MAIN ADVERSE EVENTS DURING BED BATH IN CRITICAL PATIENT
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10149134
Sabrina dos Santos Dias1
Priscila Rodrigues Mendes1
Marcela Vilarim Muniz1
Kaiomakx Renato Assunção Ribeiro1
RESUMO
Objetivo: Identificar os principais eventos adversos que podem ocorrer durante o banho no leito no paciente crítico. Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, incluindo estudos em português, inglês e/ou espanhol, entre os anos 2013 e 2023, elaborada em seis etapas. A busca dos estudos primários, foram nas bases de dados: BDENF, LILACS, MEDLINE, PUBMED e SCIELO. Foram utilizados os descritores: “Critical Care”; “Bed Bath”; “Intensive Care Units”; “Patient Safety”; “Mechanical Ventilation”. Resultados: Inicialmente, foram encontradas 86 publicações. Após leitura e análise dos resumos, a amostra foi composta por 5 estudos. Os principais eventos adversos identificados nos estudos incluídos estão relacionados ao manuseio inadequado de dispositivos e alterações oxi-hemodinâmicas nos pacientes. Considerações finais: O banho no leito a seco é considerado um método alternativo promissor em comparação ao tradicional banho no leito, devido ao seu menor tempo de execução.
Palavras-chave: Banhos, Cuidados Críticos, Unidades de Terapia Intensiva, Enfermagem, Segurança do Paciente.
1. INTRODUÇÃO
Hipócrates (460 a 370 a.C), conhecido como o pai da medicina, já compreendia a importância de não causar danos adicionais durante o cuidado. No entanto, o ambiente hospitalar atual, que se tornou cada vez mais complexo, oferecendo uma variedade de procedimentos e tratamentos aos pacientes, o que aumenta a possibilidade de erros durante o cuidado. Em meados dos anos 2000, o “Institute of Medicine” publicou um relatório intitulado “Errar é Humano”, baseado em pesquisas sobre a incidência e prevalência de Eventos Adversos (EA), revelando a quantidade de óbitos anuais devido a erros médicos. Somente após essa publicação, a importância da segurança do paciente começou a ser discutida. Em 2004, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a “World Alliance for Patient Safety”, com o objetivo de organizar e propor medidas para reduzir os EA e melhorar a segurança do paciente (BRASIL, 2014).
Como forma de reduzir os riscos dos EA, devido às várias divergências de definições sobre eventos adversos, a OMS criou a Classificação Internacional de Segurança do Paciente (CISP) e como forma de ação contra os EA, a OMS criou os Desafios Globais, como metas a serem atingidas por todos os países, por ordem de prioridade. Foram instituídos os seguintes desafios: correta higienização das mãos para redução da infecção associada ao cuidado em saúde; promoção de uma cirurgia mais segura, através de checklist do antes, durante e depois do procedimento cirúrgico; e prevenção de erros de administração de medicamentos, estimulando a conferência dos nomes do medicamento, o paciente, a via de administração entre outros (BRASIL, 2014).
No Brasil, antes mesmo da implantação do Programa Nacional de Segurança do Paciente, havia no Brasil algumas iniciativas isoladas de controle dos erros relacionados à saúde, como os serviços relacionados à transfusão de sangue e controle de infecção. Entretanto, essas ações isoladas não eram capazes de reduzir a incidência dos erros relacionados à assistência. Desta forma, o Ministério da Saúde (MS) criou o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), através da Portaria MS/GM nº 529 de 1º de abril de 2013, e como objetivo principal, contribuir para a qualificação do cuidado em saúde, baseado na agenda política dos estados-membros da OMS, e através da resolução aprovada na 57º Assembleia Mundial da Saúde (BRASIL, 2013).
De acordo com o PNSP, o termo segurança do paciente é definido como a redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado e saúde (BRASIL, 2014). Compreende-se o “mínimo aceitável” a assistência oferecida, frente ao conhecimento atual, à disponibilidade dos recursos adequados e à circunstância da assistência prestada (POSSOLI et al., 2021). Ao promover a segurança do paciente, a instituição demonstra a intenção de mitigar os casos de EA durante os cuidados e essa diminuição está diretamente ligada a qualidade de saúde que está sendo ofertada (BRASIL, 2013).
Sabe-se que quanto mais complexo e tecnológico o ambiente de saúde, maior a chance de acontecimento de EA. Dentro do ambiente hospitalar, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é o setor com maior complexidade tecnológica, composto por sistema de monitorização contínua com a finalidade de tratar os pacientes graves e/ou de alto risco e que muitas vezes estão em um estado crítico necessitando de um atendimento especializado e eficaz, e por este motivo, requer um olhar diferenciado (RUIVO et al., 2020).
Além da complexidade do ambiente, os pacientes críticos também estão mais vulneráveis pois são aqueles que possuem comprometimento de um ou mais órgãos dos sistemas fisiológicos, com perda da autorregulação, considerados fundamentais para manter sua homeostase e com necessidade de assistência contínua (COSTA et al., 2018; GOULART et al., 2022).
Dentre os vários procedimentos a que os pacientes críticos estão submetidos, o banho de leito talvez seja o mais recorrente, realizado em paciente totalmente dependente da equipe de enfermagem à beira do leito por falta de energia física ou estado funcional para o autocuidado, que ocorre rotineiramente e apresenta riscos (COSTA et al., 2018). Dentre os riscos destacam-se os de queda, de infecções e de deslocamento de dispositivos invasivos, além de alterações em parâmetros fisiológicos significativos para a avaliação clínica (COSTA et al., 2018).
O enfermeiro deve ter uma visão ampliada para garantir a segurança e qualidade em saúde para quem está sob sua responsabilidade. Entende-se que o enfermeiro é capaz de gerir e desenvolver estratégias simples e eficazes para o cuidado, através da criação de protocolos, educação continuada e permanente. O trabalho da enfermagem na UTI é complexo e faz necessário a consideração de algumas variáveis relacionadas ao desenvolvimento do cuidado, como a dinâmica interprofissional, o estado crítico dos pacientes e o uso de muitas tecnologias que exigem o conhecimento, otimizando os cuidados prestados e maximizando os processos de trabalho, o que resulta em um tratamento eficiente. Apesar de ser um procedimento comum à enfermagem, muitas vezes é feito sem pensamento crítico por estar incluído no procedimento de rotina (GOULART et al., 2022).
Essa pesquisa pretende mostrar a importância do tema, uma vez que identificados os erros durante a realização do procedimento de banho no leito, com base em tudo que já foi descrito na literatura, novos trabalhos possam ser desenvolvidos com o objetivo de diminuir os EA e garantir de forma mais ampla a segurança do paciente no contexto hospitalar de uma UTI.
O objetivo deste estudo foi compreender os principais EA que podem ocorrer durante o banho no leito no paciente crítico, à luz da literatura atual.
2. METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que consiste em uma metodologia que permite fazer resumos de vários estudos e incluir os seus resultados para utilização na prática (SOUZA et al., 2010). A elaboração deste estudo foi conduzida seguindo os seis critérios propostos por Mendes et al. (2008), sendo: 1) identificação do tema e seleção da questão de pesquisa; 2) estabelecimento de critérios de elegibilidade, busca e seleção dos estudos primários; 3) definição e categorização dos dados extraídos dos estudos; 4) avaliação crítica dos estudos incluídos na revisão; 5) síntese dos resultados; e 6) apresentação da revisão e síntese do conhecimento.
2.1. PERGUNTA NORTEADORA
O acrônimo PICO ((P) população, (I) intervenção, (C) comparação e (O) desfecho) foi utilizado para definir a pergunta desta revisão. Desse modo, esta revisão integrativa se propõe a responder a seguinte pergunta: “Quais são os principais eventos adversos presentes durante o banho no leito do paciente crítico descritos na literatura?”.
2.2. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE
Foram incluídos estudos que reportam os principais eventos adversos durante o banho no leito em pacientes críticos em português, inglês e espanhol, com restrição de tempo dos últimos 10 anos. Foram excluídos: (1) estudos que não abordam as intervenções de enfermagem realizadas no banho no leito do paciente crítico; (2) revisões, cartas ao editor, capítulos de livro, resumos de congresso, opiniões de especialistas, artigos com a metodologia documental, jornais, revistas, relatórios e documentos oficiais; e (3) artigos não disponíveis para leitura na íntegra.
2.3. ESTRATÉGIAS DE BUSCA E FONTES DE INFORMAÇÃO
A estratégia de busca foi construída a partir de descritores controlados presentes nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e no “Medical Subject Headings” (MeSH) combinados com os operadores booleanos AND e OR, a saber: “Critical Care”; “Bed Bath”; “Intensive Care Units”; “Patient Safety”; “Mechanical Ventilation”.
A busca foi realizada no dia 10 de maio de 2023, nas seguintes bases de dados bibliográficas: BDENF, LILACS, MEDLINE, PUBMED e SCIELO. Foi realizada também busca manual a partir das listas de referência dos artigos selecionados para leitura na íntegra.
2.4. SELEÇÃO DOS ESTUDOS
Após a busca nas referidas bases de dados, os resultados foram exportados para a plataforma Rayyan (Rayyan®, Qatar Computing Research Institute), na qual foi removido as duplicadas e realizada a leitura de títulos e resumos, de forma independente, por dois revisores. Os artigos que não correspondiam aos critérios de inclusão previamente estabelecidos foram excluídos.
Os artigos selecionados nessa primeira etapa, que atendiam aos critérios de elegibilidade, foram lidos na íntegra por dois revisores de forma independente para a seleção final dos artigos que compuseram esta revisão integrativa. Quaisquer divergências entre os dois revisores, durante a seleção dos estudos, foram resolvidas após consenso.
2.5. EXTRAÇÃO DE DADOS
A extração de dados dos artigos foi feita por meio de leitura minuciosa dos estudos pelos dois revisores. Após a leitura minuciosa, confeccionou-se um quadro contendo os seguintes dados: autor, ano, DOI; objetivo e delineamento do estudo; e principais resultados.
2.6. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE EVIDÊNCIA
Os estudos foram categorizados quanto ao nível de evidência, de acordo com a seguinte classificação: nível I – Metanálise ou revisões sistemáticas; nível II – Ensaio Clínico Randomizado Controlado; nível III – Ensaio Clínico sem Randomização; nível IV – Estudos de coorte e de caso controle; nível V – Revisões sistemáticas de estudos descritivos; nível VI – estudos descritivos; e nível VII – opinião de especialista (GALVÃO, 2006).
3. RESULTADOS
Foram feitas buscas nas bases de dados: BDENF (22 estudos), LILACS (19 estudos), MEDLINE (22 estudos), PUBMED (40 estudos) e SCIELO (4 estudos), totalizando 86 publicações com os descritores utilizados, e aplicando o filtro de tempo para os últimos 10 anos (2013 a 2023). Após leitura dos artigos na íntegra, foram selecionados cinco para a análise, os demais foram excluídos de acordo com os métodos de inclusão e exclusão do estudo. Conforme descrito na figura 1.
Figura 1 – Fluxograma do processo de busca e seleção de literatura adaptado.
Fonte: PAGE et al., 2021.
As metodologias aplicadas nas publicações selecionadas foram: estudo transversal observacional, estudo observacional multicêntrico prospectivo e ensaio clínico randomizado (crossover). Em relação à classificação das publicações com base no nível de evidência científica, 40% (2) pertencem ao nível 6 e 60% (3) pertencem ao nível 2. Das publicações utilizadas, três trazem discussões sobre alterações fisiológicas em comparação aos banhos no leito seco e tradicional, um sobre a incidência dos eventos adversos durante o banho no leito e um sobre os cuidados de enfermagem durante e após a higiene corporal no leito. O quadro 1 mostra detalhadamente esses dados.
Quadro 1 – Síntese de características descritivas dos estudos incluídos (n = 5).
Autor, ano e DOI | Objetivo e delineamento do estudo | Nível de evidência | Principais resultados |
BASTOS et al. (2019) | Avaliar o processo de realização do banho no leito na Unidade de Terapia Intensiva e os cuidados realizados pela equipe de enfermagem antes, durante e após o banho no leito. Estudo transversal e observacional (n=19 profissionais). | Nível 6 | Dentre as intercorrências associadas, foram identificadas a virada brusca (16,7%), tração do cateter venoso central (10%) e da sonda vesical de demora (6,7%), bem como queda da bolsa coletora no chão (3,3%). Foi observado também a desconexão de circuito ventilatório (3,3%) e, da bolsa coletora de urina (3,3%) com reconexão imediata do cateter urinário (3,3%), sem comunicação ao enfermeiro. Em 6,7% das vezes o técnico de enfermagem visualizou que o curativo com cateter venoso central foi molhado durante o banho e comunicado ao enfermeiro que o trocou posteriormente. Em nenhuma das vezes o paciente foi mantido monitorizado durante o banho. |
DECORMEILLE et al. (2020) | Determinar a incidência de eventos adversos graves durante procedimentos de enfermagem e identificar os fatores de risco. Estudo prospectivo e observacional (n=24 unidades de terapia intensiva). | Nível 6 | Os eventos adversos graves mais comuns foram dessaturação (84/1.523, ou seja, 5,5%), hipotensão arterial (68/1.523, ou seja, 4,5%), agitação (64/1.522, ou seja, 4,2%) e dor aguda (55/1.522, ou seja, 3,6%). A parada cardíaca ocorreu durante sete dos 1.523 procedimentos de enfermagem (0,5%). O único fator associado à parada cardíaca na análise univariada foi a presença de um dispositivo como um marca-passo cardíaco artificial (foram observadas três paradas cardíacas entre os sete pacientes com tal dispositivo). |
TOLEDO et al. (2020) | Comparar o tempo de execução do banho no leito a seco e do tradicional e os seus efeitos sobre a SpO2 e a FR em pacientes críticos adultos. Estudo piloto de um ensaio clínico randomizado do tipo crossover (n=19 pacientes). | Nível 2 | Todos os pacientes receberam os dois tipos de banho (a seco e tradicional) seguindo-se a tabela de randomização, não sendo identificado dano decorrente dos procedimentos. Durante as duas intervenções de banho, a média da temperatura do ambiente permaneceu igual a 22,6 ºC (p=0,945). Verificou-se que, ao longo dos dois tipos de banho, houve variação dos valores de SpO2 dos pacientes. A maior média foi encontrada no início de cada banho, sendo 95,8% no banho a seco e 96,3% no banho tradicional. Em relação à FR, observou-se que, na primeira mensuração (15 minutos antes de cada procedimento), foram encontrados os menores valores de FR, sendo eles 19,6 irpm nos pacientes submetidos ao banho a seco e 22,3 irpm, ao banho tradicional. |
Autor, ano e DOI | Objetivo e delineamento do estudo | Nível de evidência | Principais resultados |
TOLEDO et al. (2021) | Comparar os valores de temperatura corporal timpânica e axilar de pacientes críticos antes e depois da realização do banho no leito tradicional e a seco. Trata-se de ensaio clínico randomizado do tipo crossover (n=50 pacientes). | Nível 2 | Para avaliar as alterações da temperatura corporal (timpânica e axilar), foram realizadas mensurações no início e no final de cada um dos dois tipos de banho no leito. Em relação à Tºtimp. não foram identificadas alterações estatisticamente significativas em nenhum dos dois tipos de banho. Em contrapartida, os valores da Tºax., no final dos banhos, foram menores que os valores iniciais, tanto no banho tradicional (p=0,001) quanto no banho a seco (p=0,001). |
TOLEDO et al. (2022) | Comparar o tempo de execução do banho no leito pelo método tradicional e a seco e seus efeitos sobre as alterações oxi- hemodinâmicas em pacientes críticos. Trata-se de ensaio clínico randomizado do tipo crossover (n=54 pacientes). | Nível 2 | Em relação a comparação das variáveis oxi-hemodinâmicas entre os grupos, não foram encontradas diferenças significativas. Ao longo do tempo, verificou-se que, independentemente do tipo de banho, a Tºax sofreu redução, quando comparada aos valores basais. Além disso, verificou-se que ao final da lateralização dos pacientes (T3) durante o tradicional banho no leito, a FR sofreu uma elevação estatisticamente significativa (p = 0,029) em relação ao valor inicialmente mensurado. |
Fonte: BASTOS et al., 2019; DECORMEILLE et al., 2021; TOLEDO et al., 2020; TOLEDO et al., 2021; TOLEDO et al., 2022.
De modo geral, os estudos trazem comparações entre os banhos no leito seco e tradicional, e demonstra que o banho seco é mais rápido em relação ao banho tradicional, com menor exposição dos pacientes, porém quando comparado a alterações oxi-hemodinâmica e temperaturas, não há alterações significativas entre eles. A literatura traz também como EA a tração de Sondas Vesicais de Demora (SVD), acessos venosos centrais (AVC), dessaturação, hipotensão arterial, agitação, dor aguda e parada cardiorrespiratória (PCR).
4. DISCUSSÃO
De acordo com a OMS, o termo EA é caracterizado por um incidente que resulta em danos não intencionais e evitáveis decorrentes da assistência prestada e não relacionados à evolução natural da doença de base do paciente (BRASIL, 2014).
Os principais eventos adversos identificados nos estudos incluídos relacionados aos dispositivos são: tração de cateter venoso central e SVD; desconexão do circuito ventilatório e da bolsa coletora de urina (BASTOS et al., 2019). Em contrapartida também podem ser descritos aqueles relacionados a alterações oxi-hemodinâmicas tais como: a diminuição da saturação parcial de oxigênio (SpO2), hipotensão arterial, aumento da frequência respiratória (FR), diminuição da temperatura corpórea e PCR (TOLEDO et al., 2020; TOLEDO et al., 2021; TOLEDO et al., 2022).
Alguns fatores podem influenciar na ocorrência de EA, como a falta de participação do Enfermeiro no planejamento e execução do procedimento, a negligência quando a monitorização do paciente e o tempo prolongado do banho no leito (BASTOS et al., 2019).
A participação ativa do enfermeiro no planejamento e execução de procedimentos é fundamental para garantir a segurança do paciente e prevenir a ocorrência de eventos adversos (VALENTIM et al., 2020). Quando o enfermeiro não está envolvido nesse processo, há maior probabilidade de erros serem cometidos, como a escolha inadequada de materiais ou a falta de atenção aos protocolos de segurança, como foi evidenciado pelo estudo de Bastos et al. (2019), quando o técnico de enfermagem reposicionou a bolsa coletora de urina após a mesma ter sido acidentalmente desconectada da SVD, e não comunicou o enfermeiro sobre o incidente.
É bom salientar que a negligência na monitorização do paciente pode levar a complicações graves, como a deterioração do quadro clínico ou a não identificação de sinais de alerta precoces hemodinâmicas (BASTOS et al., 2019; TOLEDO et al., 2022). Outro fator que pode contribuir para EA é o tempo superior a 20 minutos, pois é um fator de risco para repercussões oxi-hemodinâmicas (BASTOS et al., 2019; TOLEDO et al., 2020).
Toledo et al. (2020) compara o banho no leito a seco e do tradicional e os seus efeitos sobre a SpO2 e a FR. Observou-se que, não houve diferença significativa entre as médias da SpO2 obtidas em cada procedimento. Entretanto, houve efeitos negativos do banho no leito tradicional sobre a média da FR dos pacientes, sendo mais elevada nesse último. Em um outro estudo, por mesmos autores, fazem a comparação entre a temperatura corporal timpânica e axilar durante os dois tipos de banho e não foram encontradas alterações estatisticamente significativas em nenhum dos tipos de banho.
Considerando que o banho no leito pode impactar nos parâmetros respiratórios dos pacientes críticos, é fundamental que o enfermeiro esteja atento não apenas à execução do procedimento, mas também ao comportamento dos pacientes no momento e de forma individualizada, utilizando diferentes formas de contato, como a comunicação verbal, a análise da expressão facial e os dados obtidos pela monitorização contínua (TOLEDO et al., 2020).
Além disso, foi observado em alguns estudos que o banho no leito a seco não trouxe benefícios para o equilíbrio térmico dos pacientes. Pelo contrário, houve uma redução na temperatura axilar dos pacientes submetidos tanto ao banho no leito tradicional quanto ao banho a seco. Isso indica que a ausência de água não proporcionou vantagens em termos de manutenção da temperatura corporal dos pacientes, e que ambos os tipos de banho podem ter um impacto similar nesse aspecto (TOLEDO et al., 2021; TOLEDO et al., 2022).
A equipe de enfermagem precisa estar atenta aos possíveis EA que determinadas intervenções podem ter sobre o paciente, mesmo que elas pareçam rotineiras ou de baixo risco, como o banho no leito. Assim, é necessário planejar e realizar essas intervenções com cautela, considerando as necessidades específicas de cada paciente e priorizando a segurança e o bem-estar do indivíduo em questão (TOLEDO et al., 2021).
Como limitação deste estudo, destaca-se a disponibilidade de poucos estudos que abordassem sobre os EA durante banho no leito no paciente crítico, o que evidencia a importância na elaboração de mais trabalhos com essa temática a fim de permitir que gestores, profissionais da saúde e pesquisadores adotem ações voltadas para uma assistência fundamentada na qualidade, no cuidado seguro e na prática baseada em evidências.
A relevância deste estudo está em contribuir na identificação dos EA e os fatores que podem estar relacionados na ocorrência, com objetivos de prevenir a ocorrência de complicações durante o banho no leito em pacientes críticos e bem como ampliar o conhecimento na área da saúde e enfermagem.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O banho no leito em pacientes críticos requer uma avaliação clínica adequada, medidas de prevenção de infecções e monitorização contínua. É importante que os enfermeiros realizem um cuidado individualizado e estejam presentes durante o procedimento para evitar eventos adversos. O banho a seco é uma opção promissora, mas é essencial a utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e de protocolos específicos para garantir um cuidado seguro. O treinamento das equipes de enfermagem é fundamental para conscientizar sobre a importância do banho e os riscos da negligência.
REFERÊNCIAS
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1 Programa Multiprofissional em Terapia Intensiva da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF). E-mail: sabrina-dias@escs.edu.br.