PRODUÇÃO DE ADUBO ORGÂNICO E SEUS BENEFÍCIOS PARA O MEIO AMBIENTE E A AGRICULTURA    

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ch10202502281027


Gabriel Moreira Matos
Karen Grauth Vieira
Yan Matheus Thomas Ribeiro
Orientador: Luan Costa Ciavdar Ruiz


RESUMO: A promoção da sustentabilidade na agricultura tornou-se uma questão premente no mundo de hoje, com preocupações crescentes sobre a degradação ambiental e a viabilidade a longo prazo das práticas agrícolas convencionais. Um aspecto fundamental da agricultura sustentável é a produção e utilização de fertilizantes orgânicos. Neste artigo, aprofundaremos os meandros da produção de fertilizantes orgânicos, exploraremos os inúmeros benefícios que ela oferece e discutiremos os desafios enfrentados na sua adoção generalizada. A produção de fertilizante orgânico envolve um processo meticuloso que visa aproveitar os nutrientes presentes nos resíduos orgânicos e, ao mesmo tempo, minimizar o impacto ambiental. Um dos principais métodos de produção de fertilizante orgânico é através do processo de compostagem, onde resíduos orgânicos, como restos de cozinha, aparas de quintal e esterco, são coletados e decompostos naturalmente.

Palavras chaves: Adubo. Sustentabilidade. Agricultura. 

ABSTRACT: Promoting sustainability in agriculture has become a pressing issue in today’s world, with growing concerns about environmental degradation and the long-term viability of conventional agricultural practices. A fundamental aspect of sustainable agriculture is the production and use of organic fertilizers. In this article, we will delve into the ins and outs of organic fertilizer production, explore the numerous benefits it offers, and discuss the challenges faced in its widespread adoption. The production of organic fertilizer involves a meticulous process that aims to take advantage of the nutrients present in organic waste and, at the same time, minimize the environmental impact. One of the main methods of producing organic fertilizer is through the composting process, where organic waste such as kitchen scraps, yard clippings and manure are collected and decomposed naturally.

Keywords: Fertilizer. Sustainability. Agriculture.

1. INTRODUÇÃO

Os benefícios do uso de adubo orgânicos vão além da nutrição das plantas, abrangendo uma série de vantagens ambientais que contribuem para a saúde geral do ecossistema. Um benefício significativo é a redução do escoamento de produtos químicos nas fontes de água. Ao contrário dos fertilizantes sintéticos, os orgânicos libertam nutrientes lentamente, reduzindo o risco de lixiviação de nutrientes para as águas subterrâneas e superficiais. Além disso, os aditivos orgânicos promovem uma melhor estrutura do solo, aumentando a atividade microbiana e o conteúdo de matéria orgânica, levando a uma melhor retenção de água e drenagem. Isto, por sua vez, ajuda a prevenir a erosão do solo e promove a fertilidade do solo a longo prazo, crucial para práticas agrícolas sustentáveis (Silva; Polli, 2020).

Apesar dos numerosos benefícios dos processos orgânicos, vários desafios dificultam a sua adoção generalizada na agricultura moderna. Um dos principais desafios são as considerações de custo associadas à produção de fertilizantes orgânicos. Embora os aditivos orgânicos ofereçam benefícios a longo prazo para a saúde e produtividade do solo, o seu custo inicial pode ser superior ao dos fertilizantes sintéticos convencionais. Além disso, o investimento em equipamentos e infraestruturas de compostagem pode representar uma barreira financeira para os agricultores que procuram fazer a transição para práticas biológicas (Nunes et al., 2020).

Além disso, as despesas de transporte e armazenamento de materiais orgânicos podem aumentar o custo global, tornando difícil para os pequenos agricultores adoptarem a produção de suplementos para plantas orgânicos em grande escala. A adubação orgânica possibilita um solo fértil no intuito que as culturas alcancem a máxima produtividade, para isso algumas práticas são necessárias, como a compostagem através de resíduos orgânicos (Peron et al., 2018). 

Ademais, a pesquisa tem como objetivo, caracterizar a produção de adubo orgânico e seus benefícios para o meio ambiente e a agricultura. Sabendo que, à medida que a procura de produção alimentar sustentável continua a aumentar, os adubos orgânicos constituem um farol de esperança para um futuro agrícola mais verde e mais resiliente. 

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A abordagem qualitativa de pesquisa na busca por resultados neste trabalho foi a bibliográfica. Marconi e Lakatus (2014) entendem que as abordagens desse tipo geralmente são qualitativas e se fundamentam sob a perspectiva crítica que concebe ao conhecimento imposto aos processos socialmente construídos entre sujeitos em sociedade, ou seja, nas suas vidas cotidianas, enquanto também podem atuar na transformação das realidades, e ao mesmo tempo, sendo então autotransformados. 

Conforme Minayo (2017), a abordagem qualitativa sendo caracterizada em um espectro de métodos e de técnicas adaptados aos casos específicos, ao invés de se ater somente um método único e padronizado, ressalta-se a busca por resultados a fim de se adequar respostas convincentes ao referido estudo.

O tempo da pesquisa foi entre 2021 e 2024 último, respectivamente o último e primeiros semestres, com início na escolha da temática, de objetivos, e da melhor justificativa para efetuar discussões que podem ser vistas nessa importante empreitada. Isto posto, a pesquisa embasou-se em obras dos últimos 10 anos (2014 até 2024). 

Os locais de buscas bibliográficas foram as bases Web of Science, Scielo.BR e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) pelos termos “eletrônica” AND “agricultura de precisão” AND “tecnologias” AND NOT “inovações” numera-se e escolhe-se entre os títulos, achados pertinentes a resposta do problema inicial, sem levar a regra a imposição de filtros como “ano”; “metodologia” ou “idiomas”, devido à grandiosidade do tema, clássicos, entre outros resultados mais antigos foram bem-quistos.

Para análise, tomou-se por base o materialismo histórico-dialético, que na visão de Minayo (2017), possui senso crítico respeitoso da realidade sob a qual o fenômeno é estudado, sendo ainda possível atingir o estado da arte dentro dessa mesma discussão.

3. DESENVOLVIMENTO

Segundo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), pode-se caracterizar adubo orgânico como sendo produtos de origem vegetal, animal ou agroindustrial que aplicados ao solo proporcionam a melhoria de sua fertilidade e contribuem para o aumento da produtividade e da qualidade das culturas (Embrapa, 2020). 

A agricultura sustentável tem se tornado uma prioridade global em resposta aos desafios crescentes relacionados à segurança alimentar, mudanças climáticas e preservação ambiental. Nesse contexto, o uso de tecnologias avançadas e a inclusão da inteligência artificial (IA) emergem como elementos transformadores, capazes de revolucionar a produção agrícola e promover práticas mais eficientes e ecologicamente responsáveis. A integração dessas tecnologias na agricultura visa não apenas aumentar a produtividade, mas também otimizar o uso de recursos naturais, reduzir impactos ambientais e assegurar a viabilidade econômica das operações agrícolas (Moraes; Oliveira, 2017).

O avanço tecnológico na agricultura abrange uma ampla gama de ferramentas e métodos, incluindo sensores, drones, sistemas de monitoramento remoto e plataformas de análise de dados. Essas tecnologias, quando combinadas com algoritmos de IA, oferecem soluções inovadoras para o monitoramento contínuo e em tempo real das condições das plantações, do solo e do clima. A capacidade da IA de processar grandes volumes de dados e gerar insights acionáveis permite que os agricultores tomem decisões mais informadas e precisas, ajustando suas práticas conforme as necessidades específicas de suas culturas e condições ambientais (Andrade et al, 2017).

A agricultura sustentável e o sucesso da diversificação agrícola, que ocorreu principalmente durante o século XX, pode ser atribuído aos organismos geneticamente modificados, uso intenso de insumos como fertilizantes, produtos fitossanitários e aumento Sistemas mecânicos e de irrigação em ambientes rurais (Leite e Polli, 2020). Nesse ponto de vista, as tecnologias para integrar a Inteligência Artificial (IA) na agricultura sustentável modificaram as práticas agrícolas modernas (Beltran, 2022). As técnicas de agricultura de precisão que utilizam algoritmos de IA permitem que os agricultores tomem decisões baseadas em dados para uma melhor orientação e gestão eficiente dos recursos. 

3.1 Fertilizantes orgânicos 

Os fertilizantes orgânicos oferecem inúmeros benefícios à saúde do solo e à sustentabilidade agrícola. Em primeiro lugar, os fertilizantes orgânicos melhoram a estrutura do solo e a retenção de água. Ao contrário dos fertilizantes sintéticos, as opções orgânicas, como composto e esterco, contêm matéria orgânica que ajuda a unir as partículas do solo, criando uma estrutura de solo mais estável (Silva, 2022). 

Esta estrutura melhorada permite uma melhor infiltração e retenção de água, reduzindo o risco de erosão e promovendo um crescimento radicular mais saudável. Além disso, os fertilizantes orgânicos aumentam a atividade microbiana no solo. Os materiais orgânicos nestes fertilizantes servem como fontes de alimento para micróbios benéficos do solo, que desempenham um papel vital na ciclagem de nutrientes e na saúde do solo (Sousa et al, 2016).

A utilização de fertilizantes orgânicos desempenha um papel essencial na promoção de um ecossistema equilibrado e sustentável dentro do solo. Ao estimular o desenvolvimento de uma comunidade microbiana diversificada, esses fertilizantes favorecem a decomposição da matéria orgânica e a liberação gradual de nutrientes essenciais para as plantas. Esse processo não apenas melhora a fertilidade do solo, tornando-o mais rico e biologicamente ativo, mas também fortalece a resistência das plantas a pragas e doenças, reduzindo a necessidade de intervenções químicas. Dessa forma, os fertilizantes orgânicos promovem um ambiente agrícola mais resiliente e autossustentável, beneficiando tanto a produtividade quanto a qualidade dos cultivos (Almeida et al, 2015).

Outro benefício fundamental da adoção de fertilizantes orgânicos está relacionado à mitigação dos impactos ambientais, especialmente no que diz respeito à contaminação dos recursos hídricos. O uso excessivo de fertilizantes sintéticos tem sido um dos principais responsáveis pela poluição da água, uma vez que seus compostos químicos podem se infiltrar nos lençóis freáticos ou escoar para rios e lagos, desencadeando processos como a eutrofização. Esse fenômeno, caracterizado pela proliferação excessiva de algas devido ao excesso de nutrientes na água, compromete a biodiversidade aquática e afeta negativamente a qualidade dos recursos hídricos (Mariani; Henkes, 2014).

Em contrapartida, os aditivos orgânicos liberam seus nutrientes de forma gradual e equilibrada, reduzindo significativamente o risco de lixiviação e escoamento de substâncias prejudiciais para os corpos d’água. Essa liberação controlada não apenas evita a contaminação da água, mas também assegura uma absorção mais eficiente dos nutrientes pelas plantas, otimizando seu crescimento e desenvolvimento. Assim, a adoção de suplementos para plantas orgânicos representa uma estratégia fundamental para a proteção dos ecossistemas aquáticos, garantindo um uso mais sustentável dos recursos naturais e promovendo uma agricultura ambientalmente responsável (Silva, 2022).

Existem vários tipos de aditivos orgânicos comumente usados ​​na agricultura. O composto é uma escolha popular, pois é um fertilizante natural e rico em nutrientes que pode ser feito a partir de resíduos orgânicos. O composto fornece uma mistura equilibrada de nutrientes essenciais e matéria orgânica, melhorando a estrutura e a fertilidade do solo (Sousa; Cajú; Oliveira, 2016). Outro aditivo orgânico comum é o estrume animal, que adiciona matéria orgânica e nutrientes ao solo (Almeida; et al, 2015).

O estrume é rico em nitrogênio, fósforo e potássio, nutrientes essenciais para o crescimento das plantas. Além disso, culturas de cobertura de adubo verde são utilizadas para adicionar nitrogênio e matéria orgânica ao solo. Estas culturas de cobertura, como o trevo ou a ervilhaca, são cultivadas especificamente para serem incorporadas novamente ao solo, enriquecendo-o com nutrientes e melhorando a sua saúde geral (Embrapa, 2020). 

Apesar dos seus numerosos benefícios, existem desafios e considerações associadas ao uso de fertilizantes orgânicos na agricultura. Um desafio é o tempo mais longo que os fertilizantes orgânicos levam para liberar nutrientes em comparação com os fertilizantes sintéticos. Os materiais orgânicos devem se decompor antes que os nutrientes fiquem disponíveis para as plantas, o que pode resultar em uma absorção mais lenta de nutrientes. Além disso, o controle de qualidade e a variabilidade no conteúdo de nutrientes dos fertilizantes orgânicos podem ser uma preocupação (Andrade et al, 2017).

Os níveis de nutrientes nos fertilizantes orgânicos podem variar com base em fatores como a qualidade da alimentação para esterco animal ou a composição dos ingredientes do composto (Sousa et al, 2016). Os agricultores devem monitorar cuidadosamente e ajustar as suas aplicações de fertilizantes orgânicos para garantir níveis adequados de nutrientes para o crescimento ideal das plantas. Equilibrar as necessidades nutricionais das culturas com a disponibilidade de fertilizantes orgânicos também pode representar um desafio. Diferentes culturas têm necessidades variadas de nutrientes e pode ser necessário complementar os fertilizantes orgânicos com outras fontes de nutrientes para satisfazer essas necessidades (Sousa et al, 2016). Encontrar o equilíbrio certo entre as taxas de aplicação de fertilizantes orgânicos e as necessidades de nutrientes das culturas é essencial para maximizar os rendimentos e manter a fertilidade do solo (Almeida et al,2015).

3.2 As novas tecnologias na agricultura

A inteligência artificial tem o potencial de melhorar a segurança alimentar e aumentar a produção alimentar global, permitindo aos agricultores possam produzir mais com pouco recursos. Esse processo ​​na agricultura sustentável oferece um caminho para alcançar a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental. Os agricultores podem otimizar a utilização de recursos e minimizar o impacto ambiental, ao aproveitar tecnologias como a agricultura de precisão, sistemas de monitorização automatizados e análises preditivas.

À medida que o setor agrícola continua a evoluir, a integração bem-sucedida da IA ​​dependerá da colaboração entre as partes interessadas para superar os desafios e diversificar os benefícios destas tecnologias inovadoras. Através de esforços partilhados, as soluções baseadas na IA podem ajudar a moldar um futuro mais sustentável e produtivo para a agricultura (Beltran, 2022).

Com esta expansão, vieram grandes empresas para o ambiente eletrônico, o micro e pequeno empreendedor que visualizou a chance de poder divulgar além das fronteiras territoriais existentes, mas além destes, surgiram novos empreendedores na informalidade que vislumbraram a possibilidade de ter o seu próprio negócio e iniciar um empreendimento com menores custos e maior facilidade (Beltran, 2022).  Isto ocorreu devido à crise político-econômica brasileira, que gerou altos índices de desempregos e em contrapartida a chance de uma nova perspectiva de trabalho (Silva, 2022). 

A globalização é um fenômeno que tendenciou a aproximar culturas, costumes sociais, políticos e econômicos de todos os países do mundo. O efeito foi causado pelos sucessivos avanços da tecnologia, principalmente na área de comunicação e transportes, que proporcionou uma maior integração entre as diversas localidades do mundo. Isto foi fruto do capitalismo que buscou deixar o mundo cada vez mais homogêneo (Mariani; Henkes, 2014).

Globalização é um ciclo recente da história, que se desenvolve a partir do final da Segunda Guerra Mundial, mas ganha força da década de 1980 em diante, após a derrocada do regime comunista. Logo ademais, ocorreu o ataque à Hiroshima e Nagasaki, fazendo com que o Japão se redesse ao grupo dos Aliados (Estados Unidos e Inglaterra) em que culminou em uma divisão de países na esfera global, capitalistas de um lado e socialistas do outro. No entanto, vislumbrando a ampliação de suas influências ajudaram os seus inimigos derrotados, Alemanha, Itália e Japão, a se reconstituírem, em aspectos financeiros, tecnológicos, de produção e/ou gestão (Beltran, 2022).  

Segundo Rodrigues, Domingues e Christofidis (2017), uma vez despolarizado, o mundo continuou a vivenciar intensas transformações, reforçando a tendência a integrar os mercados na chamada ‘aldeia global’, em que os principais protagonistas são as grandes corporações multinacionais, depois denominadas transnacionais. Houve uma grande mescla, no sentido até da homogeneização não apenas dos sistemas econômicos, mas também de traços culturais.  

A abertura de mercado foi o diferencial para a ocorrência da quebra de barreiras comerciais, pois anteriormente a estes momentos, os países atuavam apenas nas delimitações de seus países, mantendo toda a sua indústria fechada. Nota-se que havia um certo receio a entrada de outros mercados para o próprio ambiente, pois pensava-se que isto levaria a quebra do mercado interno, em detrimento a expansão.

De acordo com Ribeiro e colaboradores (2023), o próprio mercado de consumo norte-americano, ávido por novos produtos enquanto sua própria indústria também se refazia depois de inteiramente voltada ao esforço de guerra, abriu-se para manufatura nipônica e, depois, à coreana, que também experimentou a expansão sem precedentes. Aconteceu o chamado ‘círculo virtuoso, tal foi a pujança da expansão econômica. 

O avanço da tecnologia partiu de uma ideologia de integração do novo a todos que estão dispostos a aderir uma nova ação, ímpeto e padrão, em que assim galgariam das mais diversas oportunidades que o capitalismo poderia oferecer. O principal sustentáculo do processo de globalização é a abertura dos mercados. Em vez de países atuarem como antes, fechados em si mesmos, foram se abrindo para a oferta externa (Mariani; Henkes, 2014).

No período do pós-guerra surgiram inovações que mais tarde transformariam a forma de comunicação, de mercantilização, de novas tecnologias que seriam aprimoradas para tornar-se utilidades populares no dia a dia. A princípio se desacreditou que pudesse haver um modelo de negócio virtual. “Embora a globalização seja um fenômeno considerado irreversível e cujos reflexos já alteraram as relações entre países do mundo, cumpre lembrar que ela não ocorreu de maneira uniforme” (Bhat; Huang, 2021).

Neste ponto de vista, surgiram novos e preocupantes desafios. De acordo com Bhat e Huang (2021), embora a produção agrícola seja 17% superior à de há três anos. Ao longo de várias décadas, aproximadamente 821 milhões de pessoas sofreram de insegurança alimentar. O autor acredita que para alcançar o crescimento da produção de grãos considerando que até 2050 não será fácil satisfazer a procura a produção deve aumentar em 70%.

 A globalização, embora promova a integração econômica através do investimento multinacional e expansão industrial, paradoxalmente, expõe a economia nacional a vulnerabilidades significativas. Em primeiro lugar, a dependência de capital externo torna o país suscetível a crises econômicas globais. Em caso de recessão, a retirada de investimentos multinacionais pode desestabilizar a economia local, gerando um impacto negativo em diversos setores. Em segundo lugar, a competição desleal com empresas multinacionais, que possuem custos de produção potencialmente menores devido a economias de escala e outros fatores, pode prejudicar a indústria nacional. Essa disparidade competitiva pode levar à falência de empresas locais, fragilizando a economia e aumentando a dependência de produtos estrangeiros (Beltran, 2022).

A automação e a robótica estão cada vez mais integradas nas operações do agronegócio, graças às tecnologias baseadas em IA (Beltran, 2022). Robôs equipados com capacidades de IA estão sendo usados ​​para diversas tarefas, como plantio, colheita e processamento de culturas, reduzindo a dependência do trabalho manual e aumentando a eficiência. Sistemas automatizados alimentados por IA também estão sendo empregados para tarefas como gestão de irrigação e aplicação de fertilizantes, garantindo a utilização ideal de recursos e a saúde das culturas (Silva, 2022).  Pode-se verificar que esse processo com a utilização da IA ​​na automação não só aumenta a produtividade, mas também reduz significativamente os custos laborais para os agricultores, tornando a agricultura mais sustentável e economicamente viável a longo prazo (Ribeiro et al., 2023). 

As inovações caracterizadas pela IA abriram caminho para práticas agrícolas sustentáveis, oferecendo soluções avançadas para monitoramento da saúde do solo, controle de pragas e detecção de doenças (Leite et al, 2020). As tecnologias de IA permitem aos agricultores monitorizar as condições do solo em tempo real, ajudando-os a tomar decisões informadas sobre a gestão de nutrientes e práticas de conservação do solo. Além disso, os algoritmos de IA podem analisar dados de várias fontes para detectar precocemente pragas e doenças, permitindo aos agricultores tomarem medidas proativas para proteger as suas culturas (Beltran, 2022). A IA desempenha um papel relevante na garantia da segurança alimentar e da sustentabilidade ambiental no setor do agronegócio ao promover práticas sustentáveis, como a agricultura de precisão e a otimização de recursos.

Pode-se dizer então que, nessa visão, a Inteligência Artificial torna-se importante ao caracterizar uma diversidade de tecnologias de benefícios a serem aplicadas, fornecendo uma visão abrangente de domínio agrícola e ambiental por um diferencial cada vez maior de conhecimento publicamente acessível. 

Outro exemplo, um estudo conduzido por investigadores da Universidade de Stanford utilizou a IA para analisar dados de satélite e informações climáticas para mapear a produtividade agrícola em toda a África, demonstrando a eficácia dela ​​no zoneamento climático para avaliação agrícola. Estes modelos de inteligência podem fornecer informações valiosas aos agricultores e aos decisores políticos para tomarem decisões informadas relativamente à seleção de culturas e ao planejamento do uso da terra (Leite; Polli, 2020).

Ademais, o grande benefício da utilização da inteligência social pode agregar o desenvolvimento econômico e, e ainda nesse sentido, melhorar os indicadores de sustentabilidade. O objetivo geral da pesquisa é caracterizar as novas tendências das publicações de trabalhos que visam abordar sobre agricultura sustentável, a melhoria dos solos e as principais ferramentas de inteligência artificial utilizadas na transformação digital. 

3.3 Produção orgânica X convencional

As práticas de agricultura orgânica priorizam a saúde e a sustentabilidade do solo a longo prazo através de vários métodos, como rotação de culturas e compostagem (Leite et al, 2020). Ao fazer a rotação das culturas, os agricultores biológicos podem repor naturalmente os nutrientes do solo, reduzir as infestações de pragas e prevenir a erosão do solo. Além disso, o uso de composto como fertilizante ajuda a melhorar a estrutura do solo, a retenção de água e a fertilidade geral (Beltran, 2022). Estas práticas contribuem para a preservação da saúde do solo, garantindo a viabilidade da terra para as gerações futuras (Silva et al, 2020).

Quando se trata de impacto ambiental, as práticas de agricultura biológica demonstraram ter várias vantagens sobre os métodos convencionais. Ao reduzir significativamente a utilização de pesticidas e fertilizantes sintéticos, a agricultura biológica ajuda a proteger a diversidade dos ecossistemas e a minimizar o risco de escoamento de produtos químicos nocivos para as fontes de água (Silva et al 2020). Além disso, a menor pegada de carbono associada à agricultura biológica, devido à menor dependência de fatores de produção sintéticos, alinha-se com práticas agrícolas sustentáveis ​​e mitiga a contribuição para as alterações climáticas (Oliveira et al., 2020).

A produção agrícola convencional caracteriza-se, em grande parte, pela busca da sustentabilidade econômica, alcançada por meio da aplicação contínua de insumos de diversas naturezas no sistema produtivo. Esse modelo produtivo, amplamente adotado, prioriza o aumento da produtividade e da rentabilidade, muitas vezes em detrimento de aspectos ambientais e sociais. A dependência de fertilizantes sintéticos, defensivos químicos e tecnologias voltadas para a maximização do rendimento das lavouras reflete a ênfase dada à eficiência econômica, ainda que, em alguns casos, isso possa resultar em impactos ambientais adversos, como a degradação do solo e a contaminação dos recursos hídricos (Leite et al, 2020).

Outrossim, a produção orgânica adota uma abordagem mais ampla e integrada da sustentabilidade, abrangendo não apenas a dimensão econômica, mas também os aspectos sociais e ambientais. Esse modelo produtivo baseia-se na utilização de práticas agrícolas que respeitam os ciclos naturais, promovem a conservação dos recursos naturais e reduzem a dependência de insumos químicos artificiais. Inclusive, a produção orgânica considera o contexto socioeconômico e cultural das comunidades envolvidas, incentivando formas de produção que garantam condições dignas de trabalho, promovam a equidade social e valorizem os saberes tradicionais (Mariani et al, 2014).

Outro aspecto fundamental da produção orgânica é o compromisso com a saúde pública e o direito da população ao consumo de alimentos saudáveis. Ao evitar o uso de agroquímicos nocivos e priorizar práticas agroecológicas, esse sistema produtivo reduz a exposição dos consumidores a resíduos químicos potencialmente prejudiciais, além de contribuir para a segurança alimentar e nutricional. Dessa forma, a produção orgânica não se restringe apenas a uma alternativa viável de cultivo, mas representa um modelo agrícola comprometido com o equilíbrio entre produção, preservação ambiental e bem-estar social, reforçando a necessidade de políticas públicas e incentivos que estimulem sua ampliação e consolidação no cenário agrícola global (Leite et al, 2020).

Por outro lado, a agricultura convencional, com a sua eficiência e elevados rendimentos, enfrenta problemas de degradação do solo, poluição química e preocupações com a segurança alimentar. À medida que o setor agrícola global continua a evoluir, encontrar um equilíbrio entre estas duas abordagens e integrar as melhores práticas de cada uma poderia abrir caminho para um sistema alimentar mais sustentável e resiliente.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Várias técnicas e métodos são empregados na adubação verde para promover a fertilidade do solo e a saúde do ecossistema. O cultivo de cobertura envolve o plantio de culturas específicas durante os períodos de pousio para prevenir a erosão do solo, suprimir ervas daninhas e adicionar matéria orgânica ao solo (Beltran, 2022). A cobertura morta é outra prática comum na fertilização verde, onde materiais orgânicos como palha, folhas ou composto são usados ​​para proteger o solo da erosão, reter a umidade e melhorar a estrutura do solo. A rotação de culturas é outro método eficaz que ajuda a manter a saúde do solo e o equilíbrio de nutrientes, alternando culturas com diferentes necessidades de nutrientes (Oliveira et al., 2020).

Estas técnicas não só melhoram a fertilidade do solo, mas também contribuem para a sustentabilidade global dos sistemas agrícolas, reduzindo a dependência de fatores de produção sintéticos e aumentando a biodiversidade (Beltran, 2022). Em exemplificação, observa-se que, em diversas comunidades agrícolas ao redor do mundo, a implementação de técnicas de fertilização verde tem resultado em avanços expressivos na estrutura do solo, promovendo uma maior retenção de nutrientes e melhorando sua capacidade de infiltração e aeração (Oliveira et al., 2020).

Além disso, tais práticas têm sido determinantes para o aumento da produtividade das culturas, proporcionando um equilíbrio sustentável entre a reposição de nutrientes e a demanda agrícola. Outro impacto relevante advindo dessa abordagem é a ampliação da biodiversidade, uma vez que a fertilização verde favorece a manutenção da microbiota do solo e a preservação de ecossistemas adjacentes, contribuindo para a resiliência ambiental e a redução da dependência de fertilizantes sintéticos (Oliveira et al., 2020).

Os benefícios a longo prazo da fertilização verde incluem a redução da erosão do solo, a melhoria da qualidade da água e o aumento do sequestro de carbono. Ao dar prioridade à saúde do solo e à sustentabilidade dos ecossistemas, os agricultores podem criar sistemas agrícolas resilientes e produtivos que não só apoiam os seus meios de subsistência, mas também contribuem para a conservação dos recursos naturais e a proteção do ambiente para as gerações futuras.

Nesta conjuntura, os sensores de solo são responsáveis por abastecer dados em consideração a formação, presença de nitrogênio, compactação e salinidade do solo.

Figura 1 – Sensor de solo

Fonte: Embrapa (2015). 

Além dos conhecimentos técnicos, diversos produtos são amplamente utilizados em plantações que adotam a extensão de cultura agrícola de precisão. Entre eles, destacam-se os tratores, adubadoras, colhedoras de café e pulverizadores, que operam por meio de geolocalização e são controlados remotamente através de programas específicos (Oliveira et al., 2020).

Os drones também se denotam como elementares, sendo empregados na captação de imagens e no fornecimento de informações essenciais ao produtor (Beltran, 2022). Além disso, dispositivos instalados no solo são utilizados para realizar um mapeamento detalhado da topografia do terreno, fornecendo dados sobre resistência, temperatura e umidade (Embrapa, 2023)

5. CONCLUSÃO

No decorrer desta pesquisa, elucidou-se que a produção de adubo orgânico se revela como um processo acessível e altamente eficaz, uma vez que os insumos necessários para sua obtenção estão amplamente disponíveis tanto em ambientes residenciais quanto em áreas rurais. A reutilização de resíduos orgânicos, além de representar uma estratégia eficaz de reciclagem, proporciona benefícios significativos ao solo, promovendo a reposição de nutrientes essenciais para o desenvolvimento agrícola sustentável. Esse método de fertilização não apenas reduz a dependência de insumos químicos, mas também contribui para a mitigação dos impactos ambientais associados ao descarte inadequado de resíduos orgânicos.

Para maximizar a eficiência dos adubos orgânicos, é fundamental que haja um contínuo investimento em pesquisas e desenvolvimento tecnológico. O aprimoramento das práticas de agricultura biológica, aliado ao avanço nas formulações de compostos orgânicos, pode aumentar a disponibilidade de nutrientes e otimizar o rendimento das culturas. Assim, a utilização de fertilizantes orgânicos torna-se uma alternativa cada vez mais viável e atrativa para os agricultores, consolidando-se como uma solução sustentável para a melhoria da fertilidade do solo e da produtividade agrícola.

Dessa forma, a prática da adubação verde assume um papel central na agricultura sustentável, oferecendo benefícios ambientais, econômicos e sociais. Ao priorizar a saúde do solo, a biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas, os produtores podem estabelecer sistemas agrícolas mais produtivos e equilibrados, promovendo a segurança alimentar e a conservação ambiental. A adoção de técnicas de fertilização verde permite tanto a revitalização dos ecossistemas e a melhoria da qualidade do solo quanto a construção de um modelo agrícola mais sustentável a longo prazo. Portanto, é imprescindível que políticas públicas, programas educacionais e incentivos financeiros sejam direcionados para fomentar e consolidar essas práticas, garantindo um futuro agrícola mais resiliente e ecologicamente responsável.

REFERÊNCIAS 

ALMEIDA, Suayra Marta Gomes de; SANTOS, Joelma Sales dos; LOPES, Riuzuani Michelle Bezerra Pedrosa. Potencial do uso do composto orgânico de lixo urbano na agricultura. 2015. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/. Acesso em: 05 fev. 2025. 

ANDRADE, Bruna Nascimento; PINHEIRO, Júlia de Freitas; OLIVEIRA, Eline Messias de. A importância da produção orgânica para a saúde humana e o meio ambiente. South American Journal of Basic Education, Technical and Technological, v. 4, n. 2, 2017. Disponível em: http://old.scielo.org/. Acesso em: 03 fev. 2025. 

BELTRAN, Adelaida Ojeda. Plataformas tecnologicas en la Agricultura 4.0: Una mirada al desarrollo en Colombia. Journal of computer and electronic science, theory and applications, v. 3, n. 1, p. 9-18, 2022. Disponível em: https://revistascientificas.cuc.edu.co/. Acesso em: 26 jan. 2025. 

EMBRAPA. Novos sensores evitam desperdício de água na agricultura e jardinagem. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), 2015. Disponível em: https://www.embrapa.br/. Acesso em: 28 jan. 2025. 

EMBRAPA. Pulverização com drones na agricultura é destaque na Reunião de Pesquisa de Soja. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), 2023. Disponível em: https://www.embrapa.br/. Acesso em: 29 jan. 2025. 

LEITE, Andressa Beatriz; POLLI, Henrique Quero. Agricultura orgânica no Brasil com enfoque na agricultura biodinâmica. Revista Interface Tecnológica, v. 17, n. 1, p. 417-430, 2020. Disponível em: https://revista.fatectq.edu.br/. Acesso em: 05 fev. 2025. 

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração análise e interpretação de dados. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 277 p.

MARIANI, Cleide Mary; HENKES, Jairo Afonso. Agricultura orgânica x agricultura convencional soluções para minimizar o uso de insumos industrializados. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 3, n. 2, p. 315-338, 2014. Disponível em: https://www.academia.edu/. Acesso em: 01 fev. 2025. 

MINAYO, Maria Cecília de Sousa. Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: consensos e controvérsias. Revista pesquisa qualitativa, v. 5, n. 7, p. 1-12, 2017. 

MORAES, Murilo Didonet de; OLIVEIRA, Nilton Aparecido Marques de. Produção orgânica e agricultura familiar: obstáculos e oportunidades. Desenvolvimento Socioeconômico em Debate v. 3, n. 1, p. 19-37, 2017. Disponível em: https://www.periodicos.unesc.net/. Acesso em: 05 fev. 2025. 

NUNES, Diene do Espirito Santo et al. Agricultura familiar e inovação: experiências agroecológicas no Nordeste Paraense. Cadernos de Agroecologia, v. 15, n. 2, 2020. Disponível em: https://cadernos.aba-agroecologia.org.br/. Acesso em: 04 fev. 2025. 

OLIVEIRA, Altacis Junior et al. Potencialidades da utilização de drones na agricultura de precisão. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 9, p. 64140-64149, 2020. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/. Acesso em: 28 jan. 2025. 

PERON, Clayrmen Candido et al. Produção orgânica: uma estratégia sustentável e competitiva para a agricultura familiar. Retratos de Assentamentos, v. 21, n. 2, p. 104-127, 2018. Disponível em: http://retratosdeassentamentos.com/. Acesso em: 02 fev. 2025. 

RIBEIRO, P. C. C. et al. Agricultura sustentável, irrigação e transformação digital. Laboratório de design, gestão e engenharia industrial, 2023. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/. Acesso em: 31 jan. 2025. 

RODRIGUES, Lineu N.; DOMINGUES, Antônio F.; CHRISTOFIDIS, Demetrios. Agricultura Irrigada e Produção Sustentável de Alimento. In RODRIGUES, Lineu N.; DOMINGUES, Antônio F. (ed.) Agricultura irrigada: desafios e oportunidades para o desenvolvimento. Brasilia, DF: INOVAGRI, 2017. Disponível em: https://salommao.com.br/. Acesso em: 22 jan. 2025. 

SILVA, Daniela Aline; POLLI, Henrique Quero. A importância da agricultura orgânica para a saúde e o meio ambiente. Revista Interface Tecnológica, v. 17, n. 1, p. 505-516, 2020. Disponível em: https://revista.fatectq.edu.br/. Acesso em: 06 fev. 2025. 

SILVA, Manoel Iago dos Santos. Produção de adubo orgânico e seus beneficíos para o meio ambiente e a agricultura na microrregião serrana do sertão de Alagoas. 2022. Disponível em: https://repositorio.uninter.com/. Acesso em: 05 fev. 2025. 

SOUSA, Maria José Duarte de; CAJÚ, Maria Andreza Duarte; OLIVEIRA, Cícera Patrícia Alves. A importância da produção agrícola orgânica na agricultura familiar. ID on line. Revista de psicologia, v. 10, n. 31, p. 82-100, 2016. Disponível em: https://idonline.emnuvens.com.br/. Acesso em: 05 fev. 2025.