PRINCIPAIS IMPACTOS E RECURSOS FISIOTERAPÊUTICOS UTILIZADOS EM INDIVÍDUOS COM VESTIBULOPATIAS

MAIN IMPACTS AND PHYSIOTHERAPEUTIC RESOURCES USED IN INDIVIDUALS WITH VESTIBULOPATHY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10070447


Yasmin Monteiro do Nascimento Tavares2
Thayz Gadelha de Paula Moreira3
Igor de Souza Carvalho4


RESUMO

As vestibulopatias são condições que podem ser de origem periférica ou central, com características e sintomas como vertigem ou tontura. O sistema vestibular é uma parte importante para o controle do equilíbrio, que é composto por três canais semicirculares ortogonais e dois otolíticos. A reabilitação vestibular pode ser realizada no solo com exercícios oculares e vestibulares, meio aquático, realidade virtual e estimulação vestibular. Esse trabalho teve como objetivo relatar e analisar, através de uma revisão integrativa, os impactos e recursos da fisioterapia em indivíduos com vestibulopatias. Trata-se de um estudo de revisão integrativa de artigos que abordam impactos e recursos da fisioterapia em indivíduos com vestibulopatias. Foram utilizadas as seguintes bases de dados para a pesquisa de artigos: Pubmed, Scielo e Capes entre os anos de 2019 a 2023. Foram incluídos na amostra 8 pesquisas, a maioria mostrou resultados benéficos expressivos quanto a aplicação da reabilitação vestibular em inidivídos com vestibulopatias, porém 1 artigo não obteve resultado quanto ao uso da estimulação galvânica ruidosa no tratamento da vestibulopatia bilateral. Os indivíduos praticantes da fisioterapia vestibular apresentaram, em geral, uma melhora na qualidade de vida. Dentre os principais resultados encontrados estão: melhora no centro de pressão e velocidade ocular, diminuição da intensidade da tontura, melhora no equilíbrio e mobilidade.

Palavras-Chave: Vestibulopatias; Fisioterapia; Reabilitação.

ABSTRACT

Vestibulopathies are conditions that can be of peripheral or central origin, with characteristics and symptoms such as vertigo or dizziness. The vestibular system is an important part for balance control, which is composed of three orthogonal semicircular canals and two otoliths. Vestibular rehabilitation can be carried out on the ground with ocular and vestibular exercises, aquatic environments, virtual reality and vestibular stimulation. This work aimed to report and analyze, through a review integrative approach, the impacts and resources of physiotherapy on individuals with vestibular disorders. This is an integrative review study of articles that address the impacts and resources of physiotherapy on individuals with vestibular disorders. The following databases were used to search for articles: Pubmed, Scielo and Capes between the years 2019 to 2023. 8 studies were included in the sample, the majority showed significant beneficial results regarding the application of vestibular rehabilitation in individuals with vestibulopathies, however, 1 article did not obtain results regarding the use of noisy galvanic stimulation in the treatment of bilateral vestibulopathy. Individuals practicing vestibular physiotherapy generally showed an improvement in their quality of life. Among the main results found are: improvement in the center of pressure and eye speed, reduction in the intensity of dizziness, improvement in balance and mobility.

Keyword: Vestibulopathies; Physiotherapy; Rehabilitation.

1. INTRODUÇÃO

O equilíbrio corporal é resultado de experiências motoras vividas desde a infância, quando se começa a fazer as transferências como rolar, engatinhar, ficar de pé e andar. A execução harmônica desse processo se dá devido à integração de três sistemas: o sistema visual para manter a estabilização da oscilação corporal, coordenada pelo cerebelo; o sistema proprioceptivo mantido pelo fuso muscular; e o sistema vestibular, puramente exproprioceptivo (corresponde à sensação de posição e movimento de uma parte do corpo em relação ao ambiente), composto por um conjunto de órgãos localizados na orelha interna, capazes de detectar os movimentos corporais e assim manter o equilíbrio. (PEREIRA et al., 2021).

O surgimento de anomalias do sistema vestibular é caracterizado como vestibulopatias, podendo sua origem ser periférica ou central, definida pelo ambiente anatômico acometido, levando ao acarretamento de sintomas como a vertigem ou a tontura. A tontura pode ser definida como uma sensação de movimento do ambiente em que o indivíduo se encontra (tipo rotatória) já a vertigem refere-se a ilusão de movimentação do próprio indivíduo diante ao ambiente (tipo rotatória) (AGUIAR etal., 2019).

O sistema vestibular é uma parte integrante e fundamental para o controle do equilíbrio sendo categorizado em componentes periféricos e centrais. O sistema periférico localiza-se no ouvido interno e é composto bilateralmente por três canais semicirculares ortogonais (posterior, superior e lateral) e dois órgãos otolíticos (sáculo e utrículo). Os canais semicirculares detectam o movimento rotacional da cabeça enquanto o utrículo e o sáculo respondem à aceleração linear e à gravidade, respectivamente. Estes órgãos vestibulares encontram-se em um estado de atividade tónica e simétrica, que quando excitados estimulam o sistema vestibular central (RASTEIRO, 2018).

No envelhecimento o sistema de equilíbrio é afetado, com perda de neurônios, células sensoriais vestibulares, problemas articulares, visual e cognitivos. O envelhecimento compromete a agilidade, afeta o sistema nervoso central, causando degeneração e perda progressiva de células nervosas no sistema vestibular periférico e central (BORGES, 2019).

No Brasil, as vestibulopatias estão presentes em 85% da população, onde 42 % referem tontura como principal sintoma, especialmente mulheres e idosos. A tontura pode interferir diretamente nas atividades do dia a dia em 67% da população e apenas 46% da população procura ajuda médica (AGUIAR etal., 2019).

As vestibulopatias possuem causas diversificadas, podendo ser originadas por infecções virais ou bacterianas, doenças vasculares, degenerativas e de etiologia desconhecidas, alterações metabólicas, drogas ototoxicas, traumas e podem também estarem associadas às alterações do envelhecimento. Os distúrbios vestibulares centrais resultam mais comumente de processos degenerativos, infecciosos, metabólicos, compressivos, tumorais e isquemia envolvendo o tronco encefálico e/ou o cerebelo (LIMA, 2017).

Habitualmente são descritos quatro tipos de distúrbios vestibulares periféricos, que inclui: a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), a Síndrome de Méniere, a Neurite Vestibular e perda vestibular bilateral. Contudo, pode ainda enumerar-se a Labirintite, o Schwannoma vestibular, a Fístula Perilinfática, a Síndrome da Deiscência do Canal Semicircular Superior e o trauma, que também podem repercutir sintomas vestibulares (RASTEIRO, 2018).

A reabilitação vestibular é um dos métodos mais efetivos na recuperação do equilíbrio corporal. Trata-se de um conjunto de avaliações, procedimentos e tratamentos que constituem um processo terapêutico que busca a excitação do sistema vestibular ocasionando uma compensação vestibular por meio de exercícios físicos específicos e repetitivos, que ativam os mecanismos de plasticidade neural do Sistema Nervoso Central (SNC). A reabilitação vestibular promove a aceleração desses mecanismos, diminuindo a sensação de tontura ou vertigem (AGUIAR etal., 2019).

De acordo com Borges (2019), o tratamento acontece com treinos de equilíbrio, atividades motoras que incluem movimentos repetidos da cabeça e estabilização do olhar juntamente com exercícios de Herdman que podem melhorar a adaptação vestibular, o ganho do reflexo horizontal, vertical e a movimentação da cabeça.

Dessa forma o presente trabalho teve como objetivo analisar, através de uma revisão integrativa, impactos e recursos da fisioterapia em indivíduos com vestibulopatias.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que se mostra ser uma estratégia em que o pesquisador tem o interesse de sintetizar resultados de um conjunto de pesquisas sobre um mesmo tema, visando estabelecer generalizações ou desenvolver explicações mais abrangentes de um fenômeno específico, a partir da síntese ou análise dos achados (SONAGLIO et al., 2019).

Esta revisão integrativa foi baseada nas orientações da estratégia PICO. Mostrando a finalidade da investigação de literatura correspondente ao objetivo. A busca dos estudos ocorreu de junho a setembro de 2023 e através de artigos indexados e datados dos últimos cinco anos limitados ao idioma português e inglês. Assim, a pergunta que norteou para essa procura foi: “Quais impactos e intervenções fisioterapêuticas utilizados em indivíduos com vestibulpatias?”

Tabela 1: Descrição da estratégia PICO.

PIndivíduos que possuem alguma patologia do sistema vestibular.
IIntervenções e recursos utilizados para reabilitação vestibular.

C
Realizados tanto no solo com exercícios oculares e vestibulares, como no meio aquático, realidade virtual e estimulação vestibular.

O
Melhora no centro de pressão e velocidade ocular, diminuição da intensidade da tontura, melhora no equilíbrio e mobilidade.

Fonte: Elaborada pela autora, 2023.

Os artigos científicos para este estudo foram coletados por meio das bases de dados eletrônicas nacionais e internacionais, como: PubMed (US National Library of Medicine National Institutes of Health), Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e CAPES. Foram selecionadas palavras chaves que são qualificadas por Descritores em Ciências da Saúde (DECS), nas línguas portuguesa e inglesa: Vestibulopatia Bilateral; Fisioterapia; Sistema Vestibular, separadamente e combinadas entre si, usando o operador booleano AND, seus operadores em inglês são: Bilateral Vestibulopathy; Physiotherapy; Vestibular System.

Para elegibilidade, os critérios definidos para a seleção, foram artigos que tratavam de intervenções e avaliassem os impactos e recursos da fisioterapia em indivíduos com vestibulopatias de ambos os sexos submetidos a reabilitação vestibular, publicados em português e inglês abordando a temática referente a revisão integrativa publicados entre os anos 2019 a junho de 2023. Foram excluídos artigos de revisão integrativa, artigos de trabalho de conclusão de curso, duplicados e os que não apresentaram relação com o objetivo da pesquisa.

Na busca foram selecionados 22 artigos e após seguir rigorosamente aos critérios de inclusão e exclusão, foram reduzidos a 8 artigos selecionados, se adequando ao objetivo proposto pela presente revisão, como descrito no fluxograma a seguir (Figura 1).

Figura 1: Fluxograma do processo de seleção e amostra.

Fonte: Autoria Própria (2023).

3. RESULTADOS

Os dados foram descritos de forma qualitativa e suas principais informações (autor/ano, título, metodologia, amostra, intervenção e principais resultados) foram apresentadas em forma de tabelas.

O tamanho amostral variou entre 4 e 71 indivíduos com vestibulopatias, com idades entre 30 a 65 anos. A reabilitação vestibular foi realizada com várias técnicas diferentes nos artigos selecionados, sendo por meio aquático, realidade virtual, exercícios vestibulares e estimulação vestibular. A maioria dos estudos mostraram benefícios significativos quanto a realização da reabilitação vestibular em indivíduos com vestibulopatias descritos nas tabelas 1 e 2. Porém um artigo não obteve resultado quanto ao uso da estimulação galvânica ruidosa no tratamento da vestibulopatia bilateral.

Os pacientes praticantes da fisioterapia vestibular apresentaram um bom resultado geral. Dentre os principais resultados encontrados estão: melhora no centro de pressão e velocidade ocular, diminuição da intensidade da tontura, melhora no equilíbrio e mobilidade, consequentemente proporcionando uma melhor qualidade de vida.

Tabela 2: Descrição dos estudos selecionados para a amostra.

Autor/AnoTítulo do artigoMetodologia
1PEREIRA, et al., 2021Fisioterapia aquática: uma opção de reabilitação vestibularEstudo de caso interventivo com amostra intencional pareada.
2GAZZOLA, et al., 2019Uma análise quantitativa do controle postural em idosos vestibulopatas utilizando estimulação visual por realidade virtualEstudo transversal.
3TANAKA, et al., 2022Eficácia da reabilitação vestibular supervisionada na mobilidade funcional de pacientes com hipofunção vestibular crônicaEstudo de corte retrospectivo
4SILVA, et al., 2023Controle postural na doença de MenièreEstudo de corte transversal, descritivo e analítico.
5JÚNIOR, et al., 2021O efeito dos exercícios vestibulares na qualidade de vida e na intensidade de tontura de idosos com hipofunção vestibular unilateralAmostra
6KANYILMAZ, et al., 2021Eficácia de exercícios de reabilitação vestibular convencional versus realidade virtual em pacientes idosos com tonturaEstudo randomizado e controlado.
7BARBOSA, et al., 2019Efeito da realidade virtual na intensidade de tontura e qualidade de vida de idosos com hipofunção vestibular unilateralEstudo clínico randomizado.
8EDER, et al., 2022Combinação de reabilitação vestibular com estimulação vestibular galvânica ruidosa para tratamento de vestibulopatia bilateralEstudo clínico exploratório duplo- cego.

Fonte: Elaborada pela autora, 2023.

AmostraIntervenção e recursosPrincipais resultados e impactos



1


4 indivíduos, ambos os gêneros, com idade média entre 54 a 75 anos.


Foram realizadas 12 sessões 3 vezes semanais com duração de 50 minutos. Sendo avaliados quanto à tontura em três momentos: Primeiro: a adaptação do paciente ao meio aquático, composto por seis exercícios com duração de 2 minutos em média, total de 12 minutos. Segundo: exercícios de Cawthorne-Cooksey adaptados para água, exercícios de deslocamento, transferência postural e controle rotacional do tronco, que tiveram uma duração de 2 minutos em média para cada um deles, total de 26 minutos. Terceiro: desenvolvida uma atividade lúdica e alongamento com duração de 5 minutos cada, total de 50 minutos. Os testes aplicados foram: apoio unipodal para medir o equilíbrio estático, o Fukuda step test, que estima o equilíbrio dinâmico e o protocolo de inventário de handicap de tontura, com o objetivo de verificar como a tontura influencia na vida diária.



Ao analisar o equilíbrio estático, inicialmente os indivíduos encontravam-se nas dimensões adaptativa e anormal, e todos atingiram a normalidade ao final do protocolo. Em relação ao equilíbrio dinâmico, os indivíduos inicialmente apresentaram comprometimento acentuado no desvio angular, principalmente para o lado da patologia (75% à esquerda e 25% à direita), obtendo melhora ao final do estudo. No entanto, não alcançou significância estatística. O inventário de handicap de tontura apresentou diferença estatisticamente significativa em sua totalidade, que aborda os fatores físicos, funcionais e emocionais



2


76 idosos com distúrbios vestibulares, 41 idosos saudáveis ambos os gêneros com idade ≥65 anos. – Grupo controle subdividido em dois grupos: G1: pacientes sem história de quedas nos últimos 6 meses G2: pacientes com história de quedas no mesmo período.


Na posturografia foram analisadas a área do limite de estabilidade, centro de pressão e velocidade de oscilação na posição ereta em 10 condições, incluindo olhos abertos/fechados, superfície instável com olhos fechados, estímulos sacádicos e optocinéticos e interação visual-vestibular. A avaliação posturográfica foi realizada com o paciente em posição ortostática na plataforma, braços ao longo do corpo e descalço com o maléolo interno posicionado nas extremidades da linha intermaleolar. Para determinar o LOS, os participantes foram solicitados a deslocar o corpo nas direções anteroposterior e médio-lateral por meio da estratégia do tornozelo, ou seja, sem mover os pés ou usar estratégias do tronco, por 60 segundos. O procedimento foi repetido até três vezes quando os participantes moviam os pés ou o tronco.


A área de limite de estabilidade no GC foi melhor comparada com o G1-2 e os valores do centro de pressão foram piores no G1 do que no GC. A área do centro de pressão em todas as condições e a velocidade de oscilação nas seguintes condições: olhos abertos/fechados, estímulo optocinético e interação visual-vestibular mostraram valores piores no G2 do que no GC. A área do centro de pressão nas seguintes condições: olhos abertos/fechados, estímulos sacádicos e optocinéticos, interação visual-vestibular e superfície instável com olhos fechados apresentou valores piores no G2 do que no G1.



3
22 indivíduos com idade entre 70,4 ± 10,8 com diagnóstico de doença periférica unilateral crônica. Grupo de intervenção uma vez por semana (grupo de intervenção múltipla; n = 12) Grupo de intervenção apenas pela primeira vez (grupo de intervenção única; n = 10)

O grupo de intervenção múltipla, um terapêuta forneceu intervenção individual de RV por 40 minutos e instrução do programa domiciliar uma vez por semana durante um período de 4 semanas. No grupo de intervenção única, intervenção individual em RV e programa domicilia a instrução por um terapêuta foi realizada apenas uma vez no início do programa VR, e um programa inicial foi continuado por 4 semanas. A intervenção de RV consistiu em exercícios de estabilização do olhar, habituação, substituição, equilíbrio e marcha, que foram fornecidos individualmente pelo terapêuta. O terapêuta forneceu um programa de RV customizado para cada intervenção, que foi selecionado de acordo com os sintomas e funções dos pacientes. Além disso, a posição durante o desempenho da tarefa, a velocidade de movimento e o número de vezes por sessão foram ajustados. Para o programa domiciliar, os pacientes foram orientados a realiza aproximadamente duas séries de exercícios ensinados por dia.


Os valores do teste Timed Up and Go, Índice de Marcha Dinâmica e pontuações da Avaliação Funcional da Marcha melhoraram significativamente após quatro semanas no grupo de intervenção múltipla. A taxa de melhoria no teste Timed Up and Go diferiu significativamente entre os dois grupos. As pontuações da escala de confiança no equilíbrio específicas das atividades não mudaram significativamente em nenhum dos grupos após quatro semanas. Em comparação com uma única intervenção, múltiplas intervenções realizadas por um fisioterapeuta produziram benefícios significativamente maiores em um período de tempo relativamente mais curto em pacientes com hipofunção vestibular unilateral crônica.



4


34 indivíduos de ambos os gêneros, com idades entre 30 e 65 anos. -O grupo experimental foi composto por pacientes com diagnóstico médico de doença de Menière definida -No grupo controle foi composto por pacientes sem histórico de sintomas vestibulares e/ ou auditivos e que aceitaram participar da pesquisa.



Foram submetidos à avaliação do equilíbrio corporal por meio da posturografia do Tetrax IBSTM, da Sunlight Medical Ltd., em uma sala silenciosa e semiescura. A posturografia do Tetrax IBSTM aferiu as variações da força vertical gerada pelos calcanhares e pontas dos pés, caracterizando a oscilação corporal, de acordo com o deslocamento do centro de pressão. Foram avaliados os seguintes índices: índice de estabilidade, índice de distribuição de peso, índice de sincronização da oscilação postural direita/ esquerda e dedos/calcanhar, frequência de oscilação postural e índice de risco de queda foram analisados.


O índice de estabilidade foi maior no grupo experimental, com diferença significativa entre os grupos, em todas as condições sensoriais testadas. O risco de queda foi maior no grupo experimental do que no grupo controle. A oscilação postural foi maior no grupo experimental em todas as faixas de frequência, com diferença significativa em algumas delas. Não houve diferença significativa entre os grupos nos índices de distribuição de peso e de sincronização, nas oito condições sensoriais avaliadas



5


Indivíduos com idade ≥60 de ambos os gêneros que referiram sintomas de tontura por pelo menos dois meses e com diagnóstico cinético-funcional para hipofunção vestibular unilateral.


Os exercícios foram realizados durante 15 dias, por 15 minutos. Os participantes foram orientados a realizar os exercícios no domicílio e, 2x por semana, realizavam presencialmente com os pesquisadores em ambiente ambulatorial. A qualidade de vida foi avaliada pelo Dizziness Handicap Inventory – DHI, a intensidade de tontura por uma escala visual analógica. Para cada participante foi desenvolvido um protocolo de exercícios personalizado de acordo com seus sintomas. Utilizou-se o teste t-Student para avaliar a intensidade de tontura e, para comparar os resultados da qualidade de vida, utilizou-se o teste não- paramétrico de Wilcoxon). O teste de correlação de Pearson averiguou associações entre intensidade de tontura e qualidade de vida



Foi verificada diferença estatisticamente significativa para a intensidade de tontura e para os domínios físico, funcional, emocional e total da qualidade de vida dos idosos com hipofunção vestibular unilateral. Referente à correlação, quanto mais intenso o sintoma de tontura, maiores foram os prejuízos na qualidade de vida. Os exercícios vestibulares contribuíram para a diminuição da intensidade da tontura dos idosos com hipofunção vestibular unilateral e, consequentemente, para melhora da qualidade de vida e seus respectivos domínios.


6


32 indivíduos, ≥65 anos. Grupo 1 (n = 16): programa de reabilitação vestibular, apoiado em realidade virtual. -Grupo 2 (n = 16): foi aplicado programa de reabilitação vestibular convencional


Todos os pacientes foram treinados inicialmente durante 30 minutos, incluindo definição de queda, definição de prevenção de quedas, fatores de risco, informações sobre prevenção de quedas e recomendações para prevenção de quedas. 30 minutos por dia, 5 sessões por semana, 15 sessões no total para 3 semanas. -Grupo 1 realizaram os exercícios com os óculos colocados e o vídeo foi reproduzido em ambiente clínico supervisionado por um médico. Os exercícios foram realizados sentado e em pé no 1º vídeo e na esteira no 2º vídeo. -Grupo 2 realizaram os exercícios em ambiente clínico supervisionado pelo mesmo médico, sem realidade virtual.


Melhorias estatisticamente significativas foram observadas na subescala emocional do DHI e no TUG no Grupo 1 em comparação ao Grupo 2 ao final do tratamento em idosos com tontura. Além disso, houve melhorias significativas no VSS, em todos os subgrupos do DHI e nos escores totais, BBT e HAS no Grupo 1 em comparação ao Grupo 2 aos 6 meses após o tratamento. A aplicação da reabilitação vestibular em ambiente de realidade virtual pode levar a melhorias adicionais, especialmente nos sintomas de tontura, incapacidade, equilíbrio e mobilidade em idosos com tontura crônica.



7


Foi constituída por 12 indivíduos com idade média de 70,16 ± 6,86 anos, de ambos os gêneros, referindo sintoma de tontura por dois meses e apresentaram positividade para hipofunção vestibular unilateral. Grupo A: exercícios vestibulares convencionais. Grupo B: tratamento com realidade virtual através do Xbox 360 Kinect® da Microsoft.



Todos os participantes passaram por exame oculomotor, testes para Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), Hipofunção Vestibular Unilateral (HVU) e foram avaliados quanto a intensidade de tontura e qualidade de vida. Os pacientes foram submetidos a tal procedimento por um período de vinte minutos, por 15 sessões sendo realizadas três vezes semanais em ambiente clínico. -Grupo A, foi submetido a um protocolo de fisioterapia vestibular convencional composto por 15 etapas de exercícios de complexidade evolutiva, com base nos exercícios propostos por Cawthorne e Cooksey, sendo realizadas três vezes por semana, uma etapa por dia no ambiente clínico em um período de cinco semanas. -Grupo B foi exposto à realidade virtual através do vídeo game comercial Xbox 360 Kinect® da Microsoft, trata-se de uma plataforma que possui um sistema de câmeras que captam o movimento do jogador.


O nível de significância foi de 5%. Ao término do programa, apenas o grupo B mostrou diferença significativa nos quesitos avaliados. Concluindo que a realidade virtual é adequada no tratamento de idosos com hipofunção vestibular unilateral.


8


23 indivíduos de ambos os gêneros, com idade média 62,3±14,3 anos, diagnosticados com vestibulopatia bilateral.


O grupo de intervenção foi estimulado com nGVS (em amplitudes ideais determinadas individualmente) durante o treinamento, enquanto o grupo controle recebeu nGVS de amplitude zero (estimulação simulada) durante o treinamento. As medidas de resultados avaliadas no início do estudo, após 2 semanas de treinamento e no acompanhamento de 2 semanas incluíram posturografia quantitativa, análise de marcha instrumentada, teste Timed Up and Go (TUG), avaliação funcional da marcha (FGA) e pontuações clínicas relacionadas à qualidade de vida e confiança de equilíbrio.


Após 2 semanas de TRV, todos os pacientes apresentaram melhora moderada no equilíbrio. Independentemente do tratamento com nGVS, o desempenho melhorou no TUG e no FGA. Além disso, a base de apoio ao caminhar com os olhos fechados foi reduzida após 2 semanas de treinamento. A oscilação postural não mudou. Não houve diferença entre os grupos e, portanto, não houve evidência de uma influência adicional da nGVS nos efeitos do tratamento com VRT.

Tabela 3: Síntese dos estudos revisados.

Legendas: Fukunda Step Test: teste de marcha para diagnóstico de disfunção vestibular unilateral; DHI: Dizziness Handicap Inventory – questionário de autorrelato de 25 itens, quantifica o impacto da tontura na vida diária; Teste TUG: para a avaliação de mobilidade e do equilíbrio funcionais, ele mede em segundos, o tempo requerido para um indivíduo levantar-se de uma cadeira padrão, caminhar três metros, virar-se, caminhar de volta até a cadeira e sentar-se novamente.

Fonte: Elaborada pela autora, 2023.

4. DISCUSSÃO

Estudos realizados nas últimas duas décadas mostraram que as doenças do sistema vestibular não estão apenas ligadas ao sistema de equilíbrio, mas também desempenham um papel ativo nos processos cognitivos. A literatura enfatiza que o problema de desequilíbrio dos pacientes com perda vestibular unilateral não está relacionado apenas à vestibulopatia periférica. Essencialmente, uma disfunção envolvendo o núcleo vestibular, o sistema límbico e as áreas corticais podem afetar tanto a cognição quanto a orientação espacial (BAŞOĞLU etal., 2022).

Mostra-se que a realidade virtual melhora o prazer e a motivação durante a reabilitação vestibular em adultos jovens e de meia-idade e, logo, tem o potencial de aumentar a adesão ao tratamento. Os exercícios de estabilização do olhar englobam movimentos da cabeça no plano vertical (pitch) e no plano horizontal (yaw) para estimuar a adaptação vestibular e alcançar a substituição através do ganho aprimorado de VOR. Esses exercícios são utilizados como base da reabilitação vestibular para hipofunção vestibular bilateral e unilateral. Os videogames reproduzem exercícios de habituação e estabilização do olhar, e podem ser terapias adjuvantes e eficazes à reabilitação vestibular podendo ser recomendados por fisioterapeutas aos seus pacientes (HEFFERNAN etal., 2023).

Em concordância com os resultados encontrados nessa revisão de Barbosa (2019) que afirma sobre o uso da realidade virtual através do Xbox 360 Kinect® da Microsoft se mostrando eficaz para promover redução da intensidade de tontura e melhora na qualidade de vida de idosos com hipofunção vestibular unilateral.

Os exercícios de RV personalizados ou em grupo, realizados na clínica ou diariamente no domicílio, minimizam o conflito sensorial em idosos com tontura e desequilíbrio corporal. Sendo a adequada identificação da vestibulopatia e da sua causa são indispensáveis para a implementação do melhor tipo de tratamento. Demostrando que a RV foi capaz de melhorar o equilíbrio e capacidade funcional de idosos com queixas ou diagnóstico de síndrome vestibular, proporcionando melhora da qualidade de vida desses pacientes (ALVES et al., 2019).

Com base nos dados dessa revisão à RV melhora a capacidade de caminhar, o controle postural e o ganho do reflexo vestíbulo-ocular por meio do vestibular compensação e reduz o risco de quedas A RV personalizada precoce facilita a recuperação do controle postural nesses pacientes. Fornecer supervisão e customização de exercícios domiciliares em intervalos curtos tem demonstrado melhorar da capacidade de caminhar e do controle postural (TANAKA, et al., 2022).

De acordo Silva (2019), a Reabilitação Vestibular pode contribuir para a melhora dos sintomas provenientes da doença de Mèniére, principalmente a vertigem, o que por consequência leva a melhora da qualidade de vida dos pacientes portadores dessa condição. Para chegar a esse resultado as principais intervenções utilizadas foram exercícios que englobavam movimentos cefálicos e exercícios de movimentação óptica, de forma a provocar os sintomas de vertigem e tontura e por consequência uma manutenção do equilíbrio por parte do SNC e dos componentes responsáveis como a visão e o aparelho vestibular.

O nGVS tem sido utilizado para otimizar a função vestibular residual em pacientes com BVP. Foi observado a melhora da estabilidade postural estática e da locomoção dinâmica em indivíduos normais e pacientes com BVP, aumentando o VSR, e fortalece a função VOR, os efeitos facilitadores de longo prazo da nGVS no equilíbrio estático, especialmente somente após 30 minutos de aplicação da nGVS, são uma promessa que apoia seu uso como uma abordagem para o tratamento da BVP. Foi demonstrado que a melhora da estabilidade dinâmica da marcha em pessoas normais e em pacientes com BVP e é mais pronunciada em velocidades lentas, em vez de médias e rápidas, melhorando a estabilidade da marcha, especialmente em baixa velocidade e concluiu-se que o nGVS foi eficaz na coordenação bilateral na caminhada e reduziu as flutuações passo a passo. Os efeitos diretos da nGVS no desempenho vestibular sugerem que esta intervenção pode ser um método eficaz em distúrbios vestibulares, incluindo fraqueza vestibular bilateral (MOOSSAVI etal., 2022).

Pereira et al. (2021), mostra que o meio aquático é considerado seguro para os idosos por suas propriedades físicas da água, densidade relativa, flutuação, viscosidade, tensão superficial, pressão hidrostática e turbulência e quando adicionadas aos exercícios físicos atuam em conjunto nas desordens musculoesqueléticas e na melhoria do equilíbrio.

Dessa forma dentre os recursos incluídos nessa revisão a reabilitação aquática foi a que obteve menor resultado em estudos que comprovem a eficácia da reabilitação vestibular no meio aquático. Assim necessitando de mais estudos relacionado a esse método de reabilitação vestibular.

5. CONCLUSÃO

Em geral o apanhado dos estudos sobre as vestibulopatias mostrou que a reabilitação vestibular obteve resultados positivos quanto a melhora no centro de pressão e velocidade ocular, diminuição da intensidade da tontura, melhora no equilíbrio e mobilidade. O método apresentou benefícios significativos e com natureza ativa no desenvolvimento da coordenação motora e equilíbrio, buscando promover uma melhor qualidade de vida diária e social.

Todavia, a presente pesquisa apresentou limitações na literatura, pois ainda são insuficientes os estudos direcionados a reabilitação vestibular aquática, tendo dificultado a obtenção de resultados mais precisos dos estudos selecionados. Dessa forma recomenda-se novos estudos com abordagem sobre o recurso específico.

REFERÊNCIAS

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BAŞOĞLU, Yuşa et al. Effectiveness of virtual reality-based vestibular rehabilitation in patients with peripheral vestibular hypofunction. Turkish Journal of Medical Sciences, v. 52, n. 6, p. 1970-1983, 2022.

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1 Artigo apresentado ao curso de Bacharelado em fisioterapia.

2 Discente do curso de graduação em Fisioterapia da Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão (UNISULMA).
E-mail: yassmontteiro@icloud.com

3 Fisioterapeuta, preceotora de estágio na Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão.
E-mail: thayzgadelha.fisio@gmail.com

4 Professor orientador: Igor de Sousa Carvalho Pós graduado em terapia intensiva adulto, pediátrico e neonatal. E-mail: carvalhofisio@outlook.com