PREVENTION OF SEXUALLY TRANSMITTED INFECTIONS AND ACTIONS IN PRIMARY CARE: INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10672841
Luiz Gustavo Pereira e Silva1
Gabriel Camargo Gonçalves Cunha2
Carlos Augusto de Sousa França3
Eduardo Lourenço Sousa Leal4
Thompson de Oliveira Turíbio5
Resumo
Introdução: O estudo se concentra na prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na Atenção Primária à Saúde, uma área crucial para a saúde pública. O objetivo é avaliar estratégias eficazes na prevenção das ISTs e como estas são implementadas na Atenção Primária, proporcionando cuidados de saúde mais integrados e focados na prevenção. Objetivos: Identificar e analisar as estratégias de prevenção das ISTs na Atenção Primária, com vistas a entender como essas ações podem ser otimizadas para melhor atender às necessidades da população. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa com seleção de artigos nas bases de dados Pubmed/Medline, Portal Periódicos Capes, Scielo e Cochrane Library, com os descritores: “sexually transmitted infections”, “Primary health care”, “primary care” e “Prevention”. incluídos artigos com publicação de 2006 a 2022 com os idiomas em inglês e português Resultados: Foram identificadas as principais medidas na prevenção de infecções sexualmente transmissíveis na atenção primária, tais como rastreio, diagnóstico precoce, tratamento adequado, acesso à saúde e educação sexual, entre outros. Considerações finais: O estudo revela estratégias eficazes na prevenção das ISTs, destacando a importância de intervenções educacionais, acesso a métodos preventivos e a integração dessas estratégias na rotina da Atenção Primária.
Palavras-chave: Prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis. Atenção Primária à Saúde. Saúde Pública. Estratégias de Saúde. Promoção de Saúde.
1. INTRODUÇÃO
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são causadas por variados agentes etiológicos – bactérias, vírus, protozoários e outros microrganismos. Sendo, em sua maioria, disseminada via contato sexual (oral, vaginal e anal), sem o uso de preservativos (Ministério da Saúde, 2024). Embora a distribuição de preservativos seja gratuita pelo SUS, ainda há uma elevada quantidade de pessoas que mantém relações sexuais desprotegidas, sobretudo mulheres, jovens, com baixa renda e escolaridade, o que se assemelha ao perfil da população com menor acesso à educação e saúde . (FELISBINO-MENDES et al., 2021). Ademais, entende-se que essa seja a população mais acometida, pois na adolescência acontece o despertar da sexualidade, as transformações físicas, e psicossociais, além da vulnerabilidade e atitudes contestadoras (COSTA et al., 2019).
O diagnóstico das ISTs é feito, sobretudo, mediante a anamnese, do exame físico, o perfil epidemiológico também auxilia nesse diagnóstico – pessoas com maior vulnerabilidade- e, por fim, o exame laboratorial, que deve respeitar os critérios de 2 exames diferentes positivos para o diagnóstico (BRASIL, 2024). O conceito de resolutividade está condicionado à ação de solucionar. Assim, na Atenção Primária (AP) a resolutividade é uma forma de mensurar os resultados obtidos no atendimento ao usuário (D’Aguiar, 2001) .Embora toda a medicação para tratamento das ISTs seja disponibilizada de forma gratuita pelo SUS, a prevenção ainda é a melhor forma de se combater essas doenças, sendo até menos onerosa ao governo.
Entre as principais hipóteses tem-se a não adesão masculina ao uso das camisinhas masculinas, que além de proteger contra ISTs evitam as gravidez indesejadas. Essa baixa adesão se deve a fatores pessoais como, incômodo por usar, perda ou diminuição do prazer e até esquecimento, o que acaba normalizando o não uso (NASCIMENTO; CAVALCANTI; ALCHIERI, 2017). Tal justificativa é incompreendida, pois no mercado atual há inúmeros tipos de preservativos, cada vez mais delgados, a fim de manter o máximo de sensibilidade (GUIMARÃES et al., 2020).
Outro fator de grande relevância para o aumento dos casos de ISTs é as medicações antirretrovirais que inibem a replicação do vírus HIV. A medicação dá ao usuária a falsa ideia de que ele está protegido contra as demais doenças, como sífilis, gonorreia e clamídia, porém a medicação só serve contra o HIV e sua taxa de sucesso é de até 98%, quando utilizada de forma correta (QUEIROZ; SOUSA, 2017). Ademais, observa-se um aumento das doenças venéreas em idosos, sobretudo o HIV, que está aumentando de forma alarmante, pois devido ao aumento da expectativa de vida, bem como da qualidade de vida, os idosos estão mais ativos sexualmente, é na maioria das vezes desprotegidos, tanto de preservativos, quando de informações (ANDRADE et al., 2017).
Ademais, temos o aumento da incidência em jovens ao longo dos anos, sendo como as causas principais o não uso do preservativo, a falta de experiência sexual, o uso de drogas e a grande variabilidade de parceiros, justificando a propagação em massa das infecções (Taquette et al., 2004). Por serem mais vulneráveis a experimentações, os mais jovens acabam sendo as principais vítimas, e por terem menos acesso à saúde eles não se tratam e propagam as infecções (Taquette et al., 2004). Mediante tais informações, necessita-se de uma análise acerca da literatura sobre o tema, para que as ações sejam estratégicas nessa problemática.
Portanto, o objetivo desse artigo é auxiliar nas ações de saúde, em especial nas da atenção básica, onde se encontra a grande capacidade resolutiva do sistema de saúde. Com um perfil epidemiológico traçado, envolvendo os mais acometidos, grupos de risco, fatores desencadeantes, pode-se reestruturar o fluxograma de atendimento da atenção básica, formular diretrizes e protocolos, com o intuito de otimizar o atendimento.
2. REVISÃO DA LITERATURA
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) são prevalentes e recorrentes, tornando-se um problema de ordem mundial. Está entre as cinco principais causas da procura por atendimentos de saúde. Quando analisamos a epidemiologia das IST percebemos que 25% dos diagnósticos se concentram na população com idade abaixo de 25 anos, sendo multifatorial os fatores que corroboram para uma elevação da taxa de incidência (MIRANDA et al., 2021).
O sociólogo John Gagnon afirma que o comportamento humano é influenciado pela cultura, e que a conduta sexual é determinada tanto pela história quanto pela cultura, e seu comportamento está intrínseco ao meio. Assim, é relevante identificar as práticas sexuais dos adolescentes, que dependem do contexto social para se entender a complexidade dos fatores (ANDERY, 2011). Identificar o comportamento sexual dos adolescentes permite determinar as medidas de prevenção mais eficazes. Em um estudo feito em uma instituição privada de ensino superior no Rio de Janeiro demonstrou que a maioria dos alunos entrevistados demonstraram conhecimento acerca das formas de transmissão e complicações das ISTs. A principal forma de prevenção é o uso do preservativo (masculino e feminino).
Figura 1 – Uso de preservativos nos roteiros sexuais de estudantes universitários.
Fonte: Spindola et al., 2021
Segundo Ciriaco, a falha na prevenção das IST está relacionada com a baixa visibilidade das doenças, as formas como são transmitidas, seus sintomas e consequências, bem como sua incidência. Ao vê-las de forma distante, os jovens acabam negligenciando as infecções, os tornando mais vulneráveis a elas. O HIV/aids é entre as infecções a mais conhecida e temida, por ter uma relação histórica e um estigma com a clínica de magreza, queda de cabelo, características físicas bem distintas e impactantes, o que não condiz mais com a realidade devido ao avanço nos tratamentos da doença. Na década de 1990 o HIV/aids foi compreendida como uma doença e superando o campo da saúde, sendo característica a preocupação com as condutas sexuais da sociedade na época vigente, onde havia o que se considerava “sexo de risco”: homossexuais (OLTRAMARI, 2005).
3. METODOLOGIA
A metodologia de pesquisa empregada foi a decrevisão integrativa. Essa revisão busca a partir de pesquisas bibliográficas qualitativas, quantitativas e descritivas proporcionar a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos, na prática. A principal vantagem deste modelo é conhecer o tema sob a visão de diversos autores, tendo uma melhor percepção de quais são as medidas preventivas adotadas na atenção básica com foco na prevenção das infecções sexualmente transmissíveis.
A pergunta norteadora para esse estudo foi: quais medidas preventivas de IST são adotadas na Atenção Primária à Saúde? As buscas pelos artigos aconteceram com o intervalo entre 2006 e 2022, com as bases de dados Pubmed/Medline, Portal Periódicos Capes, Scielo e Cochrane Library, com os descritores: “sexually transmitted infections”, “Primary health care”, “primary care” e “Prevention”.
Com base na pesquisa foram obtidos 354 artigos, dos quais 16 foram escolhidos para leitura na íntegra após a leitura do abstract (figura 1). As referências bibliográficas dos artigos selecionados foram consultadas em busca de artigos com relevância para o estudo. A figura 1 mostra o fluxo de coleta e seleção dos artigos conforme os critérios de inclusão e exclusão.
Figura 2 – Fluxograma de seleção de artigos para composição da presente revisão.
Fonte: elaborada pelos autores.
4. RESULTADOS
A partir da análise dos artigos, conclui-se que as principais intervenções para a prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na atenção primária incluem estratégias educativas dirigidas tanto a profissionais de saúde quanto à população, melhorias nos sistemas de diagnóstico e vigilância, e a implementação de protocolos clínicos baseados em evidências. Essas intervenções destacam a necessidade de uma abordagem integrada e multidisciplinar que enfatize a educação continuada, o uso de tecnologia para reforçar o acompanhamento e a prevenção, e a adaptação das estratégias às necessidades específicas das comunidades atendidas.
5. CONCLUSÃO
A análise dos artigos revela que a prevenção e o manejo das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) na atenção primária enfrentam desafios significativos, incluindo a subutilização do aconselhamento preventivo, limitações na vigilância e diagnóstico, e a necessidade de melhorias no envolvimento dos profissionais de saúde. As intervenções educativas mostram-se promissoras na melhoria do conhecimento dos profissionais e na redução da transmissão vertical de ISTs. Contudo, é evidente a necessidade de estratégias mais eficientes e abrangentes, que considerem a educação continuada dos profissionais, o uso de tecnologias para o monitoramento e controle de ISTs, e a participação comunitária. Além disso, a análise sugere que a implementação de práticas baseadas em evidências e a adaptação das intervenções às realidades locais são fundamentais para o avanço na prevenção e tratamento das ISTs na atenção primária.
REFERÊNCIAS
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- ANDRADE, J. et al. Vulnerabilidade de idosos a infecções sexualmente transmissíveis. Acta Paulista de Enfermagem, v. 30, n. 1, p. 8–15, 2017.
- CIRIACO, N. L. C. et al. A importância do conhecimento sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) pelos adolescentes e a necessidade de uma abordagem que vá além das concepções biológicas. Revista em extensão, v. 18, n. 1, p. 63–80, 2019.
- COSTA, M. I. F. DA et al. Social determinants of health and vulnerabilities to sexually transmitted infections in adolescents. Revista brasileira de enfermagem, v. 72, n. 6, p. 1595–1601, 2019.
- D’AGUIAR, J. M. M. O programa saúde da família no Brasil: a resolutividade do PSF no Município de Volta Redonda, RJ. 2001.
- FELISBINO-MENDES, M. S. et al. Sexual behaviors and condom use in the Brazilian population: analysis of the National Health Survey, 2019. Revista brasileira de epidemiologia [Brazilian journal of epidemiology], v. 24, n. suppl 2, 2021.
- GUIMARÃES, D. A. et al. Dificuldades de utilização do preservativo masculino entre homens e mulheres: uma experiência de rodas de conversa. Estudos de psicologia, 2020.
- MIRANDA, A. E. et al. Políticas públicas em infecções sexualmente transmissíveis no Brasil. Epidemiologia e serviços de saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil, v. 30, n. spe1, 2021.
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- QUEIROZ, A. A. F. L. N.; SOUSA, A. F. L. DE. Fórum PrEP: um debate on-line sobre uso da profilaxia pré-exposição no Brasil. Cadernos de saude publica, v. 33, n. 11, 2017.
- SPINDOLA, T. et al. A prevenção das infecções sexualmente transmissíveis nos roteiros sexuais de jovens: diferenças segundo o gênero. Ciencia & saude coletiva, v. 26, n. 7, p. 2683–2692, 2021.
- TAQUETTE, S. R.; VILHENA, M. M. DE; PAULA, M. C. DE. Doenças sexualmente transmissíveis e gênero: um estudo transversal com adolescentes no Rio de Janeiro. Cadernos de saude pública, v. 20, n. 1, p. 282–290, 2004.
- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Orienta es Para O Tratamento de Infecções Sexualmente Transmiss veis [op]. [s.l.] World Health Organization, 2005.
- Brasil. Ministério da Saúde. Protocolo clínico para atenção integral às pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). [S.l.]: Ministério da Saúde, [data de publicação não informada]. ISBN 978-65-5993-276-4. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_atecao_integral_ist.pdf. Acesso em: 15 fev. 2024.
- Ministério da Saúde. Saúde de A a Z – IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis). Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/i/ist. Acesso em: 15 fev. 2024.
1Discente do Curso Superior de medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas – Palmas e-mail: coracy2011@hotmail.com.
2Discente do Curso Superior de medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas – Palmas e-mail gabriel_camargo05@hotmail.com.
3Discente do Curso Superior de medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas e-mail: caugustow33@gmail.com.
4Discente do Curso Superior de medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas e-mail: eduardolourenco189@gmail.com.
5Docente do Curso Superior de medicina do Instituto Afya Faculdade de Ciências Médicas e-mail: thompson.turíbio@itpacporto.edu.br.