PRIMEIROS SOCORROS NA ESCOLA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

FIRST AID AT SCHOOL: BIBLIOGRAFIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10576578


Isabela Cristina Contin
Stefany Araújo
Orientadora: Maria Terezinha Silva Neta


Resumo 

Os primeiros socorros são caracterizados como o primeiro atendimento realizado de forma imediata após a ocorrência de uma situação em perigo. No ambiente escolar essas situações de caráter de emergência, podem ser comuns uma vez que os alunos por serem crianças são na grande maioria desinquietas e curiosas, daí surge a necessidade de que os professores e demais envolvidos no ambiente escolar tenham conhecimento prático em primeiros socorros. Nesse sentido, esse estudo visa descrever, por meio de uma revisão bibliográfica, sobre a importância do conhecimento de primeiros socorros, considerando esses no ambiente escolar. A pesquisa se desenvolve por meio de uma pesquisa de revisão bibliográfica, de caráter qualitativo e natureza básica, com a visão de análise da literatura do conhecimento básico em primeiros socorros no ambiente escolar. 

Palavras-chave: Primeiros socorros. Escola. Emergência. 

Abstract

First aid is characterized as the first assistance provided immediately after the occurrence of a dangerous situation. In the school environment, these emergency situations can be common since students, being children, are mostly restless and curious, hence the need for teachers and others involved in the school environment to have practical knowledge in the first place. aid. In this sense, this study has the general objective: to describe, through a literature review, the importance of first aid knowledge considering these in the school environment. The research is developed through a bibliographical review research, of a qualitative and basic nature, with the aim of analyzing the literature and basic knowledge in first aid in the school environment.

Keywords: First aid. School. Emergency.

Introdução 

Os primeiros socorros são geralmente definidos como o atendimento primário prestado imediatamente em situações de perigo, como quando alguém fica doente repentinamente, e este tratamento pode ajudar a salvar vidas e prevenir o agravamento de complicações posteriores. É uma série de procedimentos simples realizados por pessoas comuns para preservar a vida em caso de emergência até a chegada de atendimento médico especializado (SOUZA, 2013). 

Na infância os acidentes podem ser muito frequentes. A curiosidade natural das crianças expõe-nas a situações de risco nem sempre perceptíveis para seus responsáveis. De acordo com Maia, et al. (2012), acidentes são episódios não intencionais que podem causar lesões, e que podem ser evitáveis em qualquer âmbito, seja ele escolar ou em outros ambientes sociais. Alguns acidentes na infância, como queimaduras e trauma raquimedular, além de causarem prejuízo para a vida adulta, podem deixar sequelas físicas ou emocionais em crianças, ou adolescentes, tornando-se um problema educacional e de saúde pública. 

A escola é um dos ambientes onde mais ocorrem acidentes, desse modo, os professores têm uma grande responsabilidade, necessitando dos conhecimentos básicos de primeiros socorros para saber como atuar nessas intercorrências. Apesar disso, por não serem profissionais da área da saúde, os mesmos se sentem inseguros e despreparados para realizar o atendimento de urgência e emergência. (NETO et al., 2018)

De acordo com Li et al. (2020) apud Cruz et al. (2022) a causa predominante do óbito de crianças ao redor do mundo são os acidentes. Segundo o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças, volume I, 10ª Revisão, 2ª edição) as causas externas de morbidade e mortalidade incluem os acidentes de forma geral, quedas, afogamentos, exposição ao fogo, envenenamentos, intoxicações, lesões auto provocadas e agressões.

Carmo et al., (2017) consideram que as lesões mais graves sofridas pelas crianças em idade escolar são: lesões, convulsões, fraturas de membros, entorses, quedas e asfixia. O autor ressalta ainda que muitos casos podem levar à morte da criança se os primeiros socorros não forem prestados adequadamente. Porém, após pesquisar esse tema, constatou-se que a maioria dos educadores que atuam na educação escolar não têm condições de prestar o primeiro atendimento.

As consequências da falta de primeiros socorros e da falta de preparação podem ser graves. Em 2017, a morte de Lucas Begalli, de 10 anos, causou comoção nacional e destacou a importância fundamental das competências em primeiros socorros para os profissionais que trabalham com crianças. Lucas estava a caminho da escola quando engasgou com um lanche, havia adultos lá, mas nenhum deles sabia como ajudar adequadamente a criança. Ele foi levado para a unidade móvel de terapia intensiva do hospital, mas veio a óbito. O tempo é um fator muito importante nesses casos, é possível que a vítima ainda estivesse viva se tivesse sido socorrida a tempo. (PEREIRA; SILVA; LOUREIRO, 2020) A lei Lucas (13.722/18) foi criada devido a este triste episódio, para evitar que mais vidas inocentes fossem perdidas (PEREIRA; SILVA; LOUREIRO, 2020). 

De acordo com esta lei, os profissionais devem receber noções básicas de primeiros socorros nos locais destinados à educação (Constituição Federal, 2018). Neto et al. (2018) afirmam que é muito importante orientar e preparar os professores quando é necessário ajudar crianças vítimas de acidente ou agressão. E esse papel na educação em saúde pode ser desenvolvido pela equipe de enfermagem proporcionando capacitação aos educadores por meio de palestras, cursos e oficinas relacionadas ao tema.

Se faz necessário a união dos serviços de saúde aos estabelecimentos de educação básica para criar programas que capacitem os educadores e os tornem aptos para realizar os primeiros socorros. (SILVA, 2020) 

Diante disso, a questão norteadora que delineou este estudo foi: Qual a importância das noções básicas de primeiros socorros para a comunidade escolar?

Nesse sentido, esse estudo tem como o seguinte objetivo geral: descrever por meio de uma revisão bibliográfica sobre a importância do conhecimento de primeiros socorros considerando esses aspectos no ambiente escolar.  

Este artigo tratou-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, de caráter qualitativo e natureza básica, com a visão de análise da literatura o conhecimento básico em primeiros socorros no ambiente escolar. A coleta de dados aconteceu no período de outubro a dezembro de 2023. Foram utilizados para a busca dos artigos os descritores cadastrados no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde): primeiros socorros, acidentes na escola, docentes e crianças. Como critérios de inclusão destacam-se artigos e/ou livros que respondam à necessidade de resolver a questão norteadora, mediante publicações, textos, periódicos, sobre noções básicas de primeiros socorros em crianças, atuação de professores da educação infantil, integralmente em português, publicados nos anos de 2013 a 2023. Já como critérios de exclusão destacam-se artigos no corte temporal com ano de publicação abaixo do ano de 2013, duplicidades e que não estejam disponíveis integralmente ou que não permitam realização de download de forma gratuita, além de artigos que não estejam correlacionados com a questão norteadora.

2. Acidentes nas escolas e a importância do conhecimento prévio dos primeiros socorros 

É indubitável que a definição do termo “acidente” apresenta o conceito de um episódio não intencional e que atinge todos os grupos sociais. Em contrapartida, a prevenção pode ser caracterizada, atualmente, como um evento que pode ser controlado e evitado por resultar um conjunto de fatores que tornam a sua ocorrência previsível, não sendo evento somente do acaso. Em 90% dos casos, essas eventualidades podem ser dificultadas ou diminuídas em qualquer âmbito, tornando-se previsíveis (GALINDO NETO, 2017)

Por conseguinte, a prevenção de acidentes é compreendida em evitar que algum dano possa acontecer e está classificada em três grupos diferentes: prevenção primária que representa os programas educativos e medidas de segurança; prevenção secundária que tem como propósito a diminuição da prevalência de doenças e a prevenção terciária que tem como função a reabilitação e reintegração do indivíduo na sociedade. (PEREIRA, 2015).

Acidentes podem acontecer a qualquer momento e em qualquer lugar, por este motivo é importante sempre estarmos preparados para agir e evitar possíveis complicações. Na escola não é diferente, este é um ambiente onde acidentes acontecem com frequência, principalmente durante os momentos de brincadeiras e atividades físicas. Nesses casos é preciso atuar de maneira rápida e eficaz, pois do contrário as sequelas podem ser permanentes e até mesmo fatais. (SOUZA et al., 2020)

Segundo aponta Lima et al. (2021) crianças entre 0 e 6 anos são as principais vítimas de acidentes em ambiente escolar. Já Pereira, Silva e Loureiro (2020) defendem que os infantis com idade entre um e três anos apresentam maior risco de cair e se acidentar. Para Carmo et al., 2017; Pereira, Silva e Loureiro, 2020; Souza, et al., 2020, nesses acidentes é comum a ocorrência de cortes, obstruções das vias aéreas, fraturas e quedas.

Segundo Fernandes (2016) o tempo que as crianças passam na escola vem aumentando gradativamente com as transformações sociais da família e com a inserção crescente da mulher no mercado de trabalho. Assim sendo necessárias mudanças nas organizações das escolas também para que o atendimento nesses espaços seja o mais seguro possível.

Como aponta Oliveira (2016) quando diz que as crianças são arteiras e ágeis e por mais que sejam vigiadas, podem se envolver em uma situação de risco em instantes, por esse motivo, o professor necessita ter, ao menos, um suporte com orientações básicas de primeiros socorros.

A curiosidade e a inquietude são fatores inerentes da infância, que procuram explorar novas situações e movimentos que potencializam a maior ocorrência de acidentes. Todavia, é importante reconhecer que, apesar de ser um local capaz de desenvolver várias capacidades funcionais e essenciais, a escola é um espaço que possui grande incidência de acidentes, dado que, existe um elevado número de crianças em um espaço comum, brincando, correndo e praticando atividades motoras dentro da instituição, o que as torna mais suscetíveis a riscos, podendo assim, levar a quedas e pequenos machucados. (RODRIGUES, 2016). 

Neste sentido, Machado (2012) também debate que a curiosidade natural das crianças expõe-nas a situações de risco nem sempre perceptíveis para seus responsáveis. Na escola, por exemplo, somente após o acidente é que o professor percebe o perigo de uma Cadeira próxima à janela ou um móvel pontiagudo na sala de aula. Muitas vezes, os professores não recebem um treinamento adequado em “primeiros socorros”, assim, diante de uma situação extrema, não sabem como proceder.

Ainda, conforme o autor supracitado, é dever da escola manter um ambiente seguro e trabalhar medidas de prevenção, de modo a garantir que ninguém sofra maiores lesões ou danos. Pelo simples fato do professor deixar os materiais posicionados em locais errados na escola pode ser a causa de um acidente, assim, a desatenção também é um fator que pode levar a sérias consequências.

  Levando em consideração esses aspectos, os acidentes são preocupações frequentes no ambiente educacional e, para se atingir o padrão de escola segura, é necessário que se conheça além das questões de risco presentes no espaço físico, como a forma como os indivíduos vão lidar diante de uma emergência. Sendo assim, cabe salientar a necessidade do conhecimento por parte dos educadores sobre a concepção de acidentes, seus direitos e deveres frente a uma pessoa acidentada. (SENA, RICAS E VIANA, 2008).

2.1 Contextualização sobre os primeiros socorros 

Os primeiros socorros são procedimentos de emergência, podendo ser realizados por pessoas consideradas leigos, ou seja, que não são profissionais da saúde, desde que sejam capacitados para realizar um atendimento pré-hospitalar, podendo assim, salvar vidas. Nas palavras de Soares (2013) os primeiros socorros, como a própria expressão nos remete, são procedimentos utilizados primariamente apenas para se preservar a condição de vida de um indivíduo até a chegada de um médico ou profissional, ou uma equipe médica, para serem adotadas as medidas que a situação requer.

O atendimento temporário e imediato de uma pessoa que está ferida ou que adoece contextualiza repentinamente o que significa, de fato, o atendimento de primeiros socorros. Dentro desse âmbito, a atividade inclui reconhecer condições que põem a vida em risco e tomar as atitudes necessárias para manter a vítima viva e na melhor condição possível até que se obtenha atendimento médico (HAFEN et al., 2013). 

Nesse sentido, Calandrim et al., (2017) destaca que primeiros socorros são um conjunto de técnicas destinadas a prestar primeiros socorros a pessoas em situação de perigo específico e em perigo iminente de morte ou lesão permanente, que podem ser prestados por profissionais capacitados ou leigos. Todos os professores, sejam professores ou parceiros que trabalham nas escolas, devem receber formação contínua para lidar com os acontecimentos mais graves na escola, porque a faixa etária que mais sofre é a do ensino básico e secundário, uma vez que esses possuem anatomia e fisiologia, como menor estatura, peso e pele mais sensível.

Na ocorrência de um acidente, algumas vezes, a maneira como os socorristas lidam com a vítima antes da chegada do corpo de emergência responsável pode definir qual será o estado do paciente e, em muitas circunstâncias, aqueles segundos podem ser precisos, podendo evitar possíveis agravos ou até mesmo, fatalidades. (MAIA et. al, 2014). 

O atendimento de primeiros socorros pode ser realizado por qualquer cidadão que possuir os conhecimentos básicos para agir de maneira eficiente, todavia, um atendimento avançado só poderá ser feito por um indivíduo que tiver treinamento amplo e preciso sobre essas técnicas. (GARCIA, 2018).

Portanto, Soares (2013) comenta que aprender sobre os primeiros socorros ajudaria as pessoas a atuar com maior segurança caso ocorra uma emergência. Nesses casos com um maior conhecimento diminuiria os agravos à saúde da vítima. O cotidiano é cheio de acidentes e situações de risco, e a população tem um déficit de informações sobre quais procedimentos realizar nessas situações, e com a falta de primeiros socorros qualificados pode prejudicar e agravar muito mais as sequelas que poderiam ser evitadas.

Dentre as principais ações coletivas, deve-se priorizar as ações de prevenção de acidentes dentro da área escolar e em seu entorno. O ambiente escolar é um local propício à ocorrência de acidentes, principalmente nas pausas entre as aulas, na hora do intervalo e nas aulas de educação física, que são momentos de muita atividade entres os escolares. Tal situação é fator de grande estresse entre os educadores (FERNANDES; CAMBOIN, 2016). 

Segundo Fernandes e Camboin (2016) estima-se que 90% das lesões ocorridas entre os escolares podem ser prevenidas por ações educativas e modificações no ambiente. Ainda aborda que a segurança na escola é um fator essencial para a saúde dos estudantes, levando-se em consideração que a maioria dos acidentes poderiam ser evitados. Isso faz com que o trabalho de prevenção de acidentes traga muitos benefícios à saúde dos escolares.  

2.2 A Lei Lucas (13.722/18)

A Lei Lucas surgiu devido à morte do menino de 10 anos, por afogamento. Lucas Begalli Zamora, em setembro de 2017, estava sob supervisão dos funcionários da escola em um passeio escolar, se engasgou com um cachorro-quente, teve asfixia mecânica, sete paradas cardíacas e depois de 50 minutos de tentativas fracassadas em lhe prestarem os primeiros socorros, veio a óbito (PROJETO DE LEI, 2018).  

Portanto, a criação dessa Lei visa proporcionar e oferecer aos pais e mães de todo o país um panorama de maior conforto e segurança, para que seus filhos não estejam expostos aos riscos de acidentes no âmbito educacional e recreativo. Acidentes ocorrem a todo lugar e momento, tornando-se obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de estabelecimento de recreação infantil (PROJETO DE LEI, 2018). 

Conforme o Art. 1º da Lei n.º 13.722 (BRASIL, 2018) “Fica instituída a obrigatoriedade de estabelecimentos públicos e capacitarem seu corpo docente e funcional em noções básicas de primeiros socorros”, promulgada em 4 de outubro de 2018, entrando em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial.  

Assim, torna-se necessário que a equipe escolar esteja preparada para lidar com eventuais situações que possam ocorrer dentro das escolas, e também estar preparadas para evitar possíveis eventos.  Nesse aspecto, segundo o Art . 2º, se estabelece que esses cursos serão oferecidos por pessoas capacitadas das entidades municipais e estaduais com o objetivo de saber agir na prevenção de situações de urgência e emergência e saber agir durante o tempo em que o suporte especializado se torne possível.   

Art. 2º Os cursos de capacitação em primeiros socorros serão ministrados por entidades municipais ou estaduais, especializadas em práticas de auxílio imediato e emergencial à população tais como Corpo de Bombeiros, Serviços de Atendimento Móvel de Urgência, Defesa Civil, Forças Policiais, Secretarias de Saúde, Cruz Vermelha Brasileira ou serviços assemelhados, tendo como objetivo:  

I – Identificar e agir preventivamente em situações de emergências e urgências médicas; 

II – Intervir no socorro imediato do(s) acidentado(s) até que o suporte médico especializado, local ou remoto, torne-se possível. (BRASIL, Lei n.º 13.722 de 04 de outubro de 2018.)     

Compreende-se que cabe aos profissionais que atuam com crianças, adolescentes e jovens em instituições públicas e privadas, o mínimo de capacitação prática para eventuais ocorrências. Portanto, a prática dos conhecimentos em primeiros socorros torna-se essencial quando há o convívio com crianças, adolescentes e jovens no âmbito escolar e recreacional.  

2.3 A importância do conhecimento prévio de primeiros socorros na comunidade escolar 

Incidentes complexos possuem a necessidade de atendimento ágil e eficiente. Tais situações exigem que os profissionais da área sejam inflexíveis com as suas emoções, reconhecendo sempre os seus limites, pois precisam prestar atendimento da forma mais adequada. A primeira coisa a se fazer em situações de emergência é solicitar um auxílio às equipes responsáveis pelo atendimento extra-hospitalar, oferecendo o máximo de referências possíveis, como endereço correto, número de vítimas, estados das mesmas. Salienta-se que, quanto mais rápido for o atendimento, menores serão as chances de as vítimas terem sequelas irreversíveis pela demora no atendimento (SIEBENEICHLER et al., 2014).

Costa (2015) comenta que a ausência dos conhecimentos básicos dificulta o socorro à vítima na hora do acidente e a maneira como as pessoas lidam em qualquer uma dessas situações costuma definir o estado da vítima futuramente, em alguns casos, pode significar a diferença entre a vida e a morte. Portanto é imprescindível que todo o âmbito populacional necessita de um esclarecimento que lhe possibilite a estudar técnicas corretas, básicas, teóricas e práticas e consciência da realização e propagação das mesmas sobre Primeiros Socorros e Prevenção de acidentes.  

As escolas devem adotar um plano de formação em caráter de urgência, porque profissionais capacitados podem atuar rapidamente em situações críticas, promover a saúde escolar, reduzir acidentes nas classes mais afetadas, que são as crianças e os jovens, e assim poder atuar em qualquer ambiente, conhecedor de todas as técnicas, salva vidas e reduz complicações futuras (COSTA; NUNES, 2018). 

No ambiente escolar, os professores às vezes estão na primeira linha das situações de primeiros socorros, mas em muitos relatos, os professores afirmam que não conseguem lidar adequadamente com a situação, como muitos fazem, por causa do medo e da incerteza e por não se ter experiências ou mesmo conhecimentos empíricos, sem formação contínua ou qualificações para gerir tais situações. Assim, formar pessoas que já conheçam as técnicas e tenham experiência anterior pode aumentar a sua confiança, permitindo-lhes promover uma melhor ajuda em situações de urgência e crise (ZONTA et al., 2019).

Nessas circunstâncias, a escola deve identificar que uma das suas responsabilidades é agir para que esse episódio mude e para isso, deve ter ensino, esforço e dedicação, ressaltando não só a importância do enfermeiro como promotor da saúde, mas também, funcionários, professores, direção, pais e toda a comunidade escolar.  

Entende-se que esse conhecimento prévio, sobre os primeiros socorros, poderia ser contemplado nos currículos dos cursos de formação de professores, já que apresentam lacunas relativas a esse conhecimento. Alguns currículos, como aponta Oliveira (2016) apresentam em sua grade, uma carga horária de curto prazo no qual mencionam assuntos que retratam a saúde, sendo improvável, a organização de temas que remetem aos primeiros socorros tendo em vista dos demais conhecimentos que necessitam de discussão. Souza (2013) comenta ser fundamental que todos aqueles que fazem parte da população saibam utilizar ao menos princípios básicos de primeiros socorros, uma vez que nosso cotidiano é repleto de acidentes e situações de risco, quando a assistência e o uso de manobras se fazem necessários.

As escolas e os funcionários, sejam professores, instrutores, funcionários e até gestores, têm um papel muito importante na promoção do bem-estar, na prevenção de acidentes no público-alvo, porque os professores estão na linha da frente da escola e têm maior probabilidade de testemunhar acidentes, pois devem ter atitude para prestar primeiros socorros, independentemente de seu caráter (SILVA et al., 2017).

Neste sentido, Siebneichler et al (2014) é fundamental que os educadores, portanto, recebam treinamentos de forma adequada com as práticas seguras de primeiros socorros, tendo em vista que são eles que presenciam mais situações de emergência, por estarem em contato com crianças a maior parte do dia.

Durans; Viana (2016) comentam que a classe dos educadores devem ter conhecimento prático de primeiros socorros e assim terem métodos para a ação em caso de necessidade, assim ressalta-se a necessidade de que os professores estejam sempre atualizados na área de primeiros socorros, como novas técnicas ou mudança de protocolos, entre outros, por meio de artigos científicos, protocolos novos lançados e até mesmo cursos na área. 

Segundo estudo de Brito et al (2018), o desconhecimento sobre primeiros socorros nas equipes multidisciplinares mostrou que eles interferem na educação especial no momento de atendimento de crianças e adolescentes com deficiência com descontrole.

Em um estudo realizado por Silva et al (2017) apresenta em seus resultados os treinamentos realizados de forma contínua e por meio do diálogo demonstraram aumento na recordação dos conhecimentos adquiridos, e observou-se aumento significativo no número de acertos com questões aplicadas posteriormente. A direção da escola foi orientada a realizar a capacitação de forma alternada com os profissionais da estratégia de saúde da família do distrito, com o objetivo de reduzir a incidência de doenças e prevenir acidentes. É importante que todos os formadores, tanto físicos como básicos, tenham qualificação e formação em primeiros socorros, idealmente semestralmente, altura em que deverão ser realizadas formações nas áreas práticas, emocionais e psicológicas que aumentarão a segurança.  

Para Coelho (2015), os incidentes podem ocorrer no âmbito escolar ou em outros ambientes, o que os tornam concomitantemente prejudiciais à saúde. Incidentes ocorridos na primeira infância podem ter reflexos na vida adulta, com o aparecimento de danos físicos e psicológicos, principalmente em se tratando de uma população mais frágil, como é o caso de crianças e adolescentes, caracterizando um grave problema de saúde pública e do meio educacional

Ainda em concordância Moura e seus colaboradores (2018) abordam sobre a importância da implantação de uma matéria didática voltada para os primeiros socorros, sendo liberada para alunos, professores e comunidade em geral, podendo, assim gerar, com os conhecimentos aplicados, discussões sobre o tema, fazendo com que as informações e técnicas sejam difundidas entre todos, aumentando o nível de conhecimento, e habilitando-os a prestar um atendimento de qualidade e rápido, seja no âmbito escolar como em outros locais. 

Ficou evidente que professores sem treinamento prévio e experiência em técnicas de suporte à vida conseguiram realizar sessões básicas de primeiros socorros de maneira correta e com alta qualidade após algum treinamento. Portanto, há um debate sobre que tipo de educação os educadores devem receber após a formatura, pois trabalham para proporcionar uma educação de qualidade às crianças. Devem também receber formação de elevada qualidade, porque o número de especialistas cresce rapidamente a cada dia e, quanto mais cedo forem implementados, mais profissionais com conhecimentos básicos mas essenciais de emergência e primeiros socorros alcançarão a longo prazo (LOPEZ et al., 2018).

Destaca-se ainda que as estratégias de primeiros socorros além de serem ensinadas aos professores e toda comunidade escolar, podem também fazer parte do aprendizado de crianças, uma vez que se fazem necessárias nos dias atuais. Ainda que pequenas, as crianças são capazes de avisar, prevenir e ajudar em diversas situações, uma vez que tenham a orientação e instrução adequada, sendo necessário um constante aprendizado desde a infância, para que possam se familiarizar com as técnicas corretas realizadas em alguns procedimentos de emergência, que apesar de simples, podem mudar o rumo de uma vida.

Estudos da Criança Segura Brasil (2017) mostram que 90% dos acidentes podem ser evitados com medidas simples de mudança de comportamento, de adequação, criação e fiscalização de leis, de desenvolvimento e popularização de equipamentos de segurança e de políticas públicas eficazes para a promoção da prevenção. 

Desse modo, acredita-se na necessidade de uma orientação educacional ao público leigo, principalmente para crianças escolares, com o intuito de despertar mudanças comportamentais e noções básicas de primeiros socorros que possam contribuir para a redução dos acidentes, bem como proporcionar conhecimentos suficientes para atuarem como agentes minimizadores de acidentes e situações emergenciais, diminuindo, assim, os agravos à saúde (NARDINO et al., 2014).

3. Conclusão 

Conclui-se diante deste estudo e de toda a leitura realizada que o tema de primeiros socorros ainda é tratado de forma precária no ambiente escolar e consequentemente, deixado de lado em detrimento de outras áreas/atividades. Assim, verifica-se a necessidade de divulgação desse tema, uma vez que o mesmo é fundamental na segurança dos alunos e consequentemente dos educadores e de toda equipe escolar. 

Alguns aspectos importantes são evidenciados nesta pesquisa como a necessidade de aulas de capacitações e treinamentos que devem ser ofertados para os professores e colaboradores, por meio cursos didáticos e objetivos com abordagem clara sobre os primeiros socorros nas escolas. 

De acordo com a literatura de intensificação, os treinamentos devem ser contínuos, tendo cada profissional a oportunidade de aprender coisas práticas além das teóricas. Portanto, a adição de disciplinas no calendário escolar é uma forma de capacitação efetiva não só os professores, mas também os alunos, pois este projeto tem um papel importante na sua efetiva implementação, reduzindo barreiras entre a escola e a estratégia de saúde da família.

Ressalta-se que ainda existem lacunas na compreensão dos estudos de primeiros socorros como item fundamental para os educadores, nesse sentido aborda-se a relação dos condicionantes ambientais, uma vez que esse trabalho pode ser desenvolvido por empresas do ramo ambiental que utilizem ferramentas para a divulgação dos primeiros socorros, sendo essa uma sugestão para novos estudos. 

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