PRINCIPAIS MOTIVOS DA NÃO RETIRADA DE RESULTADO DE EXAMES CITOPATOLÓGICOS REALIZADOS EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DO BRASIL. 

MAIN REASONS FOR NOT COLLECTING CYTOPATHOLOGICAL EXAM RESULTS PERFORMED IN BASIC HEALTH UNITS IN BRAZIL.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12093108


Talita Fatima Braz Vitcoski1
Orientadora: Daniela Munarini Almeida2


RESUMO 

Esta Revisão Bibliográfica investiga os principais motivos da não retirada de exames citopatológicos em unidades básicas de saúde do Brasil. Utilizando exclusivamente artigos científicos como base metodológica, o estudo busca assegurar um embasamento sólido e fundamento, sustentado por evidências científicas atualizadas. O Câncer de Colo Uterino é considerado o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres no Brasil. O seu principal fator de risco é a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), sendo transmitido via sexualmente. O objetivo geral deste trabalho será verificar os principais motivos que levam a não retirada destes resultados de exames citopatológicos coletados em unidades básicas de saúde do Brasil. Utilizou artigos científicos para assegurar um embasamento sólido e atualizado. A revisão integrativa permitiu uma análise crítica dos motivos que levam pacientes a não retornarem para retirar os resultados de exames citopatológicos coletados em Unidades Básicas de Saúde (UBS) no Brasil. Os critérios de inclusão envolveram mulheres de 25 a 64 anos que seguem o protocolo do Ministério da Saúde e não retornaram para buscar os resultados dos exames. Foram excluídos estudos duplicados, não específicos ao tema ou incompletos. A análise considerou 5 artigos publicados entre 2019 e 2023. A abordagem foi qualitativa e explicativa, focando em identificar as relações causais entre as variáveis investigadas. A pesquisa não apresenta riscos e os dados foram obtidos a partir dos artigos analisados, oferecendo uma visão abrangente sobre as barreiras ao retorno dos pacientes às UBS para a retirada dos resultados dos exames citopatológicos. 

Palavras-chave: Saúde da Mulher. Câncer de colo uterino. Preventivo. 

1. INTRODUÇÃO 

O Câncer de Colo Uterino (CCU) tem como sua principal causa o Papilomavirus Humano (HPV). Sua transmissão ocorre via sexual, se desenvolvendo através de alterações celulares dos tecidos da parede inferior na cavidade uterina. 

Segundo dados do Ministério da Saúde (2023): 

“Outros fatores que aumentam o risco de desenvolvimento deste tipo de câncer são: o início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros sexuais ao longo da vida, tabagismo, visto que o tabaco apresenta capacidade de agir diretamente nos evolutivos da doença e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais”. 

O exame citopatológico é realizado para detecção de câncer de colo uterino sendo o mais eficaz. Ele pode detectar lesões ainda na fase I ou até mesmo em fases mais avançadas como II e III. Sabendo que muitas destas lesões se apresentam de forma assintomática, as descobertas precoces e logo tratadas, podem até ser curadas. O exame está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente e de maneira indolor, sendo realizada a coleta da amostra na cavidade uterina externa (ectocérvice) e interna (endocérvice) (CEARÁ, 1998). 

É recomendado a realização do exame citopatológico em mulheres de 25 a 64 anos que já tiveram ou têm atividade sexual, após dois exames anuais negativos com intervalo a cada três anos. Para mulheres com mais de 64 anos que nunca se submeteram ao exame, recomenda-se realizar dois exames com intervalo de um a três anos. No caso de resultado negativo, elas podem ser liberadas de novos exames visto que não há evidências sobre a efetividade do rastreamento após os 65 anos (BRASIL, 2021; BRASIL, 2019; WHO, 2021). 

A vacina HPV foi integrada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2014, inicialmente para meninas de 11 a 13 anos, e posteriormente foi sendo estendida de forma progressiva para outras faixas etárias. Em 2017, os meninos passaram a ser contemplados e, desde 2022, a vacina consta como rotina do calendário nacional de imunização para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos de ambos os sexos (LEVI, 2023). 

Mesmo diante da magnitude deste problema para a saúde pública e de seus altos potenciais de cura, os tratamentos destas patologias nunca alcançarão seus objetivos se as pacientes não retornarem para retirarem os resultados dos seus exames. O Ministério da Saúde orienta os enfermeiros para enfatizar a importância da necessidade do retorno, além do respeito, atenção e carinho para com as mulheres, pois o exame envolve questões de foro íntimo. Assim, estabelecer empatia é um passo importante na garantia do retorno dessa mulher à unidade de saúde (BRASIL, 2002). 

Neste contexto, o objetivo do estudo é falar sobre os principais motivos destes pacientes não retornarem para retirar os resultados destes exames coletados em unidades de saúde do brasil. 

A atenção básica de saúde tem como papel principal exercer a coordenação do cuidado e o ordenamento das redes de atenção à saúde. Em relação ao câncer do colo do uterino, a atenção primária é a porta de entrada para o rastreamento e prevenção desta patologia, mas também cabe a ela realizar a coleta do material para o exame citopatológico e o acompanhamento da usuária que recebeu um resultado “positivo”, encaminhando-a ao serviço de referência para confirmação do diagnóstico e realização do tratamento. O sistema logístico da rede (sistema de informação) deve permitir que a atenção básica tenha acesso ao relatório do tratamento durante a sua realização, bem como a contrarreferência, quando o serviço especializado realiza a alta da usuária (BRASIL, 2013). 

Idealmente, a equipe de saúde deve conhecer e acompanhar a sua população alvo, o que só é possível por meio de um cadastro sistemático de todas as usuárias da sua área de cobertura. O cadastro permite à equipe identificar todas as mulheres da faixa etária alvo do programa, assim como identificar aquelas com riscos elevados para doença. Usuárias que não comparecem de forma espontânea para a realização do exame ou para receber o resultado podem ser convocadas pelas unidades (busca ativa). De posse do resultado, o profissional deve realizar a conduta preconizada de acordo com o resultado do exame. Se for necessário o encaminhamento da mulher para outro serviço, é importante que o profissional faça a solicitação do encaminhamento informando os dados relevantes sobre o caso (quadro clínico e o resultado do exame). Além disso, é necessário que a equipe acompanhe essa mulher, verificando o seguimento efetivo da mesma no sistema (BRASIL, 2013). 

1.1 PROBLEMA  

No Brasil, o câncer de colo uterino é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre as mulheres. No ano de 2023 foram estimados 17.010 casos novos, o que representa um risco considerado de 13,25 casos a cada 100 mil mulheres. Na análise regional, o câncer do colo do útero é o segundo mais incidente nas regiões Norte (20,48/100 mil) e Nordeste (17,59/100 mil) e o terceiro na Centro-Oeste (16,66/100 mil). Já na região Sul (14,55/100 mil) ocupa a quarta posição e, na região Sudeste (12,93/100 mil) a quinta posição (INCA, 2022). 

A erradicação do câncer de colo uterino é um dos principais desafios da saúde pública, por isso, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2023, os casos atingirão 790 mulheres do estado do Paraná, localizado na região sul do país. Esse cenário pode ser reduzido com a adoção de mecanismos de controle, da retirada dos resultados destes exames nas unidades de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2023). 

Sendo assim, a presente pesquisa tem como objetivo responder a seguinte questão: Quais os motivos para que as pacientes não retornam para retirar os resultados dos exames citopatológico coletados em unidades básicas de saúde do Brasil? 

1.2 JUSTIFICATIVA 

A não retirada destes resultados de exames destas Unidades de Saúde é um problema que afeta não somente as pacientes, mas também todo o sistema de saúde. A não retirada destes exames contribuem para o atraso do início dos tratamentos quando necessário, ou até mesmo na progressão destas doenças (SABATINO et al., 2012). 

Outro fator que contribui para que não ocorra retorno à unidade de saúde é a existência de barreiras de acesso. Muitas vezes estes pacientes enfrentam dificuldades para comparecer à unidade de saúde para retirar seus exames devido à falta de transporte adequado e a distância entre suas residências e a unidade. A falta de acompanhamento por parte dos profissionais de saúde também é considerada um fator contribuinte para que ocorra este acúmulo de resultados de exames. Isto porque, muitos profissionais não orientam claramente sobre a importância da retirada dos resultados pela paciente (AMORIM et al., 2006). 

O atraso no diagnóstico e no tratamento pode fazer com que a doença progrida para um estágio mais avançado. Esta falta de acompanhamento vem gerar sobrecarga nos sistemas de saúde é fundamental que sejam implementadas medidas para garantir a retirada dos resultados de exames citopatológico visando a saúde e o bem-estar dos pacientes (PINHO; FRANÇA-JUNIOR, 2003). 

2. OBJETIVOS 

2.1 OBJETIVO GERAL 

A presente pesquisa tem como objetivo geral verificar os principais motivos que levam a não retirada destes resultados de exames citopatológicos coletados em unidades básicas de saúde do Brasil. 

2.2  OBJETIVOS ESPECÍFICOS 

O presente trabalho tem como objetivos específicos: 

  • Mostrar a importância da retirada de exames citopatológico pelas pacientes. 
  • Levantar-se, através do estudo o Índice de não retirada do resultado de exames citopatológicos de colo uterino coletados em unidades básicas de saúde do Brasil. 
  • Elencar as principais patologias que podem ser diagnosticadas através dos resultados destes exames citopatológicos. 

3. METODOLOGIA 

3.1 TIPOS DE ESTUDO 

Caracteriza-se como uma pesquisa de revisão bibliográfica realizada em bases eletrônicas de dados durante o período de fevereiro de 2024. A escolha de utilizar exclusivamente artigos científicos como base metodológicas têm como objetivo assegurar um embasamento sólido e fundamental, sustentado por evidências científicas atualizadas. Uma revisão integrativa auxilia, de forma crítica, na investigação de algumas temáticas (SANTOS 2022). 

A busca dos artigos foi realizada na seguinte base de dados: Google Scholar, que embora não seja uma base de dados específica, o Google Acadêmico sendo uma ferramenta útil para buscar artigos acadêmicos incluindo revistas acadêmicas nas quais agregaram para a realização deste artigo. Dessa forma, busca-se garantir a precisão, validade e credibilidade dos resultados obtidos, proporcionando uma análise rigorosa e objetiva das informações contidas na literatura científica disponível. A pesquisa bibliográfica é primordial na construção da pesquisa científica, uma vez que nos permite conhecer melhor o fenômeno em estudo (SOUZA 2021).  

O problema de pesquisa proposto para este estudo se enquadra no âmbito de abordagem qualitativa que busca explorar, analisar e sintetizar as informações disponíveis na literatura científica sobre os motivos que levam estes pacientes a não retornarem para retirarem estes resultados de exames coletados em UBS do Brasil. 

 Para esta pesquisa, o método utilizado é de pesquisa explicativa, na qual tem como objetivo identificar as relações causais entre as variáveis investigadas, permitindo uma análise detalhada das características e das relações existentes nesse contexto específico.  

3.2 LOCAL DO ESTUDO 

A presente revisão bibliográfica foi realizada com artigos que apresentam dados de coletas de exames citopatológicas em Unidades Básicas de Saúde do Brasil, com as equipes da estratégia saúde da família (ESF), que se distingue por apresentar um aumento crescente de população e uma diversidade socioeconômica muito marcante. 

3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO 

Serão incluídas neste estudo mulheres com idade de 25 a 64 anos que se enquadram no protocolo do Ministério da Saúde para as coletas de amostra de material dos exames citopatológico e que por algum motivo não retornam para retirar estes resultados de exames em Unidade de Saúde do Brasil. 

3.4 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO 

Serão considerados como critérios de exclusão os estudos que contenham informações duplicadas, os que não abordem especificamente o tema em questão e aqueles que não apresentem um artigo completo. Após a análise dos títulos, foram identificados 10 estudos que abordavam o objeto da revisão literária. Em seguida, uma leitura superficial dos resumos foi realizada para verificar sua relevância, e desses, 5 não atenderem aos critérios de inclusão, que consistiam em serem artigos em língua inglesa e estarem relacionados ao tema em discussão. Posteriormente, os 5 artigos restantes foram lidos, interpretados e utilizados informações para criar tópicos a fim de responder aos objetivos propostos. 

3.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS  

 Os dados foram obtidos a partir da análise de 5 artigos relacionados ao tema, publicados entre os anos de 2019 e 2023, estando todos disponíveis no Google acadêmico. 

3.6 ANÁLISES DOS DADOS 

Ao analisar a literatura, foram identificados 10 artigos, dentre eles, apenas 6 conseguiram esclarecer os principais motivos da não retirada de resultado de exames citopatológicos realizados em unidades básicas de saúde do brasil, eles foram separados em tópicos para melhor entendimento:  

  • Artigo 1: ANÁLISE DE LAUDOS DE EXAME PAPANICOLAU NÃO 

RETIRADOS NA UNIDADE DE SAÚDE 

Uma das formas de minimizar as barreiras de acesso aos resultados dos exames de Papanicolau é a implementação do Consultório Virtual da Saúde da Família com serviços de telemedicina e telessaúde, isto é, serviços de tele consultas médicas, de enfermagem e multiprofissionais. A adoção dessa estratégia traria impacto positivo na saúde pública, visto que facilitaria o acesso da mulher ao tratamento adequado, além de proporcionar ações de vigilância em saúde, como o controle das infecções sexualmente transmissíveis. 

  • Artigo 2: EXAMES COLPOCITOLÓGICOS NÃO RETIRADOS DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DO ACRE 

A frequência de exames não retirados no período analisado foi alta e o esquecimento foi o principal motivo apontado para o não retorno à UBS para o recebimento do resultado do exame colpocitológico. Fato este que pode trazer prejuízo para a saúde da mulher, tais como: não ter acesso a informações necessárias, não realizar o diagnóstico e tratamento precoce e não ser encaminhada a repetição do exame, caso necessário. Todavia, é necessário considerar que o viés de memória das participantes ao responder as questões sobre os aspectos relacionados à realização do exame preventivo tenha sido a principal limitação do estudo. Porém, os achados permitem sugerir que exista a necessidade de realização de busca ativa das mulheres que não retornam para retirar o referido exame, bem como a ampliação das campanhas sobre a importância do exame, principalmente, a disseminação da informação de que o diagnóstico precoce de lesões aumenta as chances de cura do CCU. 

  • Artigo 3: AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO EXAME PAPANICOLAU NÃO PROCURADOS POR MULHERES DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRAS – PARAÍBA. 

Com base nos dados do presente estudo, constatou-se que 113 mulheres deixaram de procurar os laudos do exame de Papanicolau na UBS em Cajazeiras, apesar da pesquisa ter sido realizada em apenas uma UBS, o número é preocupante, tendo em vista que o município de Cajazeiras tem vinte e quatro UBS, podendo haver um número ainda mais expressivo. 

Diante do desperdício de tempo e recursos, por parte do serviço e da mulher, pois o objetivo do exame não é alcançado, é necessário o retorno das pacientes para recolherem o resultado do exame e a apresentação dele ao profissional competente que, nos casos positivos, poderá iniciar o tratamento precocemente, impedindo a transmissão e evitando outras infecções e prováveis complicações. 

É imprescindível que os serviços estejam atentos para o rastreamento das mulheres, utilizando ações que facilitem o acesso delas ao serviço, gerando nos profissionais um senso de responsabilidade em relação ao acolhimento das pacientes, para trazer maior efetividade ao serviço e, dessa forma, contribuir na redução do número de laudos não retirados pelas pacientes. 

  • Artigo 4:  ESTUDO DOS FATORES ASSOCIADOS AO NÃO ACESSO AO RESULTADO DO EXAME PREVENTIVO PARA O CÂNCER DO COLO DO ÚTERO NA REDE SUS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO. 

Este estudo teve como objetivo investigar o perfil das usuárias e os fatores associados ao não acesso ao resultado do exame citopatológico com base nos fatores individuais (predisposição, capacitação e necessidade em saúde) a partir do modelo de Andersen. Foi observado que os fatores de predisposição (mulheres jovens e raça/cor preta) e fatores capacitam-te (ausência de informação sobre a data do retorno para buscar o resultado, dificuldade de remarcação da consulta e avaliação da usuária sobre o atendimento do profissional de saúde) estavam associados ao não acesso ao resultado do exame preventivo.  

Outro objetivo foi estimar a proporção de mulheres que não tiveram acesso ao resultado do seu exame citopatológico. A prevalência foi 18,4% para mulheres de 18 anos ou mais.  

Os motivos mais frequentes referidos pelas usuárias para o não acesso foram: no dia marcado para buscar o resultado, este não estava pronto; falta de tempo por questões de trabalho e dificuldade de remarcação de consulta para buscar o resultado.  

Estudo aponta para algumas possíveis ações específicas que poderiam ser adotadas no sentido de ajustar o processo como a organização do sistema, de forma a facilitar a marcação da consulta, a capacitação dos profissionais que trabalham no registro das usuárias nas unidades, a capacitação e o fornecimento de condições de trabalho para o profissional de saúde que presta atendimento e a organização do sistema no que diz respeito ao fluxo e a produção dos resultados dos exames citopatológicos. 

Artigo 5: PAPANICOLAU RAZÕES PARA AS MULHERES NÃO BUSCAREM O RESULTADO DESTES EXAMES. 

Neste estudo se teve como resultado o total de 116 mulheres que realizaram a coleta do preventivo sendo que 18 delas (15,51%) não retornaram para buscar seus resultados. Este valor é bem significativo se comparado com o de uma pesquisa, com objetivo semelhante a esta, realizada em outra capital brasileira, na qual 8,97% das mulheres não retornaram, em um universo de 969 mulheres que haviam realizado a 

coleta do exame no mês estudado. No mês de agosto de 2009 nove mulheres não retiraram o resultado; em setembro três; e no mês de outubro, seis mulheres. Tentou-se contato com todas as dezoito mulheres que não buscaram o resultado dos seus exames de Papanicolau, porém alguns fatores como telefones e endereços errados, ficha familiar não encontrada, fizeram com que houvesse diminuição do número de mulheres entrevistadas.  

Os dados coletados na pesquisa mostram a importância de ações educativas para a população feminina sobre a necessidade de não apenas realizar o exame, como também retornar à unidade para garantir continuidade do tratamento, quando necessário, a fim de garantir uma diminuição da mortalidade das mulheres por consequência de um problema solucionável, quando precocemente diagnosticado. Algumas mulheres do presente estudo têm comportamentos reconhecidos como fatores de risco, que as tornam mais vulneráveis ao câncer de colo uterino, determinando, assim, maior número de casos da patologia. De acordo com o que foi relatado no trabalho, é fundamental para as mulheres a adoção de uma nova postura para prevenção de doenças e que os profissionais de saúde envolvidos participem de forma integral em todo processo, desde a realização do exame, orientação para a importância de retornar e buscar o resultado, bem como da possibilidade de detecção e tratamento precoces do câncer de colo uterino. 

Desta forma, ao resgatar o objetivo deste trabalho, observa-se que talvez as falhas sejam as mais variadas e, talvez, inclusive, sejamos corresponsáveis, uma vez que fazemos parte deste sistema como cidadãos, usuários e profissionais. Portanto, como profissionais e educadores, é preciso trabalhar nos diversos programas da saúde, assistindo às usuárias dentro de uma visão voltada para a integralidade da assistência e educação para saúde, pois esta se faz necessária. 

4. CONCLUSÃO 

O Câncer de Colo Uterino (CCU) representa um desafio significativo para a saúde pública no Brasil, principalmente devido à sua alta incidência e à relação direta com a infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). Apesar da eficácia dos exames citopatológicos na detecção precoce e do acesso gratuito a esses exames pelo Sistema Único de Saúde (SUS), um problema persistente é a não retirada dos resultados pelas pacientes, o que compromete a eficácia do tratamento e prevenção da doença. 

Os estudos analisados revelam múltiplos fatores que contribuem para esse problema, incluindo: 

Esquecimento e Desinformação: Muitas pacientes simplesmente esquecem de retornar para buscar os resultados ou não são devidamente informadas sobre a importância desse retorno e os procedimentos a seguir. 

Barreiras de Acesso: Dificuldades logísticas, como a distância até a unidade de saúde, falta de transporte e incompatibilidade de horários devido a compromissos de trabalho, dificultam o retorno das pacientes. 

Fatores Socioeconômicos e Demográficos: Mulheres jovens, de baixa renda ou pertencentes a certos grupos raciais/étnicos têm menor probabilidade de retornar para buscar seus resultados. 

Deficiências no Sistema de Saúde: Falhas no agendamento de consultas, demora na disponibilidade dos resultados e a falta de um sistema eficaz de comunicação e acompanhamento pelas unidades de saúde. 

Necessidade de Educação e Sensibilização: A falta de campanhas educativas eficazes sobre a importância do exame e o seguimento adequado, bem como a necessidade de ações de busca ativa e acompanhamento contínuo, são fatores críticos. 

A implementação de estratégias como telemedicina, reforço na capacitação dos profissionais de saúde, melhorias no sistema de agendamento e entrega dos resultados, e campanhas educativas intensivas podem ajudar a mitigar esses problemas. É essencial que o sistema de saúde, profissionais e comunidade trabalhem de forma integrada para assegurar que as pacientes realizem e acompanhem os exames citopatológicos, garantindo assim uma detecção precoce e um tratamento eficaz do câncer de colo uterino. 

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

BRASIL. Ministério da Saúde. Câncer de Colo Uterino pode atingir cerca de 790 mulheres no Paraná. Disponível em: < https://www.gov.br/saude/ptbr/assuntos/noticias-para-os-estados/parana/2023/marco/cancer-do-colo-de-uteropode-atingir-cerca-de-790-mulheres-do-parana> Acesso em: agosto de 2023. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Câncer de Colo Uterino: Exame para detecção é oferecido no SUS. Disponível em: < www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/cancer-do-colo-do-utero-exame-para-deteccaoe-oferecido-no-sus> Acesso em: agosto de 2023. 

LIMA, I. M.; LIMAS, T. A.de A.; SILVA, G. C.; IZEL, R. T. L., ARRUDA, E.F. Exames Colpocitológicos não retirados de uma Unidade Básica de Saúde do Acre. Enciclopédia Biosfera, Goiânia-GO, v. 17, n. 32, p. 329-338, junho 2020. 

FERNANDES, L. M.; CAVALCANTE JUNIOR, F.A.; ABREU, M.S.X.; BARBOSA, M.A.S.; SOUZA, M.M. Avaliação dos resultados do exame Papanicolau não procurados por mulheres de uma Unidade Básica de Saúde no Município de Cajazeiras- Paraíba. Pesquisa em ensino em ciências exatas e da natureza, Campina Grande-PB, v. 5, n. 1, p. 1-6, fevereiro 2021.  

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MARTINS, L.F, L.; Estudo dos Fatores Associados ao não acesso ao Resultado do Exame Preventivo para o Câncer do Colo do Útero na Rede Sus do Município do Rio de Janeiro, 2015. 

SILVA, M.F.A; Papanicolau Razões para as Mulheres não Buscarem o Resultado destes Exames. Porto Alegre, 2010. 

LEVI, M.; Atualização das vacinas HPV em uso no Brasil: introdução da monovalente (Hpv9). Sociedade Brasileira de Imunizações, São Paulo- SP, 15 de março 2023. Disponível:https://sbim.org.br/informes-e-notas-tecnicas/sbim/1780sbim-atualizacao-das-vacinas-hpv-em-uso-no-brasil-introducao-da-nonavalentehpv9-15-03-2023.  Acesso em: agosto de 2023.


1Discente do Curso Superior de Enfermagem na Faculdade Uniguaçu, Campus São Miguel do Iguaçu – PR, e-mail:
talitaf_b@hotmail.com
2Docente do Curso Superior de Enfermagem na Faculdade Uniguaçu, Campus São Miguel do Iguaçu – PR.