REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10204094
Caroline da Silva Nemitz1
Alessandra Mary Fonseca de Souza Cunha2
Samaí Beatriz Guerra Ferreira3
Vinícius Djean Santos da Silva Tôrres4
Matheus Amancio Gomes5
Lucas Raposo Mendes6
Priscila Lopes Araújo7
Jaqueline Pâmela Agazzi8
Anna Paula Perim9
Débora Rachel de Mendonça Andrade10
Éverton Barbosa de Lira11
Ednalva de Oliveira Miranda Guizi12
Edilene dos Santos Celestiano13
Dyenifer Sara Lopes Neves14
Lenislâne da Silva Santos15
RESUMO
Objetivo: Caracterizar perfis assistenciais e analisar o consumo na divisão de Saúde da descendência (USF). Métodos: Trata-se de um estudo observacional transversal realizado no sertão paraibano no período de setembro a outubro de 2022. A amostra foi composta por 214 usuários determinados conforme critérios de inclusão e exclusão. Os dados foram coletados por meio de questionários e analisados por meio de estatística inferencial e descritiva. Este estudo foi sancionado pelo comitê de Etica em Pesquisa. Resultados: A amostra é composta predominantemente por pacientes do sexo feminino (72,0 %), com média de idade de 35,74 anos, com ensino fundamental incompleto (40,7 %) e desempregados (30,8 %). A queixa mais comum foi dor (22,8 %), predominando o planejamento da consulta (62,6 %). Os homens solicitaram ajuda em maior medida através de pedidos espontâneos (34,0 %), enquanto as meninas solicitaram ajuda no âmbito de atividades do projeto (29,2 %). A maioria de ambos os sexos classificou o acolhimento como excelente (66,4 %). Conclusão: Enxergamos assim que os homens ainda utilizam pouco os serviços de saúde, o que exige melhoria da qualidade do atendimento para garantir o acesso a toda a população.
Palavras-chave: Atenção Básica, Serviços, Saúde.
INTRODUÇÃO
A atenção primária à saúde (APS) visa transformar o modelo biomédico tradicionalmente utilizado, centrado no hospital no tratamento e no indivíduo em um modelo coletivo, preventivo e regionalizado, e visa transformar o sistema de saúde.. Nessa ótica, a atenção básica intervém desde a fase inicial do cuidado por meio da prevenção e da promoção da saúde que antecedem o desfecho dos problemas de saúde, além de orientar o cuidado prestado pelos demais níveis de atenção. (FARIAS DN, et al., 2018).
O Ministério da Saúde (MS), com o objetivo de estabelecer a APS, lançou a estratégia Saúde da descendência (ESF) em 1994 para desenvolver incompetências. consolidar e expandir os cuidados básicos de saúde. A ESF se propõe a mudar-se o processo de trabalho, buscando romper com o modelo tradicional de atenção à saúde para promover um cuidado pautado no contexto social e familiar, a fim de alcançar um impacto positivo e uma maior solução para a saúde individual e coletiva. (FARIAS DN, et al., 2018).
A Política Nacional de Humanização (PNH), também conhecida como HumanizaSUS, criada em 2003 com o objetivo de incorporar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) à prática cotidiana do cuidado à saúde propôs a hospitalidade como forma de ampliar o acesso reorganizar o processo de trabalho e qualificar a entrevista, incentivando a comunicação entre gestores, funcionários e usuários.(CAMARGO DS e CASTANHEIRA ERL, 2020).
Com o objetivo de melhorar o atendimento aos usuários e melhorar a qualidade do atendimento e a organização do serviço de saúde, foi criado um acolhimento com o objetivo de contribuir para a implementação dos princípios do SUÍNO. É um instrumento capaz de reorganizar o serviço bem como ampliar o acesso a ele, sendo essencial para acolher e ouvir corretamente os pacientes.(FREITAS JLGS,2016; MARTINS ACT, et al., 2019).
O acesso aos serviços de saúde é uma questão que inclui diferentes dimensões, como adequabilidade funcional, disponibilidade, acessibilidade e capacitância financeira, e é determinado por factores sociais, políticos, económicos e técnicos. Consequentemente, o acesso é um importante indicador que evidencia a qualidade do serviço prestado, pois está diretamente relacionado à continuidade do cuidado à manutenção da saúde e à prevenção de agravos.(CHÁVEZ GM, et al., 2020; CAMARGO DS e CASTANHEIRA ERL, 2020).
Além de estreitar o relacionamento entre o usuário e a equipe ás responsabilidades do acolhimento visam ouvir apropriadamente as preocupações de saúde do usuário com o objetivo de responsabilizar o perito pela resolução da requisição. Contudo, observamos que, em muitos casos, a organização do atendimento é burocrática, realizada apenas segundo o princípio do primeiro a chegar, primeiro a ser atendido, a partir de uma escuta focada exclusivamente na denúncia, com intervenção específica, o que dificulta a criação de vínculos.(CHÁVEZ GM, et al., 2020). A avaliação da admissão é feita com base na classificação de risco. Isto depende de a assistência estar focada no nível de complexidade. levando em consideração riscos potenciais e problemas de saúde. O modelo também traz benefícios no nível de serviço, pois atende o indivíduo de forma global e gera maior satisfação do usuário ao reduzir o tempo de espera.(ROSSATO K, et al., 2018; FARIAS QLT, et al., 2020). Portanto o Ministério da Saúde (MS), sugere que o processo de atendimento à demanda espontânea siga o seguinte formato: situações não agudas que devem ser resolvidas por meio de planejamento programa ou diretrizes da demanda e situações agudas que são divididas em creche quando o risco e vulnerabilidade são baixas ou inexistentes., atendimento prioritário quando o risco é moderado e atendimento imediato quando há alto risco de ameaça à vida.(BRASIL, 2013).
MÉTODOS
Trata-se de um estudo transversal e observacional com abordagem quantitativa e descritiva, realizado em uma unidade da USF no sertão paraibano entre setembro e outubro de 2022. Foi realizado no município paraibano onde está localizado. Na mesorregião paraibana, o sertão é considerado central para o estado devido à sua importância econômica e social. Os dados foram coletados na divisão de Saúde da descendência (USF). A área de abrangência da USF deste estudo caracteriza-se por ser uma área urbana com 755 famílias cadastradas, totalizando 2.548 usuários. Segundo o Sistema de Informação da Atenção Básica, destes, 1.113 eram homens e 1.435 eram meninas.
A composição da amostra foi constituída por 214 clientes atendidos na USF, identificados através de recrutamento voluntário e planeado e seguindo critérios de inclusão e exclusão durante um período de 2 meses. Os critérios de inclusão incluem pessoas de ambos os sexos que consentiram voluntariamente em participar do estudo, sem restrição de idade. No caso de pessoas com deficiência de comunicação e crianças menores de 10 anos, o responsável ou acompanhante respondeu ao questionário. Os critérios de exclusão incluíram pessoas que apresentavam doenças mentais ou não tinham responsável e não puderam responder à enquête.
Os dados foram coletados por meio de um questionário composto por 10 questões, que inclui dados sociodemográficos, o motivo da solicitação do serviço o perfil da questão, a avaliação do acolhimento e a organização prioritária do atendimento, com o auxílio do Caderno de Atenção Básica. questões 28. Volume I (BRASILIA, 2013). O questionário foi preenchido pelos usuários após o acolhimento com o objetivo de melhor avaliar questões relevantes durante a permanência na USF.
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RESULTADOS
O presente estudo avaliou uma amostra de 214 usuários atendidos em uma unidade de saúde da família (USF) com média de idade de 35,74 (DP=19,46) anos. A amostra incluiu predominantemente pacientes do sexo feminino (72,0 %), com idade entre 36 e 55 anos (31,8 %), pessoas sem ensino fundamental (40,7 %) e desempregados (30,8 %).(Tabela 1).
Tabela 1 – Descrição sociodemográfica dos dados (n=214).
Variáveis | Frequência Absoluta (F) | Frequência relativa (%) |
Sexo | ||
Masculino | 60 | 28,0 |
Feminino | 154 | 72,0 |
Idade | ||
Até 18 anos | 47 | 22,0 |
19-35 anos | 51 | 23,8 |
36-55 anos | 68 | 31,8 |
56-65 anos | 35 | 16,4 |
66 anos ou mais | 13 | 6,1 |
Grau de instrução | ||
Analfabeto | 12 | 5,6 |
Ensino fundamental incompleto | 87 | 40,7 |
Ensino fundamental completo | 21 | 9,8 |
Ensino médio incompleto | 22 | 10,3 |
Ensino médio completo | 37 | 17,3 |
Ensino superior | 13 | 6,1 |
Ensino técnico | 6 | 2,8 |
Pré-escolar | 16 | 7,5 |
Ocupação | ||
Desempregado | 66 | 30,8 |
Empregado | 57 | 26,6 |
Estudante | 32 | 15,0 |
Outros | 59 | 27,6 |
Fonte: Estevão TA e Sousa MNA, 2023.
A Tabela 2 apresenta informações sobre o perfil de necessidade de cuidados de saúde na USF. A dor (22,8 %) foi a queixa mais comum no contato com a UBS. A maioria das consultas foi planejada (62,6 %) e direcionada ao exame clínico (45,8 %). Ás necessidades espontâneas (28,3 %) e as atividades programáticas (26,0 %) representaram os tipos de avaliação mais populares. Quanto à avaliação do acolhimento prestado pelas USF, a maioria classificou-o como excelente (66,4 %) e com ajuda planeada (60,3 %).
Tabela 2 – Ilustração dos dados categóricos relacionados aos perfis de necessidades de cuidado nas unidades de Saúde da Família(USF) (n=214).
Variáveis | Frequência Absoluta (F) | Frequência relativa (%) | ||||||
O que levou a procurar a UBS? (Queixa) | ||||||||
Arbovirose | 1 | 0,5 | ||||||
Avaliação de exames | 27 | 12,6 | ||||||
Avaliação de rotina | 15 | 7,0 | ||||||
Avaliação psicológica | 5 | 2,3 | ||||||
Controle pressórico | 7 | 3,3 | ||||||
Fadiga | 2 | 0,9 | ||||||
Febre | 1 | 0,5 | ||||||
Lesões dermatológicas | 13 | 6,0 | ||||||
Perda ponderal | 1 | 0,5 | ||||||
Pré-natal | 14 | 6,5 | ||||||
Puericultura | 13 | 6,0 | ||||||
Renovação de receitas | 25 | 11,6 | ||||||
Sem queixas | 1 | 0,5 | ||||||
Sintomas álgicos | 49 | 22,8 | ||||||
Sintomas gastrointestinais | 3 | 1,4 | ||||||
Sintomas ginecológicos | 9 | 4,2 | ||||||
Sintomas neurológicos | 1 | 0,5 | ||||||
Sintomas oftalmológicos | 4 | 1,9 | ||||||
Sintomas respiratórios | 18 | 8,4 | ||||||
Sintomas urinários | 1 | 0,5 | ||||||
Sintomas urológicos | 1 | 0,5 | ||||||
Tabagismo | 1 | 0,5 | ||||||
Tontura | 2 | 0,9 | ||||||
Atendimento agendado | ||||||||
Sim | 134 | 62,6 | ||||||
Não | 80 | 37,4 | ||||||
Foi para a Unidade para que tipo de avaliação? | ||||||||
Atividade programática | 56 | 26,0 | ||||||
Avaliação de sintomas | 47 | 21,9 | ||||||
Avaliação nutricional | 1 | 0,5 | ||||||
Demanda espontânea | 61 | 28,3 | ||||||
Retorno de consulta | 49 | 22,8 | ||||||
Tipo de atendimento | ||||||||
Pré-natal | 15 | 7,0 | ||||||
Hipertensão | 37 | 17,3 | ||||||
Diabetes | 20 | 9,3 | ||||||
Prevenção do câncer de colo | 12 | 5,6 | ||||||
Puericultura | 15 | 7,0 | ||||||
Odontológico | 2 | 0,9 | ||||||
Saúde mental | 15 | 7,0 | ||||||
Exame clínico | 98 | 45,8 | ||||||
Avaliação do acolhimento | ||||||||
Ótimo | 142 | 66,4 | ||||||
Bom | 66 | 30,8 | ||||||
Regular | 6 | 2,8 | ||||||
Ruim | 0 | 0,0 | ||||||
Não tenho opinião definida | 0 | 0,0 | ||||||
Priorização do atendimento | ||||||||
Atendimento imediato | 0 | 0,0 | ||||||
Atendimento prioritário | 10 | 4,7 | ||||||
Atendimento no dia | 75 | 35,0 | ||||||
Atendimento agendado | 129 | 60,3 | ||||||
Na Tabela 3 Dados categóricos divididos por gênero. Comparado aos homens As meninas realizaram mais consultas agendadas (64,3 %). Além disso, os homens tiveram maior probabilidade de solicitar ultrassonografia por necessidades espontâneas (34,0 %), enquanto as meninas tentar atendimento programático (29,2 %). Ambos consideraram que o acolhimento foi excelente (homens = 63,3 %; meninas = 67,5 %) e cuidados priorizados pelos cuidados habituais (homens = 56,7 %; meninas = 61,7 %).
Tabela 3 – Ilustração dos dados categóricos sobre o perfil das necessidades de cuidados na divisão de Saúde da Família (USF) por sexo (n=214)
Sex | o (Masculino) | |
Variáveis | n (%) | |
Atendimento agendado | Sim | 35 (58,3) |
Não | 25 (41,7) | |
Atendimento programático | 11 (18,3) | |
Avaliação de sintomas | 15 (24,0) | |
Tipo de avaliação | Avaliação nutricional | 1 (1,7) |
Demanda espontânea | 21 (34,0) | |
Retorno de consulta | 12 (20,0) | |
Ótimo | 38 (63,3) | |
Forma de acolhimento | Bom | 21 (35,0) |
Regular | 1 (1,7) | |
Atendimento prioritário | 2 (3,3) | |
Priorização do atendimento | Atendimento no dia | 24 (40,0) |
Atendimento agendado | 34 (56,7) | |
S | exo (Feminino) | |
Variáveis | n (%) | |
Atendimento agendado | Sim | 99 (64,3) |
Não | 55 (35,7) | |
Atendimento programático | 45 (29,2) | |
Tipo de avaliação | Avaliação de sintomas | 32 (20,8) |
Demanda espontânea | 40 (25,9) | |
Retorno de consulta | 37 (24,0) | |
Ótimo | 104 (67,5) | |
Forma de acolhimento | Bom | 45 (29,2) |
Regular | 5 (3,2) | |
Atendimento prioritário | 8 (5,2) | |
Priorização do atendimento | Atendimento no dia | 51 (33,1) |
Atendimento agendado | 95 (61,7) |
Tabela 4 – Foi encontrada associação estatisticamente significante entre sexo e perfil de utilização de cuidados de saúde nas unidades de saúde da família (USF). Foi notada relação entre sexo, UBS (insatisfação) (c2(25) = 51,855, p < 0,001 )e tipo de tratamento( c2(7 )= 18,850, p < 0,009)..
Tabela 4 Distribuição das relações de género e perfis de necessidades de cuidados na Unidade de Saúde da Família (USF) (n=214).
O que levou a procurar a UBS | ||||
Variável | Sintomas álgicos n | Sintomas respiratórios n | Valor-p(a) | |
Sexo | Feminino | 40 | 9 | |
Masculino | 9 | 9 | 0,001** | |
Tipo de atendimento | ||||
Variável | Hipertensão n | Exame clínico n | Valor-p(a) | |
Sexo | Feminino | 31 | 61 | |
Masculino | 6 | 37 | 0,009** |
Legenda: *p < 0,05; **p < 0,01.
Fonte: Estevão TA e Sousa MNA, 2023.
DISCUSSÃO
A pesquisa foi organizada com o objetivo de caracterizar o perfil do usuário e do atendimento desta USF a partir de uma amostra de 214 usuários do serviço de saúde, bem como analisar a avaliação do acolhimento sob o ponto de vista dos pacientes.
No estudo, as meninas (72,0 %) foram mais frequentes que os homens (28,0 %), semelhante à literatura que sinaliza que as meninas (69,2 %) procuram mais a atenção primária que os homens (30,8 %). (FREITAS JLGS, 2016). Fatores culturais, sociais e biológicos estão associados a esses achados. Vale destacar o maior autocuidado e o interesse das meninas pelas questões de prevenção e saúde (OLIVEIRA PP, et al., 2015).
A Política Nacional de Atenção Integral à saúde do rapaz (PNAISH) foi desenhada para identificar os determinantes sociais da vulnerabilidade masculina, enfatizando que a baixa procura pelos serviços demonstra estereótipos de gênero criados por estímulos culturais, o que supõe que a doença está ligada à fragilidade do corpo e, portanto, de seu portador. Assim, por meio da implementação da PNAISH, com enfoque de gênero, contribuirá para a melhoria dos aspectos sociais e culturais, bem como dos padrões de mortalidade e morbidade (VAZ CAM, et al., 2018).
Em termos de idade, em comparação com o resto Destaque no atendimento a pessoas de 36 a 55 anos (31,8 %). A idade média é de 35,74 anos, dados semelhantes foram encontrados no estudo de Cabral DMC et al. (2012) que avalia o acolhimento de uma unidade básica da cidade de São Paulo e sinaliza a idade média dos participantes como 35 anos.
A escolaridade da maioria dos participantes indica não ter concluído o ensino fundamental (40,7 %), semelhante ao estudo brasileiro que analisou os mesmos critérios, onde 53,6 % dos participantes tinham o ensino fundamental incompleto (CABRAL DMC, et al., 2012). Em termos de emprego, a maioria estava desempregada (30,8 %), o que certamente está relacionado com o nível de escolaridade do grupo analisado.
Os sintomas álgicos respondem por 22,8 % das principais queixas que levam os usuários a procurar atendimento médico e prejudicam significativamente a qualidade de vida. Estudos indicam que os serviços de saúde devem estar preparados para diagnosticar e tratar condições dolorosos, principalmente lombalgias, bem como implementar estratégias adequadas de prevenção. Muitas pessoas com dor primária enfatizam a importância de desenvolver estratégias para melhor controlar a dor.(CABRAL DMC, et al., 2012).
A maioria das consultas foi agendada (62,6 %), caracterizando um serviço que permite aguardar a resolução das queixas, uma vez que pode ser agendado de forma eletiva, sem prejudicar o paciente em seus problemas de saúde. O modelo organizacional de resposta às requisições poderá ser adaptado de acordo com a realidade do serviço. Desta forma, pode ser implementado um pré-planeamento com o objetivo de reorganizar os acessos e direcionar as requisições dos usuários na área abrangida. Esta ferramenta é importante na promoção da saúde e prevenção de doenças. (CHÁVEZ GM, et al., 2020; SCHOLZE AS, 2014).
Em termos do tipo de avaliação O estudo constatou que as necessidades espontâneas de atendimento corresponderam a 28,3 % e referem-se à avaliação das necessidades à medida que os usuários procuram atendimento. Consequentemente, obtém-se ajuda dos membros da equipe. Em termos de necessidades do programa o valor é de 26,0 % e os serviços podem ser planeados sem urgência, mas é necessário um acompanhamento periodico para avaliar vulnerabilidades e riscos. O mesmo se aplica aos cuidados aos idosos, aos cuidados de maternidade e aos cuidados infantis.(MOURA RA, et al., 2022).
Quanto ao tipo de atendimento, os mais frequentes foram o exame clínico (45,8 %) e a hipertensão (17,3 %), provavelmente devido à grande procura dos usuários por consultas clínicas para avaliação de sintomas e ao elevado número de pacientes portadores de hipertensão.
O exame clínico visa desenvolver hipóteses diagnósticas baseadas nos sinais e sintomas apresentados pelo paciente, seguindo uma sequência lógica com a história e o exame clínico (SOUZA PCB, et al., 2018). Dados de estudo que avaliou pacientes atendidos na atenção primária mostram que parcela significante dos atendimentos realizados nesse nível de atenção é de hipertensos, com média de 32 % de hipertensos na população acima de 18 anos. Essa comorbidade pode ser diagnosticada e tratada no nível da APS, uma vez que até 80 % dos casos são resolvidos na atenção primária à saúde e complicações como acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio e outros problemas podem ser retidos (DANTAS RCO e RONCALLI AG, 2019).
Segundo os usuários, o acolhimento foi classificado em sua maioria como excelente (66,4 %), o que se assemelha ao trabalho realizado em recife que avaliou a satisfação dos usuários com o acolhimento da ESF, no qual 64,6 % dos entrevistados declarar que foram acolhidos de forma amigável ou muito forma amigável (LUCENA LN, et al., 2018).
A escuta de qualidade é essencial para satisfazer eficientemente as necessidades dos usuários, fortalecer as ligações e apoiar as estruturas de serviço. É uma estratégia que fortalece o relacionamento entre usuários e equipes baseado na confiança e no comprometimento, resultando em uma APS mais forte. (CHÁVEZ GM, et al., 2020; VIANA ECLO, et al., 2018).
Um dos principais desafios na oferta de hospitalidade de qualidade é a dificuldade de conciliar a alta demanda de serviços de saúde com a limitação de tempo e espaço físico, o que exige uma priorização adequada dos cuidados.(SILVA TF e ROMANO VF, 2016; KRUG SBF, et al., 2017).
Este estudo categorizou as prioridades de atendimento em eletivas (60,3 %), no mesmo dia (35,0 %), prioritárias (4,7 %) e imediatas (0,0 %), com foco na falta de atendimento imediato. Isso pode ser explanado da seguinte forma. Como serviço de atenção primária, as consultas agendadas ou no mesmo dia são populares, pois há poucas situações agudas que figuram alto risco de vida. Segundo correlações estatísticas, observa-se que as meninas realizaram mais aglomerações agendadas (64,3 %) do que os homens (58,3 %). Consequentemente, relativamente ao tipo de avaliação, as meninas procuram mais frequentemente a USF buscando atendimento programático (29,2 %), enquanto a maioria dos homens procura por demanda espontânea (34,0 %).
Estudo que avaliou a saúde do homem observou que a necessidade de atendimento na UBS só emerge quando emergem problemas de saúde, como sintomas agudos. o que mostra a resistência dos homens. Isso pode levar ao agravamento dos sintomas clínicos. As consultas de rotina podem evitar muitas complicações, graças às medidas de promoção e prevenção da saúde. Além disso, atrasar o atendimento pode trazer consequências graves, forçando à tomada de medidas que poder ser evitadas, o que impacta diretamente na qualidade de vida, na morbidade e na mortalidade do indivíduo.(JÚNIOR CDS, et al., 2022).
Ao relacionar as variáveis de gênero com o que as motivou a procurar a UBS, o trabalho demonstrou que as meninas tinham 5,00 vezes mais chances de procurar o serviço com queixa de sintomas dolorosos do que os homens. Além disso, as meninas tinham 3,14 vezes mais probabilidade do que os homens de procurar ajuda durante o ensaio clínico.
Nesse contexto, há maior frequência de meninas que procuram os serviços de saúde tanto em relação à dor aguda quanto em busca de acompanhamento de rotina com atividades programáticas e exame clínico. Da mesma forma, a literatura destaca as dificuldades que os homens enfrentam no acesso aos serviços de saúde devido à falta de conhecimento sobre políticas de saúde dirigidas a esta população e dificuldades no acesso aos serviços, justificadas por queixas de lentidão no acesso aos cuidados de saúde. Além disso, aspectos socioculturais que reforçam o modelo de masculinidade podem contribuir para colocar os homens em situações de risco, pois os distanciam do autocuidado e, portanto, os tornam mais vulneráveis a doenças que poder afetar o seu estado de saúde.(JÚNIOR CDS, et al., 2022).
CONCLUSÃO
De acordo com os dados analisados foi possível determinar o perfil do atendimento em uma USF do sertão paraibano, com prevalência de pacientes do sexo feminino com média de idade de 35,74 anos. A grande maioria da demanda está organizada em consultas agendadas (62,6 %), sendo a sintomatologia dolorosa o principal motivo de consulta dos usuários, destacando a importância da diagnose e tratamento dos quadros dolorosos, bem como da definição de estratégias de prevenção adequadas. Verificou-se também que a maioria dos homens procurou atendimento por demanda espontânea (34,0 %), enquanto as meninas tentaram atividade programática (29,2 %). Do lado positivo, tanto homens como meninas avaliaram o acolhimento como satisfatório. Consequentemente, espera-se que o estudo nos dê a oportunidade de ampliar a reflexão sobre políticas públicas de saúde do homem para garantir medidas de promoção da saúde para toda a população.
REFERÊNCIAS
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