Autores:
ELDERLAN DE MENDONÇA FARIAS
RENATA CAROLINA MONTEIRO VERA
Orientador:
DENILSON VERAS
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso, trás uma revisão bibliográfica ao programa de prevenção de lesões do LCA no futebol. Inicialmente são definido o que é o Ligamento Cruzado Anterior (LCA) do joelho, e sua importância para movimentação e estabilidade do joelho. Os principais fatores de riscos de lesões do joelho no futebol, podendo estes ser intrínsecos ao atleta, como condicionamento físico, postura, patologias secundária, técnicas aprendidas, entre outras. Os fatores de risco extrínsecos ao jogadores, como materiais esportivos, gramado, regras do jogo, intensidade do esforço para jogos, etc. E demostrado os tipo de treinamentos que condiciona o atletas na prevenção de lesões no joelhos, os treinos neuromusculares e os treinos proprioceptores. E a inclusão de um modelo de programa de prevenção de lesão do LCA, que englobar os dois tipo de treinos, voltado para o futebol. Dado a importância do profissional de fisioterapia, no desenvolvimento, na implementação, ajustes e correções necessários a prevenção das lesões do LCA.
PALAVRAS CHAVE: joelho, LCA, lesões, prevenção, futebol, neuromuscular e proprioceptivo.
ABSTRACT
This course completion work brings a bibliographic review to the LCA injury prevention program in football. Initially, what is the previous cross ligament (LCA) of the knee, and its importance for movement and stability of the knee. The main risk factors of knee injuries in football, can be intrinsic to the athlete, such as physical conditioning, posture, secondary pathologies, techniques learned, among others. Extrinsic risk factors to players, such as sporting materials, lawn, game rules, intensity of effort for games, etc. And demonstrated the type of training that conditions the athletes in preventing knees injuries, neuromuscular training and proprioceptor training. And the inclusion of a model of LCA injury prevention program, which encompasses the two type of training, facing football. Given the importance of the physical therapy, development, implementation, adjustments and corrections necessary to prevent LCA injuries.
KEY WORDS: Knee, LCA, lesions, prevention, football, neuromuscular and proprioceptive.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fig. 01 – Detalhes da articulação do joelho.
Fig. 02 – (1) rotação interna (valgo) , (2) rotação externa (varo) e (3) hiperextensão.
Fig: 03 – Alinhamentos do joelho.
Fig: 04 – Desalinhamentos do pé com a pélvis.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Programa de prevenção de lesões do LCA em futebol.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LCA – Ligamento Cruzado Anterior
M – metro
MIN – minutos
MI – Membro Inferior
SCIELO – Scientific Electronic Library Online
INTRODUÇÃO
A realidade atual do futebol profissional, e até do futebol amador, tem exigido cada vez mais desempenho dos jogadores, levando-os cada vez mais aos limites das capacidades físicas, expondo-os as lesões, dos mais diversos tipos. Como os riscos de ocorrer lesões nos futebolistas é elevados, tanto durantes as competições oficiais quanto nos treinamentos, causando perdas significativas para o time, e principalmente para o atleta lesionado, pois seu afastamento, dependendo da gravidade da lesão, poderá prejudicar seu desempenho e rendimento.
Dentre as mais frequentes lesões que acometes os futebolistas, são as lesões dos joelhos que causar a maiores preocupações, e dentre estas, a lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA) são umas das mais graves. Pois tamanha é a severidade da lesão, exigindo um prolongado tempo de recuperação, que nem sempre ocorrer a total recuperação do atleta, diminuindo significativamente o desempenho do profissional, passivo de recorrência. E ocasionando o precoce abandono do atleta.
Devido as severidade da lesão do LCA, há diversos estudos para desenvolvimentos de programas de prevenção destas e de muitas outras patologias, devido aos escassos dados epidemiológicos sobre a ocorrência das lesões no LCA, muitos desses estudos se mostram ainda inconclusivos, como programas de prevenção não-plenamente eficaz, requerendo ainda mais estudos e aprofundamentos acercar o caso.
1. METODOLOGIA
Os estudos selecionados para esta revisão bibliográfica foram obtidos em sua grande maioria no portal de pesquisa acadêmica SCIELO.ORG (Scientific Electronic Library Online), entre outros portais de pesquisas, e acervos de digitais de Universidades e sites de Revistas Médicas. Foi pesquisado com as seguintes palavraschaves: lesão + joelho + prevenção + futebol, lesão + ligamento + joelho, LCA + lesão + prevenção, selecionando os trabalhos em língua portuguesa (Brasil/Portugal), tratando da lesão do LCA no futebol de campo profissional, e de programas de prevenção de lesões, que incluíam a prevenção s lesões do LCA. Eliminando artigos similares e de mesmas fontes, que tem não atender os requisitos citados anteriormente.
O critério de pesquisa e montagem para este trabalho é a descrição do LCA, sua importância para a atividade desportiva do atleta, quais os fatores internos e externos que ocasionar a lesão do LCA, os programas de treinamento e métodos de prevenção de lesões já conhecidos e as avaliação da eficácia de tais programas e intervenções.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
O objetivo deste trabalho é uma revisão bibliográfica acercar da prevenção de lesões do LCA em jogadores de futebol profissional, e de programas de treinamentos para prevenção do mesmo, e sua eficácia.
2.2. OBJETIVOS ESPECIFÍCOS
- Principais fatores de riscos de lesões do LCA no futebol; Tipos de treinos adequados para a prevenção de lesões no LCA;
- Mostrar um exemplo de programa de prevenção de lesão no LCA.
3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA
3.1. DESCRIÇÃO DO LCA E MECÂNICA DO JOELHO E LESÕES
A evolução tornou o Ser Humano em um animal bípede único, que não só se apoiar em seus membros inferiores, mas também mantém seu tronco ereto. Tal proeza da natureza se dar por inúmeras adaptações do corpo humano, entre estas adaptações está as dos nossos joelhos, devidos à excentricidade com que nosso peso é transferido pelas nossas pernas até nossos pés.
Segundo Brito et al. (2008), os nossos joelhos é considerada a articulação mais complexa do corpo humano, compostas por diversos ligamentos, se destacando o Ligamento Cruzado Anterior (LCA). Que possuir inúmeras funções, sendo a principal a estabilização da movimentação de rotação e translação do joelho. O LCA estabilizar o joelho, prevenindo a translação anterior entre a Tíbia e o Fémur, comumente à rotação interna e externa dos mesmos e na limitação da deformação em valgo e varo quando em extensão do joelho.
Fig. 01 – Detalhes da articulação do joelho. Fonte: ortopediacidadejardim.com
Em atividades desportivas de alto impacto e de sinistros decorrentes de colisões, comum no futebol, que gerem a translação e/ou a rotação bruscas do joelho, pode ocasionar lesões no LCA, dentre estas lesões, temos a ruptura parcial ou total do LCA, ou o descolamento do LCA da Tíbia ou do Fémur.
As lesões do LCA decorrentes de situações de não-contato, se dar em corrida e/ou salto que geram uma sobrecarga sobre o ligamento, em momentos de uma pequena flexão, varo e rotação externa do fémur, raramente as lesões do LCA pode ocorrer durante a flexão do joelho, valgo e rotação interna do fémur.
A ruptura do LCA, também pode ocorrer em hiper-extensão, devido ao choque com o teto da chanfradura intercondiliana, quando as dimensões entre estes estão inferior ao normal. Mas é de conhecimento científico, que existem outros fatores a serem considerados, que ainda estão sobre estudos pra melhores conhecimentos da biomecânica que tende a gerar as lesões (BRITO et al., 2008).
Fig. 02 – (1) rotação interna (valgo) , (2) rotação externa (varo) e (3) hiper-extensão.
Fonte: MACEDO (2019).
Segundo Brito et al. (2008), diante da lesão do LCA, a movimentação do joelho se tornar instável e sem o controle da força para à intensa atividade física, tornando impossível a movimentação rápida, desaceleração, mudanças de direção e o apoio firme ao solo (recepção ao solo), que são atividade típica o futebol profissional.
O tratamento, na maioria dos casos, se dar pela reconstrução cirurgia do LCA lesionada, e necessitando de longo período de pós-operatório e reabilitação física para a retomada de suas atividades desportivas normalmente.
3.2. PREJUIZOS DECORRENTES DAS LESÕES
Apesar de se conhecer a biomecânica que ocasionar as lesões do LCA, é de conhecimento cientifico que há outros fatores à serem considerados nos desenvolvimentos de medidas preventivas efetivas, tanto fatores de risco interno e externos ao atleta. O que demanda uma serie de medidas preventivas e programas de treinamentos adequados, todos combinados para prevenir ao máximo os riscos de lesões (BRITO et al., 2008).
No futebol, o nível de esforços que os atletas se submete em sua prática esportiva é extremamente elevado, deixando-os vulnerável a patologias e a sinistros (acidentes graves), em especial nos joelhos. Os fatores decorrentes da atividade desportiva, como a corridas, passes, saltos, dribles, remates, travagens e arrancadas, e também dever-se destaca o tipo de calcados desportivo, que pode influir na aderência ao solo, bem como a distribuição de peso aos pés, gerando demasiadas excentricidades à todo membro inferior, são todos fatores tidos como externos que podem desencadear uma lesão séria aos joelhos.
A gravidade da lesão do LCA, em geral requer tratamento cirúrgico, e necessidade de longo pós-operatório e fisioterapia, o que obrigar a afastar o atleta das competições por uma ou mais temporadas. Com a devida reconstrução do ligamento, e com o cuidadoso o processo de reabilitação, e evitando ao máximo comprometer novamente o ligamento, o atleta poderá volta as suas atividades desportivas com o mesmo nível técnico de antes a lesão. Mas devido a fatores inerentes ao atleta, seja eles psicológicos ou os aparecimentos de complicações funcionais do joelho, muitos optam por abandonar precocemente o futebol, acarretando prejuízo à o atleta e ao time .
Muitos dos jogadores de futebol, tem origens muito humildes, e quando consegue a oportunidade de integrar um time profissional, se dedicaram exclusivamente a carreira, não tendo qualquer outra formação profissional. Quando acometido de uma severa lesão do joelho, dentre elas a lesão do LCA, o prejuízo ao jogador é enorme, pois como o tratamento é de elevado custos e demanda longo período de recuperação (no mínimo de seis meses de recuperação), correndo o risco de não poder volta às competições e ter que buscar outros ofício, de menor remuneração, e somente grandes times profissionais tem plenas condições para arcar com tamanhas dispersas. E não é de interesse para os grandes times, perder atletas em pleno período de competição (BRITO et al., 2008).
3.3. FATORES DE RISCOS DE LESÃO DO LCA
Para Resende et al. (2014), os fatores de riscos de lesões pode ser intrínsecos ou extrínsecos. São definidos como fatores intrínsecos os que são inerentes ao atleta, como o seu biótipo, doenças ósseas ou musculares, lesões pré-existentes, capacidades física inata ou desenvolvidas, alterações na postura e desequilíbrio muscular, entre outros. Os fatores extrínsecos estão ligados a própria atividade desportiva, grau de intensidade dos treinos e das competições, regras, materiais utilizados, local dos treinos e das competições, etc.
A lesão do LCA é de decorrente da sobrecarga sobre o LCA, devido à movimentação anômala da articulação do joelho (tibiofemural), que leva a instabilidades mecânica do conjunto que compõe à articulação do joelho. Em geral, uma série de fatores, que de modo combinados e do acumulado de microlesões e desgastes decorrente destes fatores, podem desencadear a lesão do LCA. Devido a complexidade dos fatores dos geradores de lesão do LCA, serão apresentados os principais fatores de riscos, conhecidos e sobre estudo, no âmbito do futebol profissional (BRITO et al., 2008).
Segundo Brito et al. (2008), em um levantamento durante o Campeonato Italiano Série A, de 2002 à 2003, cerca de 10% dos jogadores já haviam sofrido, uma ou mais lesões no LCA ao longo da carreira profissional, e que tais lesões ocorreram, na maioria dos casos, em jogos oficiais, devidos acidentes de contato. As lesões do LCA decorrentes de não-contato, ocorreram em jogos não-oficiais e em treinamentos. Também constatou-se que as lesões eram mais frequentes em jogadores mais velhos, com maior número de jogos disputados. Indicando que poder haver desgastes acumulados ao longo da carreira dos jogadores, inclusive o fator da idade.
Muitas das práticas desportivas, dão muita ênfase ao fortalecimento dos muscular, no futebol o grupo muscular dos membros inferiores. Nas ações como corridas, saltos, dribles, etc… Existe à necessidade do equilíbrio entre os músculos extensores e flexores. Um desequilíbrio entre força empregadas pelos músculos, geram uma instabilidade dos isquiotibiais, deixando vulnerável à lesões. Tais desequilíbrios podem advim de um fortalecimento muscular excessivo dos músculos extensores ou flexores, ou ainda do enfraquecimento destes, que deve ser corrigido durante os treinos, fisioterapias e exames médicos.
Cientes das elevada recorrência de lesões do LCA, e que um novo processo de recuperação demandará de mais tempo, e um afastamento mais longo das competições. É vital que todo o processo de reabilitação seja bem executado, seguindo o ritmo natural de recuperação, com a confirmação da cicatrização completa do tecido. E a retomada das atividades desportivas seja gradual, com o devido acompanhamento médico, e alerta a qualquer sinal de complicações no joelho lesionado.
Segundo pesquisa de Araújo (2011), englobando os outros esportes, como basquetes, vôlei e handebol, quatro quintos das lesões do LCA sem-contato ocorreram durantes a aterrissagem de um salto. Sendo uma preocupação durantes os treinos, a melhoria deste movimento, com o intuito da minimização do impacto e prevenir lesões.
Outra linha estudo sobre os fatores de riscos de lesão dos joelhos, são os desalinhamentos dos membros inferiores. Entre estes desalinhamentos destacados a pronação dos pés, a hiperextensão dos joelhos, a torção externa da tíbia e o desalinhamento do pé com a pélvis, devido a perda de força muscular dos Glúteos.
Fig: 03 – Alinhamentos do joelho. Fonte: www.ijemr.net
Fig:04 – Desalinhamentos do pé com a pélvis. Fonte: Olhafisio.
Segundo estudos, as mulheres são mais suscetíveis a lesões no joelhos do que os homens, não se conhecendo por quais razões, se são de origem anatómicas, hormonais ou pela técnica ou modo de jogo às tornar tão vulneráveis, não havendo consenso acerca deste fato. Com o crescimento do futebol feminino, e o aumento de performance das atletas, também vem ocorrendo uma significativa incidência de lesões do joelhos das mesmas. Tal aumento, chamou a atenção, por exemplo, da Liga de Futebol Feminino da Alemanha, que constatou à ocorrência de lesões do LCA em situações de não-contato, e durante período de competições, sendo estas de duas à quatro vezes mais frequentes que no futebol masculino, mas tais ocorrências ainda estão sobre mais investigações, para a melhor compreensão de tais discrepâncias (BRITO et al., 2008).
E outro estudo, constatou-se que em atleta no pós puberdade (da ligas Sub20 à frente), verificou-se uma diferença biomecânica entre os sexos, no modo de recepção ao solo no pós salto. Nas garotas apresentar-se um atraso na resposta neuromuscular dos músculos isquiotibiais, deixando os joelhos exposto às processos de translação da tíbia durante a recepção do solo. Em outro estudo, ambos os sexos dos atletas foram comparando sua biomecânica do joelho, constatou-se que os homens durante a recepção do solo após o salto, apresentam maior varismo no joelhos do que as mulheres. Tal ação minimizar os impactos sobre a articulação, reduzindo os risco de lesão.
Outro fator responsável pela vulnerabilidade feminina, seja o atraso na contração dos músculos posteriores da coxa, tal descompasso neuromuscular causa um exagerado avanço anterior da tíbia, resultando numa sobrecarga sobre o LCA, podendo ocasionar uma ruptura. Mas de acordo com o estudo, tais afirmações ainda são suposições, hipóteses a serem mais investigadas.
Como é conhecido que o fator que mais pode causar as lesões no LCA é o movimento de rotação da tíbia, e tal movimentação poder ser prejudicada pelos pinos das chuteiras e demais calçados no campo de futebol. Por essa razão, há estudos das tipologia (formato e distribuição das formas) dos pinos nas chuteiras, de modo a permitir, não só a aderência ao solo, como a rotação livre dos pés. Os calçados para os atletas, devem ser ergonômicos de modo a distribuir melhor o peso, e favorecendo o alinhamentos dos pés ao restante do corpo (BRITO et al., 2008).
Mas devido ao baixo número de pesquisas e levantamentos feitos acerca das incidências das lesões do LCA por não-contanto, não podemos tiram conclusão acercas dos dados, pois muitos destes dados representar particularidades especificais, inconclusivos e passivos de discursões. Num panorama ideal, haveria a necessidade do acompanhamento de amplo número de atletas, com a analise dos diversos fatores e seus comparativos, com os diferentes níveis competitivos e ao longo do tempo. Devido a atuais taxa de incidência, gravidade, custos e tempo necessário a recuperação do atleta, a prevenção de lesões do LCA (entre outras) dever ser constantemente uma preocupação para os profissionais do futebol, com o intuito de minimizar sua incidência, como reduzir os fatores de riscos causadores das lesões.
3.4. PROGRAMA DE PREVENÇÃO
Segundo Resende et al (2014), é imprescindível a atuação do profissional de fisioterapia, na elaboração de métodos preventivos de lesões esportivas, redirecionando o foco de atenção, dos tratamentos e recuperação de lesões, para os fatores de riscos e na prevenção das lesões. Com o acompanhamento e avaliações de cada atleta, o fisioterapeuta deve está atento ao sinais de desequilíbrio muscular, alteração postural e em debilidades biomotora relevante e que demande cuidados e ações corretoras. Sob esse aspecto as medidas preventivas visar realização segura e eficaz dos movimentos desportivos, mantendo ou até melhorando o desempenho profissional do atleta de alto nível.
Os estudos em biomecânica tem se mostrado de essencial importância para compreensão dos fatores potencialmente lesionadores e seu impactos ao corpo do atletas, bem como a identificação de sinais prévio de lesão (RESENDE et al., 2014).
O desenvolvimentos e aperfeiçoamentos dos programas e medidas de prevenção de lesões no futebol ainda carece de mais estudos, englobando os possíveis fatores de riscos, como eles estão interligados e como neutralizar-los. Pois muitas das ocorrências de lesões do LCA, estão relacionados a uma combinações de fatores de riscos, muitos dos quais são detectáveis previamente. Apesar do conhecimento dos principais fatores de riscos intrínsecos e extrínsecos que contribuem para a ocorrência das lesões do LCA por não-contato, diversos questionamentos e inconclusibilidades são evidentes, que geram mais dúvidas do que respostas (BRITO et al., 2008).
Apesar dos programas de prevenção de lesões não ter sua eficácia comprovada, os fatores de risco das lesões por não-contato já são amplamente conhecidos e são passiveis de medidas preventivas. Para Parreira (2004), a elaboração de um programa para prevenção das lesão, deve ter uma ampla base de conhecimento teórico, a capacidade de avaliação do condicionamento físico dos atletas, o impacto causado e o grau de intensidade sobre corpo do atleta na prática desportiva. Sendo que atletas devidamente condicionados estão menos propensos a se lesionarem.
Segundo Parreira (2004), com a necessidade de prolongar a carreira dos atletas, sendo cada vez mais a indicação terapêutica para melhoria de outras atividades físicas e desportivas, e o aumento natural de pessoas que estão interessadas em se beneficiar dos seus aspectos preventivos e de aumento de desempenhos, os profissionais da área de fisioterapia deve dar mais prioridades aos treinos de prevenção de lesões.
Segundo Brito et al. (2008), os métodos de prevenção das lesões no joelho, incluindo as lesões do LCA, são realizado pelos treinos neuromuscular e o proprioceptivos. Tais métodos visam a implementação de um programa de treinamentos de condicionamento, reeducação corporal e treinos específicos com o intuito de prevenir as lesões no joelhos e melhora a coordenação motora durante a atividades desportivas.
3.5. O TREINO NEUROMUSCULAR
O treino neuromuscular tem como finalidade melhorar a resposta motora involuntária, gerando respostas mais rápidas e adequada aos músculos, dando mais estabilidade e minimizando o esforço sobre a articulação, também estimula a recuperação de padrão de movimentos e habilidades. O treino se dar por estímulo de sinais aferentes e dos sistema nervoso central. O treino neuromuscular se compõe no desenvolvimento da força muscular, resistência à esforços e potência, melhora das resposta neuromotora e desenvolvendo de skills (habilidades ou reflexos) específicos da modalidades desportiva.
No treino neuromuscular, o treinamento da força é essencial para qualquer programa de prevenção de lesão, sendo um base elementar para demais treinos. No futebol o treino de força visar aumentar a potência muscular para os momentos mais importantes e decisivos da competição, aumentar a resistência à fadiga ao longo do jogos, melhora a recuperação de força no pós jogos ou treino. O treino de força se subdividir em força máxima, resistência de força e potência, sendo que o treino de força máxima é o que mais se enquadre a modalidade do futebol, mas tendo atenção ao equilíbrio entre os músculos extensores e flexores.
Para Araújo (2011), o treinamento neuromuscular, como os exercícios pliometricos, de equilíbrio, de força explosiva (potência), de velocidade e de agilidade, além da melhorar na recepção do salto e da biomecânica do atleta, bem como na prevenção de lesão, demonstrou um aumento no desempenho físico e técnico do atleta.
3.6. O TREINO PROPORIOCEPTIVO
A capacidade proprioceptiva do corpo, se dar por um conjunto de receptores espalhados pelo corpo, que ajudam a perceber nossas próprio movimentos, como um feedback do sistema nervoso, nos auxiliando em nossa postura, estabilidade e equilíbrio. O proprioceptores estão distribuídos pelos nossos músculos, tendões, ligamentos e juntas, e nas camadas profunda da pele, contribuindo para calibragem de nossas força e movimentos.
Segundo Martins et al. (2019), a propriocepção é constituída de 4 funções sensitivas independente:
- Sensação de movimentação passiva – é a percepção de movimentação dos nossos músculos e articulações, sem a contração voluntária do mesmo, decorrente de ações externa ao corpo;
- Cinestesia – é a sensação da movimentação, ou contração muscular voluntário, inclusive a movimentação das articulações;
- Estagnosia – é a percepção espacial da posição do membro em relação ao resto do corpo;
- Dinamaestesia – é a percepção de tensão opostas à contração muscular. Sendo que os impulsos nervoso proprioceptivos são aferente ao sistema nervoso central, enquanto os controles neuromusculares são eferentes, responsáveis pela respostas motora ao esforço.
A capacidade proprioceptiva é a responsável pela manutenção do equilíbrio, da postura, e que nós permite realizar as mais diferentes ações e atividades.
E atletas que sofreram com lesões do LCA desenvolvem uma resposta motora, que incluir a maior frequência da ação dos isquiotibiais antes do joelho está sob carga, mantendo a articulação mais flexionada durante os esforços. Tal resposta neural, previne a translação anterior da tíbia, sendo possível reeducar o corpo à postura, antes do esforço ser aplicado, como um reflexo (BRITO et al., 2008).
Os treino proprioceptivos, tem como objetivo a melhoria da postura corporal dinâmica, reeducando o corpo, estimulando a propriocepção do atleta através de treinos específicos. Tais estímulos são obtidos em situações de variabilidade e instabilidade, é condicionado o equilíbrio do corpo com apoio unipodal sobre superfície móveis, com variado grau de dureza, podendo ter um referencial visual, ou sem referencial.
No futebol, devido a agilidades e dinâmica do jogo, o controle neuromuscular é de fundamental importância para manutenção da estabilidade dinâmica do atleta, sendo que em grande parte das movimentações do atleta se dar de modo unipodal, com o membro inferior contralateral. As inúmeras ações repetitivas, com grau de excentricidade elevado, com mudanças buscas de direção, e rápidas aceleração, estes fatores combinados ao fato que o futebol ser um esporte de contato, exigir o máximo das capacidades proprioceptivas do atleta, não só durantes as prática desportiva, mas contra eventuais incidentes de contato, potencialmente lesionadores.
Dados as circunstância que o futebol trás de riscos aos atletas, o treinos proprioceptivos tem ganhado mais relevância nos programas de prevenção de lesões, devido ao seu potencial preventivo.
3.7. PROPOSTA DE PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE LESÃO DO LCA
Para Resende et al. (2014), os profissionais de fisioterapia, quando necessário devem orientar para mudança na rotina de treinamento, da metodologia aplicada, visando a prevenção de patologias, mas sem se distância em demasiado da prática desportiva do atleta. Compete ao fisioterapeuta, através do acompanhamento do atleta, a identificação prévia de anormalidades físicas, instabilidades e desalinhamentos que podem desencadear em uma lesão, ou afastamento prolongado do atleta de sua prática desportiva. Por este motivo, um bom desenvolvimento de programa de treino preventivos, são essenciais para os atletas de alto desempenho.
Para Kurata et al. (2007), com os avanços técnicos e tecnológicos, e das ciências, os treinamento de alto nível dependem de planejamento, no tange na preparação física, técnica aplicadas, tática e psicológica. Onde são estabelecidos objetivos e metas de longo e médio prazo, com o acompanhamento técnico, planificado e periódico. E sempre que for necessário corrigir ou modificar o planejamento.
Ainda segundo Kurata et al. (2007), os programa de prevenção das lesões deve considerar a capacidade de avaliação técnica e de desempenho do atleta, bem como suas limitações. Também o nível de esforço e sobrecarga que a prática desportiva impactar sobre o desportista. Em vista disto, o programas preventivos, devem levar em consideração as particularidades de cada atleta, de acordo com as avaliações feitas, visando o equilíbrio muscular entre força e elasticidade, padrão postural, flexibilidade articular, assim como a identificação de lesões pré-existente e demais patologia limitadora que prejudique o desempenho do atleta.
Um exemplo de programa de prevenção de lesões do LCA para jogadores de futebol, é o proposto por Brito et al. (2008) (tabela 01), que combinar os treinos neuromusculares e os treinos proprioceptivos, sendo que tais propostas poder ser ajustada, para melhor se enquadrar a possibilidade de execução e ao aprimoramento de habilidades dos atletas.
Este programa de treinos deverá durar de 6 à 12 semanas, podendo ser realizado em pleno período de competição. Podendo ser realizado três sessões na semana, com duração média de 15 à 30 minutos. Propõe-se que antes de cada sessão de treino, seja feito um aquecimento dinâmico, de baixa intensidade, com movimentos adequados à modalidade, preparando o organismos dos atletas a intensidade do treinos.
Tabela 01 – Programa de prevenção de lesões do LCA em futebol, proposto por Brito et al. (2008).
Princípios Metodológico | ||
1.Aquecimento | ||
Jogging (Cooper) frontal e à retaguarda Distância: 10 – 20 m Corrida lateral Repetições: 2 vezes Corrida com passo cruzado Marcha com elevação de MI à frente Skipping (pulo) baixo/alto Balanços laterais e frontais de MI Marcha com diferentes tipos de apoio do pé no solo | ||
2.Treino neuromuscular | ||
Potência | Impulsões horizontais consecutivas com MI unidos Impulsões verticais com rotação de 180° Hops (pulinhos unopodal) frontais consecutivos Hops laterais consecutivos | Duração: 4 à 8 min Velocidades: máxima Repetições: 4-6 Série: 2-4 Intervalo: 1min30s–2min |
Ativação Neuromuscular | Partidas frontais em queda facial Partidas de costa e de lado | Velocidade: máxima Duração: 2 à 10 min Repetições: 2-8 Série: 1-3 Intervalo: 5x duração |
Resistência de força | Afundos multidirecionais (joelhada/agachamento) Russian hamstring (exercício para músculos isquiotibiais) | Duração: 20-45min Velocidade: média Repetições: 8-12 Série: 2-4 Intervalo: 1-1min30s |
3.Treino proprioceptivo | ||
Equilíbrio unipodal com desequilíbrios provocados por ajudante Equilíbrio unipodal com execução de habilidade com bola Equilíbrio unipodal com flexão e inclinação lateral do tronco | Duração: 30min Repetições: 2 (cada membro inferior – MI) |
4. CONCLUSÃO
Depois da revisão bibliográfica, vemos neste estudo que parte significativas das lesões do LCA são decorrentes de ações sem-contato, onde o ligamento sofre um sobrecarga, por causa da movimentação anômala do joelho, ocorrida em giro lateral, aterrissagem de salto, em manobras com mudanças bruscas de direção e em desaceleração. Levando ao limite a capacidade de movimentação do joelho, sendo que o futebol é um dos esportes de alto impacto sobre as articulações dos membros inferiores, exigindo o máximo das capacidades físicas dos jogadores.
Também vemos que pra o desenvolvimento de programa de prevenção de lesões do LCA, primeiramente precisamos identificar os fatores de riscos para lesões, a biomecânica por trás da ocorrência das lesões e como impedir. As escolhas dos treinos neuromusculares visando o fortalecimento e eficiência nos movimentos dos joelhos, bem como a diminuição dos esforços sobre o LCA. Os treinos proprioceptivos promovem uma reeducação corporal, tornando o corpo mais apto à responder aos esforços que demanda no futebol profissional.
O programa de prevenção de lesões do LCA deve ser antecedido de avaliações sobre as condições físicas e técnicas dos atletas, sendo que podemos ajustar o programa para cada atleta, como readaptar-lo para outras modalidades e aos graus de intensidades do esporte. Os programas em geral incluem as análises biomecânicas, treinamento de força, flexibilidades, pliometria, equilíbrio (proprioceptivos), agilidades, correção de postura e desequilíbrio musculares e melhora das manobras desportivas.
Apesar dos estudos não terem uma eficácia comprovada, há fortes indícios que os programas previnem as lesões nos joelhos, incluindo o LCA. Inclusive tende a gerar melhorias nos desempenhos dos atletas que se submetes aos programas.
5. BIBLIOGRAFIA
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BRITO, João; SOARES, José; REBELO, António Natal. Prevenção de lesões do ligamento cruzado anterior em futebolistas. Artigo de Revisão da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto – Porto, Portugal. Outubro de 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbme/v15n1/14.pdf
KURATA, Daniele Mayumi; JUNIOR, Joaquim Martins; NOWOTNY, Jean Paulus. Incidência de Lesões em Atletas Praticantes de Futsal. Artigo para Iniciação Científica CESUMAR Jan./Jun. 2007. Disponível em: https://periodicos.unicesumar. edu.br/ index.php/iccesumar/article/view/478
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