PRODUÇÃO DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL PARA MEDIAR O ENSINO-APRENDIZAGEM DE ENFERMAGEM COM FAMILIARES DE PACIENTES EM UTI

PRODUCTION OF EDUCATIONAL TECHNOLOGY TO MEDIATE NURSING TEACHING AND LEARNING WITH FAMILY MEMBERS OF PATIENTS IN ICU

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10477003


Luany Rafaele da Conceição Cruz1, Vaneska Táina Pinto Barbosa2, Claudiane Santana Silveira Amorim3, Maria Amélia Fadul Bitar4, Renato Magalhães de Souza Costa5, Thayara Sarame de Moraes6, Gabriel Rodrigues Santiago7, Rayana Karen Bentes Cristo8, Adriana Maria Pantoja Malato9, Roseneide dos Santos Tavares10


RESUMO

As tecnologias educacionais são ferramentas essenciais, que auxiliam no Ensino acadêmico, funcionando com uma excelente ferramenta de Ensino aprendizado. Estudo de metodologia participativa, com abordagem qualitativa, realizado em 20 (vinte) familiares de pacientes internados na UTI do Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE). Utilizou-se um questionário semiestruturado, com perguntas abertas sobre as suas necessidades de conhecimento e/ou de segurança emocional. 75% dos participantes relataram ter a necessidade de conhecimento a respeito da técnica correta para a lavagem das mãos. Os familiares relataram que 75% deles sentem a necessidade de saber se o paciente consegue ouvi-lo, durante a sedação. O total de 50% relatou que os seus questionamentos não foram claramente respondidos pela equipe da UTI. Identificou-se carência de informações referente aos cuidados ao paciente em UTI, gerando medo, incerteza e desequilíbrio emocional nos acompanhantes.

Palaras-chave: terapia intensiva, álbum em serie, familiares.

1 INTRODUÇÃO

As tecnologias educacionais são ferramentas essenciais, que auxiliam no Ensino acadêmico, funcionando com uma excelente ferramenta de Ensino aprendizado. Com o surgimento de práticas novas de ensinar e aprender impulsionaram os docentes a reflexões sobre a manieta de potencializar o Ensino, facilitando a autonomia dos discentes(SANTOS J, et al.,2020).

Florence Nightingale, considerada a percussora dos cuidados em saúde, nasceu em 1820, no Município de Florença, (Itália) no seio de uma família tradicional britânica. Distinguida das demais mulheres da época, Florence decidiu que não seguiria seu caminho como uma esposa submissa, mas iria dedicar-se à caridade e aos enfermos, direcionando sua vida à Enfermagem. Ela ficou conhecida como “A dama da lâmpada”, pois utilizava tal instrumento para melhor visualizar os doentes, durante a noite (OUCHI, et al., 2018).

Durante a durante a Guerra da Criméia, em meados do século XIX Florence Nightingale preocupou-se em selecionar os soldados em estado mais grave, acomodando-os em um ambiente para o cuidado imediato. Na atualidade, surge então a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e caracterizada como um ambiente de internação hospitalar diferenciado, pois visa a manutenção da vida e a recuperação da saúde de pessoas que necessitam de um acompanhamento intensivo. A UTI demanda de um alto custo, devido à diversidade de recursos tecnológicos, com espaço físico distinto e avaliação clínica multiprofissional constante (LUIZ, et al., 2018).

 No cenário da Unidade de Terapia Intensiva, são comuns discussões envolvendo a assistência e  forma de trabalho dos profissionais de saúde, os quais são contestado ao modo de sua atuação profissional, recebem (na maioria das vezes) críticas por tomarem posturas tecnicistas e reducionistas do ser humano decorrentes das tecnologias e necessidades de ações imediatas características deste setor  (LUIZ, et al., 2018).

Possuir um membro da família internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI) é, em geral, um evento inesperado e assustador para os familiares que implica muito sofrimento, e ocasiona mudanças na vida cotidiana e enfrentamento de novos desafios. A vivência desse processo é dolorosa e pode se configurar em uma situação de intenso desequilíbrio na medida em que provoca a alteração de papéis e responsabilidades, problemas de relacionamento familiar, surgimento de doenças entre seus membros, redução dos rendimentos financeiros em virtude de despesas então instaladas e respostas psicológicas e fisiológicas (COSTA, et al., 2010).

O fato de estar hospitalizado altera significativamente a relação entre os membros de uma família. A doença é um estado que pode gerar crises constantes entre eles, determinando manobras que devem ser realizadas para que os familiares encontrem acomodação nas alterações em que estão vivendo. Melhor dizendo, a enfermidade faz parte da dinâmica de ajustes adaptativos constantes entre o meio do indivíduo e as suas relações, sobretudo quando falamos de doenças crônicas, que têm duração indeterminada e curso imprevisível, estendendo-se por muitos anos e gerando sobrecarga aos acompanhantes cuidadores. Cada família tem um funcionamento próprio e, por isso, deve ser abordada como um sistema que mantém relações significativas de interdependência entre seus vários subsistemas. Trata-se, portanto, de um sistema de relação viva, com seu equilíbrio e desequilíbrio, com suas etapas de crescimento e estacionamento. Diante dos acontecimentos que ameaçam o funcionamento desse sistema, existe uma tentativa de manutenção do equilíbrio (NEVES, et al., 2018).

O termo “tecnologia” é amplo e refere-se aos métodos métodos, ferramentas, procedimentos, ferramentas, equipamentos e instalações que permitem o uso e a produção de um ou mais produtos tecnológicos. Nesse contexto, as tecnologias educacionais são entendidas como qualquer instrumento utilizado na relação professor-aluno, educador-aluno, enfermeiro-paciente, realizando e facilitando a mediação de um processo educativo (NASCIMENTO, et al., 2018).

As tecnologias educacionais, utilizadas pela ciência Enfermagem, são entendidas como um fundamento filosófico que é direcionado para o desenvolvimento do indivíduo, sendo caracterizada por novos teorias, ensino, pesquisas, conceitos e técnicas para a atualização da educação etc., que possibilita ao educador maneiras inovadoras de trocar conhecimentos com o discente, que vai auxiliar no aprendizado e contribuir para o avanço educacional. (NASCIMENTO, et al., 2018).

A redução das dúvidas e preocupações dos familiares durante a consulta de enfermagem reforça a necessidade de um relacionamento entre enfermeiro e familiar. Além disso, uma revisão sistemática recente demonstrou que informações impressas em forma de panfletos ou livretos ajudam os familiares a entender o ambiente de cuidado e a unidade de terapia intensiva, assim como a comunicação regular e estruturada entre a equipe assistencial e a família ajuda a reduzir o estresse e a compreensão do tratamento realizado (LAUDRETTE, et al., 2007).

A importância da construção do álbum seriado tecnologia educativa é que o mesmo pode ser utilizado pelos profissionais de Enfermagem como ferramenta de auxílio para orientação de familiares de pacientes internados na UTI colocando em prática um cuidado ampliado e humanizado de Enfermagem.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

As UTIs surgiram como resposta ao problema do tratamento dos pacientes críticos, que necessitavam de cuidados altamente complexos e de controles estritos (embora haja uma grande variedades de doenças, o mecanismo de morte está limitado, quase sempre, a um número relativamente pequeno de fenômenos fisiológicos, passíveis de serem influenciados, se mantidas as funções. As primeiras UTIs começaram a surgir na metade do século XX, em hospitais norte-americanos, as chamadas “salas de recuperação”, para onde eram encaminhados os pacientes em pós-operatório de grandes cirurgias. No Brasil, mais precisamente na cidade de São Paulo, as UTIs começaram a ser organizadas e implementadas no final da década de 1960 (VIANA; WHITAKER; ZANEI, 2019).

A UTI é um setor hospitalar, possui assistência médica ininterrupta e uma equipe de saúde altamente especializada, além de recursos científicos e tecnológicos que permitem ao paciente internado ter uma boa evolução (FREITAS, 2018).

Uma UTI possui muitos equipamentos e equipe profissional estruturada, para proporcionar um grande suporte necessário aos pacientes. A UTI é um dos ambientes que mais fazem o uso da tecnologia, para auxiliar na reabilitação do paciente.

Quando o paciente se encontra no ambiente de UTI, tornam-se menores os espaços de tempo em que o familiar do paciente pode ter contato direto com o seu ente querido. O conhecimento sobre as etapas do tratamento proporciona uma melhor saúde mental ao familiar.

A prática de Enfermagem em cuidados intensivos se desenvolve em um ambiente complexo e dinâmico e se concentra em aperfeiçoar os resultados clínicos para os pacientes sob seus cuidados imediatos. Desde que os relatórios do Instituto de Medicina (ICM) ressaltaram os danos e os eventos adversos na assistência à saúde, os enfermeiros estão sendo cada vez mais solicitados a assumirem papeis de liderança no redesenho de um cuidado mais seguro, eficaz e personalizado (FREITAS, 2018).

O trabalho em UTI requer a manipulação ou o monitoramento de vários instrumentos hospitalares. É um ambiente de trabalho onde o enfermeiro fica em constante alerta, devendo estar preparado para atender pacientes com alterações hemodinâmicas importantes, a qualquer momento. O enfermeiro também necessita ser proativo, para tomar decisões e implementá-las, em tempo hábil.

O processo de cuidar e de gerenciar podem ser considerados como as principais dimensões do trabalho do enfermeiro em seu dia a dia. O cuidar caracteriza-se pela observação, o levantamento de dados, o planejamento, a implementação, a evolução, a avaliação e a interação entre pacientes e trabalhadores da Enfermagem e entre diversos profissionais de saúde. Já o processo de administrar tem como foco organizar a assistência e proporcionar a qualificação do pessoal de Enfermagem, através da educação continuada, apropriando-se, para isso, dos modelos e dos métodos de administração, da força de trabalho da Enfermagem e dos equipamentos e materiais permanentes (WILLING; LENARDT, 2002).

3 METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de metodologia participativa com abordagem qualitativa. Esta abordagem é elaborada com a finalidade de proporcionar a visão de um determinado assunto, com informações mais amplas, subjetivas e com uma maior riqueza de detalhes.

Segundo Nascimento (2012), quando o estudo é metodológico o pesquisador tem como objetivo a formulação de um instrumento verdadeiro, preciso e utilizável, que possa ser empregado por outros pesquisadores e outras pessoas. Esse estudo cabe a qualquer disciplina científica, lidando com fenômenos complexos como o comportamento ou a saúde dos indivíduos, tal qual ocorre na pesquisa de Enfermagem.

A pesquisa metodológica foi desenvolvida a partir de 3 (três) etapas: levantamento bibliográfico; aplicação de questionários (com questões criadas exclusivamente por estes autores) direcionados ao público-alvo (com o intuito de tornar o material mais próximo da realidade através das necessidades apontadas) e análise dos resultados (com a elaboração do material educativo). O público-alvo deste estudo foi composto por uma amostra de 20 (vinte) familiares de pacientes internados na UTI.

Os critérios de inclusão foram pessoas com idade igual ou superior a 18 anos, que estavam na condição de acompanhante de paciente internado, no referido campo de estudo.

Como critérios de exclusão, descartaram-se as pessoas que atuam na área da saúde e as que se rejeitaram a contribuir para esta pesquisa.

Para o levantamento bibliográfico, foi realizada uma busca, usando descritores: estudos de validação, educação em saúde, tecnologias em UTI, relações familiares e “cuidados de enfermagem”, separados ou associados, das produções científicas relacionadas à temática, usando artigos em bases de dados nacionais e internacionais, bancos de teses.

A Bioestatística descritiva, em especial quanto ao indicador prevalência (parâmetro quantitativo), foi utilizada através de planilha eletrônica de cálculo Microsoft Excel 2019. A Bioestatística Analítica foi utilizada para a realização do teste com uma amostra dependente teste do Qui-quadrado de aderência. Tal teste foi calculado através do programa BioEstat, em sua versão 5.3, desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. O Nível de Significância adotado foi menor do que 5% (p<0,05).

Este estudo foi realizado no setor de UTI de um hospital vinculado à Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (SESPA). Este hospital, que realiza procedimentos de alta complexidade.

A população deste estudo contou com a participação de 20 (vinte) familiares de pacientes internados na UTI.

Este projeto de pesquisa envolvendo seres humanos foi submetido ao sistema Plataforma Brasil do Ministério da Saúde, sob o CAAE de nº 48697221.7.0000.0018, sob o parecer nº 5.033. 846. O mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará (CEP-ICS/UFPA). Os participantes que aceitaram participar deste estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no qual foi assegurado o sigilo e a privacidade das informações coletadas.

Este estudo produziu um álbum seriado educativo, a ser publicado gratuitamente na Internet, para armazenamento e para visualização através de smartphone. O álbum seriado está no formato PPSX, que é um formato de auto apresentação. Para ter acesso aos mesmos, é necessário acessar a página da internet: www.luanycruz.com.br/fpu_v1.ppsx.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados coletados foram consolidados através de duas tabelas, de modo a agrupar as necessidades de conhecimento ou de informação (Tabela 1) e de segurança emocional (Tabela 2). A frequência dos eventos (N) e a proporção (P) dos mesmos encontram-se consolidadas nas referidas tabelas. Aplicou-se o teste bioestatístico, para a determinação do p-valor (p). Para esta pesquisa, considerou-se p<5%.

Quanto à necessidade de conhecimento sobre a higienização das mãos, 75% dos participantes relataram ter a necessidade de receber informação sobre a técnica correta, previamente ao contato físico com o paciente. Também, informaram desconhecer a técnica simples para a higienização das mãos e a relevância deste procedimento.

Nesta pesquisa, esta variável foi o achado que consolidou maior diferença significativa entre as frequências, acarretando em um p-valor de 0,0442. Este bom resultado encontrou-se abaixo do nível de significância (α) estabelecido para este estudo.

A higienização das mãos é um procedimento sistemático que tem por finalidade (de uma forma geral) a remoção da sujidade, do suor, da oleosidade, dos pelos e das células descamativas da microbiota da pele. Tem a finalidade de interromper a transmissão de infecções veiculadas ao contato, reduzindo as chances de infecções causadas pelas transmissões cruzadas.

Durante o momento em que os pacientes se encontram sedados, 65% dos participantes informaram desconhecer se o paciente consegue ouvi-los.

A percepção auditiva e a compreensão dos pacientes com desordem de consciência sempre foi algo muito rebatido e, até hoje, mesmo com os avanços da Medicina e da Neurociência, a ciência ainda não possuí uma resposta precisa do que acontece na mente destes pacientes durante a experiência de estar nesta situação (NICOLUSSE AC, et al., 2010).

A carência de informações e as incertezas que esses familiares presentam podem ocasionar apreensão e ansiedade. Em um estudo realizado no Brasil, onde  o objetivo foi de comprovar as necessidades dos familiares de pacientes que se encontram em unidade de terapia intensiva (UTI), as autoras concluíram que as necessidades relatadas com maior repetição foram: ter a certeza que o seu ente querido está recebendo o melhor tratamento (89,7%), saber fatos concretos sobre o progresso do paciente (84,6%) e saber exatamente o que está sendo feito para o familiar (82,1%). Esses resultados refletem a carência do ser humano do sentir-se seguro e ter a certeza de que tudo irá correr bem, uma vez que a dúvida é fonte de sentimentos desagradáveis como a angústia e a ansiedade. (MARUITI MR e GALDEANO LE, 2007).

Alguns profissionais não relatam todo o quadro clínico do paciente, na hora da visita. Isso pode se dar por medo do familiar antecipar o seu sofrimento ou imaginar situações que nem venham a acontecer. Os pacientes internados em uma UTI requerem cuidados e toda a atenção da equipe multidisciplinar. Infelizmente, muitos dos profissionais possuem uma carga-horária exaustiva, o que concorre com o espaço de tempo necessário para atender aos familiares do paciente.

Quando questionado aos participantes quanto à necessidade de conhecimento a respeito dos tubos e equipamentos que estão fisicamente conectados ao paciente, 50% souberam informar a utilidade básica dos mesmos.

Quanto à necessidade de conhecimento sobre o motivo pelo qual o paciente está com os olhos abertos e sem resposta a estímulos, 60% dos pesquisados não souberam responder.

Quando a equipe de enfermagem é apta e acessível podem ser percebidos fatores facilitadores para uma interação eficaz entre os familiares/cuidadores, pois a aptidão, a acessibilidade e a capacidade técnica do cuidado trazem segurança para a família, permitindo que haja uma harmonia e que a família confie nas atividades desenvolvidas pela enfermagem (CAPELLO, et al., 2012).

No Inventário das necessidades de segurança emocional 50% dos participantes informaram ter a necessidade de melhor acolhimento do familiar, por parte da equipe de saúde. É indispensável que o professional da Enfermagem acolha a familia do paciente internado, atentando para os seus medos e as suas angústias, no intuito de minimizar, por meio de um cuidado humanizado ao paciente e ao seu familiar.

Scarelli (1993) apoia a ideia de que a orientação deve ser efetuada antes do familiar fazer a visita, em uma sala apropriada dentro da UTI. Esta medida iria reduzir os sentimentos negativos deste familiar. Refere também que as enfermeiras deveriam ser mais cautelosas quanto a terminologia usada por elas, não utilizar termos técnicos e saber o número de vezes que determinada orientação deve ser repetida. Deveriam, ainda, conhecer as diferenças étnico–culturais e educar o familiar, pois isto também pode engrandecer o relacionamento enfermeira–família.

A informação e a orientação, em geral, amortecem o indivíduo, pois quando este tem suas dúvidas esclarecidas, ele sente–se mais seguro e confiante. Aquele familiar de uma maneira natural, sente muito medo do desconhecido. Entretanto, um dos desafios para a enfermeira, de acordo com Stillwell (1984) é atender a todas as necessidades que cada membro da família demanda. Pois, a enfermeira possui um tempo escasso por estar em constante vigilância ao paciente crítico, e infelizmente não possuí muito tempo para esclarecer todas as dúvidas levantadas pelos familiares.

Muitas vezes pelo excesso de questionamento, e por não respeitar orientações repassadas, a presença de familiares pode causar transtornos para a equipe, levando a atrasos nas rotinas, e causar efeitos desestabilizadores ao paciente, como desconfortos e inquietação (KUNZ, et al., 2018).

No Inventário das necessidades de segurança emocional 50% dos participantes informaram ser suficiente o tempo de visita dentro de uma UTI. Já os outros 50% informaram ser o suficiente a duração da visita. Como os pacientes que estão em tratamentos intensivos estão mais vulneráveis a adquirir eventuais infecções: Um tempo prolongado de visitantes, dentro deste ambiente, pode elevar os riscos de infecções.

O profissional enfermeiro que por sua vez, é também um educador em saúde, demandam atuar junto a família do paciente internado em uma UTI, esclarecendo suas dúvidas, transformando seus entes em cuidadores. É imprescindível que os questionamentos da família acerca da doença, das complicações, das causas e a maneira como encará-las, sejam sanadas pelo enfermeiro intensivista (VILA, et al., 2002).

Para o usuário, a equipe de saúde representa a ponte de ligação com a vida fora do ambiente de  uma terapia intensiva, desse modo, é evidente o papel da equipe, principalmente a Enfermagem, que constantemente está ao lado do paciente, como intermediário nas comunicações entre os pacientes e familiares, tornando-os cientes da gravidade da situação, ao prestar informações precisas e condizentes com o nível sociocultural dos familiares e certificando-se do seu entendimento e buscando encorajá-los na sua tomada de decisões, assim, à medida que os familiares vêm para outras visitas, as informações poderão ser complementadas(VILA, et al., 2002)

O álbum seriado é um recurso didático que fornece vantagens e pode ser exposto na sala para gravuras, para produção de textos, numerais e quantidades, cartazes, etc.  Seu uso é grande em diversas áreas e dentre as suas vantagens destacamos direcionar a sequência da exposição, possibilitar a imediata retomada de qualquer folha já apresentada, possibilitar a utilização de materiais diversos na sua confecção, como fotografias e desenhos, e assinalar os pontos essenciais de cada tópico apresentado (OLIVEIRA, et al., 2018).

Quando a equipe de enfermagem é apta e acessível podem ser percebidos fatores facilitadores para uma interação eficaz entre os familiares/cuidadores, pois a aptidão, a acessibilidade e a capacidade técnica do cuidado trazem segurança para a família, permitindo que haja uma harmonia e que a família confie nas atividades desenvolvidas pela enfermagem(CAPELLO, et al., 2012).

No Inventário das necessidades de segurança emocional 50% dos participantes informaram ter a necessidade de melhor acolhimento do familiar, por parte da equipe de saúde. É indispensável que o professional da Enfermagem acolha a família do paciente internado, atentando para os seus medos e as suas angústias, no intuito de minimizar, por meio de um cuidado humanizado ao paciente e ao seu familiar.

A informação e a orientação, em geral, amortecem o indivíduo, pois quando este tem suas dúvidas esclarecidas, ele sente–se mais seguro e confiante. Aquele familiar de uma maneira natural, sente muito medo do desconhecido. Entretanto, um dos desafios para a enfermeira, de acordo com Stillwell (1984) é atender a todas as necessidades que cada membro da família demanda. Pois, a enfermeira possui um tempo escasso por estar em constante vigilância ao paciente crítico, e infelizmente não possuí muito tempo para esclarecer todas as dúvidas levantadas pelos familiares.

Muitas vezes pelo excesso de questionamento, e por não respeitar orientações repassadas, a presença de familiares pode causar transtornos para a equipe, levando a atrasos nas rotinas, e causar efeitos desestabilizadores ao paciente, como desconfortos e inquietação (KUNZ, et al., 2018).

No Inventário das necessidades de segurança emocional 50% dos participantes informaram ser suficiente o tempo de visita dentro de uma UTI. Já os outros 50% informaram ser o suficiente a duração da visita. Como os pacientes que estão em tratamentos intensivos estão mais vulneráveis a adquirir eventuais infecções: Um tempo prolongado de visitantes, dentro deste ambiente, pode elevar os riscos de infecções.

O profissional enfermeiro que por sua vez, é também um educador em saúde, demandam atuar junto a família do paciente internado em uma UTI, esclarecendo suas dúvidas, transformando seus entes em cuidadores. É imprescindível que os questionamentos da família acerca da doença, das complicações, das causas e a maneira como encará-las, sejam sanadas pelo enfermeiro intensivista (BLACK, et al., 2004).

Para o usuário, a equipe de saúde representa a ponte de ligação com a vida fora do ambiente de  uma terapia intensiva, desse modo, é evidente o papel da equipe, principalmente a Enfermagem, que constantemente está ao lado do paciente, como intermediário nas comunicações entre os pacientes e familiares, tornando-os cientes da gravidade da situação, ao prestar informações precisas e condizentes com o nível sociocultural dos familiares e certificando-se do seu entendimento e buscando encorajá-los na sua tomada de decisões, assim, à medida que os familiares vêm para outras visitas, as informações poderão ser complementadas (VILA, et al., 2002)

5 CONCLUSÃO

Através desta pesquisa podemos observar a carência de informações mínimas referentes ao cuidado do paciente em Unidade de Terapia intensiva, o que gera uma série de medos, incertezas e desequilíbrio emocional nos acompanhantes devido as dúvidas que os cercam. As tecnologias com conteúdos educativos possuem uma grande relevância na educação em saúde, no caso do álbum seriado, um baixo custo e fácil acesso através do QR code, por exemplo. Está pesquisa será registrada e validada em estudos futuros para que seja uma ferramenta útil no processo do cuidar em UTI.

REFERÊNCIAS

CAPELLO EMCS. Enfrentamento do paciente oncológico e do familiar/cuidador frente à terminalidade de vida. J Health SciInst, Bauru sp, p.235-240, 2012.

COSTA JB, et al. Fatores estressantes para familiares de pacientes criticamente enfermos de uma unidade de terapia intensiva. J Bras. Psiquiatr. 2010; 59(3): 182-89.

FRIZON, G; NASCIMENTO E.R.P; BERTONCELLO K.C.G; MARTINS J.J. Familiares na sala de espera de uma unidade de terapia intensiva: sentimentos revelados. Rev. Gaúcha Enferm (Online), Porto Alegre, v. 32, n. 1, p. 72-78, mar. 2011

SANTOS JVB e MONTEIRO JCS. Educação e covid-19: as tecnologias digitais mediando a aprendizagem em tempos de pandemia. Revista Encantar – Educação, Cultura e Sociedade, 2: 01-15, 2020.

NEVES L, et al. O impacto do processo de hospitalização para o acompanhante familiar do paciente crônico internado em unidade de terapia semi-intensiva. Esc Anna Nery, São Paulo, v. 22, n. 2, p. 1-8, jan. 2018.

KUNZ DL. Política de visitação aberta em terapia intensiva: influência no processo de trabalho e a percepção da equipe multidisciplinar, pacientes e familiares. Florianópolis: UFSC, 2018. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/205630/PNFR1081-D.pdf?sequence=-1&isAllowed=y Acesso em: 01/02/2023.

 NICOLUSSI AC, et al. Qualidade de vida em idosos que sofreram quedas: revisão integrativa da literatura. Ciência & Saúde Coletiva, 2010; 17(3):723-730

OUCHI JD, et al. O papel do enfermeiro na unidade de terapia intensiva diante de novas tecnologias em saúde. v. 10. São Paulo: Revista Saúde em Foco, 2018. p. 412-428

VIANA, R. A. P. P; WHITAKER, I. Y; ZANEI, S.S.V. Enfermagem em terapia intensiva: práticas e vivência. 2ª ed. Porto Alegre/RS. Artmed, 2020.

VILA, V. S. C.; ROSSI, L. A. O significado cultural do cuidado humanizado em unidade de terapia intensiva: muito falado e pouco vivido. Rev latinoam enfermagem. v.10, n.2, p. 137- 144, 2002.

WILLING, Mariluci Hautsch; LENARDT, Maria Helena. A prática gerencial do enfermeiro no processo de cuidar. Cogitare Enferm, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 23-29, jan/junh. 2002.


1MSc em Vigilância em Saúde (Instituto Evandro Chagas). e-mail: lu@luanycruz.com.br

2Enfa. Esp. em Terapia Intensiva pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém/Pará/Brasil.

3Enfa. MSc. pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém/Pará/Brasil

4Enfa. MSc. pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém/Pará/Brasil

5Enf. Esp. em Atenção Básica e Saúde da Família pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém/Pará/Brasil.

6Assistente Social. Esp. políticas públicas.

7Médico Generalista.

8Enfermeira.

9Enfa. pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Belém/Pará/Brasil,

10Enfa. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina.