PRINCIPAIS TERAPIAS NÃO FARMACOLÓGICAS EM PACIENTES COM SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO – REVISÃO DE LITERATURA

MAIN NON-PHARMACOLOGICAL THERAPIES IN PATIENTS WITH POLYCYSTIC OVARY SYNDROME – A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202507121939


Elissamia Oliveira de Mendonça1*, Lúcia Araujo da Silva1, Juliana Lima Carneiro Araújo1, Emanuely Ximenes Furtado1, Gabriela Cristina Lima Areal Alencar1, Raquel Araujo Soares1, Yohanna Malta Diniz1


RESUMO 

Introdução: A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma endocrinopatia frequente em mulheres em idade reprodutiva, principal causa de infertilidade anovulatória e associa-se a distúrbios metabólicos, como resistência à insulina, obesidade, dislipidemia e Diabetes Mellitus tipo 2, impactando significativamente a qualidade de vida destas pacientes. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, buscando e sintetizando estudos sobre a primeira linha de terapia não farmacológica e seus impactos no manejo da SOP. Resultados e Discussão: As consequências da SOP transcendem o eixo reprodutivo e a abordagem terapêutica deve ser precoce, lançando mão das terapias não farmacológicas, que incluem intervenções no estilo de vida (dieta e exercícios regulares) e suporte psicológico, constituem a primeira linha de tratamento. Essas medidas melhoram parâmetros metabólicos, reprodutivos e a condição geral de saúde (ansiedade, depressão, distúrbios do sono). Conclusão: As intervenções não farmacológicas são cruciais e eficazes no manejo abrangente da SOP, diminuindo sintomas e aprimorando a qualidade de vida das pacientes a longo prazo. Contudo, seu sucesso é intrinsecamente dependente da colaboração e adesão da paciente, o que pode representar um desafio.

Palavras-chave: Síndrome do Ovário Policístico, Desordens Endócrinas, Infertilidade Feminina.

ABSTRACT

Introduction: Polycystic Ovary Syndrome (PCOS) is a common endocrinopathy in women of reproductive age, being the leading cause of anovulatory infertility. It’s associated with metabolic disorders such as insulin resistance, obesity, dyslipidemia, and type 2 Diabetes Mellitus, significantly impacting patients’ quality of life. Method: This is an integrative literature review, seeking and synthesizing studies on first-line non-pharmacological therapies and their impacts on PCOS management. Results and Discussion: The consequences of PCOS extend beyond the reproductive axis, and early therapeutic approaches, employing nonpharmacological therapies including lifestyle interventions (diet and regular exercise) and psychological support, constitute the first line of treatment. These measures improve metabolic and reproductive parameters, as well as overall health status (anxiety, depression, sleep disorders). Conclusion: Nonpharmacological interventions are crucial and effective in comprehensive PCOS management, reducing symptoms and enhancing patients’ long-term quality of life. However, their success is intrinsically dependent on patient collaboration and adherence, which can pose a challenge.

Keywords: Polycystic Ovary Syndrome, Endocrine Disorders, Female Infertility.

INTRODUÇÃO

A saúde reprodutiva feminina abrange um espectro complexo de condições que impactam o bem-estar individual e coletivo. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em sua Estatística de Saúde de 2024, delimita o período reprodutivo feminino com o intervalo entre a menarca e a menopausa, destacando sua relevância para a saúde pública e o desenvolvimento socioeconômico. Dentro deste contexto, a infertilidade emerge como uma condição de significativa prevalência epidemiológica, afetando substancialmente a qualidade de vida e o planejamento familiar de uma parcela expressiva de mulheres em idade fértil1.

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) representa a causa mais comum de infertilidade anovulatória, afetando até 80% das mulheres. A carga de infertilidade atribuível à SOP tem demonstrado um aumento alarmante: entre 1990 e 2019, os casos prevalentes de infertilidade associados à SOP dobraram globalmente, resultando em um incremento de 98% na carga global de infertilidade atribuível à síndrome em mulheres de 15 a 49 anos. Essa elevação é particularmente mais acentuada em regiões com alto índice sociodemográfico2.

A SOP é uma endocrinopatia complexa e heterogênea que afeta uma parcela considerável da população feminina em idade reprodutiva, com prevalência estimada entre 5% e 21%3, 4. Sua fisiopatologia, ainda não completamente elucidada, envolve a interação de fatores genéticos, hormonais e ambientais3, 5. Os principais critérios diagnósticos, de acordo com os Critérios de Rotterdam, incluem distúrbios menstruais ou amenorreia com anovulação crônica, características clínicas e/ou bioquímicas de hiperandrogenismo, e a presença de ovários policísticos à ultrassonografia, após exclusão de outras desordens endócrinas4. Do ponto de vista endócrino, a SOP é marcada por um aumento nos níveis de Hormônio Luteinizante (LH), redução do Hormônio Folículo-Estimulante (FSH) e resistência ao feedback hormonal no eixo hipotálamo-hipófise, culminando em hiperandrogenismo e irregularidades menstruais5.

Além das manifestações reprodutivas, como infertilidade e irregularidades menstruais, a SOP está associada a um espectro de distúrbios metabólicos e psicológicos5, 6. Mulheres com SOP apresentam alta prevalência de obesidade, presente em cerca de 50% dos casos, e resistência à insulina, que ocorre em 60% a 95% das pacientes. Essa resistência insulinêmica pode levar à intolerância à glicose em 31% a 35% e ao diabetes mellitus tipo 2 em 7,5% a 20% dessas mulheres. Há também um risco aumentado para dislipidemia, hipertensão arterial e apneia obstrutiva do sono4, 6. As consequências da SOP transcendem o eixo reprodutivo, impactando significativamente a qualidade de vida das pacientes com prejuízos psicológicos e sociais, incluindo estresse, depressão, ansiedade e insatisfação sexual5, 6. Dada a cronicidade e a amplitude dos fatores de risco associados, a SOP assume aspectos de uma doença crônica, com potencial aumento da morbidade e mortalidade se não prevenida e tratada adequadamente6. As abordagens terapêuticas variam desde intervenções farmacológicas, como contraceptivos orais combinados, antiandrogênios e sensibilizadores de insulina (por exemplo, metformina), até modificações no estilo de vida3, 5.

Diante da complexidade fisiopatológica e do amplo espectro de manifestações clínicas e metabólicas da Síndrome do Ovário Policístico, a presente pesquisa objetiva realizar uma revisão de literatura sobre a primeira linha de tratamento com abordagem não farmacológica empregada no manejo de pacientes com SOP.

MÉTODO 

Este estudo configura-se como uma revisão integrativa de literatura, método que possibilita a síntese de conhecimentos sobre um determinado tema a partir da análise de pesquisas já realizadas. Essa abordagem permite a inclusão de estudos com diferentes delineamentos metodológicos (quantitativos e qualitativos), proporcionando uma compreensão abrangente da Síndrome do Ovário Policístico (SOP) e das principais terapias não farmacológicas para o seu manejo.  

A busca pelos artigos foi realizada nas plataformas digitais PubMed, LILACS e SciELO. As buscas foram conduzidas utilizando uma combinação de descritores controlados e palavras-chave relevantes: “Síndrome do Ovário Policístico” OR “Polycystic Ovary Syndrome” OR “PCOS”.

As buscas foram limitadas a publicações nos idiomas português e inglês, com um corte temporal de dez anos (critério de inclusão de publicações datadas de 2015 a 2025). 

Foram incluídos artigos originais e revisões que abordassem as terapias não farmacológicas no tratamento da SOP, seus impactos na saúde metabólica e na qualidade de vida das pacientes. Os estudos deveriam estar disponíveis na íntegra. Foram excluídos: teses, dissertações, editoriais, cartas ao editor, resumos de congressos, duplicatas e artigos que não se enquadravam na questão norteadora ou que não apresentavam dados primários ou revisões sistemáticas sobre as terapias não farmacológicas.

Após a realização das buscas nas bases de dados, os artigos identificados foram primeiramente rastreados por seus títulos e resumos para verificar a relevância inicial. Em seguida, os textos completos dos artigos pré-selecionados foram lidos na íntegra. A seleção final foi realizada por dois revisores de forma independente, e em caso de divergência, um terceiro revisor foi consultado para dirimir o conflito.

Ilustração 1: Fluxograma do método de pesquisa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é uma condição complexa e multifacetada, cujas implicações se estendem para além da esfera reprodutiva, impactando de forma significativa a saúde metabólica e a qualidade de vida das pacientes. A heterogeneidade da síndrome e a necessidade de uma abordagem terapêutica personalizada e multidisciplinar são aspectos centrais para o manejo eficaz5, 7. A Tabela 1 discorre a correlação entre as comorbidades clínicas e a SOP

Tabela 1 – Abrangência de dados relacionando as alterações clínicas e a SOP

Síndrome Metabólica e Comorbidades:

A SOP é reconhecidamente associada a uma elevada prevalência de distúrbios metabólicos e cardiovasculares, que podem se agravar ao longo da vida da mulher4, 6. Embora a fisiopatologia completa da SOP ainda seja desconhecida, a resistência à insulina é uma característica comum e um fator chave na etiologia e evolução da síndrome, presente em até 80% das mulheres com SOP, sendo exacerbada pela obesidade6, 12, 13. Essa resistência insulinêmica contribui para um cenário de hiperinsulinemia compensatória, que por sua vez está intrinsecamente ligada a diversas comorbidades metabólicas13.

A prevalência da síndrome metabólica (SM) em mulheres com SOP é notavelmente alta, variando entre 28% e 46% em diferentes populações7, 8. Um estudo transversal com 111 mulheres brasileiras com SOP revelou uma prevalência de SM de 33,6%, e as pacientes com SOP apresentaram um risco quatro vezes maior de desenvolver SM em comparação com o grupo controle9, 10. A obesidade abdominal, definida por uma circunferência da cintura ≥ 80 cm, demonstrou um papel relevante no desenvolvimento dessas alterações metabólicas10. Dados específicos de uma coorte de 96 mulheres com SOP indicaram que 41,67% possuíam três critérios para SM, enquanto 13,54% apresentavam quatro critérios e 1,05% os cinco critérios completos. Estes números reforçam a necessidade de triagem regular para SM e seus componentes em pacientes com SOP, a fim de reduzir as taxas de morbidade e mortalidade11.

Em relação aos componentes da SM, a dislipidemia é a anormalidade metabólica mais comum na SOP, caracterizada por baixos níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL) e altas concentrações de triglicérides, frequentemente acompanhada de aumento da lipoproteína de baixa densidade (LDL)4, 13. Mulheres com SOP demonstraram ter menor média de colesterol HDL e maior média de triglicerídeos em comparação com controles9. A obesidade, prevalente em cerca de 50% das mulheres com SOP, exacerba os distúrbios metabólicos e reprodutivos7, 13. Mesmo em mulheres com peso normal (IMC <25 kg/m2), o IMC acima da faixa ideal compromete a ovulação18.

A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é outra comorbidade com prevalência elevada em mulheres com SOP, sendo considerada uma expressão hepática da síndrome metabólica4, 8. Aproximadamente 25% das pacientes com SOP foram diagnosticadas com DHGNA em um estudo, e a SM é altamente prevalente no subgrupo SOP+DHGNA, que apresenta pacientes mais obesas e com maiores níveis glicêmicos8.

A disfunção autonômica cardiovascular também é uma preocupação. Mulheres com SOP apresentam alta prevalência de alterações no controle autonômico cardiovascular. A obesidade pode impactar a sensibilidade barorreflexa espontânea, um mecanismo crucial para a regulação da pressão arterial, com pacientes obesas com SOP exibindo os menores valores de sensibilidade barorreflexa em comparação com grupos eutróficos19. Essa desregulação autonômica, que pode ser agravada por resistência à insulina, hiperandrogenismo e obesidade, é um preditor de eventos cardiovasculares e mortalidade, contribuindo para um maior risco cardiovascular na SOP4. Adicionalmente, há um risco teórico de hipertensão pulmonar na SOP, com a adiposidade visceral sendo um potencial fator de remodelamento crônico no coração20.

A suplementação de vitamina D tem demonstrado benefícios significativos na melhora de parâmetros metabólicos em pacientes com SOP21, 22. Metaanálises indicaram que a suplementação de vitamina D aumenta os níveis séricos da vitamina, reduz a Proteína C-reativa ultrassensível (PCR-us), o hormônio da paratireoide, o colesterol total e o nível total de testosterona21. Adicionalmente, estudos revelaram uma redução notável na glicemia de jejum, níveis de insulina, triglicerídeos, colesterol total, VLDL e LDL, sugerindo um papel potencial da vitamina D no manejo da SOP, embora não tenha havido impacto significativo no HDL-colesterol22.

Qualidade de Vida

A SOP afeta significativamente a qualidade de vida (QV) das pacientes, com prejuízos que se estendem aos aspectos psicológicos e sociais6. O desequilíbrio hormonal da SOP, incluindo o hiperandrogenismo, contribui para sintomas como infertilidade, hirsutismo e acne, que impactam a autoestima e podem levar a maior predisposição à depressão e ansiedade5, 6.

A qualidade do sono é particularmente comprometida em mulheres com SOP. Estudos revelam menor qualidade de sono subjetiva, maior incidência de ronco e um risco aumentado para síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), mesmo após ajuste para o índice de massa corporal (IMC). Mulheres com SOP apresentaram menor tempo de sono REM, indicando que a síndrome afeta a qualidade objetiva do sono, sendo a obesidade um fator que agrava esses parâmetros14. A prevalência de distúrbios respiratórios do sono é trinta vezes maior em mulheres com SOP, mesmo controlando o IMC4.

As pacientes com SOP frequentemente expressam a necessidade de apoio da equipe médica e familiar para o controle do peso e para lidar com os desafios emocionais e sociais da condição15. A adoção de estratégias complementares, como mindfulness, técnicas de manejo do estresse e suporte psicológico, tem demonstrado impacto positivo na redução dos sintomas emocionais e na promoção do bem-estar geral5. A efetividade de programas de treinamento físico, como o treinamento de resistência progressiva, não só melhora parâmetros clínicos e metabólicos, mas também resulta em melhorias significativas na qualidade de vida e na função sexual16, 17. Isso sugere que a satisfação pessoal com o programa de treinamento pode promover uma melhor adesão e, consequentemente melhores resultados na QV16.

Controle de Peso: Dieta e Exercícios

Considerando a alta prevalência de obesidade e distúrbios metabólicos, a modificação do estilo de vida é amplamente reconhecida como a primeira linha de tratamento não farmacológico para mulheres com SOP, especialmente aquelas com sobrepeso ou obesidade 5, 6, 7, 13, 23. Este consenso é reforçado por sociedades como a Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia (ESHRE) e a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM)6. O objetivo é alcançar e manter um peso saudável para minimizar complicações hormonais e reprodutivas, reduzir os riscos de doenças crônicas como doenças cardiovasculares e DM2, e melhorar a qualidade de vida. A perda de peso é, portanto, um objetivo principal do tratamento da SOP em mulheres obesas 6, 13.

As intervenções de estilo de vida devem ser combinadas, incluindo manejo comportamental (redução de estressores psicossociais), dietético e de exercícios5, 7. No aspecto dietético, dietas com baixo índice glicêmico e hipocalóricas têm demonstrado levar à perda de peso, reduzir o hiperandrogenismo e aumentar as taxas de ovulação e gravidez13, 16. Um estudo com adolescentes com SOP mostrou que 60% aderiram ao aconselhamento nutricional, e 50% delas perderam peso, com uma redução significativa da circunferência da cintura, mesmo que a perda de peso total não tenha sido estatisticamente significativa. Isso ressalta a importância da circunferência abdominal como um indicador de sucesso terapêutico16. A principal limitação dessas terapias, contudo, é a dificuldade em manter a perda de peso a longo prazo, com frequentes recaídas13.

A prática regular de atividade física é igualmente fundamental5. Exercícios aeróbicos de moderada a alta intensidade são predominantemente recomendados e, isoladamente ou em combinação com treinamento de resistência, reduzem de forma efetiva a gordura corporal total e abdominal, melhoram a frequência menstrual e/ou ovulação, diminuem as concentrações séricas de testosterona e os níveis de glicose plasmática em jejum, além de aumentar a sensibilidade à insulina. O treinamento de resistência progressiva (TRP), em particular, melhora o hiperandrogenismo, o ciclo menstrual, a capacidade funcional (com aumento da força muscular) e a composição corporal (aumento da massa muscular magra e diminuição da obesidade central), sem necessariamente reduzir o peso total. A perda de massa gorda com o TRP é provavelmente mediada por um aumento na taxa metabólica basal devido ao incremento da massa muscular, que é metabolicamente ativa e eleva o gasto calórico, melhorando a sensibilidade à insulina16.

É importante reconhecer que a obesidade em mulheres com SOP pode ser um fator limitante para a adesão a algumas atividades físicas devido à redução da força muscular, dificuldades no controle postural e exaustão rápida. No entanto, a eficácia comprovada das diferentes modalidades de treinamento físico aumenta as opções e a possibilidade de satisfação pessoal, promovendo uma melhor adesão ao programa16. A perda de peso em pacientes com sobrepeso, mesmo sem insuficiência cardíaca, pode melhorar as pressões da artéria pulmonar e a hemodinâmica central, com importantes implicações terapêuticas para a saúde cardiovascular a longo prazo20.

A Tabela 2 apresenta os principais passos para orientar as pacientes no início da abordagem terapêutica da SOP, ressaltando a primeira linha de tratamento e os benefícios gerados por ela.

Tabela 2 – Primeira linha de tratamento da SOP

CONCLUSÃO

A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) emerge como uma endocrinopatia de alta prevalência, afetando uma parcela significativa de mulheres em idade reprodutiva globalmente. Conforme demonstrado por este estudo, a SOP não se restringe à disfunção reprodutiva por ser a principal causa de infertilidade anovulatória, suas implicações se estendem a um complexo espectro de distúrbios metabólicos, como resistência à insulina, obesidade, dislipidemia, intolerância à glicose e um risco elevado de desenvolver diabetes mellitus tipo 2. Além disso, o impacto na qualidade de vida é substancial, englobando desde questões psicológicas, como ansiedade e depressão, até distúrbios do sono, como a apneia obstrutiva.

Diante desse cenário, o presente estudo reitera a importância de uma abordagem terapêutica multidisciplinar e individualizada. Os resultados destacam que as modificações no estilo de vida são a primeira linha de tratamento, conforme preconizado por diversas sociedades médicas. Intervenções como dietas hipocalóricas e de baixo índice glicêmico demonstraram eficácia na perda de peso, redução do hiperandrogenismo e melhora da ovulação, enquanto a prática regular de exercícios, incluindo treinamentos aeróbicos e de resistência, contribui para a melhoria da composição corporal, sensibilidade à insulina e parâmetros reprodutivos e metabólicos. Adicionalmente, estratégias como o suporte psicológico e mindfulness são cruciais para o manejo dos impactos emocionais da síndrome.

Em síntese, as evidências reforçam que as terapias não farmacológicas desempenham um papel central e insubstituível no manejo da SOP. Elas não apenas diminuem os sintomas reprodutivos e metabólicos, mas também promovem uma significativa melhoria na qualidade de vida das pacientes. A implementação precoce e consistente dessas intervenções é fundamental para reduzir a morbidade a longo prazo e otimizar o prognóstico de mulheres com Síndrome do Ovário Policístico. Contudo, seu sucesso é intrinsecamente dependente da colaboração e adesão da paciente, o que pode representar um desafio.

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1Acadêmico de Medicina. Centro Universitário Uninorte, AC, Brasil
*Autor correspondente: elissamiaoliveira@gmail.com