REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12793537
Jaqueline Valeska B. Miranda
RESUMO
O avanço da idade faz com que o organismo humano passe pelo processo natural de envelhecimento. A queda é considerada uma das principais problemáticas desse grupo, estando entre as síndromes geriátricas mais preocupantes e traumáticas. É visto na literatura que os acidentes sofridos por idosos estão entre as cinco maiores causas de morte e dentre elas, a queda encontra-se em terceiro lugar no índice de mortes acidentais, principalmente após os 70 anos, quando ocorre progressão de doenças crônicas degenerativas. O estudo tem como escopo observar os principais fatores que levam a queda do idoso e suas consequências Para aquisição dos dados necessários e construção desta pesquisa, foram feito levantamentos bibliográficos e consultas ao Manual do MS, Scielo e Lilacs, adquirindo artigos científicos Pesquisas apontam que no Brasil há uma recorrência de queda maior entre idosos que vivem na zona urbana. Estudo realizado em 23 estados brasileiros, abrangendo 6.616 idosos, a prevalência foi de 27,6%, e entre os que tiveram queda, 11% resultaram em fratura. Resultados analisados mostra que a maior predominância no sexo feminino está relacionada a maior longevidade desse grupo, uma vez que favorece o aumento da proporção de idosas expostas ao evento.Já a maior proporção entre os idosos com 80 anos ou mais está relacionado ao declínio funcional e a progressão das doenças crônicos degenerativas. De acordo com o presente estudo, foi observado a importância do profissional de saúde, principalmente o enfermeiro, que se coloca na linha de frente no que se refere ao cuidado e prevenção, e que atua diretamente com o público idoso. Esses profissionais atuam diretamente nas intervenções e cuidados que podem ser agravantes para o risco de queda.
PALAVRAS-CHAVE: Idoso; Acidentes por quedas; População urbana; Prevalência; Fatores de risco
INTRODUÇÃO
O avanço da idade faz com que o organismo humano passe pelo processo natural de envelhecimento, gerando alterações morfológicas, bioquímicas e funcionais, além de modificações psíquicas. Essas modificações trazem como consequência a diminuição gradual da capacidade funcional, maior vulnerabilidade e alta incidência de patologias, podendo levar o idoso a morte. (FERREIRA et al., 2012).
A queda é considerada uma das principais problemáticas desse grupo, estando entre as síndromes geriátricas mais preocupantes e traumáticas, pois afeta não só a saúde física, mas também repercute no âmbito social, econômico, psíquico e familiar. (NASCIMENTO et al., 2016).
Define-se a queda como um evento não intencional, resultante das mudanças naturais advindas do processo de envelhecimento, tendo por consequência fatores extrínsecos que exige uma precaução ainda maior no que diz respeito à piso escorregadio, má iluminação, calçado inapropriado, objetos que atrapalham a deambulação, pois elevam o risco de queda, elementos esses que estão entre as principais causas de acidentes domésticos entre idosos. (ABREU et al., 2018).
É visto na literatura que os acidentes sofridos por idosos estão entre as cinco maiores causas de morte e dentre elas, a queda encontra-se em terceiro lugar no índice de mortes acidentais, principalmente após os 70 anos, quando ocorre progressão de doenças crônicas degenerativas. (PERRACINI, 2005).
O alto índice de quedas faz com que o idoso sinta medo e receio em repetir esses acidentes, ou seja, ele considera-se incapaz de realizar atividades cotidianas, o que prejudica até mesmo sua capacidade de caminhar, levantar e sentar, e tomar banho sem ajuda de familiares, por exemplo. Salienta-se a importância em analisar a dependência da pessoa idosa como fator fundamental nessa temática, uma vez que ela vem a desencadear um instinto de superproteção, ainda que involuntário, por pessoas que convivem com aquele indivíduo idoso, tornando-o mais dependente do auxílio de terceiros inclusive em atividades e exercícios simples, mas que são necessários ao corpo humano (DUARTE et al., 2019).
Segundo o ministério da saúde, anualmente, cerca de 30% dos idosos sofrem quedas no Brasil. Ressalta-se que a queda é responsável pelo aumento de lesões, problemas emocionais, alta nas taxas de internação e óbito neste grupo. Apesar de considerada como grande problema de saúde pública e estar inserida na prevenção e manejo no estatuto do idoso, esse evento não recebe a devida atenção da sociedade brasileira. Desta forma é importante avaliar os fatores que levam a ocorrência de quedas, podendo fornecer informações necessárias e importantes para prevenção e planejamento de políticas públicas, na intenção de reduzir os números desses incidentes em idosos. (VIEIRA et al., 2018)
Estudos mostram que a prevenção é o principal mecanismo para redução no risco de quedas, portanto ressalta-se a importância em proporcionar um ambiente seguro ao idoso, para além do apoio familiar, e uma boa equipe multiprofissional ofertando o suporte necessário. Contudo, ainda que a prevenção seja determinante, é importante esclarecer que existem barreiras em sua implementação, haja vista que muitos idosos apresentam resistência em compreender suas limitações o que dificulta a consciência dos fatores de risco de acidentes, isso é evidenciado quando pacientes deixam de relatar em consultas médicas as quedas sofridas, fazendo que assim muitas estratégias de prevenção sejam ineficazes (GONTIJO, 2011).
Considerando a prevenção como principal fator para reduzir o risco de quedas, é necessário levar em consideração a promoção em saúde e a realidade de vida da pessoa idosa. A importância em conhecer o ambiente que o idoso vive se dá em razão do maior risco de quedas ser dentro de seus domicílios, demonstrando a relevância de acompanhamento com profissional geriatra e gerontólogo. Esse profissional irá avaliar as condições clínicas de cada paciente, indicando o melhor tratamento e exercícios físicos seguindo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009).
No Brasil, a política nacional de saúde tem como objetivo a atenção digna e integral aos idosos brasileiros, valorizando as ações preventivas de doenças. A Estratégia de Saúde da Família – ESF trabalha em conjunto à comunidade abordando os riscos e trabalhando junto ao idoso e seus respectivos familiares. Propõe-se uma abordagem multiprofissional, trabalhando uma anamnese para buscar quedas já sofridas e prevenir quedas futuras, além da avaliação psicológica desses idosos (GONTIJO, 2011).
O estudo tem como escopo observar os principais fatores que levam a queda do idoso e suas consequências.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo que consiste na revisão de literaturas do tipo narrativa. É uma revisão fundamentada em uma análise aprofundada da literatura possibilitando discussões acerca do tema supracitado, assim como reflexões para base de futuros estudos. Para aquisição dos dados necessários e construção desta pesquisa, foram feitos levantamentos bibliográficos e consultas ao Manual do MS, Scielo e Lilacs, adquirindo artigos científicos e manuais oficiais entre os anos de 2002 até 2021. De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados artigos eletrônicos disponíveis na base de dados supramencionados, que versam com o registro de quedas em idosos.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Pesquisas apontam que no Brasil há uma recorrência de queda maior entre idosos que vivem na zona urbana. Estudo realizado em 23 estados brasileiros, abrangendo 6.616 idosos, a prevalência foi de 27,6%, e entre os que tiveram queda, 11% resultaram em fratura. As taxas elevadas por queda relacionada à região geográfica do Brasil variaram de 18,6% no Norte a 30% no Sudeste. (NASCIMENTO et al, 2016).
Estudos mostram que a queda nos idosos no último ano foi de 28,1%, sendo a maior ocorrência na própria residência da pessoa idosa. Entre os idosos que sofreram queda, 51,5% tiveram uma única queda e 12,1% tiveram fratura como consequência, sendo a de membros inferior a mais relatada, sendo mais prevalente em mulheres, com idade avançada e baixa escolaridade além de incapacidade funcional para atividades instrumentais e portadores de enfermidades como diabetes, doença cardíaca e artrite (VIEIRA et al., 2018).
Nesse cenário, pesquisas demonstram também que dentre os idosos que tiveram quedas, o maior percentual foi relativo ao sexo feminino sendo 33,1% com 80 anos ou mais; 35,7% com até quatro anos de escolaridade; 29,5% que moravam acompanhadas; 31,5% tinham companheiro; 33,3% apresentavam percepção negativa de saúde 32,7%; usavam cinco ou mais medicamentos; 35,9% possuíam duas ou mais morbidades. (NASCIMENTO et al, 2016).
De acordo com as referências utilizadas, a maior consequência das quedas em idosos é a fratura que ocorre mais comumente no fêmur, seguido pelo rádio e clavícula, e atinge, principalmente, o sexo feminino. (NASCIMENTO et al, 2016).
No ambiente hospitalar, foram elaborados estudos como o de Cameron que mostra que a reposição de vitamina D é importante coadjuvante na prevenção de quedas, por isso é importante o tratamento multifatorial, mais ainda segundo o estudo, os melhores resultados na prevenção de queda, depende do comprometimento funcional. (CAMERON; et al., 2010).
Resultados analisados mostra que a maior predominância no sexo feminino está relacionada a maior longevidade desse grupo, uma vez que favorece o aumento da proporção de idosas expostas ao evento. Já a maior proporção entre os idosos com 80 anos ou mais está relacionado ao declínio funcional e a progressão das doenças crônicos degenerativas. (NASCIMENTO et al, 2016)
Destaca-se que a elevada ocorrência de quedas, o resultado divergiu de outros estudos nacionais em que prevaleceram idosos que caíram apenas uma vez. Esclarece que as quedas recorrentes demonstram principalmente a presença de fatores extrínsecos e intrínsecos, relacionados ao próprio indivíduo e fatores do ambiente que o idosos está inserido. Sendo um achado em relação aos fatores associados à queda. Diante disso é necessária a implementação de educação em saúde da pessoa idosa, envolvendo toda sua rede de apoio. (NASCIMENTO et al, 2016).
Estudos mostram que a prevenção de quedas em idosos, será sempre a opção mais eficaz e barata do que apenas trabalhar com a promoção e tratamento, por isso, a importância da conscientização dos idosos para intervenções multifacetadas. A atividade física vem sendo no século atual um grande método de prevenção, cada vez mais os idosos vêm adeptos a esse esporte por ser de fácil adaptação e interação social (FREITAS et al., 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o presente estudo, foi observado a importância do profissional de saúde, principalmente o enfermeiro, que se coloca na linha de frente no que se refere ao cuidado e prevenção, e que atua diretamente com o público idoso. Esses profissionais atuam diretamente nas intervenções e cuidados que podem ser agravantes para o risco de queda. É notável que as quedas em idosos são fatores comuns, principalmente no ambiente familiar da pessoa idosa interferindo na saúde física e psicologia e social, principalmente aqueles idosos que não possuem amparo familiar, por isso, os profissionais têm que identificar os fatores de risco, tanto extrínseco como intrínseco, trabalhando com a prevenção e a reabilitação da força muscular, capacidade funcional e equilíbrio, destacando a queda como problema de saúde pública e podendo levar esse grupo ao óbito por consequência da queda. Conclui-se que para atingir o controle de quedas é importante que o idoso receba suporte multiprofissional, buscando cada vez mais uma qualidade de vida, independência e suporte para a pessoa idosa, a fim de que sejam evitados os acidentes, consequentemente melhorando a qualidade vida, física, social e psicológica da pessoa idosa, pois muitos sofrem com problemas sociais por questões de quedas que os deixam limitados ou com sequelas e traumas e levando até mesmo ao óbito.
REFERÊNCIAS
ABREU, Débora Regina de Oliveira Moura; NOVAES, Elisiane Soares; OLIVEIRA, Rosana Rosseto de; MATHIAS, Thais Aidar de Freitas; MARCON, Sonia Silva. Internação e mortalidade por quedas em idosos no Brasil: análise de tendência. Ciência & Saúde Coletiva, abr. 2018. Disponível em: ttps://www.scielosp.org/article/csc/2018.v23n4/1131-1141/. Acesso em 04 de setembro de 2021.
Brasil. Ministério da Saúde; Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Caderno de Atenção Básica N° 19, 2006.
CAMERON, Ian D; DYER, Suzanne M; PANAGODA, Clarier; Murray,Geoffrey; HILL,Keith; KERSE, Ngaire. Intervenções para prevenir quedas em idosos em unidades de saúde e hospitais. Cochrane Database of Systematic Reviews, set.2018.Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD005465.pub4/full. Acesso em 08 de setembro de 2021.
DUARTE, Gisele Patricia; SANTOS, Jair Licio Ferreira; LEBÃO, Maria Lucia; DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira. Relação de quedas em idosos e os componentes de fragilidade. Revista brasileira de epidemiologia, fev.2018.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/Vd9NzKzB37kjJwwyTWtqS4B/?lang=pt. Acesso em 06 de setembro de 2021.
FERREIRA, Olívia Galvão Lucena; MACIEL, Silvana Carneiro; COSTA, Sônia Maria Gusmão; SILVA, Antonia Oliveira; MOREIRA, Maria Adelaide Silva Paredes. Envelhecimento ativo e sua relação com a independência funcional. Texto & Contexto – Enfermagem, set. 2012.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/fMTQ8Hnb98YncD6cC7TTg9d/?lang=pt. Acesso em 18 de agosto de 2021.
FREITAS, Mav. Preocupações de idosos em relação a quedas. Revista Brasileira em Geriátrica e Gerontologia , set.2008.
GONTIJO, Karina Cardoso Pena. Proposta de intervenção na prevenção de quedas dos idosos no ambiente domiciliar. Dez.2011. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3129.pdf Acesso em 19 de agosto de 2021.
NASCIMENTO, Janaína Santos;TAVARES,Darlene Mara dos Santos .PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A QUEDAS EM IDOSOS.Texto & Contexto – Enfermagem, fev.2016.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/cVt85RyRp7ppDFQk3Fwshrc/?lang=pt.
Acesso em 19 de setembro de 2021.
PERRACINI. Monica Rodrigues. Prevenção e manejo de quedas nos idosos. Ramos LR, Toniolo Neto J. Geriatria e Gerontologia. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar/Unifesp-Escola Paulista de Medicina. São Paulo: Editora Manole, 2005.
VIEIRA, L. S., Gomes, A. P., Bierhals, I. O., Farías-Antúnez, S., Ribeiro, C. G., Miranda, V. I. A., Lutz, B. H., Barbosa-Silva, T. G., Lima, N. P., Bertoldi, A. D., & Tomasi, E. (2018). Falls among older adults in the South of Brazil: prevalence and determinants. Revista De Saúde Pública, 52, 22.
Disponível em: https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000103. Acesso em 10 de setembro de 2021.