SECONDARY PREVENTION IN PATIENTS AFFECTED BY STROKE
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10719971
Vitória Medeiros Paixão1
Guilerme Coutinho Tomaz2
Dhiennita Ferreira Alves3
Josy Barros Noleto de Souza4
RESUMO
Introdução: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. A prevenção secundária desse evento é crucial para evitar recorrências e melhorar a qualidade de vida pós-evento. No entanto, há desafios na implementação eficaz da prevenção secundária, especialmente no Brasil, onde a falta de informações e barreiras de acesso podem comprometer os esforços preventivos. Objetivo: O propósito deste estudo consiste em examinar e abordar as táticas de prevenção secundária em indivíduos que sofrem de Acidente Vascular Encefálico (AVE), com ênfase na diminuição da probabilidade de reincidência do episódio e na promoção da saúde vascular ao longo do tempo. Metodologia: Foi realizada uma revisão da literatura para identificar estudos relevantes sobre prevenção secundária do AVE. Resultados e Discussão: Os resultados destacaram a importância da identificação e controle dos fatores de risco, como hipertensão arterial, diabetes mellitus e tabagismo, na prevenção secundária do AVE. Estratégias multifacetadas, incluindo mudanças no estilo de vida e terapia medicamentosa, mostraram-se eficazes na redução do risco de recorrência. No entanto, desafios como falta de adesão do paciente ao tratamento e acesso limitado a serviços de saúde foram identificados como obstáculos significativos na implementação eficaz da prevenção secundária. Conclusão: A prevenção secundária do AVE é crucial para reduzir recorrências e melhorar os resultados clínicos e a qualidade de vida dos pacientes. Estratégias integradas e colaboração interdisciplinar são essenciais para superar os desafios na implementação eficaz da prevenção secundária. Investir em educação contínua dos pacientes e profissionais de saúde e promover o acesso equitativo a serviços de saúde são passos importantes para melhorar os resultados e reduzir o ônus do AVE na sociedade.
Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico, Prevenção Secundária, Promoção da Saúde, Fatores de Risco.
ABSTRACT
Introduction: Stroke represents one of the leading causes of morbidity and mortality worldwide. Secondary prevention of this event is crucial to prevent recurrences and improve post-event quality of life. However, there are challenges in the effective implementation of secondary prevention, especially in Brazil, where lack of information and access barriers may compromise preventive efforts. Objective: The purpose of this study is to examine and address secondary prevention strategies in individuals affected by Stroke (CVA), with an emphasis on reducing the likelihood of recurrence and promoting vascular health over time. Methodology: A literature review was conducted to identify relevant studies on secondary prevention of stroke. Results and Discussion: The results highlighted the importance of identifying and controlling risk factors such as arterial hypertension, diabetes mellitus, and smoking in the secondary prevention of stroke. Multifaceted strategies, including lifestyle changes and drug therapy, have proven effective in reducing the risk of recurrence. However, challenges such as patient non-adherence to treatment and limited access to healthcare services were identified as significant obstacles to the effective implementation of secondary prevention. Conclusion: Secondary prevention of stroke is crucial for reducing recurrences and improving clinical outcomes and patients’ quality of life. Integrated strategies and interdisciplinary collaboration are essential to overcome challenges in the effective implementation of secondary prevention. Investing in continuous education for patients and healthcare professionals and promoting equitable access to healthcare services are important steps to improve outcomes and reduce the burden of stroke on society.
Keywords: Stroke, Secondary Prevention, Health Promotion, Risk Factors.
INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo, com consequências devastadoras para os indivíduos afetados e suas famílias. Diante desse cenário desafiador, a prevenção assume um papel fundamental, não apenas na redução da incidência inicial do AVE, mas também na prevenção de recorrências, sendo este último o foco da prevenção secundária (Ribeiro et al., 2003).
A prevenção secundária em pacientes acometidos por AVE é um componente crucial do manejo desses indivíduos, visando não apenas evitar futuros episódios, mas também minimizar danos adicionais e melhorar a qualidade de vida pós-evento. Para compreender adequadamente esse conceito, é essencial explorar os fatores de risco, estratégias de prevenção e intervenções disponíveis nessa fase crítica do continuum de cuidados (Ferro et al., 1998).
A primeira etapa na prevenção secundária do AVE envolve uma avaliação abrangente dos fatores de risco individuais. Dentre esses fatores, destacam-se a hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, tabagismo, obesidade e fibrilação atrial, os quais desempenham papéis significativos tanto na ocorrência inicial quanto na recorrência do AVE (Chaves, 2000).
Uma vez identificados os fatores de risco, estratégias de intervenção multifacetadas são empregadas para reduzir a probabilidade de eventos futuros. Estas estratégias frequentemente incluem modificações no estilo de vida, como adoção de uma dieta saudável, aumento da atividade física e cessação do tabagismo, além do manejo farmacológico rigoroso de condições subjacentes, como hipertensão e diabetes (Brasil, 2013).
Além das medidas de estilo de vida e farmacoterapia, a prevenção secundária do AVE também se baseia em intervenções destinadas a otimizar a saúde vascular global do paciente. Isso inclui o controle dos níveis de colesterol e glicose no sangue, bem como o uso de agentes antiplaquetários e anticoagulantes para prevenir eventos tromboembólicos (Piedade et al., 2003).
Vale ressaltar que a educação do paciente desempenha um papel crucial na prevenção secundária do AVE. Os pacientes e suas famílias devem ser informados sobre os sinais e sintomas de recorrência do AVE, incentivados a aderir ao regime terapêutico prescrito e capacitados a reconhecer e responder rapidamente a qualquer mudança em seu estado de saúde (Bezerra et al., 2014).
Além disso, a colaboração interdisciplinar entre profissionais de saúde é essencial para garantir uma abordagem holística e coordenada na prevenção secundária do AVE. Isso inclui médicos de diferentes especialidades, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e nutricionistas, entre outros, trabalhando em conjunto para oferecer um cuidado abrangente e contínuo ao paciente (Dias et al., 2019).
No entanto, apesar dos avanços significativos na compreensão e no manejo do AVE, desafios persistem na implementação eficaz da prevenção secundária. Barreiras como falta de adesão do paciente ao tratamento, acesso limitado a serviços de saúde e recursos inadequados podem comprometer os esforços preventivos e exigem abordagens inovadoras e abrangentes para superá-las (Teixeira et al., 2021).
Em resumo, a prevenção secundária do AVE representa uma etapa crucial no cuidado desses pacientes, visando não apenas reduzir o risco de recorrência, mas também melhorar a qualidade de vida e promover a saúde vascular a longo prazo. A implementação eficaz de estratégias preventivas requer uma abordagem integrada, centrada no paciente e sustentada por uma colaboração interdisciplinar contínua.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é analisar e discutir as estratégias de prevenção secundária em pacientes acometidos por Acidente Vascular Encefálico (AVE), com foco na redução do risco de recorrência do evento e na promoção da saúde vascular a longo prazo. Para alcançar esse objetivo, serão revisados os principais fatores de risco associados ao AVE, as intervenções farmacológicas e não farmacológicas recomendadas para prevenir novos episódios, assim como a importância da educação do paciente e da colaboração interdisciplinar na implementação eficaz das medidas preventivas. Além disso, pretende-se identificar desafios e lacunas na prevenção secundária do AVE e explorar possíveis abordagens inovadoras para superá-los, visando contribuir para a melhoria dos cuidados prestados a essa população e para a redução do impacto global dessa doença cerebrovascular.
METODOLOGIA
Será realizada uma revisão sistemática da literatura científica utilizando bases de dados como PubMed, Google Scholar, Capes, Medlines, Lilacs, PEDro, SciELO e Web of Science. Os termos de busca incluem combinações de palavras-chave relevantes, como “prevenção secundária”, “acidente vascular encefálico”, “fatores de risco”, “intervenções farmacológicas”, “intervenções não farmacológicas”, “educação do paciente” e “colaboração interdisciplinar”. Serão incluídos artigos de revisão, ensaios clínicos randomizados, coortes prospectivas e estudos observacionais que abordem estratégias de prevenção secundária em pacientes com AVE.
Os artigos identificados serão avaliados quanto à sua relevância para o tema em questão. Serão incluídos estudos que apresentem informações detalhadas sobre fatores de risco associados ao AVE, intervenções preventivas utilizadas na fase secundária, resultados clínicos e recomendações para prática clínica. Serão excluídos estudos com amostras pequenas, relatos de caso e artigos que não estejam disponíveis na íntegra.
Os dados relevantes extraídos dos artigos selecionados serão organizados e sintetizados de acordo com os principais tópicos abordados na revisão da literatura. Será realizada uma análise comparativa das diferentes intervenções utilizadas na prevenção secundária do AVE, destacando suas eficácias relativas, benefícios e limitações.
Os resultados serão discutidos à luz da literatura existente, com ênfase nas implicações clínicas e nas recomendações para a prática médica. Serão explorados possíveis desafios na implementação das estratégias de prevenção secundária do AVE e propostas soluções e abordagens inovadoras para superá-los.
Com base nos achados da revisão da literatura, serão apresentadas conclusões sobre a eficácia das intervenções de prevenção secundária do AVE, bem como recomendações para profissionais de saúde e formuladores de políticas públicas visando melhorar a qualidade do cuidado prestado a pacientes acometidos por essa condição.
Serão identificadas e discutidas possíveis limitações da revisão da literatura, como a heterogeneidade dos estudos incluídos, viés de seleção e de publicação, e a falta de dados padronizados em alguns estudos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre os artigos selecionados para a composição do presente estudo, foram separados um total de 68 trabalhos, sendo 10 selecionados para a construção dos resultados e discussões, considerando que os mesmos abordam propriamente a temática e linha de raciocínio construída ao longo do corpo deste artigo. Ademais, foram considerados trabalhos na língua portuguesa e inglesa.
TABELA 01 – Seleção de artigos para o presente estudo
TÍTULO | AUTOR/ANO | METODOLOGIA | RESULTADOS |
Prevenção secundária de doenças cardiovasculares no Brasil: lições do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil) | Benseñor & Lutofo, 2019. | Estudo longitudinal. | A prevenção secundária de doenças coronárias e AVC, particularmente através da terapia medicamentosa, tem demonstrado eficácia na redução do número de novos eventos, fatais ou não, em todo o mundo. No entanto, no Brasil, há uma escassez de informações sobre a prevenção secundária de doenças cardiovasculares. Estudos anteriores identificaram as principais barreiras que dificultam o acesso à reabilitação cardíaca no país, incluindo problemas de transporte, baixa renda, falta de cobertura de seguro e baixa escolaridade. Em relação ao AVC, uma pesquisa prévia revelou que menos de 50% dos pacientes atendidos em hospitais públicos e centros de saúde recebem acompanhamento médico após a alta hospitalar no momento do evento. |
Efeito combinado do exercício aeróbio e de programas de reabilitação neurológica em regime ambulatório e domiciliário na prevenção secundária de AVC, na aptidão funcional e na qualidade de vida. | Esteves, 2013. | Estudo longitudinal. | Os resultados da pesquisa revelam uma significância clínica que respalda a recomendação para a introdução de um protocolo de exercícios aeróbicos e um programa de reabilitação domiciliar como um complemento ao tratamento convencional de reabilitação para pacientes com AVC crônico. |
Terapêutica antitrombótica para prevenção primária e secundária do Acidente Vascular Cerebral Isquêmico Cardioembólico – pontos de interesse na orientação terapêutica. | Cavaco et al., 2010. | Revisão bibliográfica. | No caso de AVC tromboembólico, o foco embólico mais comum é o coração, e o primeiro passo para determinar a patogênese é reconhecer o potencial emboligênico da cardiopatia subjacente. A fibrilação atrial (FA) é a cardiopatia embólica de maior risco mais comumente encontrada. Na prevenção primária, pacientes com FA e um ou mais fatores de alto risco devem receber anticoagulantes orais (ACO), enquanto aqueles com baixo risco devem ser tratados com antiagregantes plaquetários. Para pacientes com risco moderado, a escolha do tratamento deve levar em consideração as preferências individuais do paciente, o risco de sangramento e a viabilidade da monitorização eficaz da terapia com ACO. Na prevenção secundária, a decisão sobre a profilaxia a ser adotada deve continuar a ser baseada na causa mais provável do evento cerebrovascular. |
Reabilitação pós-AVC: identificação de sinais e sintomas fonoaudiológicos por enfermeiros e médicos da Atenção Primária à Saúde | Anderle et al., 2018. | Estudo de coorte. | Os profissionais de saúde têm enfrentado desafios na identificação de distúrbios fonoaudiológicos associados à cognição e ao sistema estomatognático, o que tem levado à falta de encaminhamento para reabilitação fonoaudiológica tanto na Atenção Primária quanto na Secundária à Saúde. Esses resultados destacam a necessidade de implementar medidas que promovam a educação contínua e aprimorem o conhecimento das equipes de Atenção Primária à Saúde (APS), a fim de garantir a identificação adequada das sequelas fonoaudiológicas e seu encaminhamento adequado para reabilitação. |
Reabilitação de Acidente Vascular Encefálico: revisão de literatura. | Vieira et al., 2017. | Revisão literária. | Foram incluídos 12 estudos, e observou-se fatores decisivos para acesso e exclusão do indivíduo na reabilitação e a carência de estudos que comprovem a eficácia da reabilitação. Porém, a reabilitação melhora os resultados funcionais, desde que seja bem estruturada e atuante na prevenção e educação da família. |
Análise da Revisão Cochrane: fibratos na prevenção secundária de doença cardiovascular e acidente vascular cerebral | Rosa et al., 2017. | Revisão sistemática. | A terapia com fibratos tem demonstrado um efeito protetor em um desfecho composto que inclui acidente vascular isquêmico não fatal, infarto agudo do miocárdio não fatal e morte vascular, especialmente devido à redução do risco de infarto agudo do miocárdio fatal e não fatal. No entanto, é importante notar que esses resultados são principalmente baseados em estudos que utilizaram clofibrato, um medicamento retirado do mercado em 2002. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas em termos de efeitos adversos entre fibratos e placebo. Embora essas evidências sejam insuficientes para apoiar a prescrição rotineira de fibratos nesse contexto, esses dados devem ser considerados ao tomar decisões terapêuticas em pacientes com dislipidemia e histórico de doença cardiovascular. |
Influência do diabetes e da hipertensão arterial na antiagregação plaquetária por ácido acetilsalicílico na prevenção secundária do acidente vascular cerebral isquêmico. | Helber et al., 2012. | Estudo observacional transversal. | Dos 195 pacientes incluídos no estudo, 165 demonstraram hipoagregação de acordo com a curva de agregação plaquetária. Destes, 86 eram hipertensos sem diabetes e 34 eram normotensos sem diabetes. Entre os hipertensos sem diabetes, 14 pacientes apresentaram hipoagregação com uma dose diária de 100 mg de AAS, 48 com 200 mg/dia e 24 com 300 mg/dia. No grupo de normotensos sem diabetes, respectivamente, 6, 18 e 10 pacientes hipoagregaram com essas doses. Por outro lado, entre os pacientes com diabetes, 45 estavam hipoagregados, dos quais 11 receberam 100 mg/dia, 25 receberam 200 mg/dia e 9 receberam 300 mg/dia. Nos 120 pacientes restantes sem diabetes, 20, 66 e 34 demonstraram hipoagregação para essas doses, respectivamente. |
Perfil clínico dos pacientes diagnosticados com acidente vascular encefálico (AVE): uma revisão bibliográfica. | Costa & Belfort & Arruda, 2023. | Revisão bibliográfica. | Este estudo destaca a importância crucial de compreender os fatores de risco associados ao AVC para desenvolver estratégias eficazes de prevenção primária e secundária. Isso pode ajudar a promover melhores práticas de autocuidado e reduzir a incidência desse evento vascular. Os resultados apresentados enfatizam os principais fatores de risco relacionados ao AVC agudo e destacam a eficácia de medidas simples, como o controle desses fatores, na redução das incapacidades e da mortalidade. Portanto, é evidente que esta pesquisa é relevante no contexto do Corredor Bioceânico, onde a promoção da saúde e a prevenção de comorbidades são necessárias, especialmente considerando que os caminhoneiros muitas vezes negligenciam sua saúde. |
Antiagregantes Plaquetários na Prevenção Primária e Secundária de Eventos Aterotrombóticos. | Silva et al., 2013. | O avanço no entendimento dos mecanismos que levam às plaquetas participarem do processo aterotrombótico tem impulsionado a busca por novos fármacos. Estes devem ser capazes de inibir consistentemente a atividade plaquetária, mantendo um alto nível de segurança. Vários estudos em andamento sugerem que nos próximos anos as estratégias de prevenção das doenças cardiovasculares serão aprimoradas e novas opções farmacológicas poderão ser introduzidas para uso clínico. | |
Risk factors associated with secondary prevention of cardiovascular diseases | Chinaia et al.. 2018. | A maioria das prescrições avaliadas por grupos de medicamentos para o tratamento de eventos cardiovasculares não foi adequada, sendo que 65% delas foram prescritas pelos médicos das UBS. A prevalência de eventos cardiovasculares na população estudada foi considerada semelhante à encontrada na população municipal de São Paulo ou do Brasil, e a SAH foi o principal fator de risco associado, o qual precisa ser controlado para evitar recorrências. |
Fonte: elaborado pelos autores.
A prevenção secundária de doenças cardiovasculares, incluindo as coronárias e o AVE, tem sido eficaz globalmente, principalmente através da terapia medicamentosa. Entretanto, no Brasil, há uma escassez de informações sobre esse tipo de prevenção. Estudos anteriores identificaram diversas barreiras que dificultam o acesso à reabilitação cardíaca no país, como problemas de transporte, baixa renda, falta de cobertura de seguro e baixa escolaridade. Essas barreiras resultam em menos de 50% dos pacientes atendidos em hospitais públicos e centros de saúde recebendo acompanhamento médico após alta hospitalar por AVE (Bensênor & Lutofo, 2019).
Os resultados da pesquisa destacam a relevância clínica de introduzir protocolos de exercícios aeróbicos e programas de reabilitação domiciliar como complementos ao tratamento convencional de reabilitação para pacientes com AVE crônico. No caso de AVE tromboembólico, a fibrilação atrial (FA) é identificada como a cardiopatia embólica mais comum e de maior risco, destacando a necessidade de intervenção específica para essa condição (Esteves, 2013).
Profissionais de saúde enfrentam desafios na identificação de distúrbios fonoaudiológicos associados ao AVE, o que resulta na falta de encaminhamento para reabilitação fonoaudiológica tanto na Atenção Primária quanto na Secundária à Saúde. Isso ressalta a necessidade de implementar medidas que promovam a educação contínua das equipes de saúde para garantir a identificação adequada das sequelas fonoaudiológicas e seu encaminhamento correto para reabilitação (Anderle et al., 2018).
Apesar da escassez de estudos que comprovem a eficácia da reabilitação, a melhora nos resultados funcionais é observada quando a reabilitação é bem estruturada e inclui educação familiar. Quanto à terapia com fibratos, embora tenha demonstrado um efeito protetor em eventos vasculares, principalmente em infartos agudos do miocárdio, os resultados baseiam-se principalmente em estudos com clofibrato, um medicamento retirado do mercado em 2002 (Vieira et al., 2017).
No tocante ao tratamento farmacológico, o avanço no entendimento dos mecanismos que levam às plaquetas participarem do processo aterotrombótico está impulsionando a busca por novos fármacos que possam inibir consistentemente a atividade plaquetária, mantendo um alto nível de segurança. Enquanto isso, é necessário revisar a adequação das prescrições para o tratamento de eventos cardiovasculares, especialmente considerando que a hipertensão arterial sistêmica (SAH) foi identificada como o principal fator de risco associado a esses eventos (Rosa et al., 2017).
Essas discussões enfatizam a complexidade do manejo das doenças cardiovasculares, incluindo a necessidade de abordagens multidisciplinares e personalizadas que considerem os diversos fatores de risco e as necessidades individuais dos pacientes. Além disso, destacam a importância da educação contínua dos profissionais de saúde e da pesquisa contínua para melhorar as estratégias de prevenção e tratamento dessas condições (Costa & Belfort & Arruda, 2023).
CONCLUSÃO
A prevenção secundária do Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma parte essencial do manejo clínico desses pacientes, visando não apenas evitar recorrências, mas também minimizar danos adicionais e melhorar a qualidade de vida pós-evento. Diante da complexidade e gravidade do AVE, é fundamental adotar uma abordagem abrangente e multidisciplinar que leve em consideração os diversos fatores de risco e as necessidades individuais de cada paciente.
Os desafios enfrentados na implementação eficaz da prevenção secundária do AVE, como a falta de adesão do paciente ao tratamento e acesso limitado a serviços de saúde, destacam a necessidade de abordagens inovadoras e integradas para superá-los. Além disso, a educação contínua dos pacientes e profissionais de saúde desempenha um papel crucial na promoção de melhores resultados clínicos.
As evidências apresentadas no texto sugerem que estratégias como a implementação de protocolos de exercícios aeróbicos, programas de reabilitação domiciliar e o uso adequado de terapia medicamentosa podem contribuir significativamente para a prevenção de recorrências de AVE. No entanto, é importante ressaltar a necessidade de mais pesquisas para validar a eficácia dessas intervenções e identificar novas abordagens terapêuticas.
Em última análise, a prevenção secundária do AVE requer uma abordagem integrada, centrada no paciente e sustentada por uma colaboração interdisciplinar contínua entre profissionais de saúde. Investir em estratégias preventivas eficazes não só melhora os resultados clínicos dos pacientes, mas também reduz o ônus socioeconômico associado aos eventos cerebrovasculares, promovendo assim uma melhor qualidade de vida e saúde vascular a longo prazo.
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1Graduanda em Medicina pelo Instituto Tocantinense Pres. Antônio Carlos Porto. E-mail: viroriamedeirospaixao@hotmail.com
2Graduando em Medicina pelo Instituto Tocantinense Pres. Antônio Carlos Porto. E-mail: Guilermeco17@gmail.com
3Graduanda em Medicina pelo Instituto Tocantinense Pres. Antônio Carlos Porto. E-mail: dhiennita@hotmail.com
4Professora orientadora e Bacharel em Enfermagem pelo Instituto Tocantinense Pres. Antônio Carlos Porto. E-mail: Josy.souza@itpacporto.edu.br