Apontaram também que atividade física diária de intensidade moderada a vigorosa foi associada ao menor tempo de hospitalização.
Schindel (2013)Avaliar as possíveis alterações posturais em pacientes com Fibrose Cística e os efeitos de um programa de orientação para a prática de exercícios físicos em crianças e adolescentes com Fibrose Cística.Estudo Transversal7 a 18 anosConcluíram que crianças e adolescentes com Fibrose Cística apresentam alterações posturais consideráveis quando comparadas a indivíduos saudáveis, o estudo orienta que a prática de exercícios contribui para a melhora da postura em crianças e adolescentes com Fibrose Cística, evitando a progressão de algumas desordens posturais.
 J Phys (2014)Avaliar os efeitos fisiológicos imediatos da ELTGOL nos volumes pulmonares dinâmicos e estáticos em pacientes com Fibrose Cística.Estudo randomizado9 a 18 anosConcluíram que a técnica ELTGOL aumentou a eliminação de secreção pulmonar.
Célia Regina (2007)Avaliar os efeitos da prática regular de exercícios aeróbicos, de força e resistência muscular para adolescentes com Fibrose Cística.Revisão de Literatura Concluíram que a prática de exercícios aeróbicos e força muscular melhoram a desobstrução da árvore brônquica, diminuem a queda progressiva da função pulmonar, aumentam a massa muscular e a resistência do exercício. Além de promover o desenvolvimento ósseo e melhora a qualidade de vida.
Burnham P (2021)Comparar a eficácia clínica da Drenagem Autogênica em pessoas com fibrose cística com outras técnicas fisioterapêuticas de desobstrução das vias aéreas.Revisão Bibliográfica Concluíram que a Drenagem Autógena é uma técnica desafiadora que exige comprometimento do paciente e que ela não foi superior comparado a outras técnicas, sugerindo novos estudos sobre o tema.
Miller S (1995)Comparar Drenagem Autógena com Ciclo ativo da respiração.Estudo Randomizado Cruzado Concluíram que a Drenagem Autógena foi tão boa quanto o Ciclo ativo da respiração, afirmam a eficácia da Drenagem Autógena como método de fisioterapia domiciliar e indicam que os pacientes devem ser avaliados conforme método que se adequem melhor.
Corten L (2017)Determinar o efeito da Drenagem Autógena e da Drenagem Autógena Assistida comparada a com nenhuma e outra tipos de desobstrução das vias aéreas.Revisão Bibliográfica Concluíram que não há evidências suficientes para aceitar ou rejeitar a Drenagem Autógena como uma opção de tratamento segura ou eficaz em crianças com Fibrose Cística.
McIlwaine, M (2010)Comparar Drenagem Autógena e Drenagem Postural.Revisão Bibliográfica Concluíram que ambas as técnicas são eficazes, mas apesar disso apontou que os pacientes tiveram uma preferência pela Drenagem Autógena, pois a mesma deu mais independência e liberdade ao paciente de realizar seu tratamento de qualquer local, além de sentirem subjetivamente um funcionamento melhor.
McCormack P (2018)Comparar Drenagem Autógena com outras técnicas de desobstrução.Revisão Sistemática Concluíram que a Drenagem Autógena não foi considerada superior aos demais métodos de desobstrução, mas que é comparável a outras técnicas e que pode servir como um método alternativo em pacientes motivados e que queiram técnicas que apoiem sua independência.
Freitas DA (2018)Comparar Drenagem Postural Convencional (inclinação de 15º a 45º) com Drenagem Postural Modificada (inclinação de 15º a 30º) para verificar o efeito delas quanto o refluxo gastroesofágico em lactentes e crianças com FC.Revisão BibliográficaLactentes a 6 anosConcluíram que esta comparação ainda é limitada e fraca, porém pode-se deduzir que a Drenagem Postural com inclinação da cabeça de 30°está relacionada a um menor número de episódios de refluxo gastroesofágico e menos complicações respiratórias a longo prazo.
Magnum Alvez (2019)Identificar os efeitos positivos dos exercícios físicos sobre a função pulmonar em pacientes com Fibrose Cística.Revisão Interativa Concluíram que os exercícios físicos em geral integram o tratamento tradicional ofertado a maioria dos fibrocísticos, trazendo efeitos benéficos sobre a função pulmonar.
Sabrina almerinda (2022)Analisar a eficácia das técnicas manuais incluindo Drenagem Autógena e ELTGOL na remoção de secreção em crianças portadoras de Fibrose Cística.Revisão Bibliográfica Concluíram que é de extrema importância a utilização das técnicas para a remoção de secreção em crianças portadoras de Fibrose Cística, trazendo a elas uma melhor qualidade de vida.
Thalia Diniz (2022)Identificar a importância de técnicas específicas como Drenagem Autógena e exercícios aeróbicos em crianças com Fibrose Cística.Revisão de Literatura8 a 12 anosConcluíram que o tratamento de exercícios aeróbicos e Drenagem Autógena traz grandes benefícios as crianças fibrocísticas, colaborando com o melhor desempenho pulmonar após a retirada de secreção e o treinamento aeróbico.


PROTOCOLO DE EXERCÍCIOS

Encher bexiga (figura 1): Este exercício é mais interessante para as crianças por se tratar de um brinquedo muito comum no dia a dia. O paciente em sedestação deve inspirar profundamente e expirar enchendo a bexiga até o final da expiração;


Imitar o assopro velas (figura 2): Como o exercício anterior, esse também visa abordar o exercício de forma lúdica para a criança. O paciente em sedestação deve fingir que vai assoprar uma vela, ele vai inspirar pelo nariz de forma profunda e expirar pela boca;


Ciclo ativo de respiração (figura 3): É uma técnica realizada em três fases que consistem em ciclos respiratórios repetidos com o paciente em sedestação, através de respirações predominantemente diafragmáticas, seguidas de inspirações profundas com velocidade de fluxo lento, tanto na inspiração quanto na expiração e, por fim, fazendo uma expiração forçada, o Huffing;


Mãos no chão (figura 4): Paciente em posição ortostática deve ser instruído a inclinar o tronco para frente de forma a encostar as mãos no chão, com os joelhos estendidos, mantendo essa posição por pelo menos 30 segundos;


Caminhada (figura 5): Paciente poderá fazer a caminhada de aproximadamente 30 minutos, pelo menos 3 vezes por semana, preferencialmente todos os dias;


Rotação de cabeça (figura 6): Paciente sentado com as pernas cruzadas e a coluna estendida irá posicionar o queixo encostado na região do peito, fazendo o movimento de semicírculo com a cabeça, mantendo sua cabeça na parte anterior do corpo, fazendo 5 repetições;


Joelho no peitoral (figura 7): Paciente em decúbito dorsal irá fazer uma flexão de joelho e quadril, utilizando as mãos para segurar o joelho, mantendo essa posição por 1 minuto, em seguida, o paciente irá trocar o lado da perna e repetir o mesmo exercício;


Polichinelo (figura 8): Paciente em posição ortostática faz em sincronia o movimento de abertura e fechamento de membros inferiores e superiores, fazendo 5 séries de 30 repetições;


Sentar e levantar (figura 9): Paciente em posição ortostática e pés distanciados na largura do quadril, faz a flexão dos joelhos e quadril, e com a coluna reta e olhando para frente, irá sentar na cadeira e levantar, fazendo 3 séries de 20 repetições;


Torção (figura 10): Paciente em decúbito dorsal, e os braços estendidos com as palmas das mãos voltadas para cima, flexiona os quadris e os joelhos em 90 graus, rotacionando ambas as pernas para a esquerda, a cabeça rodada para o lado direito, o paciente irá respirar profundamente e ficar nesta posição por 1 minuto, e em seguida inverterá o lado das pernas e da cabeça e repetirá o exercício;


Alongamento da musculatura cervical (figura 11): Paciente deve se posicionar sentado ou em pé com a coluna vertebral em posição neutra. Em seguida, deve inclinar a cabeça lateralmente para um dos lados, mantendo os ombros relaxados e a cabeça em linha com a coluna vertebral. A posição deve ser mantida por um período de 10 segundos antes de inclinar a cabeça para o lado oposto e segurar novamente por 10 segundos. Esse movimento pode ser repetido várias vezes para obter um alongamento efetivo da musculatura cervical.


Rotação da coluna vertebral (figura 12): Paciente senta-se com as pernas cruzadas e as mãos nos joelhos. Realiza uma rotação da coluna vertebral, girando lentamente a parte superior do corpo para um lado e segurando a posição por 10 segundos, em seguida, gira para o outro lado. Esse exercício também deve ser repetido várias vezes.


Extensão da coluna vertebral (figura 13): Paciente fica de pé com as mãos apoiadas nos quadris, realiza uma extensão da coluna vertebral, inclinando-se lentamente para trás, mantendo os joelhos estendidos e os ombros relaxados. A posição deve ser mantida por 10-15 segundos e repetida várias vezes.


Agachamento com a bola de exercício (figura 14): Paciente fica em pé com os pés afastados na largura dos ombros e segura uma bola de exercício entre as mãos. Realiza um agachamento, mantendo a coluna vertebral em posição neutra e empurrando os quadris para trás. A posição deve ser mantida por 10-15 segundos e repetida várias vezes.


ELTGOL: Posicionar o paciente em decúbito lateral, ou seja, com a posição a ser tratada em contato com a superfície de apoio, estando o membro superior lateral flexionado. O terapeuta deve se posicionar posteriormente ao paciente, e posicionar um membro superior na região anterior do paciente, com a mão espalmada e apoiada na maca/cama, e com o antebraço em contato com a região abdominal infra umbilical. enquanto o paciente expira de forma lenta e a glote totalmente aberta, a mão superior do fisioterapeuta deve exercer uma pressão de contra apoio (para baixo ou para dentro),enquanto o seu antebraço gera uma pressão abdominal para dentro e para cima, favorecendo a desinsuflação do pulmão lateral inferior;

Postura do gato e da vaca (figura 15): Paciente na posição de 4 apoios, irá inspirar, relaxando o abdômen em direção ao chão, arqueando a coluna para baixo e levando os glúteos e queixo para cima. Ao expirar, irá curvar a coluna para cima, puxando o queixo para o peito. Repetir o movimento de 6 a 10 vezes.


Flexão (figura 16): Paciente em decúbito ventral, ele colocará suas mãos paralelas aos ombros mantendo as pernas estendidas e os joelhos no chão, em seguida levantando o tronco com a ajuda dos braços, fazendo um movimento de “empurrar o chão”, fazendo 3 séries de 10 repetições;


Prancha isométrica (figura 17): Paciente na posição de prancha, apoiado nos cotovelos e dedos dos pés no chão, com o corpo inteiramente alinhado do calcanhar até a ponta da cabeça. Mantenha por 30 a 60 segundos;


Remada curvada (figura 18): Paciente segurando uma barra horizontalmente à frente do corpo com as duas mãos, braços para baixo e palmas voltadas para si. Mantenha os pés afastados na largura do quadril, levando o quadril para trás, dobrando levemente os joelhos e deixando a barra alinhada abaixo dos ombros. Puxe os cotovelos para trás enquanto puxa a barra até o umbigo. Faça 3 séries de 8 a 15 repetições.


Super-homem em isometria (figura 19): Paciente deitado no chão de barriga para baixo, com pernas alinhadas e braços à frente. Deve contrair a lombar e tirar os braços e pernas do contato no chão ao mesmo tempo. Segurando a posição por 30 a 60 segundos.


Swimming (figura 20): Paciente na posição inicial de super-homem, com membros alinhados. Levantando o braço direito do chão ao mesmo tempo que levanta a perna esquerda. Abaixando-os enquanto levanta o braço esquerdo e perna direita. Continue alternando por 30 a 60 segundos.


Com Argolinha (figura 21): Paciente sentado no chão ou superfície reta com as pernas esticadas e afastadas uma da outra, pega uma argolinha e tenta colocar em um pé, em seguida retorna à posição inicial e tenta colocar a argolinha no outro pé (sem dobrar os joelhos).


Serra-Serra Serrador (figura 22): Paciente e o responsável sentados no chão ou em superfície reta, com as pernas esticadas um de frente para o outro com os pés encostados, seguram as mãos um dos outro ou com uma toalha, puxam alternando, assim como na brincadeira serra-serra serrador.


Alongamento dos Adutores de quadril (figura 23): Paciente e responsável sentado no chão ou em superfície reta, de frente um para o outro com as pernas esticadas e afastadas, seguram as mãos um dos outro, puxam cada um para seu lado alternadamente.


Exercícios de mobilidade e equilíbrio (figura 24): Brincadeira da Amarelinha Adaptada consiste em estar com as pernas paralelas e dar um pulo para frente com apenas um pé, em seguida retorna para a posição inicial e começa novamente. O paciente pode optar em desenhar no chão a estrutura da amarelinha ou usar o piso da própria casa. Pode também associar a brincadeira com dupla tarefa, soletrando as letras do alfabeto ou numerais.

Exercícios de fortalecimento abdutores do quadril (figura 25): Colocar um mini-band nas pernas um pouco acima do joelho, agachar e fazer a marcha do caranguejo, enquanto faz a marcha do caranguejo pode jogar uma bola para o responsável para ficar mais divertido.


Drenagem Autógena (DA): A técnica da Drenagem Autógena (Figura 26) começa com o paciente sentado, uma mão na barriga e outra no peito. O paciente é instruído a inspirar lentamente pelo nariz e soltar o ar pela boca em um ritmo tranquilo. Ao final da inspiração, o ar deve ser mantido nos pulmões por três segundos antes de ser expirado lentamente. Esse processo deve ser repetido três vezes, começando com uma quantidade normal de ar, aumentando gradualmente até que o paciente esteja puxando o máximo de ar que conseguir. Após cada série, o paciente deve tossir para ajudar a expelir a secreção. O processo deve ser repetido por pelo menos dois minutos e depois descansar. Repita até completar 20 minutos, ou quantas vezes forem necessárias para expelir toda a secreção.


Drenagem Postural (DP): A técnica da Drenagem Postural envolve a colocação do paciente em uma maca que é ajustada para a altura e ângulo corretos para a drenagem do local afetado. O paciente é posicionado de forma a aproveitar a força da gravidade para ajudar a transportar o muco do pulmão em direção às vias aéreas centrais, onde pode ser removido. Essa técnica segue a anatomia da árvore brônquica e adota uma postura invertida para o segmento pulmonar afetado. Isso permite que a secreção se desloque para uma área mais central, onde pode ser removida por meio da tosse ou aspiração. O paciente é mantido nessa posição por 20 a 30 minutos em cada lado, dependendo da quantidade, viscoelasticidade e aderência do muco, além da tolerância do paciente.

Para assistir na integra os vídeos dos exercícios acima, basta apontar a câmera do celular no QR Code abaixo, que automaticamente você será direcionado para a página do Youtube com o passo a passo de cada exercício e sua respectiva explicação.

RESULTADO

Com base nessa pesquisa foram produzidos 7 vídeos pelo grupo acadêmico de aproximadamente 5 minutos cada e um manual ilustrativo com os exercícios e informações, cujo objetivo é instruir a forma correta de execução dos exercícios, melhorar a qualidade de vida e trazer esclarecimento ao público que irá conhecer o conteúdo.

Os vídeos foram separados em 5 partes que foram postados durante 5 semanas na página criada na plataforma do YouTube, um canal aberto gratuitamente ao público interessado. O manual ilustrativo foi disponibilizado na Associação Paulista de Assistência à Mucoviscidose (APAM), o qual foi distribuído a todos interessados.

A etapa seguinte desse processo foi a busca de grupos nas redes sociais de forma a divulgar os vídeos e o manual ilustrativo, trazendo assim um público direcionado para o conteúdo, que pode se beneficiar do mesmo.

CONCLUSÃO

Neste projeto, chegamos à conclusão de que o “Programa de exercícios e orientações para crianças com Fibrose Cística” desempenha um papel crucial ao fornecer uma abordagem prática e orientações específicas para o público-alvo de crianças com Fibrose Cística. O nosso principal objetivo ao desenvolver este programa foi criar uma fonte valiosa de informações e atividades direcionadas, adaptadas às necessidades particulares desse grupo de pacientes.

A escassez de materiais relacionados à prática de exercícios e orientações específicas para crianças com Fibrose Cística ressalta a relevância e a originalidade do nosso trabalho. Ao superar essa lacuna, buscamos preencher uma necessidade crucial no campo, contribuindo não apenas com informações, mas também com estratégias aplicáveis no contexto do cuidado a esses pacientes.

Este projeto não apenas oferece um conjunto de exercícios e orientações, mas representa um esforço significativo para ampliar o entendimento prático e teórico sobre a disfunção causada pela fibrose cística no contexto pediátrico e a promoção da saúde e bem-estar dessas crianças.

REFERÊNCIAS

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