PREVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DE ÚLCERAS DE PRESSÃO EM PACIENTES COM LESÃO MEDULAR: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10118505


Camila Machado dos Santos
Isabela Alves Silva Pereira
Rafaela Jesus dos Santos
Terezinha Araújo de Souza
Yasmin Andrade Silva Bezerra
Me. Bibiana da Silveira dos Santos Machado1


RESUMO

O trauma raquimedular resulta principalmente de lesões diretas na medula espinhal, frequentemente decorrentes de acidentes e ferimentos, o que pode levar a complicações graves, incluindo o desenvolvimento de úlceras de pressão. Nesse contexto, a fisioterapia desempenha um papel fundamental, adotando estratégias como mudanças de posição e terapias eletroterapêuticas, como a laserterapia, para prevenir e tratar essas úlceras. A prevenção e tratamento de úlceras de pressão são essenciais devido ao impacto físico e emocional que causam nos pacientes. A colaboração entre profissionais de saúde e a pesquisa contínua são fundamentais para melhorar a abordagem e o tratamento dessas condições, com o objetivo de aprimorar a qualidade de vida dos indivíduos afetados.

Palavras-chave: Trauma raquimedular, úlceras de pressão, fisioterapia, prevenção, tratamento, lesão medular, laserterapia.

ABSTRACT

Spinal cord trauma mainly results from direct injuries to the spinal cord, often resulting from accidents and injuries, which can lead to serious complications, including the development of pressure ulcers. In this context, physiotherapy plays a fundamental role, adopting strategies such as position changes and electrotherapeutic therapies, such as laser therapy, to prevent and treat these ulcers. The prevention and treatment of pressure ulcers are essential due to the physical and emotional impact they cause on patients. Collaboration between healthcare professionals and ongoing research are fundamental to improving the approach and treatment of these conditions, with the aim of improving the quality of life of affected individuals.

Keywords: Spinal cord trauma, pressure ulcers, physiotherapy, prevention, treatment, spinal cord injury, laser therapy.  

1. INTRODUÇÃO

O trauma raquimedular (TRM) caracteriza-se por impacto direto ou ferimento externo até a região interna da medula, sendo assim um fator de comprometimento na vértebra, ligamentos, raízes ou discos da coluna espinal, podendo causar hematoma, esmagamento ou ruptura do tecido que resulta em isquemia, levando a danos posteriores. Essas lesões podem estar relacionadas a ferimentos com arma branca, de fogo, acidentes domésticos e automobilístico, (Luciana et al, David 2008).

As principais causas apontadas da lesão são acidentes de trânsito e ferimentos por projétil de arma  de  fogo, as causas não traumáticas correspondem apenas a 20% dos casos e incluem uma variedade de patologias. No Brasil, surgem 8 mil casos novos, por ano (Brasil, 2015), sendo que 80% das vítimas são homens entre 21 e 30 anos. Este fato é semelhante à população estadunidense que possui 12 mil casos por ano, (Dionei et al 2013; Luciana et al 2009), (Luciana et al, David 2008).

Na população jovem o TRM pode resultar em alterações da função motora, sensitiva e autonômica, resultando na perda parcial ou total dos movimentos voluntários além da perda da sensibilidade.  Essas alterações estão associadas ao nível de lesão que acomete o indivíduo. Quanto mais alto o nível da lesão, maior será o comprometimento motor. A gravidade do caso acarreta também em modificações na função sensitiva, (Luciana et al, David 2008).

Dentre as consequências secundárias à lesão, estão danos cutâneos, em áreas com isquemia progressiva em pontos ósseos que ficam sobre pressão, pelo próprio peso do corpo do paciente essas alterações, são conhecidas como úlceras de pressão. Em casos avançados, pode ocorrer necrose tecidual, com complicações sistêmicas, aproximadamente 50% a 80% dos indivíduos desenvolveram pelo menos uma lesão de pele no decorrer da vida (Solange et al, Luciana 2009). 

A fisioterapia é importante para os pacientes acamados e fisicamente debilitados, especialmente naqueles com úlceras de pressão. O fisioterapeuta atua na prevenção das úlceras de pressão, promovendo mudança de decúbito, exercícios ativos e passivos, observação do estado geral do paciente, bem como a integridade física da pele e deambulação precoce. No tratamento das UPs também pode ser utilizado recursos de eletroterapia, com resultados ainda diversos de acordo com a área da lesão, sendo realizado a aplicação de ultrassom (US), alta voltagem (AV), alta frequência (AF), laserterapia de baixa intensidade. Normalmente no processo de regeneração tecidual e por estimular a proliferação de fibroblastos e palpabilidade no tratamento (Danielle et al, Bruna, 2020).

Sendo assim, julgamos importante revisar na literatura quais as principais técnicas e resultados que o fisioterapeuta pode utilizar para o tratamento dessas úlceras.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

As lesões medulares podem ser classificadas como completas ou incompletas. Lesões completas são caracterizadas pela perda total da função motora e sensitiva abaixo do nível da lesão, incluindo a ausência de atividade motora voluntária nas áreas S4 e S5 (regiões do períneo). Já as lesões incompletas ocorrem quando ainda há preservação de alguma função motora ou sensitiva abaixo do nível da lesão, nas áreas S4 e S5. Essa classificação é essencial para compreender as consequências clínicas e orientar o tratamento e a reabilitação dos pacientes com trauma raquimedular, (Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular, 2013).

2.1 CLASSIFICAÇÃO E SINAIS CLÍNICOS

Dentre os distintos níveis de TRM há diferentes nas repercussões sobre a função motora e sensitiva. As lesões podem ser classificadas em quatro principais categorias: cervical, torácica, lombar e sacral. Lesões de maior nível resultam em uma área corporal mais abrangente afetada. Lesões cervicais (C1 á C7) implicam comprometimento dos membros superiores, tronco e membros inferiores. Lesões torácicas (T1 á T12) afetam o tronco e os membros inferiores. Lesões lombares (L1 á L5) acarretam impacto nos membros inferiores, enquanto as lesões sacrais (S1 á S5) resultam em um comprometimento leve dos membros inferiores (Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular, 2013).

2.2 TRM E ÚLCERA DE PRESSÃO

Uma das complicações mais frequentes em indivíduos com lesão medular (LM) é a úlcera por pressão (UP), que acarreta um significativo impacto negativo nas atividades de vida diária (AVD) e nos relacionamentos sociais (Rabeh et al 2016; Ferreira et al 2009).

As úlceras de pressão se desenvolvem devido à isquemia tecidual causada principalmente por forças de compressão sobre proeminências ósseas, como sacro, ísquio, trocanteres e maléolos. Essas úlceras são classificadas de acordo com o sistema de classificação de profundidade do dano tecidual, (Painel Consultivo Nacional de Úlcera por Pressão, 2016).  

As UP continuam a ser um problema prevalente, mesmo diante da implementação de sistemas de incentivo de alto risco. De acordo com um estudo realizado na escola de Pós-Graduação em Medicina na Universidade de Tóquio, a taxa estimada de incidência de úlceras por pressão em hospitais universitários é de aproximadamente 0,94% (Konya et al  2018; Cark  et al 2014).

Os aspectos mais prejudiciais associado ao desenvolvimento de úlceras, refere-se ao sofrimento físico e emocional do indivíduo, em virtude de alterações cutâneas significativas. Conforme a profundidade da lesão nos tecidos, aumentam as úlceras podendo acarretar sérias complicações, incluindo osteomielite, sepse e potencialmente levar à morte (Fernandes et al 2016).

As úlceras por pressão UP são mais frequentemente observadas na região sacral, com uma incidência variando de 29,5% a 35,8%. Em segundo lugar, o calcâneo é afetado, com uma variação de 19,5% a 27,8% de incidência. Em terceiro lugar, a região trocantérica apresenta incidência variável entre 8,6% e 13,7%. Outras regiões do corpo, como glúteos, pernas, maléolos, pés, região isquiática, cotovelos e escápulas, são menos acometidas, com incidência variando entre 1% e 6%. As úlceras podem também ocorrer em regiões incomum, sendo: em orelhas, mãos, região occipital, região genital, apófises vertebrais, arcos costais, antebraço, abdômen, mama e nariz. Porém, nesses locais a incidência é inferior a 1% (LUZ et al., 2017).

A prevenção da UP pode ser alcançada por meio da implementação de medidas adequadas, intervenção educacional direcionada a profissionais de saúde, pacientes e seus familiares. Bem como a devida atenção em sua ocorrência, mediante a utilização de protocolos de prevenção, aplicação de algoritmos de tratamento e escalas de avaliação de risco (Fernandes et al 2016).

Deve ser feita uma abordagem estruturada, compreendendo a avaliação minuciosa da atividade funcional, das condições da pele, da mobilidade, do estado nutricional, do nível de consciência e da percepção sensorial do paciente. Além disso, é essencial coletar informações socioeconômicas e demográficas, bem como dados clínicos relevantes. A aplicação de escalas que avaliam os fatores de risco para o desenvolvimento de úlceras por pressão é fundamental para determinar o grau de vulnerabilidade do paciente. A partir desses dados, medidas de prevenção específicas devem ser cuidadosamente planejadas e implementadas, de acordo com as necessidades individuais de cada paciente (LUZ et al 2010).

O tratamento das úlceras acarreta significativo impacto financeiro para o sistema público de saúde, uma vez que 46,7% dos pacientes apresentam cicatrização da úlcera dentro de doze meses, enquanto 39,2% levam de dois a dez anos para alcançar a cicatrização e 14,2% levam mais de dez anos para obter a completa recuperação (Korelo et al 2012; Souza et al 2012.)

O tratamento da úlcera pode ser prolongado por vários anos devido a diversos fatores, tais como a etiologia subjacente, a idade do paciente, a presença de processos de cicatrização deficitários, condições médicas coexistentes, ocorrência de desnutrição, problemas relacionados à adesão ou interrupção do tratamento, entre outros, resultando em um alto potencial para o desenvolvimento de complicações. A cicatrização demorada das úlceras representa um desafio clínico significativo. Embora as úlceras possam ter diferentes causas, todas elas compartilham a característica de apresentar inflamação crônica (Malaquias et al 2012).

A abordagem da fisioterapia no tratamento de úlceras cutâneas é mais focalizada, porém a uma variedade de recursos fisioterapêuticos que podem contribuir para o processo de cicatrização. Dentre esses recursos, destacam-se a cinesioterapia, terapia descongestiva e compressiva orientações posturais, (Borges et al 2015; Santos et al 2016).

O estudo demonstrou que a utilização de curativos profiláticos pode efetivamente prevenir úlceras por pressão. Algumas diretrizes recomendam a aplicação de curativos compostos por espuma de poliuretano para evitar o desenvolvimento de úlceras por pressão em áreas de proeminências ósseas frequentemente sujeitas a fricção e cisalhamento, como o calcanhar e o sacro (Konya et al  2018; Cark  et al 2014).

2.3 TRM E FISIOTERAPIA

Os fisioterapeutas desempenham um papel fundamental no tratamento de problemas associados à TRM, que abrangem fraqueza muscular, contraturas e déficits no controle motor. Além disso, o tratamento fisioterapêutico aborda diversos outros aspectos essenciais, tais como a manutenção da pressão arterial, a circulação sanguínea, a função respiratória, a drenagem da bexiga, o cuidado intestinal, a nutrição e a regulação da temperatura corporal. Visando minimizar o sofrimento psicológico. Nesta fase, a fisioterapia concentra-se principalmente na abordagem de complicações respiratórias e na prevenção de problemas musculoesqueléticos secundários, decorrentes do repouso prolongado no leito, (Chabra et al 2015).

A reabilitação pós-lesão medular é iniciada assim que o paciente alcança estabilidade clínica. O momento exato pode variar, podendo ser de alguns dias há semanas, dependendo se o paciente sofreu lesões adicionais no momento do acidente ou se desenvolveu complicações médicas e/ou respiratórias posteriormente. A reabilitação é realizada por uma equipe multidisciplinar, seguindo uma abordagem centrada no paciente. O objetivo amplo da reabilitação é capacitar o indivíduo a retornar a uma vida produtiva e satisfatória, considerando suas necessidades e limitações específicas, (Harvey et al 2008).

3. OBJETIVO

Identificar as práticas utilizadas na prevenção e/ou tratamento de úlcera por pressão em pacientes com lesão medular.

4. METODOLOGIA

O estudo se trata de uma revisão sistemática. Para a pesquisa foram utilizados os termos em inglês e português, nas plataformas de buscas PubMed, Scielo, Pedro, no período de maio e agosto de 2023. 

Termos em português: lesão medular, úlcera de pressão, fisioterapia termos em inglês: pressure ulcer, spinal cordy injury, physioterapy, electrotherapy, laser entre os termos utilizou-se os operadores and e or.

Critérios de exclusão: ter passado por procedimentos cirúrgicos para controle da úlcera, revisão sistemática. 

Critérios de inclusão: artigos (15 anos), língua portuguesa e inglesa, ser estudo com pacientes com trauma raqui medular sem outras comorbidades cognitivas, paciente de qualquer idade e sexo, ensaio clínico, ensaio clínico randomizado, estudo de caso e estudo descritivo.

5. APRESENTAÇÃO DOS DADOS

EstudoTipo de produção/ anoObjetivosMetodologiaPrincipais conclusões
Aquichan. 2015; 15(2).           Estudo descritivoexploratório, quantitativo.2015.        Identificar as características sociodemográficas das pessoas com lesão da medula espinhal (LME) e de seus cuidadores familiares e avaliar o conhecimento dos cuidadores sobre prevenção de úlcera por pressão (UPP).       Participaram do estudo 47 pessoas com LME e 47 cuidadores que responderam a um teste deconhecimento sobre prevenção de UPP. Esse teste é composto por questões fechadas com opções de resposta: V =A porcentagem média de acertos no teste de conhecimento foi de 67,8% (DP =14,8), o mínimo foi 14,3% e o máximo foi 88,5%, o que demonstrou conhecimento insuficiente relacionado com a prevenção de
    Gabriela deSouza Gricio1 ,Najara NaderZago2 , NanciMendesPinheiro3 , Adriana.        KASHIWABARA,Tatiliana Geralda Bacelar.SAMPAIO,Débora deOliveira.OLIVEIRA,Bruna EvellynFreitas de   Juliana BragaFacchinetti 1;Fernanda Pires Fernandes 2.             Estudo de ensaio clínico randomizado com cegamento dos avaliadores.2017.        Estudo de caso. 2020.        Estudo descritivo com delineamento transversal e abordagem quantitativa.2017.          Avaliar o impacto da utilização dos recursos fisioterapêuticos sobre a cicatrização e a qualidade de vida dos indivíduos com úlcera cutânea de diferentes etiologias.          Esse estudo relata uma série de casos onde foi empregado o laser de baixa potência como terapia em feridas ulcerosas crônicas e estomatite herpética, com boa evolução clínica até o presente.      Avaliar os recursos utilizados por fisioterapeutas para prevenção e tratamento de úlceras por pressão em pacientes hospitalizados.         verdadeiro, F = falso e NS = não sei.  Participaram do estudo 20 indivíduos divididos em grupo tratado (GT) e controle (GC), todos receberam cuidados de enfermagem e o GT realizou 20 sessões de fisioterapia duas vezes por semana por dez semanas.   O laser foi aplicado em três pacientes nos seguintes parâmetros: laser com o comprimento de onda de 620 a 750nm, luz vermelha, emissão contínua, 15 segundos por ponto.   Participaram da pesquisa 30 fisioterapeutas com idade média de 32 anos, tendo prevalência para sexo feminino, onde  responderam  um  questionário  sobre  o  conhecimento  da  prevenção  e  tratamento  de  lesão  por  pressão.UPP.   O GT apresentou uma taxa de cicatrização de 52,21 ± 43,58% e o GC 37,96 ± 38,83%, sem diferença estatística. Na QV apenas o GT obteve diferença estatística pré e pós tratamento.   Notou-se que no período de uma semana houve diminuição da dor, extensão e profundidade das lesões.     Pode-se considerar que os fisioterapeutas atuantes em hospitais apresentaram carência de conhecimentos sobre a prevenção e tratamento de lesões por pressão. 
   Raciele Ivandra Guarda Korelo1;SilviaValderramas2;Bruno Ternoski3; Danilo SanchesMedeiros3;LetíciaFernandesAndres             3;Sandra      MaraMeireles Adolph     Estudo-piloto para um ensaio clínico controlado simples-cego.2012.   Avaliar o efeito da estimulação elétrica, por microcorrente, sobre a dor e a área de superfície de úlceras venosas.   Realizado em uma clínica durante 4 semanas, dividiramse 14 indivíduos (62±9 anos de idade) em dois grupos: grupo microcorrente (n=8) e grupocontrole (n=6). Avaliaram-se a dor(por meio da Escala Visual Analógica) e a área de superfície da úlcera por meio da Planimetria.    Aplicação de microcorrente melhora o quadro álgico de indivíduos com úlceras venosas.

6. RESULTADOS 

Os resultados obtidos a partir da análise dos cinco artigos, quanto ao trauma raquimedular e a ocorrência de úlcera de pressão, quatro relataram tratamento fisioterapêutico e destes cinco estudos apenas um informava o nível da lesão medular, sendo em nível cervical, torácica e lombar.

Entre as técnicas utilizadas nos estudos descritos, se utilizou métodos de prevenção e métodos de tratamento. Dentre os métodos de prevenção, somente três artigos informaram quais foram utilizados, sendo troca de decúbito a cada duas horas, colchão piramidal, hidratação da pele, evitar o contato com tecidos embolados ou muito grossos. E quanto ao tratamento, o que a literatura nos mostra é que a maior utilização é com laserterapia com o aparelho Laserpulse da marca IBRAMED® com  comprimento  de  onda  de  660nm,  potência de 30mW, modo contínuo. Além de correntes de alta frequência através do aparelho Neurodyn  Esthetic  da  IBRAMED® com intensidade  no  limiar  do  paciente,  utilizando o  eletrodo  cauterizador,  um  minuto  por  cm2  de área  da  úlcera e microcorrente Neurodhyn Esthetic, da marca IBRAMED® com frequência de 5 Hertz e intensidade, em 500 microamperes.

Os tratamentos utilizados foram eficazes a partir da primeira semana, porém nenhum dos artigos revela o período exato do fechamento da úlcera. Não havia informação nos estudos sobre a eficácia dos métodos preventivos.

7. DISCUSSÃO

Esse trabalho analisou 26 estudos sobre o tratamento fisioterapêutico em pacientes com lesão raquimedular e úlcera de pressão, com objetivo de identificar as práticas utilizadas na prevenção e/ou tratamento de úlcera por pressão em pacientes com lesão medular, dentre os principais achados estão a questão da prevenção e o tratamento fisioterapêutico através da eletroterapia.

Analisamos que o apoio familiar e conhecimento dos cuidadores em relação a lesão raquimedular e suas consequências podem influenciar positivamente ou negativamente na prevenção e recuperação da úlcera de pressão. De acordo com NOGUEIRA, Paula Cristina et al 2015, foi concluído que os cuidadores que participaram de seu estudo obtiveram conhecimentos insuficientes relacionados à prevenção, não foi relatado se houve agravos nos indivíduos com UP.

O tratamento fisioterapêutico segundo Borges et al 2015; Santos et al 2016 pode iniciar antes mesmo da UP ser instalada, através da cinesioterapia focando em prevenção por meio da mudança de decúbito, exercícios ativos e passivos, observação do estado geral do paciente, bem como a integridade física da pele e deambulação precoce. Após a instalação da úlcera a cinesioterapia continua sendo importante, com objetivo de evitar contraturas e facilitar o aporte de oxigênio aos tecidos, promovendo melhoria na reparação tecidual da lesão cutânea.

Os recursos utilizados foram laserterapia: Baixa frequência. Onda de 620 a 750nm, luz vermelha, emissão contínua, 15 segundos por ponto; Alta Frequência: intensidade no limiar, eletrodo cauterizador, um minuto por cm2; Microcorrente: frequência de 5 Hertz e intensidade, em 500 microamperes. Para mensurar o resultado do tratamento com laserterapia foi elaborado decalque in loco da ferida em papel filme transparente, para alta frequência também foi elaborado decalque in loco da ferida em papel filme transparente e para a microcorrente a úlcera foi mensurada por meio do papel vegetal. Em ambos os estudos houve redução significativa das UP a partir da 4º semana de tratamento, apesar disso não é informado o período em que ocorreu o fechamento da úlcera. 

A laserterapia é uma terapia não invasiva, indolor e não térmica. Dentre os recursos de eletroterapia, é o método de tratamento mais utilizado e com menos chances de infecções cruzadas devido ao modo de aplicação. No mercado existem muitos tipos de laser, no estudo de SILVA JRM, et a., 2021 analisou o laser executa um considerável efeito sobre a área cutânea, acelerando o processo de cicatrização, ativa o processo inflamatório para a fase de coagulação, além de produzir colágeno no estágio final da cicatrização, reduzindo a área de lesão acometida.

De acordo com a literatura, BARBOSA AC, et al., 2017 cita que os melhores tratamentos e mais indicados seriam Arseneto de Gálio (AsGa) – 904,0 nm, pulsado, feixe de luz invisível, potência de pico 15 a 30 mW e o Hélio-Neônio (HeNe) – 632,8 nm, contínuo, o feixe visível e a Potência de Pico (PP) localizada entre 2 a 10 mW para melhor cicatrização. 

Outra modalidade de eletroterapia que não foi citada seria o Ultrassom modo pulsado, frequência de 3MHz, com regime de pulso de 20%, intensidade de 0,4 W/cm2, estudos de ALTOMARE et al 2009 informam efeitos positivos na aceleração da cicatrização de UP, apesar disso o tratamento com US em úlceras isquêmicas não obteve resultados positivos. Segundo BORELLI et al, 2000 a aplicação do US contribui para o avanço da cicatrização e aumento da elasticidade dos tecidos. FREITAS, 2011; SILVA, 1987; MACHADO, 1991 concordam que o efeito do US auxilia a liberação de aderências pela separação das fibras colágenas.

Foi identificado a importância de conhecimento sobre prevenção aos cuidadores de indivíduos com UP, vimos que o nível de conhecimento e nível social determina positivamente ou negativamente na evolução do indivíduo. Identificamos que há necessidade de mais estudos em relação a equipe multidisciplinar e o tratamento desses pacientes em conjunto, visualizamos diversos estudos, porém cada um voltado a determinada área da saúde sendo, enfermagem, fisioterapia e medicina.

O desfecho dos pacientes com UP podem variar e são dependentes de uma série de fatores, incluindo a profundidade da lesão, tamanho da área afetada e o nível da lesão medular, pois isso determina sua funcionalidade e independência para realizar trocas posturais. Identificamos dificuldades em localizar artigos que abordam lesão medular e úlcera de pressão em um único estudo.

8. CONCLUSÃO 

A prevenção desempenha um papel crucial no tratamento de úlceras por pressão em pacientes com lesão medular, sendo realizada tanto em unidades básicas de saúde como em ambientes hospitalares. A ênfase na prevenção abrange a mudança de decúbito, uso de colchões adequados, hidratação da pele e educação de cuidadores e equipes de saúde. Embora haja poucos detalhes sobre as correntes utilizadas na fisioterapia, os resultados positivos obtidos com laserterapia, alta frequência e microcorrente são informações importantes para a prática clínica. Além disso, uma abordagem multidisciplinar, que envolve médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, cuidadores e outros profissionais de saúde, desempenha um papel fundamental no cuidado abrangente, prevenção, tratamento e reabilitação de pacientes com lesão medular, melhorando sua qualidade de vida.

9. REFERÊNCIAS

1              – SANTIAGO, Lorenna Marques de Melo et al. Aspectos sociodemográficos e clínicos de homens com lesão medular traumática em um centro urbano do nordeste brasileiro. ABCS Health Sciences, [S.l.], v. 46, n. 1, p. 1-5, jan. 2021. Disponível em: https://www.portalnepas.org.br/abcs/article/vie w/27/28. Acesso em: 03 mar. 2023.

2              – AMERICAN ASSOCIATION OF NEUROLOGICAL SURGEONS. Spinal Cord Injury. Revista American Association of Neurological Surgeons: Spinal Cord Injury. Disponível em: https://www.aans.org/Patients/NeurosurgicalConditions-and-Treatments/Spinal-Cord-Injury. Acesso em: 10 mar. 2023.

3              – As úlceras por pressão são a causa de 10% a 11% das lesões cutâneas em pacientes hospitalizados. Acta Paulista de Enfermagem, [S.l.], v. 29, p. 19-20, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ape/a/ctD6y3zPx46Pf5pFYqKwM3P/?lang=pt#:~:text=As%20UP%20s %C3%A3o%20a%20causa,%25(10%2D11).. Acesso em: 15 mar. 2023.

4             – FACCHINETTI, Juliana Braga; FERNANDES, Fernanda     Pires.   Recursos utilizados por Fisioterapeutas para Prevenção e Tratamento de Lesão por Pressão. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 49, n. 5, p.897-903, 2015. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/ pii/S1836955315001307. Acesso em: 15 mar.2023.

5              – BEVILÁQUA NASCIMENTO, M. C. .; QUEIROZ, C. R.; ARAÚJO COELHO, F. .; DE LACERDA FURTADO, J. H. Laser de baixa potência no tratamento fisioterapêutico de úlceras    por   pressão. Revista Saúde e Desenvolvimento, [S. l.], v. 15, n. 22, p. 99–108,  2021.  Disponível em: https://revistasuninter.com/revistasaude/index. php/saudeDesenvolvimento/article/view/1233. Acesso em: 17 mar. 2023.

6              – BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular. 1ª edição. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. 1200 exemplares.

7              – SILVA, Oe M. et al. Effects of Multilayer Silicone Foam Dressings for the Prevention of Pressure Ulcers in High-Risk Patients: A Randomized Clinical Trial. Adv Wound Care (New Rochelle), v. 9, n. 12, p. 649-656, dez. 2020. DOI:10.1089/wound.2019.1002. Epub 2020 Feb 4.PMID: 33124968; PMCID: PMC7698645.

8              – BAMPI, Luciana Neves da Silva; GUILHEM, Dirce; LIMA, David Duarte. Qualidade de vida em pessoas com lesão medular traumática: um estudo com o WHOQOL-bref. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 11, n. 1, p. [páginas], mar. 2008. DOI: 2QQ

9 – RIBEIRO, Adalgisa Peixoto; SOUZA, Edinilsa Ramos de; SOUSA, Carlos Augusto Moreira de. Lesões provocadas por armas de fogo atendidas em serviços de urgência e emergência brasileiros. Ciência & Saúde Coletiva, v. 22, n. 9, set.2017.  DOI: 10.1590/1413-81232017229.16492017.

10           – GRADA, Ayman, MD, MS; PHILLIPS, Tania J., MD. Lesões de pressão (escaras; úlceras de pressão; úlceras de decúbito; feridas por pressão). Departamento de Dermatologia, Escola de Medicina da Universidade de Boston. Revisado/Corrigido em set. 2021.

11           – FURIERI, Flávia Pignaton Morellato et al. Atuação fisioterapêutica na úlcera por pressão: uma revisão. Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente, v. 6, n. 1, p. 69-80, jan-jun, 2015.

12           – COSTA, Rosimeyre Correia et al. Fatores Associados à Ocorrência de Úlcera Por Pressão em Lesados Medulares. Revista Neurociências, v. 21, p. 796-9, 2013. DOI: 10.4181/RNC.2013.21.796.9p.

13           – PREVENÇÃO E MANEJO DA LESÃO  POR PRESSÃO. [Recurso educacional online]. Disponível   em: http://eerp.usp.br/feridascronicas/recurso_educacional_lp_1_3.html Acesso em: 20 mar. 2023.

14           INCIDÊNCIA DE ÚLCERA POR PRESSÃO    (UPP). Disponível  em: https://proqualis.fiocruz.br/indicadores/incid%C3%AAncia-de-%C3%BAlcera-por-press%C3%A3o-upp. Acesso em: 25 mar.2023.

15           – SOUZA, Diba Maria Sebba Tosta de et al. Qualidade de vida e autoestima de pacientes com úlcera crônica. Acta Paulista de Enfermagem, [S.l.], v. [volume], p. [páginas],    [ano]. Disponívelem: https://www.scielo.br/j/ape/a/JgxyvHXmxSZV6sSSdZmJYFs/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 25 mar. 2023.

16           – COSTA, Márcio Paulino et al. Epidemiologia e tratamento das úlceras de pressão: experiência de 77 casos. Acta Ortopédica Brasileira, v. 13, n. 3, 2005. DOI: 10.1590/S1413-78522005000300005.

17           – OLKOSKI, Elaine; ASSIS, Gisela Maria. Aplicação de medidas de prevenção para úlceras por pressão pela equipe de enfermagem antes e após uma campanha educativa.  Revista Eletrônica de Enfermagem, [S.l.], [ano]. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ean/a/j7rTPtJWTMvTTQq4G5yW38b/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 05 abr. 2023.

18           – 2° Congresso Sul Brasileiro de Sistematização da Assistência de Enfermagem e a 1ª Mostra Internacional de Cuidado de Enfermagem no Ciclo da Vida. “Processo de Enfermagem como Ferramenta de Cuidado.” [Link para o documento em PDF]. Disponível em: https://www.udesc.br/arquivos/ceo/id_cpmenu/1752/anais_2_CONSAI_1MICENF_15293511791346_1752.pdf . Acesso em: 10 abr. 2023.

19           – KORELO, Raciele Ivandra Guarda et al. Gerador de alta frequência como recurso para tratamento de úlceras por pressão: estudo piloto. Fisioterapia em Movimento, v. 26, n. 4, dez. 2013. DOI: 10.1590/S0103-51502013000400002.

20           – CAMPOS, Suellen Fabiane et al. Fatores associados ao desenvolvimento de úlceras de pressão: o impacto da nutrição. Revista de Nutrição, v. 23, n. 5, out. 2010. DOI: 10.1590/S1415-52732010000500002.

21          – FRANÇA, Eduardo Ériko Tenório de et al. Fisioterapia em pacientes críticos adultos: recomendações do Departamento de Fisioterapia da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 24, n. 1, mar. 2012. DOI:10.1590/S0103-507X2012000100003.

22           – GRICIO, Gabriela de Souza et al. Impacto da utilização de  recursos fisioterapêuticos no tratamento de úlceras cutâneas de diferentes etiologias. ConScientiae Saúde, [volume], [número], [ano].  DOI: 10.5585/ConsSaude.v16n1.6610.

23           – KASHIWABARA, Tatiliana Geralda Bacelar. SAMPAIO, Débora de Oliveira. OLIVEIRA, Bruna Evellyn Freitas de. Laserterapia no tratamento de lesões: Série de casos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 03, Vol. 12, pp. 104-112. Março de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.b r/saude/tratamento-de-lesoes

24           – FACCHINETTI, Juliana Braga; FERNANDES, Fernanda Pires. Recursos utilizados   por         Fisioterapeutas       para Prevenção e Tratamento de Lesão por Pressão. ID on line Revista de Psicologia, v.11,    n. 37, [ano]. DOI: https://doi.org/10.14295/idonline.v11i37.811

25           – NOGUEIRA, Paula Cristina et al. Conhecimento dos cuidadores de indivíduos com lesão medular sobre prevenção de úlcera por pressão / Conocimiento de los cuidadores de individuos con lesión medular acerca de la prevención de úlcera por presión / Knowledge on Pressure Ulcer Prevention


1 Orientadora