PREVENÇÃO DE INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS NA ADOLESCÊNCIA: UMA ANÁLISE INTEGRATIVA DA LITERATURA ATUAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12709703


Leandro Alves de Souza
Beatriz Fernandes da Silva
Eva Carlla de Sousa Lima
Izaque Furtado Coelho 
Júlio Henrique Ramos de Oliveira
Juscelino de Brito Sousa Junior
Laryssa Rosa Sousa Ferreira
Lucas de Sousa Macedo
Nagyla Lays Conceição Cruz 
Sandra de Souza Silva
Sérgio Sales Lima
Thiago Sousa Silva
Vinicius Barbosa Carvalho
Vitórya Gabryela Ramos Farias


RESUMO

Este estudo aborda a vulnerabilidade dos adolescentes e adultos jovens à aquisição de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), incluindo o HIV/AIDS, devido a diversos fatores, como iniciação sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais e lacunas na educação sexual. Diante dessa realidade, é imperativo adotar uma abordagem ampla para compreender e prevenir as ISTs nesse grupo populacional. Este estudo teve como objetivo realizar uma análise integrativa da literatura sobre prevenção de ISTs na adolescência, visando identificar abordagens, estratégias e lacunas de pesquisa relevantes. Foram selecionados 10 artigos através de uma revisão integrativa da literatura, destacando-se a eficácia de intervenções educativas participativas na redução de comportamentos de risco. No entanto, persistem desafios, como o conhecimento limitado sobre métodos contraceptivos e práticas desprotegidas, exigindo intervenções mais abrangentes e baseadas em evidências. Esta análise reforça a necessidade de políticas públicas e programas de saúde que incorporem estratégias educacionais inovadoras e sensíveis às necessidades específicas dos adolescentes para enfrentar eficazmente o problema das ISTs nesse grupo populacional, ao fornecer informações relevantes e orientações para futuras pesquisas e práticas, este estudo contribui significativamente para o avanço do conhecimento e para a promoção da saúde sexual e reprodutiva entre os adolescentes.

Palavras-Chave: Educação sexual. Estratégias de prevenção. Vulnerabilidade.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com as definições estabelecidas pelo Ministério da Saúde (MS) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência é caracterizada como o período compreendido entre os 10 e 19 anos, enquanto a juventude se estende dos 15 aos 24 anos. Este período é amplamente reconhecido como uma fase de descobertas e transições, durante a qual os jovens buscam frequentemente maior autonomia em suas decisões, emoções e ações. Entretanto, é importante notar que muitos adolescentes demonstram possuir um entendimento limitado acerca das formas de transmissão das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o que pode resultar em uma vulnerabilidade aumentada, especialmente em relação ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) (MESQUITA et al., 2017).

Numerosos estudos destacam a vulnerabilidade dos adolescentes e adultos jovens à aquisição de ISTs, incluindo o HIV/AIDS. Fatores como iniciação sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais, consumo de álcool e drogas ilícitas, uso esporádico de preservativos e lacunas na educação sexual e em programas preventivos contribuem para essa vulnerabilidade (SANTOS et al., 2021).

Diante do atual cenário, é inegável reconhecer a urgência de uma abordagem ampliada para a compreensão e prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (IST) entre adolescentes e jovens. A exposição a essas infecções, não apenas ao HIV, mas também a outras IST, desempenha um papel significativo no aumento do risco de adquirir e transmitir o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Diversos estudos destacam uma série de fatores que contribuem para a vulnerabilidade desses grupos à infecção pelo HIV. Entre esses fatores, destacam-se o início precoce da atividade sexual (PINTO et al., 2018), a falta de acesso ou a escassez de informações confiáveis sobre formas de transmissão e prevenção, além da ausência de discussões sobre sexualidade em ambientes escolares e familiares (LI et al., 2023).

Diante da crescente incidência de infecções sexualmente transmissíveis (IST) entre adolescentes, torna-se imperativo compreender e abordar efetivamente essa questão de saúde pública. A adolescência é uma fase crucial no desenvolvimento humano, marcada por intensas transformações biopsicossociais e pela exploração de novas experiências, incluindo a sexualidade. No entanto, o período também é caracterizado por vulnerabilidades específicas que podem aumentar o risco de exposição às IST, como a falta de acesso à educação sexual abrangente, o início precoce da atividade sexual e a escassez de informações precisas sobre prevenção e cuidados de saúde sexual. Nesse contexto, uma análise integrativa da literatura atual sobre prevenção de IST na adolescência é essencial para identificar lacunas no conhecimento e orientar intervenções eficazes.

Considerando a relevância e a complexidade do tema, o presente estudo tem como objetivo realizar uma análise integrativa da literatura atual sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis na adolescência. Por meio dessa análise, buscamos identificar as principais abordagens, estratégias e lacunas de pesquisa relacionadas à prevenção de IST entre os adolescentes. Com isso, pretendemos contribuir para o desenvolvimento de políticas e programas de saúde pública mais eficazes e direcionados às necessidades específicas desse grupo populacional, visando reduzir a incidência de IST e promover uma saúde sexual e reprodutiva positiva durante a adolescência.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Contextualização das ISTs na adolescência

A contextualização das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na adolescência requer uma análise abrangente dos fatores sociais, culturais e individuais que moldam o comportamento sexual e os padrões de saúde dos jovens. Conforme destacado por Silva et al. (2020), a adolescência é uma fase crítica para a exposição a ISTs devido a uma série de fatores, como iniciação sexual precoce, múltiplos parceiros sexuais, falta de acesso a informações confiáveis sobre saúde sexual e barreiras ao uso de preservativos. Nesse sentido, o ambiente sociocultural desempenha um papel fundamental na formação das atitudes e comportamentos dos adolescentes em relação à sexualidade e à saúde sexual (GONÇALVES et al., 2019). A cultura, a educação sexual, o acesso aos serviços de saúde e as normas sociais são alguns dos elementos que influenciam diretamente a percepção e as práticas relacionadas à sexualidade na adolescência.

Além disso, a interseção entre questões de gênero, poder e desigualdade social também desempenha um papel crucial na complexidade das ISTs na adolescência. De acordo com Lima e Santos (2018), as desigualdades de gênero e a violência de gênero podem aumentar a vulnerabilidade das adolescentes às ISTs, limitando seu acesso aos serviços de saúde, sua capacidade de negociar relações sexuais seguras e sua autonomia reprodutiva. Portanto, uma abordagem sensível ao gênero é fundamental para compreender e enfrentar os desafios relacionados às ISTs na adolescência, reconhecendo as diferentes experiências e necessidades dos adolescentes com base em sua identidade de gênero e contexto social.

2.2 Estratégias de prevenção e intervenção

As estratégias de prevenção e intervenção em relação às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na adolescência são fundamentais para mitigar os riscos de transmissão e promover uma saúde sexual mais saudável entre os jovens. Conforme ressaltado por Souza et al. (2021), uma abordagem abrangente e baseada em evidências é essencial para o desenvolvimento e implementação de programas eficazes de prevenção de ISTs. Isso inclui a educação sexual abrangente nas escolas, o acesso a serviços de saúde amigáveis para os adolescentes, a promoção do uso correto e consistente de preservativos, o rastreamento e tratamento de ISTs, e a disponibilidade de métodos contraceptivos adequados.

A educação sexual nas escolas desempenha um papel central na prevenção das ISTs entre os adolescentes, fornecendo informações precisas sobre saúde sexual, consentimento, contracepção e prevenção de doenças. Segundo estudos de Silva e Oliveira (2019), os programas de educação sexual baseados em abordagens inclusivas, sensíveis ao gênero e culturalmente apropriadas têm maior probabilidade de alcançar os jovens e capacitá-los a tomar decisões informadas sobre sua saúde sexual. Além disso, a disponibilidade de serviços de saúde acessíveis e confidenciais é essencial para garantir que os adolescentes possam buscar informações, aconselhamento e serviços de prevenção e tratamento de ISTs de forma segura e sem julgamentos.

A promoção do uso correto e consistente de preservativos é outra estratégia fundamental na prevenção das ISTs entre os adolescentes. Conforme destacado por Barbosa et al. (2020), os preservativos são altamente eficazes na redução do risco de transmissão de ISTs, incluindo o HIV, quando usados de forma consistente e correta. Portanto, é essencial fornecer acesso gratuito e fácil a preservativos, bem como educar os jovens sobre sua importância e como usá-los adequadamente.

Além disso, o rastreamento e tratamento de ISTs são componentes cruciais das estratégias de prevenção e intervenção. Muitas ISTs podem ser assintomáticas, o que ressalta a importância do rastreamento regular, especialmente entre os jovens sexualmente ativos. O diagnóstico precoce e o tratamento oportuno das ISTs não apenas melhoram a saúde individual, mas também ajudam a interromper a cadeia de transmissão dessas infecções na comunidade adolescente (LIMA et al., 2021). Portanto, investir em serviços de saúde que ofereçam testagem acessível e tratamento eficaz de ISTs é fundamental para reduzir sua incidência e impacto na adolescência.

3. METODOLOGIA

Este estudo consistiu em uma revisão integrativa da literatura, conduzida utilizando as bases de dados Science Direct, SciELO e PubMed, complementadas pela plataforma Google Scholar como fontes de dados científicos. A pesquisa foi orientada pela seguinte questão: “De que forma a falta de educação sexual adequada e o tabu em torno das ISTs contribuem para a propagação dessas infecções entre adolescentes, e como podemos abordar essas questões de maneira eficaz na prevenção e no tratamento?” Para a busca de artigos, utilizamos os descritores “Prevention of Sexually Transmitted Infections” e “Sexually Transmitted Infections in Adolescence”.

Os critérios de inclusão abrangeram artigos publicados entre 2019 e 2024, em inglês ou português. Artigos publicados antes desse período foram considerados se seus resultados fossem de relevância significativa para a discussão ou se não tivessem sido abordados em revisões anteriores. Excluímos artigos que não estavam alinhados com o escopo do estudo, incluindo revisões de tecnologias clássicas, séries de casos, estudos de caso-controle e duplicatas disponíveis em várias plataformas.

O processo de seleção envolveu uma triagem inicial dos resumos relevantes, seguida de uma revisão completa dos artigos para determinar sua conformidade com os critérios de inclusão. Os artigos selecionados foram organizados em uma tabela contendo informações como autor, ano de publicação, objetivo e principais resultados.

A busca inicial utilizando palavras-chave resultou em 4.196 resumos, sendo 1.190 da Science Direct, 506 da SciELO e 2.500 do PubMed. Após a análise dos títulos, 3.657 resumos foram excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão, resultando em 539 resumos para análise detalhada. Desses, 456 artigos foram excluídos após revisão dos resumos. A seleção final resultou em 83 artigos, dos quais 41 foram excluídos por serem indisponíveis em formato completo online ou inadequados quanto ao tipo de estudo. Assim, a revisão final incluiu 10 artigos, conforme demonstrado no fluxograma PRISMA (Figura 1).

Figura 1: Fluxograma da abordagem metodológica na seleção dos estudos.

Fonte: própria (2024)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após a seleção dos dez artigos, cada um foi submetido a uma análise detalhada, revelando que todos apresentaram relevância significativa para o escopo deste estudo, conforme evidenciado no Quadro 1. Esses estudos foram conduzidos em diversas regiões geográficas, empregando variados tamanhos de amostra e abrangendo uma ampla gama de objetivos e aplicações. A análise detalhada dos artigos selecionados forneceu uma base sólida para a revisão integrativa da literatura sobre a prevenção de infecções sexualmente transmissíveis na adolescência.

O Quadro 1 apresenta um resumo das características principais dos estudos incluídos, detalhando informações como o autor, ano de publicação, objetivo do estudo, tamanho da amostra e principais resultados. Esta compilação detalhada dos artigos permitiu uma análise comparativa e abrangente, enriquecendo a discussão sobre as estratégias e eficácia das intervenções para a prevenção das ISTs entre adolescentes.

Quadro 1: Características dos estudos selecionados

Autor/AnoObjetivo do EstudoPrincipais Resultados
Monteiro et al., 2019Avaliar o impacto de ações educativas sobre prevenção de HIV/AIDS em escolas.Ações educativas, especialmente usando métodos ativos como a educação por pares, mostraram redução de comportamentos de risco e aumento do conhecimento sobre prevenção.
Oliveira, 2020Apresentar um programa de educação em sexualidade e prevenção de IST para adolescentes cristãos e protestantes.Projeto visa implementar sessões educativas sobre prevenção de IST com adolescentes cristãos, considerando a influência da religião na saúde sexual.
Barreto et al., 2020Descrever a implementação de workshops de educação por pares para prevenção de HIV/aids entre adolescentes.Adolescentes apresentaram pouco conhecimento sobre HIV/aids e recebiam conselhos inadequados, mas a educação por pares mostrou ser uma estratégia eficaz para a conscientização.
Dourado et al., 2023Explorar a vulnerabilidade ao HIV entre homens cisgênero e mulheres transexuais adolescentes no Brasil e a eficácia da PrEP.Incidência de HIV está aumentando entre adolescentes HSH e mulheres adolescentes trans, atribuída a fatores socioestruturais e comportamentais. Apesar do aumento das estratégias de controle, persistem desafios no acesso a métodos preventivos.
Knauth & Pilecco, 2024Investigar percepções e práticas de jovens brasileiros sobre HIV/aids.Jovens percebem o HIV como uma doença difícil de identificar, o risco é visto como abstrato, o preservativo é temporário e confiam na parceria sexual. Políticas de prevenção devem oferecer informações de qualidade e insumos variados, além de trazer o tema para discussão pública.
Maia et al., 2021Descrever o comportamento e conhecimento de adolescentes sobre sexualidade e prevenção de IST.Adolescentes apresentam iniciação sexual precoce, práticas desprotegidas e conhecimento limitado sobre anatomia sexual.
Nery, 2021Identificar a prevalência do início da atividade sexual e da prática de sexo seguro em adolescentes.Prevalência de início precoce da atividade sexual e um terço das relações sexuais sem proteção entre adolescentes.
Santos et al., 2021Descrever a implementação de educação por pares para prevenção de HIV/aids entre adolescentes em uma escola.Educação por pares mostrou ser eficaz na conscientização sobre HIV/aids entre adolescentes. Métodos participativos foram empregados para fortalecer o conhecimento e a inserção dos alunos no processo de aprendizagem.
Santos et al., 2019Analisar as representações sociais de adolescentes sobre infecções sexualmente transmissíveis.Adolescentes enfatizam riscos, prevenção e irresponsabilidade no sexo desprotegido. Sugere-se implementar programas de educação em saúde para mudar atitudes em relação às IST.
Vieira et al., 2021Identificar o conhecimento de adolescentes sobre métodos contraceptivos e IST.Adolescentes apresentaram conhecimento limitado sobre prevenção de IST e contraceptivos, destacando a necessidade de educação sexual.

*HIV/AIDS: Vírus da Imunodeficiência Humana/ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, IST: Infecções Sexualmente Transmissíveis, PrEP: Profilaxia Pré-Exposição e HSH: Homens que fazem Sexo com Homens

Fonte: própria (2024)

A prevenção do HIV/AIDS entre adolescentes é uma questão premente no domínio da saúde pública, exigindo abordagens educacionais inovadoras e eficazes. Neste estudo integrativo, investigamos o impacto das intervenções educacionais na prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) entre adolescentes, analisando uma variedade de estudos empíricos e revisões da literatura.

Os estudos revisados abordaram diversas intervenções e questões relacionadas à prevenção de ISTs entre adolescentes, fornecendo dados valiosos sobre percepções, comportamentos e eficácia de estratégias educacionais. Intervenções educativas, especialmente aquelas que adotaram abordagens participativas e envolveram educação por pares, demonstraram eficácia na redução de comportamentos de risco e no aumento do conhecimento sobre prevenção (MONTEIRO et al., 2019; BARRETO et al., 2020; SANTOS et al., 2021).

No entanto, persistem desafios, com estudos indicando um conhecimento limitado sobre métodos contraceptivos e prevenção de ISTs entre adolescentes (VIEIRA et al., 2021), além de uma iniciação sexual precoce e práticas desprotegidas, especialmente entre os mais vulneráveis socialmente (MAIA et al., 2021; NERY, 2021). A escassez de informações adequadas sobre o HIV/AIDS e a influência de orientações inadequadas destacam a necessidade de intervenções mais abrangentes e baseadas em evidências (OLIVEIRA, 2020; SANTOS et al., 2019).

Além disso, convém ressaltar a importância de considerar os contextos culturais e religiosos na implementação de programas de prevenção do HIV/AIDS. Por exemplo, Oliveira (2020) descreve um programa de educação em sexualidade e prevenção de ISTs para adolescentes cristãos e protestantes, reconhecendo a influência da religião na saúde sexual e a necessidade de abordagens sensíveis à cultura.

Um estudo conduzido por Garcia et al. (2020) encontrou resultados semelhantes, mostrando que a educação sexual baseada em evidências e culturalmente sensível é essencial para a prevenção do HIV/AIDS entre adolescentes em contextos de baixa renda. Os resultados dos estudos revisados e de pesquisas adicionais destacam a complexidade do panorama da prevenção do HIV/AIDS entre adolescentes. Embora intervenções como a educação por pares demonstrem ser promissoras na redução de comportamentos de risco, ainda há lacunas significativas no conhecimento e na adoção de comportamentos preventivos.

A Educação Sexual proporciona discussões, reflexões e esclarecimentos sobre os aspectos relacionados com a reprodução, valores, normas, sentimentos, emoções e comportamentos, de forma democrática e favorável, sendo necessária para proporcionar aos jovens a aquisição de competências necessárias a uma vida sexual saudável (FUIGUEIRÓ, 2014).

Para Monteiro et al. (2019), a implementação de ações educativas nas escolas mostrou-se eficaz na redução de comportamentos de risco relacionados ao HIV/AIDS, especialmente quando utilizados métodos ativos como a educação por pares. Isso ressalta a importância de intervenções precoces e abrangentes para aumentar o conhecimento e promover comportamentos saudáveis entre os jovens.

A educação é fundamental na saúde sexual dos jovens e na prevenção de ISTs. Conhecer a realidade vivenciada e a percepção dos adolescentes sobre sua sexualidade deve ser um primeiro passo na elaboração de uma programação de ações educativas, problematizadoras e voltadas para o autocuidado, corroborando uma proposta emancipatória, criativa e humanizada, correspondente à educação progressista (MACIEL et al., 2014).

Barreto et al. (2020) destacam a eficácia da educação por pares na conscientização sobre HIV/AIDS entre adolescentes, apesar do baixo conhecimento inicial sobre o tema. Esses resultados enfatizam a importância de estratégias educativas inovadoras e participativas para abordar questões de saúde sexual entre os jovens.

Para Dourado et al. (2023), a vulnerabilidade ao HIV entre adolescentes cisgênero e transgênero no Brasil é uma preocupação crescente, influenciada por fatores socioestruturais e comportamentais. Embora haja um aumento nas estratégias de controle, persistem desafios no acesso a métodos preventivos, destacando a necessidade de abordagens integradas e inclusivas para reduzir o impacto do HIV/AIDS nesse grupo.

Knauth & Pilecco (2024) ressaltam as percepções complexas dos jovens brasileiros sobre IST, incluindo a dificuldade em identificar o risco e a confiança na parceria sexual. Esses achados destacam a importância de políticas de prevenção que forneçam informações precisas e abordem as crenças culturais e comportamentais dos jovens, já no estudo de Maia et al. (2021) observaram uma iniciação sexual precoce e práticas desprotegidas entre adolescentes, ressaltando a necessidade de educação sexual abrangente e acessível. Esses resultados indicam lacunas significativas no conhecimento e comportamento dos jovens em relação à saúde sexual e prevenção de ISTs.

Nery (2021) identificou uma prevalência preocupante de início precoce da atividade sexual e práticas sexuais sem proteção entre adolescentes. Esses resultados destacam a importância da educação sexual precoce e acesso a métodos contraceptivos para reduzir os riscos de transmissão de ISTs nessa faixa etária. Um estudo conduzido por Silva et al. (2022) corroborou as descobertas de Nery, observando uma prevalência semelhante de práticas sexuais desprotegidas entre adolescentes em uma amostra representativa. A pesquisa enfatizou a necessidade de programas educacionais que promovam a conscientização sobre a importância do uso de preservativos e o acesso a métodos contraceptivos como estratégias eficazes na prevenção de ISTs.

A educação para a saúde, importante no contexto da promoção da saúde, também não está focada somente na prevenção de doenças, mas sobretudo na promoção da qualidade de vida e do autocuidado de uma determinada população (BALDOINO et al., 2018).

A integração das descobertas de Santos et al. (2021), Santos et al. (2019) e Vieira et al. (2021) revela a complexidade e a urgência de intervenções abrangentes na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) entre adolescentes. Enquanto Santos et al. (2021) destacam a eficácia da educação por pares na conscientização sobre o HIV/AIDS, Santos et al. (2019) enfatizam a relevância de programas educacionais para corrigir percepções equivocadas sobre saúde sexual. Esses achados, aliados à constatação de Vieira et al. (2021) sobre o conhecimento restrito dos adolescentes sobre métodos contraceptivos e prevenção de ISTs, ressaltam a necessidade iminente de intervenções educativas que não apenas transmitam informações precisas, mas também promovam uma mudança de atitudes e comportamentos. Assim, estratégias educativas participativas e abrangentes são cruciais para capacitar os adolescentes com as competências necessárias para uma vida sexual saudável, mitigando as lacunas de conhecimento e as percepções inadequadas que podem contribuir para a propagação de ISTs.

A falta de acesso a informações precisas e confiáveis, juntamente com a iniciação sexual precoce e as práticas desprotegidas, ressaltam a necessidade urgente de intervenções mais abrangentes e culturalmente sensíveis. Além disso, a influência de fatores socioestruturais, como desigualdades econômicas e educacionais, exige abordagens que considerem essas disparidades e busquem mitigá-las (DOURADO et al., 2023). Um estudo realizado por Guimarães et al. (2020) corroborou as descobertas de Dourado, enfatizando que adolescentes cisgênero e transgênero enfrentam desafios únicos na prevenção de ISTs devido a barreiras socioestruturais e comportamentais. A pesquisa destacou que a falta de políticas inclusivas e serviços de saúde sensíveis ao gênero contribui para a vulnerabilidade desses grupos. Isso ressalta a importância de intervenções integradas e culturalmente sensíveis para abordar as necessidades específicas de adolescentes cis e trans.

A implementação bem-sucedida de programas educativos deve ser acompanhada por políticas públicas eficazes, que garantam acesso igualitário a informações e serviços de saúde sexual e reprodutiva. Além disso, a colaboração entre instituições educacionais, profissionais de saúde, líderes comunitários e organizações da sociedade civil é fundamental para criar ambientes de apoio e promover uma cultura de prevenção e cuidado (KNAUTH; PILECCO, 2024)  Resultados semelhantes foram encontrados por Leal et al. (2019), que identificaram uma falta de compreensão sobre a prevenção de ISTs entre adolescentes brasileiros, incluindo uma iniciação sexual precoce e uso inconsistente de métodos de proteção. Esta pesquisa sublinha a importância de políticas de prevenção que abordem não apenas a disponibilidade de informações, mas também a construção de habilidades de tomada de decisão e a promoção de comportamentos saudáveis desde cedo.

Ao comparar esses achados com outras pesquisas da literatura, podemos destacar a importância da contextualização cultural e da adaptação das intervenções às necessidades específicas de cada comunidade. Estudos futuros podem se concentrar em avaliar a eficácia de abordagens inovadoras, como o uso de tecnologias digitais e mídias sociais, na promoção da saúde sexual entre os jovens. Em síntese, os estudos desta análise reiteram a imperatividade de abordagens educativas integradas e culturalmente adaptadas na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis entre adolescentes. A eficácia evidenciada da educação por pares, conjuntamente com a importância de corrigir concepções equivocadas de conhecimento acerca da saúde sexual, sublinha a pertinência de programas educacionais abrangentes. Adicionalmente, a identificação de obstáculos como o início precoce da atividade sexual, práticas desprotegidas e entraves socioestruturais realça a urgência de intervenções que não somente abordem a disseminação de informações, mas também fomentem mudanças comportamentais e intervenham em níveis socioeconômicos e culturais mais amplos. Destarte, para atenuar os impactos das ISTs na saúde dos adolescentes, é crucial adotar uma abordagem holística que incorpore educação, acesso a serviços de saúde e políticas públicas sensíveis às demandas específicas desse estrato populacional.

6. CONCLUSÃO

Em síntese, o presente estudo proporcionou uma análise aprofundada e crítica das intervenções educacionais destinadas à prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) entre adolescentes. Ao amalgamar as descobertas de diversos estudos empíricos e revisões da literatura, evidenciamos a eficácia de abordagens participativas, como a educação por pares, na promoção de comportamentos saudáveis e na mitigação dos riscos de transmissão de ISTs. Além disso, identificando lacunas de conhecimento, percepções errôneas e desafios socioeconômicos e culturais que exigem intervenções educacionais sensíveis às necessidades específicas de cada adolescente.

Esta análise reforça a importância de políticas públicas e programas de saúde que incorporem estratégias educacionais inovadoras e integradas para lidar de forma eficaz com o problema das ISTs nesse segmento populacional. Ao fornecer informações relevantes e orientações para futuras pesquisas e práticas, este estudo contribui significativamente para o avanço do conhecimento e para a promoção da saúde sexual e reprodutiva entre os adolescentes.

REFERÊNCIAS

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