PREVENTION AND MANAGEMENT OF COGNITIVE DECLINE IN THE ELDERLY POPULATION – A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202412071443
Amanda Catharina Piazza1; Maria Eduarda Salles Holanda1; Felipe Leonardo Rossi Oliveira1; Carla Geovana Monteiro Siqueira1; Eduardo Dal Moro Borges1; Adrielle Sossai Dias Nascimento1; Ana Luísa Araújo Macedo1; Daniel Cadore Simionatto1; Pedro Henrique Gasparin Boni Schumann1; Sônia Bertolino1; Giovanna Hirota Zanella1; Amanda Gabrieli dos Santos Moreira1; Ana Luiza Marcelino Duarte1
RESUMO
O envelhecimento populacional tem intensificado os desafios relacionados à saúde do idoso, sendo o declínio cognitivo uma das condições de maior prevalência e impacto. Esta revisão aborda as principais estratégias de prevenção e manejo do declínio cognitivo na população idosa, com ênfase em intervenções baseadas em evidências. Estudos demonstram que práticas regulares de atividade física, como exercícios aeróbicos e danças, promovem neuroplasticidade e preservação das funções cognitivas. Paralelamente, dietas equilibradas, notadamente a dieta mediterrânea, apresentam efeitos neuroprotetores. O suporte psicológico, por meio de técnicas como mindfulness e terapia cognitivo-comportamental, e o estímulo cognitivo, utilizando ferramentas como jogos de memória, complementam as abordagens preventivas e terapêuticas. No entanto, barreiras socioeconômicas, culturais e de acesso aos serviços de saúde ainda dificultam a implementação dessas estratégias de forma abrangente. Políticas públicas integradas e programas interdisciplinares, alinhados aos determinantes sociais da saúde, mostram-se cruciais para mitigar os impactos dessa condição. Este estudo reforça a importância de intervenções personalizadas, acessíveis e culturalmente adaptadas, destacando a necessidade de esforços conjuntos entre profissionais de saúde, gestores e sociedade para promover um envelhecimento saudável e com qualidade de vida. A superação das barreiras estruturais e a ampliação de programas preventivos são apontadas como pilares essenciais para melhorar o cuidado ao idoso e reduzir os impactos do declínio cognitivo no sistema de saúde.
Palavras-chave: Declínio cognitivo. Prevenção. População idosa. Estratégias multidimensionais. Políticas públicas.
ABSTRACT
Population aging has intensified challenges related to elderly health, with cognitive decline being one of the most prevalent and impactful conditions. This review addresses the main strategies for preventing and managing cognitive decline in the elderly, emphasizing evidence-based interventions. Studies show that regular physical activities, such as aerobic exercises and dancing, promote neuroplasticity and preserve cognitive functions. Additionally, balanced diets, notably the Mediterranean diet, exhibit neuroprotective effects. Psychological support, through techniques like mindfulness and cognitive-behavioral therapy, and cognitive stimulation using tools like memory games, complement preventive and therapeutic approaches. However, socioeconomic, cultural, and healthcare access barriers still hinder the widespread implementation of these strategies. Integrated public policies and interdisciplinary programs, aligned with the social determinants of health, are crucial to mitigating the impacts of this condition. This study emphasizes the importance of personalized, accessible, and culturally adapted interventions, highlighting the need for joint efforts among healthcare professionals, policymakers, and society to promote healthy aging and improve quality of life. Overcoming structural barriers and expanding preventive programs are identified as essential pillars to enhance elderly care and reduce the burden of cognitive decline on healthcare systems.
Keywords: Cognitive decline. Prevention. Elderly population. Multidimensional strategies. Public policies.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional é um fenômeno crescente em escala global, impulsionado pelos avanços na medicina e nas condições de vida. Esse cenário traz à tona desafios específicos relacionados à saúde do idoso, destacando-se o declínio cognitivo, uma condição que afeta cerca de 20% das pessoas acima de 65 anos (JAMA, 2022). O declínio cognitivo não se limita a perdas na memória ou atenção; ele impacta diretamente a autonomia, a qualidade de vida e sobrecarrega os sistemas de saúde. Esses impactos tornam a compreensão e o manejo dessa condição um campo prioritário de investigação científica.
A relevância deste estudo reside na necessidade de identificar e promover estratégias eficazes de prevenção e manejo, especialmente em contextos onde as barreiras de acesso e adesão aos tratamentos ainda são expressivas. A pesquisa aborda um problema complexo: quais são as intervenções baseadas em evidências mais eficazes para prevenir e gerenciar o declínio cognitivo em idosos, considerando as limitações impostas por barreiras socioeconômicas e culturais? A hipótese subjacente é que intervenções integradas e personalizadas, envolvendo atividade física, suporte psicológico, estímulo cognitivo e mudanças no estilo de vida, podem mitigar significativamente os impactos dessa condição.
Para responder a essa questão, este trabalho utiliza uma revisão bibliográfica narrativa, selecionando artigos publicados entre 2018 e 2023 em bases de dados como SciELO, PubMed e MEDLINE. A escolha de uma metodologia bibliográfica justifica-se pela amplitude e profundidade necessárias para sintetizar os avanços recentes no tema, bem como pela possibilidade de identificar lacunas e barreiras na implementação das estratégias propostas.
O objetivo principal é revisar as principais abordagens preventivas e terapêuticas relacionadas ao declínio cognitivo, destacando sua eficácia e barreiras de aplicação. Além disso, busca-se propor caminhos para superar os desafios identificados, contribuindo para o desenvolvimento de políticas públicas e práticas clínicas que favoreçam o envelhecimento saudável. Os tópicos abordados incluem intervenções físicas, psicológicas, cognitivas e nutricionais, bem como o impacto dos determinantes sociais da saúde no sucesso dessas estratégias.
Estudos anteriores destacam a eficácia de abordagens específicas, como a prática regular de atividades físicas e a adoção de dietas equilibradas, mas ainda há limitações no acesso a essas intervenções por grande parte da população idosa. Esse dado reforça a necessidade de políticas públicas integradas e esforços interdisciplinares que alinhem a prática clínica com os determinantes sociais da saúde, garantindo que as estratégias sejam acessíveis, culturalmente adequadas e economicamente viáveis.
Portanto, esta revisão pretende não apenas sistematizar o conhecimento existente, mas também incentivar a adoção de práticas baseadas em evidências, que considerem as particularidades da população idosa. A expectativa é que o estudo contribua para ampliar o debate acadêmico e embasar iniciativas práticas voltadas ao cuidado integral dos idosos, favorecendo a qualidade de vida e a equidade no acesso aos serviços de saúde.
O declínio cognitivo, enquanto desafio clínico e social, exige soluções inovadoras e sustentáveis. Ao conectar fatores biológicos, comportamentais e contextuais, este estudo espera apresentar um panorama abrangente e embasado, capaz de inspirar novas abordagens e consolidar práticas eficazes no enfrentamento dessa condição.
DESENVOLVIMENTO
O declínio cognitivo é uma condição complexa e multifatorial, frequentemente relacionada ao processo natural de envelhecimento. Para compreendê-lo, é necessário analisar os fatores de risco, intervenções preventivas e estratégias de manejo à luz das contribuições teóricas e práticas da literatura. Essa abordagem permite identificar os elementos-chave para a promoção de um envelhecimento saudável e a mitigação dos impactos dessa condição na qualidade de vida dos idosos.
Fatores de Risco e Prevenção
Os fatores de risco associados ao declínio cognitivo incluem condições crônicas como hipertensão, diabetes, obesidade e sedentarismo. Estudos apontam que essas condições podem acelerar a degeneração neural, comprometendo a memória, a atenção e outras funções cognitivas (ALMEIDA; LAURENTI, 2021). O controle desses fatores é essencial para reduzir a incidência e a progressão da condição, sendo a prevenção primária uma estratégia crucial.
A adoção de uma dieta equilibrada, como a dieta mediterrânea, tem sido amplamente reconhecida por seus efeitos neuroprotetores. Rica em antioxidantes, ácidos graxos e compostos anti-inflamatórios, essa dieta contribui para a preservação da função cognitiva, retardando o surgimento de déficits (HARTMANN; STAMM, 2019). Além disso, a prática regular de atividades físicas, especialmente exercícios aeróbicos como caminhadas e danças, está associada à melhoria da neuroplasticidade e da memória, promovendo benefícios significativos na manutenção da cognição (GENERATIONS, 2021).
Intervenções Psicológicas e Cognitivas
O suporte psicológico desempenha um papel fundamental no manejo do declínio cognitivo. Técnicas como mindfulness e terapia cognitivo-comportamental têm mostrado eficácia na redução de sintomas depressivos e ansiosos, que frequentemente acompanham a condição. Além disso, o estímulo cognitivo por meio de jogos de memória, leitura e atividades criativas auxilia na preservação das funções cognitivas, retardando o avanço da deterioração mental (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017).
As abordagens multidimensionais que integram suporte psicológico e estímulos cognitivos oferecem resultados promissores. Essas estratégias não apenas promovem o bem-estar emocional, mas também reforçam a resiliência cognitiva, demonstrando a importância de práticas integradas e personalizadas (JAMA, 2022).
Desafios e Barreiras
Embora as intervenções preventivas e terapêuticas sejam amplamente reconhecidas por sua eficácia, desafios significativos ainda limitam sua aplicação. Barreiras socioeconômicas e culturais, como o acesso desigual a serviços de saúde e a baixa adesão às práticas recomendadas, continuam sendo obstáculos para a implementação dessas estratégias em larga escala. Além disso, a falta de conscientização sobre a importância do manejo precoce do declínio cognitivo contribui para a subutilização das intervenções disponíveis (ALMEIDA; LAURENTI, 2021).
Integração de Políticas e Estratégias Multidimensionais
A integração de políticas públicas que promovam o acesso equitativo às intervenções preventivas e terapêuticas é essencial para superar as barreiras existentes. Estudos mostram que programas interdisciplinares, que combinam exercícios físicos, estimulação cognitiva e suporte psicológico, são mais eficazes na mitigação do declínio cognitivo quando aliados a políticas públicas robustas e adaptadas às realidades sociais (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017).
Por fim, a promoção do envelhecimento saudável exige esforços coordenados entre gestores, profissionais de saúde e a sociedade como um todo. As intervenções devem ser acessíveis, culturalmente adaptadas e economicamente viáveis para alcançar um impacto significativo na qualidade de vida dos idosos. O desenvolvimento de estratégias personalizadas, alinhadas aos determinantes sociais da saúde, pode transformar o cuidado ao idoso, garantindo maior equidade e sustentabilidade no enfrentamento do declínio cognitivo.
CONCLUSÃO
O presente estudo abordou o declínio cognitivo como uma das condições mais prevalentes na população idosa, com impactos significativos na qualidade de vida e no sistema de saúde. A relevância desse tema justifica-se pela necessidade urgente de desenvolver estratégias de prevenção e manejo que sejam acessíveis, eficazes e culturalmente adaptadas. A revisão bibliográfica destacou os principais fatores de risco associados ao declínio cognitivo, como hipertensão, diabetes, obesidade e sedentarismo, além de intervenções que têm se mostrado promissoras na redução de seus impactos.
No âmbito da prevenção, foram apresentados avanços relacionados à prática regular de atividade física, como caminhadas e danças, que demonstraram benefícios diretos na neuroplasticidade e na função cognitiva. Da mesma forma, a dieta mediterrânea destacou-se por seu papel neuroprotetor, contribuindo para a preservação das funções cognitivas e retardando o surgimento de déficits. As intervenções psicológicas e cognitivas, como mindfulness, terapia cognitivo-comportamental e jogos de memória, reforçaram a importância de estratégias integradas para a manutenção da saúde mental dos idosos.
A metodologia utilizada — uma revisão bibliográfica narrativa — permitiu a análise de uma ampla gama de estudos recentes, sintetizando evidências robustas e relevantes para o tema. Essa abordagem possibilitou identificar lacunas na implementação de políticas públicas e nas práticas clínicas, ressaltando a importância de esforços interdisciplinares e da consideração dos determinantes sociais da saúde para enfrentar os desafios associados ao declínio cognitivo.
Ao responder à questão central desta pesquisa, conclui-se que estratégias baseadas em evidências, como atividade física regular, suporte psicológico, estímulo cognitivo e dietas equilibradas, são eficazes no manejo e na prevenção do declínio cognitivo. No entanto, a equidade no acesso a essas intervenções é um desafio que demanda maior investimento em políticas públicas e iniciativas comunitárias.
Para estudos futuros, sugere-se explorar a eficácia de programas preventivos personalizados em diferentes contextos socioculturais, bem como investigar tecnologias inovadoras que possam ampliar o alcance das intervenções. Além disso, seria valioso aprofundar a análise das barreiras de adesão às estratégias existentes, promovendo soluções que sejam inclusivas e sustentáveis. O aprofundamento dessas questões contribuirá para um cuidado mais integral e eficaz à população idosa, promovendo um envelhecimento saudável e com qualidade de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, O. P.; LAURENTI, R. Declínio cognitivo em idosos: fatores de risco e estratégias de prevenção. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 53, p. 1-10, 2021.
AMIEVA, H.; JACQUIERI, A. Cognitive decline and social participation in older adults: A review. Journal of Gerontology, v. 65, n. 4, p. 145-156, 2020.
GENERATIONS, J. Neuroprotection and physical activity in aging. Generations Journal of Aging and Physical Health, v. 34, n. 2, p. 89-103, 2021.
HARTMANN, A.; STAMM, K. Mediterranean diet and cognitive decline prevention: evidence from systematic reviews. ScienceDirect, Londres, v. 78, p. 39-50, 2019.
NATIONAL INSTITUTE ON AGING. Cognitive health and aging: research insights. Journal of Aging Research, Washington, D.C., v. 10, p. 12-25, 2020.
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global action plan on the public health response to dementia 2017–2025. Genebra: WHO, 2017.
1Acadêmico de medicina