PROCESSO DE TRATAMENTO DA CAMADA DE BASE DE UM PAVIMENTO ASFÁLTICO EM UM CONDOMÍNIO RESIDENCIAL

PROCESS OF TREATING THE BASE LAYER OF AN ASPHALT PAVEMENT IN A RESIDENTIAL CONDOMINIUM

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202410251459


Luiz Raikonen de Matos Silva1
Orientadoras:
Walzenira Parente Miranda2;
Érika Cristina Nogueira Marques Pinheiro3.


RESUMO

Este estudo aborda o processo de terraplanagem e pavimentação em uma obra de um condomínio em Manaus, destacando as etapas críticas e os aspectos normativos envolvidos. A terraplanagem, que inclui o preparo do terreno, movimentação e compactação do solo, é seguida pelo tratamento da camada de base com solo-cimento, uma técnica que melhora a resistência, impermeabilidade e durabilidade do solo, utilizando cimento para estabilizar o terreno. O estudo também explora as dificuldades encontradas durante a compactação, especialmente com solos arenosos, e os ensaios de controle de qualidade necessários para garantir o grau de compactação adequado. Após o tratamento da base, é realizada a pavimentação, com atenção especial ao controle da temperatura do asfalto e ao nivelamento da superfície. Os resultados evidenciam que, apesar do alto custo inicial e das condições climáticas desafiadoras, o uso do solo-cimento oferece benefícios significativos, como o aproveitamento do solo local, maior resistência estrutural e melhor impermeabilidade, o que contribui para a durabilidade e sustentabilidade da infraestrutura viária.

Palavras-chave: Terraplanagem, pavimentação, solo-cimento.

ABSTRACT

This study addresses the earthworks and paving process at a condominium construction site in Manaus, highlighting the critical stages and regulatory aspects involved. Earthworks, which include site preparation, soil movement, and compaction, are followed by the treatment of the base layer with soil-cement, a technique that improves soil strength, impermeability, and durability by stabilizing the ground with cement. The study also explores challenges encountered during compaction, particularly with sandy soils, and the necessary quality control tests to ensure the proper compaction level. After base treatment, paving is carried out, with special attention to asphalt temperature control and surface leveling. The results highlight that, despite high initial costs and challenging weather conditions, soil-cement provides significant benefits, such as utilizing local soil, enhanced structural strength, and improved impermeability, contributing to the durability and sustainability of road infrastructure.

Keywords: Earthworks, paving, soil-cement.

1 INTRODUÇÃO

A pavimentação asfáltica e a terraplanagem, são etapas fundamentais nas obras de infraestrutura, preparando o pavimento com camadas resistentes para o aumento na durabilidade. No caso da pavimentação asfáltica, visa criar um pavimento funcional e duradouro para locais que necessitam de um piso robusto, resistente ao tráfego. Porém, a mesma necessita que o terreno tenha sido devidamente preparado e tratado para uma melhor durabilidade na base que irá receber o pavimento asfáltico.

Muito é questionado sobre falhas em manutenções ou até mesmo na execução de pavimento asfáltico, o que em alguns casos quando o asfalto ainda considerado “novo”, já apresenta patologias como: Fissuras, Trincas (“couro de jacaré”), Afundamentos, Ondulações, entre outros. Boa parte das falhas são apontadas nas infraestruturas de redes de drenagens e galerias pluviais, a maioria dos casos tende-se a ser pelo tratamento inadequado da base que recebeu aquele pavimento asfáltico. O tratamento da base é fundamental para o processo da pavimentação, visto que o terreno deve estar preparado adequadamente de maneira que atenda aos requisitos necessários para a maior durabilidade do pavimento.

A mistura do solo com água e cimento pode produzir uma melhoria na base, pois irá agir de maneira que fique mais resistente. Seguindo os processos corretamente, reduzirá as possibilidades de patologias, produzindo mais qualidade e reduzindo custos.

Desta forma, traçou-se os seguintes objetivos como linhas de orientação para a materialização do artigo; Objetivo geral: Analisar o processo de tratamento da camada de base do solo melhorado com cimento, do pavimento asfáltico de um condomínio localizado na cidade de Manaus; Objetivos Específicos: Abordar conceitos e normas relacionadas às obras de pavimentação; Avaliar o processo executivo de tratamento de camada de base de um pavimento asfáltico em um condomínio da cidade de Manaus/Am; Apontar os benefícios do tratamento da camada de base com o uso do cimento (solo-cimento), na durabilidade da pavimentação asfáltica, no objeto deste estudo de caso.

A escolha de um estudo de caso neste contexto é justificada pela necessidade de compreender, na prática, os desafios e as soluções aplicáveis à terraplenagem e ao tratamento da base para pavimentação. A aplicação de teorias e normas em um cenário real possibilita uma avaliação mais robusta das práticas de engenharia e suas implicações na durabilidade e qualidade do pavimento. Ao investigar um projeto específico, é possível coletar dados concretos que podem servir de referência para futuras obras, promovendo a melhoria contínua das técnicas empregadas e contribuindo para o avanço do conhecimento na área de infraestrutura.

Além disso, a realização deste estudo é pertinente devido à crescente demanda por soluções sustentáveis e eficientes na construção civil. Com a pressão para otimizar recursos e minimizar impactos ambientais, a análise detalhada das práticas de terraplenagem e tratamento de solo-cimento pode revelar métodos inovadores que não apenas atendam às normas de qualidade, mas também promovam a sustentabilidade. Esse enfoque pode resultar em economias significativas e na preservação dos recursos naturais, alinhando-se às tendências modernas de construção sustentável.

Diante dos desafios crescentes enfrentados na construção civil, a importância de uma base sólida e bem tratada não pode ser subestimada. Este estudo se propõe a explorar como a aplicação de técnicas adequadas, como o uso de solo-cimento, pode transformar a durabilidade e a eficiência dos pavimentos asfálticos. Ao entender os processos envolvidos e suas implicações práticas, buscamos contribuir para a construção de infraestruturas mais resilientes e sustentáveis.

2 METODOLOGIA

Este estudo é de caráter exploratório e fundamenta-se em um estudo de caso. Dada a alta exigência em reduzir danos e evitar custos, é crucial que a terraplenagem seja realizada dentro dos requisitos a serem exigidos, prevenindo problemas na base do pavimento. A supervisão de um profissional experiente é indispensável, uma vez que os resultados dos ensaios e coletas permitirão avaliar a qualidade do material, garantindo que atenda aos requisitos estabelecidos. Assim, a análise de cada etapa, desde a terraplenagem até a o pavimento asfáltico, possibilitará identificar benefícios e potenciais problemas, assegurando a eficácia do processo.

A avaliação desse artigo no objeto do estudo de caso foi realizada através de pesquisas, para ter conhecimento das informações dos conceitos que seriam estudadas durante o processo. Outras foram através do acompanhamento na execução do tratamento da camada de base, que com a presença de uma laboratorista de controle do solo no qual esteve a todo momento presente realizando ensaios e orientando dentro das normas e exigências estabelecidas.

Figura 1: Fluxograma

3 ASPECTOS CONCEITUAIS E NORMATIVOS

3.1 Aspectos conceituais

3.1.1 Terraplanagem

Terraplanagem é um processo fundamental na preparação de um terreno para construção ou pavimentação. Ela envolve a movimentação e a modificação do solo para criar uma base estável e adequada para o desenvolvimento. Tem por etapas da terraplanagem: planejamento; preparação do terreno; movimentação do solo; compactação e nivelamento; drenagem e controle de água; inspeção e acabamento; preparação para a construção.

Figura 2: Escavadeira Hidráulica executando terraplanagem

Fonte: Wasaki Engenharia (2024)

3.1.2 Topografia

Topografia é a ciência que estuda e representa as características físicas de um terreno, incluindo sua forma, relevo e características naturais e artificiais. Envolve a medição e representação gráfica das variações de elevação, inclinações e outros aspectos do solo, sendo fundamental para a engenharia civil, arquitetura, planejamento urbano e geografia.

Figura 3: Equipamento topográfico

Fonte: Universo Ateneu (2023)

3.1.3 Pavimentação

A pavimentação é um processo essencial para criar superfícies duráveis e funcionais em estradas, calçadas, estacionamentos e outras infraestruturas. Ela envolve várias etapas desde a preparação do terreno até a aplicação final do pavimento. São as etapas da pavimentação asfáltica: Preparação do terreno; tratamento da base; aplicação da camada de pavimento; cura e manutenção.

Figura 4: Execução de pavimentação asfáltica

3.1.4 Leito e Sub-leito

Sub-leito é o terreno de fundação que servirá de apoio para o pavimento, ele exerce uma função semelhante a de uma fundação, uma vez que é essa estrutura quem irá receber toda a carga absorvida pelo pavimento. A estrutura do pavimento, por sua vez, será formada a partir da terraplanagem do local. O leito é a camada final do solo, a qual serão construídas as estruturas que estão diretamente em contato com as fundações da construção. O que deve ser compactado e nivelado para garantir uma base estável.

3.1.5 Base e Sub-base

Sub-base é a camada complementar à base, o material constituinte deverá ter características tecnológicas superiores às do material de reforço. A sua principal função é distribuir as cargas transmitidas pela pavimentação e proteger o solo de fundação. A base é encarregada de oferecer o suporte estrutural do pavimento, além de ter que dissipar as cargas para as próximas camadas, diminuindo seu impacto. A sua função é fornecer uma superfície sólida para a camada de pavimento, ela suporta a carga que é transmitida para a sub-base e ajuda a garantir que o pavimento tenha uma superfície estável e nivelada. Representação de camadas na figura 5.

Figura 5: Camadas do solo

Fonte: CNT. (2018)

3.1.6 Solo-cimento

Solo-cimento é o material obtido pela mistura de solo, cimento e água. É uma técnica de estabilização do solo que envolve a mistura de solo natural com cimento para melhorar suas propriedades físicas e mecânicas. Esse método é amplamente utilizado na engenharia civil, especialmente em projetos de pavimentação, fundações e construções de estradas. Apresentação de uma mistura de solo-cimento conforme figura 6.

Figura 6: Mistura de solo-cimento

3.1.7 Compactação

Entende-se por compactação dos solos a redução rápida do índice de vazios por meio de processos mecânicos, em face da compressão ou expulsão do ar dos poros. Tem como principal objetivo melhorar as propriedades do solo para que seja mais resistente, durável e estável. Assim, essa técnica possibilita minimizar os riscos de afundamento, deformação das estruturas, fissuras, rachaduras, infiltração, erosão, deslizamento e instabilidade nas fundações.

Figura 7: Execução de compactação de solo com rolo compactador

3.2 Aspectos Normativos

Os processos abordados neste artigo seguirão rigorosamente as seguintes normas:

3.2.1 ABNT NBR 7182: Solo – Ensaio de Compactação.

Esta norma define um método para determinar a relação entre o teor de umidade e a massa específica aparente seca de solos compactados, conforme os procedimentos especificados.

Figura 8: Norma 7182

Fonte: ABNT (2020)

3.2.2 ABNT NBR 5681: Controle Tecnológico da Execução de Aterros em Obras de Edificações. Esta norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelece os requisitos mínimos para o controle tecnológico na execução de aterros.

Figura 9: Norma 5681

Fonte: ABNT (2015)

3.2.3 DNIT 031/2006 – ES: Pavimentos Flexíveis – Concreto Asfáltico – Especificação de Serviço.

Esta norma define a sistemática a ser adotada na execução da camada de pavimento flexível em estradas, estabelecendo requisitos para materiais, equipamentos, execução e controle de qualidade, além das condições de conformidade e não-conformidade e a medição dos serviços.

Figura 10: DNIT 031/2006

Fonte: DNIT (2006)

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Objeto do Estudo de caso

A avaliação do processo apresentado neste trabalho foi realizada em uma obra de um condomínio localizado na cidade de Manaus, conforme figura 10.

Figura 11: Localização do objeto de estudo de caso

Fonte: Google Maps

4.2 PROCESSO EXECUTIVO DO TRATAMENTO DA CAMADA DE BASE

4.2.1 Serviços preliminares

Para a execução do tratamento da camada de base, é primeiramente tratada as camadas de sub-base, leito e sub-leito. Porém, essa etapa não tem registro fotográfico, pois no início do acompanhamento já haviam sido tratadas na terraplanagem inicial da obra em camadas de aterro.

Com isso foram coletadas amostras do material presente no terreno, para realizar uma análise em laboratório e definir se fosse conforme os requisitos necessários para especificar a porcentagem do teor de cimento a ser aplicado nele. Sendo o material em solo arenoso vermelho tem o peso de 1805kg/m³ e o teor de cimento indicado pelo laboratório foi 2%, o que resultaria em 11kg de cimento por metros cúbicos.

4.2.2 Marcação e Preparação do Terreno

Para a execução da camada de base, é necessário, em primeiro lugar, realizar a demarcação de toda a área a ser tratada com o auxílio de uma equipe topográfica composta por um topógrafo e um auxiliar. Utilizando um teodolito, equipamento óptico de alta precisão que mede ângulos verticais e horizontais, o topógrafo identifica as elevações do terreno conforme as especificações do projeto, determinando a necessidade de cortes ou aterros para alcançar o nivelamento adequado da base. Após essa etapa de marcação, inicia-se o nivelamento da camada de base, essencial para evitar complicações futuras e garantir que o terreno tratado permaneça na cota correta.

Nos locais onde foi indicado o corte, o processo é ágil. A motoniveladora, um equipamento de terraplanagem projetado para o nivelamento do terreno, a mesma realiza cortes superficiais, geralmente de até 20 cm, conforme definido nesta pesquisa. Para cortes mais profundos, utiliza-se a escavadeira hidráulica, que movimenta o material para reaterro em pontos estratégicos, conforme necessário. Essa abordagem garante eficiência e precisão na preparação da camada de base conforme figura 12.

Figura 12: Motoniveladora executando nivelamento do terreno

4.2.3 Tratamento da Camada de Base

Com o terreno na cota apontada, pode-se dá início ao tratamento da camada de base, utilizando a mistura do solo local com cimento, tendo como objetivo, melhorar a compactação e impermeabilidade do terreno. Sendo um processo com alta exigência de equipes e equipamentos especializados, contém requisitos indispensáveis para garantir a melhor qualidade, antes de receber o pavimento asfáltico, esse tratamento é executado em outras sub-etapas:

4.2.4 Abertura do Trecho

Antes da mistura do solo com o cimento o trecho é aberto, pois foi compactado anteriormente durante o serviço da terraplanagem do local. Essa abertura é realizada utilizando o escarificador da motoniveladora, que irá “rasgar” o solo possibilitando o espalhamento do cimento na base. Esse processo também pode ser executado com um jerico utilizando grade agrícola, pois o objetivo dessa etapa é reduzir o adensamento do solo para que facilite a mistura de cimento com o material superficial e o que está mais próximo a sub-base.

Figura 12: Motoniveladora executando a abertura do trecho

4.2.5 Mistura do Solo-Cimento

Após aberto o trecho, o espalhamento do cimento no terreno foi realizado de forma manual. A quantidade de cimento para ser misturado é de acordo com o teor indicado pelo laboratório que foi em 2%. O trecho do objeto a ser avaliado tem por volta de 480m², base em 20cm, totalizando 144m³ de material, pesando 259.920kg. Bom base nesses resultados foi definido 5198kg de cimento, totalizando 135 sacos de cimento, sendo distribuído a cada 2 metros, 2 sacos. Sendo uma quantidade significativa essa etapa do processo, com objetivo de agilizar o espalhamento para maior e efetuar uma área maior de tratamento, necessitou de apoio de equipamentos mais pesado como retroescavadeiras e até mesmo manipulador telescópio, conforme representado na figura 13.

Figura 13: Espalhamento do cimento sobre a base

Essa etapa do processo de tratamento requer o acompanhamento de um laboratorista que fará a conferência da quantidade de cimento e realizará os ensaios necessários. Visto que durante a mistura e a condição climática, há algumas alterações na umidade do material, pois com o solo misturado ele tende a perder mais rápido, exigindo também o controle da mistura de água no terreno.

Concluindo esse espalhamento, a mistura é realizada utilizando um jerico com grade agrícola ou a própria motoniveladora. A utilização desses equipamentos possibilitam que o solo que está abaixo, mais próximos a camada de sub-base, possa se sobressair e possibilitando a mistura do material com o cimento como apresentado na figura 14.

Figura 14: Inicio da mistura do solo-cimento utilizando motoniveladora

Para obter a reação da mistura do cimento, enquanto a grade realiza essa mistura, o caminhão pipa jorra água em todo o trecho controlando a umidade do solo e permitindo a homogeneidade entre os materiais que irão interagir entre si até o ponto que poderá ser compactado, conforme figura 15.

Figura 15: Caminhão pipa molhando o trecho para garantir umidade do solo

Para chegarmos a etapa de compactação do solo é realizados ensaios para acompanhamento da umidade do solo misturado, só podendo iniciar a compactação se o resultado estiver dentro da umidade ótima, ou próximo, desde que esteja dentro do desvio limite.

4.2.6 Nivelamento e Compactação

Depois que realizado o ensaio de umidade ótima, no qual ele realiza com uma amostra do material obtendo o resultado dentro do desvio padrão, o laboratorista indica o início do processo da compactação do terreno, não podendo demorar pelo fato da alteração de umidade do solo. Com a liberação da compactação, a motoniveladora executa mais um nivelamento na camada para que a compactação seja executada dentro do nível do terreno indicado pelo projeto conforme figura 16.

Figura 16: Nivelamento do trecho tratado

Após esse processo, o rolo compactador de solo adentra no trecho, etapa nas quais foram encontradas algumas dificuldades nesse objeto de análise. Visto que o equipamento tinha dois níveis de vibração, alto e baixo. No nível alto a compactação acontece com mais velocidade pois não altera muito na umidade do material e tem mais força para adensar mais o solo, representado na figura 17.

Figura 17: Compactação do trecho utilizando rolo compactador

Já no nível baixo a compactação é mais demorada, pois a vibração do rolo é mais fraca, diminuindo a velocidade do adensamento e alterando a umidade do material, exigindo que o caminhão pipa trabalhe para manter a umidade ótima.

No objeto deste estudo de caso já havia prédios em paredes de concreto, nos quais exigiam que a vibração do rolo compactador estivesse somente no nível baixo ou sem vibração, para que não ocasionasse fissuras ou trincos nas construções, causa que acabou atrasando essa etapa do serviço. Com o material sendo especificamente mais arenoso, não era viável a compactação sem vibração, pois rapidamente o mesmo ia perdendo umidade e não obtendo o nível indicado, necessitando ainda mais apoio do caminhão pipa para manter o solo na umidade conforme os padrões indicados. Em base nessas informações, os trecos levaram o dobro do tempo para alcançar o grau de compactação a ser aplicado, 98%.

4.2.7 Ensaio de Compactação

Para concluir o processo anterior, é realizado o ensaio de compactação do solo que irá informar se o terreno estar nos conformes para receber a pavimentação como.

O laboratorista escolhe um ponto, sendo de preferencialmente o centro do trecho que foi compactado, caso seja maior que 100m, será efetivado em dois pontos. Utilizando um molde cilíndrico, ele perfura o solo para retirar uma amostra do material, essa perfuração deve obter no mínimo 15cm. Essa coleta é inicialmente armazenada em uma bacia, com auxílio dela podendo medir o peso da amostra utilizando uma balança, subtraindo o resultado da massa indicada com o da bacia, temos então a massa do material coletado, representado na figura 18.

Figura 18: Ensaio de compactação

 Com a ajuda de um frasco speed e floco de carbureto, é tirado o resultado da umidade que está o material. Por último, é alocado dentro do furo um frasco com areia, essa areia irá fechar por completo o ponto do ensaio e a areia que sobrar será pesada para calcular o volume da amostra de material coletado, tendo essa informação do volume é calculado a densidade do solo compactado. 

Por final, após obter todos esses resultados, pode ser feito agora o cálculo do grau de compactação do solo, objetivo indicado para receber o pavimento asfáltico foi de 98%, trecho no qual foi realizado atingiu a marca de 99,7%, estando conforme os requisitos apontados, terreno definido como apto para receber as construções de pavimentos. Nesse período de avaliação para o trabalho, teve um trecho reprovado, obtendo 95% de grau de compactação. 

Nessa ocasião, o laboratorista solicitou que o rolo compactador executasse mais 4 voltas com vibração mínima, já que a umidade estava nos padrões não haveria perda excessiva e iria atingir a compactação necessária. Ao final do processo solicitado pelo profissional, foi realizado um novo ensaio no mesmo ponto, no qual atingiu 98,5%, finalizando o tratamento da camada da base.

4.2.8 Acabamento Final

Após o terreno ter alcançado o grau de compactação necessária, por final é realizado o acabamento final do local, já preparando o terreno para receber o pavimento, representado na figura 19. 

Figura 19: Acabamento e nivelamento final do trecho compactado

O detalhe dessa etapa tem como objetivos: Remover os restos de material seco das marcas do rolo compactador; nivelar o terreno apontando o caminho da água, no caso deste objeto de avaliação foi realizada o abaulamento, que é a queda d’água para as bordas da rua. Finalizando essa etapa, a base pode ser receber imprimação, etapa final antes de receber a pavimentação que tem com o objetivo de impermeabilizar e proteger a base antes do processo de pavimento asfáltico.

4.3 PAVIMENTAÇÃO

Ao final do tratamento, com a base tratada, com o grau de compactação dentro dos conformes e o nivelamento concluído, pode dá início às etapas de pavimentação. Inicialmente foi removido todo o material solto, pois o trecho deve estar devidamente limpo para que a pintura de ligação faça sua função, que é dá aderência da base com asfalto conforme figura 20.

Figura 20: Execução de imprimação para receber o pavimento asfáltico

Logo em seguida o ideal é espalhar um pouco do material asfáltico por cima da pintura, para quando a vibroacabadora passar no trecho não arranque a pintura. Essa é a máquina que aplica o concreto asfáltico, já nivelando a rua conforme estava o nivelamento da base, mas ainda assim, é ideal que seja conferido durante a execução esse nível conforme figura 21.

Figura 21: Espalhamento do concreto asfáltico com vibroacabadora

Outro detalhe a ter bastante atenção enquanto está sendo executada a pavimentação é o acompanhamento da temperatura do asfalto. A vibroacabadora espalha dentro do nível, mas não faz compactação, essa etapa é realizada com um rolo compactador de asfalto como representado na figura 22.

Figura 22: Compactação com rolo compactador de asfalto

Porém a compactação do asfalto depende de sua temperatura que ao inicio do espalhamento a mesma começa a diminuir e só é possível compactar estando o material com no mínimo 90° de temperatura, abaixo disso a possibilidade de não haver compactação e gerar problemas futuros são maiores.

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao final do processo é possível apontar os benefícios do tratamento de base melhorada com cimento. Visto que as maiores dificuldades são as condições climáticas, pois não é possível executar o tratamento em períodos chuvosos, por causa da umidade do material. A outra questão é que o custo pode ser alto inicialmente, levando em consideração a necessidade de máquinas e equipamento especializados e o alto consumo de cimento para a execução do serviço. Entretanto temos as seguintes vantagens.

5.1 Benefício da base melhorada com cimento

5.1.2 Aproveitamento do solo local

A base com solo-cimento tem vantagem de custo pois ela pode aproveitar o solo do local a ser executado, sendo assim, não necessitando compra e movimentação de material.

5.1.2 Resistência

Levando em consideração a reação do cimento com o material, como o deste estudo de caso que era um solo mais arenoso, pode se considerar uma base de concreto. Com isso, podemos afirmar que a base obtém mais resistência para receber a carga do pavimento asfáltico.

5.1.3 Impermeabilidade

O que mais pode-se levar em consideração a aplicação do solo-cimento é a impermeabilização da base. Esse tratamento quando acabado, tem menos chances da infiltração de água, pois atingindo o grau de compactação indicado, o preenchimento dos vazios é realizado com mais vantagens pela homogeneização do solo dentro da umidade ótima. Na figura 23, podemos ver um exemplo de base acabada.

Figura 23: Base tratada pronta para receber imprimação e pavimentação

5.1.4 Durabilidade

Durante o acabamento da base tratada, é realizada o nivelamento e abaulamento da rua, que já será como um sistema de drenagem para que não haja o acúmulo e diminuindo a possibilidade de infiltração de água no trecho conforme figura 24.

Figura 24: Trecho de base com abaulamento

Como pode-se visualizar na figura, o abaulamento é a inclinação do eixo para as bordas da rua. Com isso, a água terá caimento para as sarjetas até chegar nas redes de drenagem. Esse processo é responsável pela durabilidade da base.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise e execução dos processos de terraplanagem, tratamento da camada de base com solo-cimento e pavimentação, como apresentado neste estudo de caso, revelam a importância de uma abordagem técnica e cuidadosa na preparação do terreno para a construção de infraestrutura viária. A aplicação de solo-cimento mostrou-se uma solução eficiente, não apenas em termos de custo, mas também na garantia de resistência, impermeabilidade e durabilidade da base.

Entre os principais benefícios desse processo, destaca-se o aproveitamento do solo local, que reduz custos e a necessidade de transporte de materiais, além de promover a sustentabilidade da obra. A melhoria das propriedades do solo com o cimento confere uma resistência estrutural superior, essencial para suportar as cargas do pavimento asfáltico e evitar problemas futuros, como deformações ou fissuras.

A compactação adequada e os ensaios de controle de qualidade são etapas críticas para garantir que a base esteja dentro dos parâmetros exigidos pelas normas, como a ABNT NBR 7182:2020. A umidade ideal do solo durante a compactação e o controle rigoroso durante todo o processo são fundamentais para alcançar o grau de compactação necessário, evitando problemas como o recalque do solo e garantindo a estabilidade das estruturas construídas sobre ele.

Além disso, o processo de pavimentação, após a conclusão do tratamento da base, deve ser cuidadosamente monitorado, principalmente em relação à temperatura do asfalto e ao nivelamento da camada. A qualidade da pavimentação, aliada à base adequadamente preparada, assegura uma infraestrutura durável e de baixo custo de manutenção ao longo do tempo.

Por fim, é importante ressaltar que a execução de obras de terraplanagem e pavimentação exige não apenas tecnologia e conhecimento técnico, mas também um controle rigoroso de todos os fatores envolvidos, incluindo clima, equipamentos e materiais. A experiência do estudo de caso revelou a importância de um planejamento detalhado, da análise prévia do solo e da interação entre os diferentes componentes do processo, garantindo a eficácia e o sucesso da obra.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5681: Controle tecnológico da execução de aterros em obras de edificações. Elaboração 2015.

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DINIZ, F. A. (2008). Geotecnia e Obras de Terraplenagem. Porto Alegre: Editora Bookman.

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9 OBRAS CONSULTADAS 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 2011. Disponível em: < https://www.abnt.org.br/normalizacao/lista-de-publicacoes/abnt > Acesso em: 20 de outubro 2020. 

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FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico: Explicitação das Normas da ABNT. – 17. ed. – Porto Alegre: Dáctilo Plus, 2013.


1Engenheira Civil, Graduação
Centro Universitário Nilton Lins – UNL
Instituição: Instituto de Ensino Superior UNL
E-mail: raikonensilva22@gmail.com
2Pós-Graduada em: Didática no Ensino Superior, Engenharia de Segurança do Trabalho.
Professora Universitária (Universidade Nilton Lins).
E-mail: wm.eng.civil@gmail.com
3Mestre em Engenharia Industrial. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho. Especialista em Didática do Ensino Superior e Tutoria e Docência em EAD. Graduada em Engenharia Civil e Licenciatura em Matemática.
Professora Universitária (Universidade Nilton Lins).
E-mail: erikamarquespinheiro@gmail.com