PROBIÓTICOS PARA CÃES: PROMOVENDO SAÚDE E BEM-ESTAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10420492


Cláudia Hanna Lopes Marques
Vitória Ariadhe Silva De Melo
Prof. Orientador Marcos Prado Sotero


RESUMO

A temática apresentada visa destacar em síntese os tipos de suplementos alimentares utilizados para cães em idade avançada, partindo desde os tipos mais comumente utilizados, a importância da prescrição deste tipo de alimentação após idades tardias e os benefícios para o público-alvo após o início deste tipo de suplementação alimentar. Justificativa: Este documento justifica-se realizar uma abordagem exploratória de revisão de literatura, a fim de compreender a temática proposta neste artigo. Problemática: Diante os fatores subsequentes e análises realizadas, o questionamento a ser discutido ao longo deste manuscrito ocorre por meio da seguinte questão: Como pesquisadores e demais profissionais da área poderiam aprimorar a base de probióticos presentes em alimentos para cães de forma que se tornem menos prejudiciais e inofensivos a saúde dos caninos sadios e limitados pelo fator doença versus idade?. Metodologia: Estudo de caráter transversal, com delineamento descritivo, de caráter narrativo e reflexivo, realizado a partir de uma junta documental e literária através da extração de obras bibliográficas, Leis/Decretos e retirados de periódicos específicos da esfera de medicina veterinária, delimitando a pesquisa saúde de cães jovens e em idade avançada. Revisão: Espera-se compreender que o conhecimento atual sobre os benefícios dos probióticos em suplementação alimentar canina e as mudanças na microbiota de cães durante as intervenções probióticas fornece evidências clínicas dos efeitos benéficos dessas composições na prevenção ou tratamento de doenças destes animais. Considerações finais: Com base no conhecimento atual, pesquisadores subsequentes poderiam desenvolver ou melhorar a base de probióticos em produtos alimentares caninos, promovendo assim maior eficácia e efeitos menos maléficos a integridade de caninos mais velhos.

Palavras-chave: Idade Avançada. Canis lupus familiaris. Alimentação. Suplementação.

Introduction: The theme presented aims to highlight in summary the types of food supplements used for dogs in advanced age, starting from the most commonly used types, the importance of prescribing this type of food after late ages and the benefits for the target audience after initiation of this type of food supplementation. Justification: This document is justified to carry out an exploratory approach of literature review, in order to understand the theme proposed in this article. Problem: Given the subsequent factors and analyzes carried out, the question to be discussed throughout this manuscript occurs through the following question: How could researchers and other professionals in the area improve the base of probiotics present in dog foods so that they become less Harmful and harmless to the health of healthy canines and limited by disease factor versus age? Methodology: Cross-sectional study, with a descriptive, narrative and reflective nature, carried out from a documentary and literary gathering through the extraction of bibliographical works of Laws/Decrees and specific periodicals in the sphere of veterinary medicine and health of young dogs and in old age. Review: It is expected to understand that the current knowledge about the benefits of probiotics in canine food supplementation and the changes in the microbiota of dogs during probiotic interventions provides clinical evidence of the beneficial effects of these compositions in the prevention or treatment of diseases in these animals. Final considerations: Based on current knowledge, subsequent researchers could develop or improve the probiotic base in canine food products, thus promoting greater effectiveness and less harmful effects on the integrity of older canines.

Keywords: Advanced Age. Canis lupus familiaris. Food. Supplementation.

1 INTRODUÇÃO

Os Canis lupus familiaris da família Canidae é uma subespécie da espécie Canis lupus e pertencentes ao gênero Canis. Sabendo-se disso, é preterível considerar que os caninos domesticados carecem de maiores cuidados e intervenções ao longo de sua vida, sendo essencial cautela nos cuidados alimentares. Em idade avançada, estes animais tornam-se mais fragilizados, sendo necessário intervir muitas vezes com suplementação de suporte concomitante ao uso de demais medicações para aqueles com saúde debilitada (BECKER, 2009).

A domesticação dos cães é um processo que nos remete aos primórdios da civilização, provavelmente começando entre 20.000 e 40.000 anos atrás, quando os lobos iniciaram a aproximação junto aos humanos, tendo o objetivo de conseguir alimento e abrigo. Com o tempo, esses lobos menos agressivos e mais tolerantes à presença humana foram gradualmente sendo incorporados às sociedades humanas, dando origem aos cães domesticados (FELICIANO; SAAD, 2009)

O processo de domesticação dos cães teve um impacto significativo em sua alimentação. Antes da domesticação, os ancestrais dos cães selvagens, como os lobos, eram predadores que caçavam presas para se alimentar. Com a proximidade dos humanos, os cães começaram a se beneficiar das sobras de alimentos humanos, como carne e ossos. Isso representou uma fonte de alimento mais acessível e consistente do que a caça, o que favoreceu a sobrevivência dos cães que se aproximavam dos acampamentos humanos (BRITTO, 2014).

A evolução da alimentação canina ao longo do tempo é um processo complexo que tem sido influenciado por fatores como a domesticação, mudanças na disponibilidade de alimentos e avanços na compreensão das necessidades nutricionais dos cães. No entanto, mesmo com os avanços na indústria de alimentos para animais de estimação, ainda existem desafios em atender plenamente às necessidades específicas dos cães idosos (CAPPELLI, 2016).

Neste interim, os cães idosos têm necessidades nutricionais específicas que podem não ser completamente atendidas pela dieta padrão de cães adultos. Alguns dos desafios incluem a menor necessidade calórica a qual os cães idosos geralmente são menos ativos e têm um metabolismo mais lento, o que significa que precisam de menos calorias para evitar o ganho de peso excessivo (FELSSNER, 2013). Ademais, tem a necessidades de proteína, visto que os cães idosos podem precisar de uma quantidade ligeiramente maior de proteína de alta qualidade para manter a massa muscular à medida que envelhecem.

Concomitantemente, não esquecendo da digestibilidade, podendo ser afetada pelo envelhecimento do trato gastrointestinal, tornando importante escolher alimentos mais facilmente digeríveis. Em resumo, enquanto a alimentação canina evoluiu ao longo do tempo e muitos progressos foram feitos em relação às necessidades nutricionais dos cães, ainda é importante reconhecer que os cães idosos têm requisitos específicos que podem não ser plenamente atendidos por dietas genéricas (GONZÁLEZ, 2013).

Assim, compreende-se que a suplementação de probióticos não é universalmente segura e eficaz em humanos e eles também devem ser usado com cautela em animais de companhia até que as limitações do uso de probióticos nestes sejam encontrados; O termo “probióticos” refere-se a micróbios vivos (isolados de diferentes fontes, como comensais intestinais, alimentos fermentados e qualquer outra fonte) que foram caracterizados e evidenciados em estudos controlados adequados para ter uma saúde e efeito benéfico, e sua segurança verificada. Embora componentes microbianos, micróbios mortos e produtos microbianos exibam efeitos benéficos à saúde, eles não devem ser considerados como probióticos  (IPB, 2021).

Portanto, esta revisão de literatura tem como objetivo, destacar os beneficios no uso de suplementos alimentares na alimentação de cães, destacando os principais benefícios dos probióticos para os caninos.

2. REVISÃO DA LITERATURA

 2.1 O que são os probióticos utilizados nos animais

     Os probióticos frequentemente empregados são microrganismos que fazem parte da microbiota normal, sendo, em sua maioria, não patogênicos. Eles são predominantemente dos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, enquanto em menor proporção, pertencem aos gêneros Enterococcus e Streptococcus. Além disso, bactérias do gênero Bacillus, assim como leveduras como Sacharomyces boulardii e Sacharomyces cerevisiae, também são utilizadas como probióticos. (BERBEL et al., 2016).

     Os Lactobacillus spp fazem parte das LABs, que são bactérias comensais não patogênicas, gram-positivas, não toxigênicas e fermentativas, responsáveis pela produção de ácido láctico a partir de carboidratos. Este gênero é prevalente no intestino delgado de humanos e animais, compreendendo mais de 100 espécies, sendo estas as mais empregadas como probióticos (SIMÕES ET AL, 2014).

     O gênero Bifidobacterium, composto por 30 espécies, abrange bactérias geralmente aeróbias estritas ou anaeróbias, gram-positivas, predominantes no intestino grosso de humanos e animais. Em contraste, as bactérias do gênero Streptococcus são anaeróbias facultativas. Recentemente, o Streptococcus salivarius (subespécie thermophillus) e o Lactobacillus delbrueckii (subespécie bulgaricus) foram excluídos da lista de probióticos da ANVISA devido à falta de comprovação científica de seus efeitos probióticos (ANVISA, 2008; MAZO, 2009).

A suplementação de probióticos regula positivamente a microbiota do hospedeiro e melhora sua saúde. A Organização Conjunta para a Alimentação e a Agricultura (FAO) das Nações Unidas e Organização Mundial da Saúde (OMS) define o termo “probióticos” como “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício para a saúde do hospedeiro” (GAEDTKE, 2017).

As características ideais dos probióticos incluem ser não patogênico para o hospedeiro, a capacidade de tolerar baixos níveis de pH e altas concentrações de ácidos biliares no ambiente gastrointestinal e a capacidade de proliferar no intestino por ir aderindo ao epitélio intestinal. Para uma produção economicamente viável, os probióticos também devem preferencialmente ter a capacidade de crescer bem em meios baratos e tolerar os processos de fabricação, transporte e armazenamento (MACHADO, et al., 2009).

     No Brasil o orgão responsável em permitir alegações de propriedade funcional relacionadas a probióticos em animais é o Ministerio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, MAPA, que em 2011 liberou uma lista de aditivos para animais de companhia (TABELA 1).

Tabela 1 – Probióticos autorizados pelo MAPA para uso nos cães e gatos

Fonte: Brasil (2011).

  • Caracterização da microbiota em cães

Os microbiomas de humanos e animais de estimação têm semelhanças e a microbiota desempenham um papel crítico na saúde e doenças entre os animais de companhia. Estudos anteriores baseados em cultura bacteriana mostraram que cães saudáveis contêm um 102 para 1011 CFU/g de carga bacteriana em seus tratos gastrointestinais (GI) (NOGUEIRA-NETO, 1993).

Recentemente, técnicas de sequenciamento de DNA de alto rendimento foram implementados para determinar os microbiomas de caninos. Os métodos moleculares atuais revelaram que as cargas microbianas de cães saudáveis podem variar de 1012 a 1014. Assim, Garcia-Mazcorro et al. (s.d.) relataram que Firmicutes era o filo predominante, seguido por Actinobacteria, Proteobacteria e Bacteroidetes, que foram identificados na microbioma fecal de cães saudáveis.

Fusobactérias e Acidobactérias foram as menos abundantes no filo em comparação com os outros filos identificados no microbioma fecal de cães saudáveis e Jha et al. (s.d.) relataram o mesmo conjunto de filos como o predominante encontrado nas fezes e amostras de cães.

A carga microbiana de cada segmento no trato GI varia com base nas funções fisiológicas dessa seção, onde o intestino delgado é rico em nutrientes aeróbicos e facultativos de bactérias anaeróbicas, enquanto o cólon abriga bactérias anaeróbias. Variações individuais na microbiota de diferentes compartimentos intestinais (como maiores índices de diversidade para o cólon, reto do que os do duodeno, jejuno e íleo em cães individuais) pode também estarem presentes e essas variações devem ser levadas em conta para explicar a microbiota de cães saudáveis (SOUZA, 2019).

Os resultados podem flutuar com base no método de sequenciamento e profundidade do estudo. Alguns estudos mostraram que Firmicutes (abundante no duodeno, jejuno, íleo e cólon), Fusobacteria (abundante no íleo e cólon), Bacteroidetes (abundante no íleo, e cólon), Proteobacteria (abundante no duodeno, jejuno, íleo, rectum e Actinobacteria são os filos primários identificados no trato GI da microbiota canina (STEIFF; BAUER, 2001).

Clostridia é a classe bacteriana mais abundante. Aglomerados de Clostridium XI (mais abundantes no intestino delgado) e XIVa (mais abundante no cólon) são os grupos dominantes de Clostridia. Além dos Clostrídios, Bacilos (gêneros Streptococcus e Lactobacillus) e Erysipelotrichi (gêneros Turicibacter, Catenibacterium e Coprobacillus) são os dominantes as classes pertencentes a Firmicutes, Prevotella, Bacteroides, Sutterella, SMB53, Enterococcus, Fusobacterium e Megamonas são os gêneros mais abundantes entre as populações microbianas intestinais em cães (NOGUEIRA-NETO, 1993).

As necessidades nutricionais de cada cão podem diferir com base na raça, tamanho, estágio de desenvolvimento e nível de atividade do cão e, mesmo se os animais de companhia sejam alimentados com dietas nutricionalmente balanceadas para manter uma boa saúde, quaisquer diferenças em sua microbiota normal pode facilitar a doença após a exposição a influências ambientais nocivas e patógenos (BEAVER, 2001).

2.3 Efeitos na saúde de cães suplementados com probióticos

          Alterações da microbiota e outros benefícios em cães saudáveis após suplementação de probióticos.

De acordo com VILA e considerando os objetivos da pesquisa, que provavelmente incluíam avaliar os efeitos da suplementação de Enterococcus faecium

NCIB 10415 em cães saudáveis, os resultados revelaram algumas informações importantes. O estudo tinha como objetivo principal investigar os efeitos desse probiótico específico na microbiota intestinal canina e seu potencial para reduzir a presença de bactérias patogênicas, como Clostridium spp., Campylobacter spp. e Salmonella spp., nas fezes dos cães (VILÀ, 2014).

Os resultados mostraram que a suplementação de E. faecium NCIB 10415 foi eficaz na redução da contagem de Clostridium spp. nas fezes dos cães saudáveis, sugerindo um possível benefício na promoção de um ambiente intestinal mais saudável. No entanto, quando se tratou das bactérias Campylobacter spp. e Salmonella spp., os resultados foram mistos. Alguns cães apresentaram uma redução na contagem dessas bactérias, enquanto a maioria não demonstrou uma diminuição significativa, indicando que o probiótico pode não ser eficaz na inibição do crescimento dessas bactérias em todos os cães saudáveis.

Portanto, com base nos resultados da pesquisa de VILA, pode-se concluir que a suplementação de E. faecium NCIB 10415 pode ser benéfica para a saúde intestinal de cães, especialmente no que diz respeito à redução de Clostridium spp. No entanto, sua eficácia na inibição de Campylobacter spp. e Salmonella spp. pode variar entre indivíduos, e mais estudos são necessários para entender completamente os mecanismos subjacentes e os efeitos desse probiótico em diferentes contextos de saúde canina (VILÀ, 2014).

Embora os resultados do estudo sugiram efeitos benéficos de E. faecium NCIB 10415 na inibição do patogênico Clostridium spp., os efeitos dos probióticos devem ser avaliados com cautela (TATIBANA; COSTA-VAL, 2019).

Biagi et al. (s.d.) estudaram os efeitos do Lactobacillus animalis LA4 (derivado de fezes caninas adultas) sobre a composição e metabolismo da microbiota intestinal canina sob tanto em condições in vitro como in vivo. A avaliação in vitro mostrou que após a exposição de L. animalis LA4 para culturas fecais de cães adultos, L. animalis LA4 aumentou a contagem de Lactobacillus e reduziu a contagem de Clostridium perfringens.

Além disso, LA4 aumentou o nível de ácido láctico em culturas fecais. LA4 reduziu a concentração de amônia sob in vitro e suas condições, enquanto a concentração fecal de amônia não foi influenciada por LA4 sob in vivo e demais condições. Quando cães saudáveis (n = 9 adultos) foram alimentados com L. animalis LA4 (109 UFC/g; 0,5 g por cão por dia) por 10 dias, a contagem de Lactobacillus foi aumentada e os enterococos e a contagem foi reduzida (MORRIS, 1990).

As avaliações in vivo da contagem de Lactobacillus também apoiaram os resultados dos experimentos in vitro. Os resultados in vivo mostraram que a cepa LA4 poderia apresentar que estes resistem ao ambiente gastrointestinal e proliferam nos intestinos dos animais estudados em cães adultos (TSUDA, et al., 2020).

A suplementação de Bacillus amyloliquefaciens CECT 5940 e E. faecium CECT 4515 (0,2 g de uma mistura probiótica = 1 × 108 UFC de cada cepa probiótica por cão por dia; cada cepa = 5 × 108 UFC por grama de alimento) na alimentação de cães saudáveis por 39 dias não afetam os coeficientes de digestibilidade de nutrientes, escores fecais ou microbiota, enquanto a redução foi observada na contagem de clostrídios patogênicos nas fezes de cães saudáveis administrados probióticos. Este estudo revelou que a suplementação de CECT 5940 e CECT 4515 reduziu a contagem de clostrídios patogênicos sem influenciar a digestibilidade dos alimentos em cães (VACCARI; ALMEIDA, 2007).

Uma preparação probiótica (dose diária: 1 g de suplemento probiótico/10 libras de corpo peso) contendo Lactobacillus (>64 × 109 CFU/g), Bifidobacterium (30 × 109 CFU/g) e espécie de Bacillus (24 × 109 UFC/g) foi administrada por via oral a cadelas saudáveis por 14 ou 28 dias. Os resultados do estudo mostraram que a suplementação de probióticos por via oral por 14 ou 28 dias não aumentou as bactérias láticas vaginais (BAL) em cães saudáveis (RENCTAS, 2016).

Probióticos são microorganismos vivos que, quando consumidos em quantidades apropriadas, podem conferir benefícios para a saúde. No caso dos cães, eles são frequentemente empregados para promover o bem-estar do sistema gastrointestinal e manter o equilíbrio da flora microbiana intestinal. Entre os principais probióticos utilizados em cães, destaca-se o Lactobacillus acidophilus, uma das cepas mais comuns e amplamente empregadas em alimentos caninos (GALLEGO, 2016). Esse probiótico desempenha um papel fundamental na preservação do equilíbrio da microbiota intestinal, contribuindo para uma digestão saudável e a absorção eficiente de nutrientes.

Outra cepa relevante é o Bifidobacterium animalis, conhecido por sua capacidade de regular o trânsito intestinal e reduzir episódios de diarreia em cães, ao mesmo tempo em que fortalece o sistema imunológico dos animais. Por último, mas não menos importante, o Enterococcus faecium é outro probiótico frequentemente utilizado em alimentos destinados a cães. Ele pode ser particularmente benéfico na estabilização da flora intestinal, especialmente após episódios de distúrbios gastrointestinais (KUMAR, 2017).

É importante enfatizar que nem todos os probióticos são iguais e diferentes tipos podem ter efeitos diferentes. Além disso, a eficácia dos probióticos em cães pode ser influenciada por uma série de variáveis, incluindo a saúde geral do animal a dosagem, a frequência de administração e a qualidade do produto probiótico em questão. (LYU, 2020). Portanto, antes de fornecer qualquer suplemento probiótico ao seu cão, é recomendável consultar um veterinário para obter orientações específicas, especialmente se o animal apresentar problemas gastrointestinais ou de saúde. O veterinário poderá recomendar a cepa e a dosagem adequadas para atender às necessidades individuais do seu cão (PERNI, 2020).

2.4 Efeitos dos probioticos utilizados em cães idosos

Os suplementos nutricionais podem ajudar a melhorar a qualidade de vida do seu canídeo idoso e prolongar sua vida útil. Isso ocorre porque muitos desses suplementos contêm ingredientes que podem ajudar a reduzir os efeitos do envelhecimento, como antioxidantes e ácidos graxos ômega 3. Os antioxidantes ajudam a reduzir o dano oxidativo às células. Isso pode levar ao envelhecimento e doenças crônicas. Os ácidos graxos ômega-3, por sua vez, são importantes para a saúde da pele e da pelagem e também auxiliam na redução da inflamação no organismo que pode estar ligada a uma série de doenças (Ribeiro et al., 2021).

           Alguns suplementos também podem ajudar a reduzir a dor e a inflamação nas articulações, o que é especialmente importante em cães mais velhos que podem sofrer de artrite. Algumas pesquisas sugerem que a suplementação de glucosamina e condroitina pode melhorar a mobilidade e reduzir a dor em cães com artrite (Sang et al., 2019).

           Além disso, os suplementos dietéticos podem ajudar a prevenir e tratar outras condições. problemas comuns em cães mais velhos, como doenças cardíacos e problemas de visão. e problemas cognitivos. Por exemplo, suplementos dietéticos contendo taurina e coenzima Q10 podem beneficiar a saúde do coração, enquanto suplementos contendo luteína e zeaxantina podem ajudar a prevenir a degeneração macular em cães mais velhos (PPVS, 2021).

           No geral, os suplementos nutricionais podem ser uma forma segura e eficaz de melhorar a saúde e o bem-estar dos cães idosos, mas é importante sempre consultar um vet antes de dar qualquer tipo de suplemento ao seu animal de estimação. Seu veterinário pode ajudá-lo a determinar quais suplementos serão mais benéficos para seu canídeo e em quais doses (Osuga et al., 2007).

2.5 Principais probióticos encontrados no Brasil

As tabelas 2 e 3 mostram os probióticos comerciais destinados a cães e gatos, adicionados em formas farmacêuticas ou em alimentos, encontrados no Brasil.

Tabela 2 – Probióticos comerciais para cães e gatos em formas farmacêuticas

Produto FabricanteCepa (s)DosagemFontes
Formas Farmacêuticas
FloraFix® (Vencofarma) Cães e Gatos Seringa dosadora com 15gBifidobacterium longum Enterococcus faecium Lactobacillus acidophilus Lactobacillus casei1×107 UFC/g 1×107 UFC/g 1×107 UFC/g 1×107 UFC/ghttps://www.petlove.co m.br/reposicao-de- microbiota-intestinal- flora-fix-vencofarma/p
Lactobac Dog® (Organnact) Cães Seringa dosadora com 16gBacillus subtilis Bacillus toyoi Bifidobacterium bifidum Enterococcus faecium Lactobacillus acidophilus Lactobacillus casei Lactobacillus lactis Saccharomyces cerevisiae3×108 UFC/g 3,2×108 UFC/g 1,6×107 UFC/g 3,2×107 UFC/g 4×107 UFC/g 3,2×107 UFC/g 2,4×107 UFC/g 8×109 UFC/ghttp://www.organnact. com.br/index.php?/pro dutos/detalhe/18/lacto bac-dog
Probiótico para Cães e Gatos® (Vetnil) Cães e gatos Seringa dosadora com 14gSaccharomyces cerevisiae Lactobacillus acidophillus Bifidobacterium bifidum Enterococcus faecium Lactobacillus plantarum Bifidobacterium bifidum Enterococcus faecium3,33×105 UFC/g 3,33×107 UFC/g 3,33×107 UFC/g 1,66×107 UFC/g 1,66×107 UFC/g 3,33×108 UFC/kg 1,66×108 UFC/kghttps://www.petlove.c om.br/probiotico- caes-e-gatos-14- gramas-vetnil- 1010527/p?sku=3101 0527
Suplemento Alimentar Probiótico (Biovet) Cães e gatos Seringa dosadora com 14gLactobacillus acidophilus Lactobacillus plantarum Saccharomyces cerevisiae3,33×108 UFC/kg 1,66x108UFC/kg 3,33x108UFC/kghttps://www.petlove.c om.br/suplemento- alimentar-probiotico- biovet/p
Cat Probiótico (Organnact) Gatos Pote com 100gSaccharomyces cerevisiae4×108 UFC/ghttps://www.petlove.c om.br/organnact-cat- probiotico-100-gr- 1016611/p
Florafort Probiótico (Vitafort) Cães e gatos Seringa dosadora com 14gBifidobacterium bifidum Enterococcus faecium Lactobacillus acidophilus Lactobacillus plantarum Saccharomyces cerevisiae3,33×107 UFC/g 1,66×107 UFC/g 3,33×107 UFC/g 1,66×107 UFC/g 3,33×105 UFC/ghttp://mercado.ruralce ntro.com.br/produtos/ 28410/florafort- probiotico-seringa-14- g-vitafort
Biocanis Probiótico (Ouro Fino) Cães e gatos Seringa com 14gLactobacillus acidophilus Bifidobacterium bifidum Enterococcus faecium3,33x106UFC/g 3,33x106UFC/g 3,33x106UFC/gFinofile:///C:/Users/Us o%20Pessoal/Downlo ads/BIOCANIS_BULA .pdf
Probsil (Vansil) Cães e gatos Seringa dosadora com 14gBacillus subtilis Bifidobacterium bifidum Enterococus faecium Lactobacillus acidophilus Saccharomyces cerevisiae2,0x108UFC/g 3,0x108UFC/g 2,0x108UFC/g 3,0x108UFC/g 3,0x108UFC/ghttp://mercado.ruralce ntro.com.br/produtos/ 43425/prob-sil- seringa-14-g-vansil
Biosan Flora (Biosan) Cães e gatos Seringa dosadora com 14gBacillus subtilis Bifidobacterium bifidum Enterococus faecium Lactobacillus acidophilus Lactobacillus casei Lactobacillus lactis Saccharomyces cerevisiae3,0x1010UFC/g 2,0x1010UFC/g 2,0x1010UFC/g 2,0x1010UFC/g 2,0x1010UFC/g 1,0x1010UFC/g 8,0x1010UFC/ghttp://biosan.ind.br/pr odutos/biosan-flora- b12/
Probiótico Pet® (Avert) Cães e gatos Seringa dosadora com 14gEnterococcus faecium Lactobacillus acidophilus1,7×108 UFC/14g 1,7×108 UFC/14ghttps://www.farmaciad ebicho.com.br/p/479/ probiotico-pet-14g— avert

Fonte: Vasconcelos (2018, p.41).

A Tabela 2 demonstra que de acordo com as indicações presentes nos rótulos, os produtos listados na tabela 1 promovem em sua maioria a recomposição da flora intestinal, previnem a proliferação de bactérias patogênicas, auxiliam na síntese de vitaminas e proteínas e favorecem a absorção de nutrientes no intestino.

Tabela 3- Probióticos comerciais para cães e gatos em alimentos

Fonte: Vasconcelos (2018, p.43).

Contudo, a partir da Tabela 3, pode-se perceber que a suplementação não deve ser encarada como uma substituição para uma alimentação equilibrada e abrangente. É essencial que os cuidadores consultem um Médico Veterinário (MV) antes de iniciar qualquer suplementação, garantindo assim que o suplemento escolhido seja adequado às necessidades do animal e não provoque efeitos adversos.

Além disso, é crucial respeitar as orientações específicas do Médico Veterinário, considerando que a dosagem adequada pode variar conforme as necessidades individuais do animal. A supervisão profissional garante um uso seguro e eficaz do suplemento, promovendo a saúde e o bem-estar do animal de maneira adequada.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante a suplementação probiótica, considera-se que este ajuda na manutenção da saúde intestinal, prevenindo ou controlando patógenos no trato gastrointestinal, promovendo a população de microflora favorável do trato.

Deste modo, a pesquisa de literatura fornecida neste artigo revelou que os probióticos podem promover a saúde e o bem-estar de cães saudáveis, que podem ser considerados como adjuvantes e agente terapêutico para controlar a DA e pode ajudar os cães em idade avançada melhorando sua condição clínica e sintomas de diarreia.

Os possíveis mecanismos de ação dos probióticos na suplementação alimentar incluem a colonização persistente no hospedeiro e restauração da microbiota normal modulando a microbiota comensal, melhorando assim a disponibilidade de microrganismos benéficos, metabólitos, como SCFA, e reduzindo a carga microbiana patogênica no sistema hospedeiro, e/ou melhorando a resposta imune do hospedeiro exibindo um efeito imunomodulador na manutenção ou melhoria do estado de saúde dos cães idosos.

4   REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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RENCTAS. Falta diálogo por parte do Ibama: Os instrumentos normativos são criados sem consultas ao setor, com consequentes prejuízos aos empreendimentos. In: RENCTAS – Rede nacional de combate ao tráfico de animais silvestres. Brasília, 2016a. cap.1. p. 195-197.

RENCTAS. Fora do Brasil, o comércio é muito maior: O país possui um grande potencial para o mercado de animais pet no mundo. In: RENCTAS – Rede nacional de combate ao tráfico de animais silvestres. Brasília, 2016c. cap.5. p. 530-534.

RENCTAS. Quem cuida de quê: As atribuições, responsabilidades e fragilidades do Ministério do Meio Ambiente e de seus subordinados na proteção à fauna. In: RENCTAS: Rede nacional de combate ao tráfico de animais silvestres. Brasília, 2016b. cap.1. p.109-117.

SIMÕES, I; TOLEDO, H.; PINTO, J. O Uso dos Probióticos nas Doenças Alérgicas : Revisão de Literatura. Revista Ciências em Saúde. v.4, n. 2, 2014.

VASCONCELOS, S.S.R.S.L. Uso de probióticos manipulados e seus efeitos na saúde de cães e gatos: uma revisão de literatura. TCC. 58p. Centro de Ciências de Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2018.


Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária do CEUNI – FAMETRO como pré-requisito para obtenção de título de Bacharel em Medicina Veterinária.