REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8104105
Maria Rosilane Albuquerque da Silva1, Anna Emíllia de Oliveira Maciel Freitas2,Danyelle da Silva Diniz3,
Fernanda Rocha Dorta Barros4, Isadora Gomes de Almeida Silva5, Isabelly Sampaio Bezerra6,
João Eduardo Miranda Lima7, Júlia Renata Pinto Correia de Melo8, Laura Cristina Alves de Sousa9,
Lorena Alencar Ferreira Delmondes10, Milena Ferreira Ramalho11, Monallysa Beatryz Barbosa Bezerra12,
Paola Xavier Araújo13, Ravanna de Assis Macêdo14, Rúbia Damasceno Albuquerque Oliveira15, Thales Vitor Brasil Araújo16
RESUMO
Objetivo: Analisar a prevalência e o perfil de idosos institucionalizados com depressão ou sintomas depressivos. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada em junho de 2023. As palavras norteadoras foram: “Depressão”, “Idosos” e “Institucionalizados”, que foram aplicados nas plataformas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e SciELO. Foram utilizados como critérios de inclusão: artigos em inglês e português, pesquisas realizadas em quaisquer localidades e artigos dos últimos 5 anos. Em contrapartida, os critérios de exclusão foram: artigos pagos, artigos incompletos e pesquisas de literatura cinzenta. Em seguida a aplicação de tais filtros, foram encontrados 127 artigos elegíveis para estudo. Por fim, após análise aprofundada, 8 artigos foram utilizados para composição da pesquisa. Resultados: Pode-se perceber a alta prevalência de depressão nos idosos institucionalizados, quando comparada à média de depressão dos idosos em geral. O sexo de predileção de sintomas depressivos, na maioria dos estudos, foi o feminino. Os baixos níveis de escolaridade ou até mesmo o analfabetismo, foram apresentados como significativos na presença de depressão. Ademais, a maioria dos idosos com algum indício depressivo não tinha parceiro ou companheiro, eram viúvos ou solteiros. Além disso, a maior parte dos trabalhos revelou uma maior institucionalização do sexo masculino, em contraposição a uma maior apresentação depressiva feminina. Conclusão: A institucionalização do idoso é um grande fator de risco para a depressão, em decorrência da redução da autonomia, da ausência da família e de limitações para realizar atividades ocupacionais, gerando prejuízos à saúde mental. A institucionalização e a depressão têm se tornado gradativamente mais presentes na vida dos gerontes, comprometendo a qualidade de vida do idoso. Por fim, observamos a prevalência da institucionalização do sexo masculino, já a da depressão é mais comum nas mulheres que vivem nestes locais.
Palavras chave: Institucionalizados; Depressão; Idosos.
INTRODUÇÃO
O envelhecimento é um fenômeno natural que atinge o homem e sua existência na sociedade, manifestando-se em todos os domínios da vida. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), devido ao avanço da ciência e da tecnologia, a expectativa de vida aumentou 16 anos nos últimos 45 anos. Assim, no Brasil, a população idosa vem crescendo anualmente, chegando a 28 milhões de indivíduos, o que representa 13% da população brasileira. Diante disso, estimativas da OMS sugerem que em 2025 o Brasil será o sexto país no mundo em número de idosos (ANTUNES et al., 2021).
À medida que a população envelhece aumenta também as doenças que têm associação com a velhice. Com isso, o processo de envelhecimento vem acompanhado por várias alterações funcionais, como alterações psicológicas e motoras. Entre as principais patologias que acometem os idosos, podemos citar: Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), doenças cerebrovasculares e diabetes mellitus tipo 2. Além disso, na parte psicológica, a doença que mais é diagnosticada nos idosos é a depressão, o que demostra preocupação para a saúde pública, pois uma depressão não tratada corretamente pode resultar em suicídio. “No Brasil, a prevalência de depressão entre as pessoas idosas varia de 4,7% a 36,8%” (SOUSA et al., 2020).
A depressão é frequentemente ignorada nos idosos, visto que, os profissionais de saúde geralmente confundem os sintomas depressivos com manifestações do processo de envelhecimento. No entanto, são vários os motivos pelos quais os idosos podem desenvolver depressão, entre eles, podemos citar os fatores biológicos, psicológicos e/ou sociais. Nesse sentido, a institucionalização do idoso é um grande fator de risco para a depressão, em decorrência da redução da autonomia, da ausência da família e de limitações para realizar atividades ocupacionais, gerando uma desorganização mental que pode, inclusive, agravar condições de saúde preexistentes.
Ademais, o aumento da idade não significa necessariamente adoecer, com medidas preventivas pode-se manter o idoso em condições saudáveis nos domínios físico e cognitivo, mantendo a autonomia de vida por longo período. Contudo, na presença de depressão, o diagnóstico e a intervenção precoces podem propiciar uma melhor qualidade de vida aos idosos institucionalizados. Logo, esse trabalho tem como objetivo analisar a prevalência e o perfil de idosos institucionalizados com depressão ou sintomas depressivos.
METODOLOGIA
O artigo em questão caracteriza-se por ser uma revisão de literatura do tipo integrativa, realizada em junho de 2023. Iniciada com uma busca de estudos primários da literatura disponível, em que dados necessários à temática foram selecionados, e uma análise dos estudos primários foi feita, posteriormente os resultados foram interpretados e explicitados. As palavras norteadoras foram: “Depressão”, “Idosos” e “Institucionalizados”, que foram aplicados nas plataformas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e SciELO.
Posteriormente, os critérios de inclusão foram: artigos em inglês e português, pesquisas realizadas em quaisquer localidades e artigos dos últimos 5 anos. Em contrapartida, os critérios de exclusão foram: artigos pagos, artigos incompletos e pesquisas de literatura cinzenta. Após a aplicação de tais filtros, foram encontrados 127 artigos elegíveis para estudo. Por fim, após análise aprofundada, 8 artigos foram utilizados para composição da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A busca na literatura por estudos que fornecessem dados quanto à prevalência depressiva e perfil dos idosos com sintomas depressivos, resultou em um total de 6 artigos que se apresentavam relevantes para análise. Na Tabela 1 apresentamos as principais informações de cada estudo analisado, além de seus principais resultados.
Tabela 1 – Características dos artigos analisados.
Fonte: autores (2023).
O estudo de Murillo et al (2020) com 50 gerontes de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), no município de Foz do Iguaçu/PR, caracterizou o idoso institucionalizado e fez gradação do nível depressivo, através da aplicação da escala de depressão geriátrica. Os resultados apresentados revelaram uma maior institucionalização masculina (68%) e uma faixa etária septuagenária prevalente, houve distinção de estado civil entre homens e mulheres, sendo metade das mulheres viúvas e 46% dos homens solteiros. Um dado que se destacou nesse estudo foi o baixo perfil de escolaridade destes idosos, 81,5% das mulheres e 67,6% dos homens eram analfabetos.
Quanto à aplicação da escala de depressão geriátrica por Murillo et al (2020), os que atingiram nível normal na escala representaram 50%. Portanto, 25 dos idosos apresentaram algum grau de sintomatologia depressiva. Deles, 18 (36% do total de entrevistados) portavam depressão leve e 7 (14% do total de entrevistados) apresentaram depressão grave. Ainda foi notada uma prevalência de depressão em mulheres (62,5%), como também uma predisposição ao grau grave (31,25%) em comparação com o sexo masculino (5,89%).
Em seu estudo com 19 idosos de uma ILPI em Lagoa Seca/PB, Andrade et al (2020) constatou a tendência de baixa escolaridade e estado civil solteiro dos idosos institucionalizados. No entanto, na contramão de outros trabalhos, contou com uma amostra feminina muito maior do que a que é observada em outros estudos (84,2%). A partir da análise dos dados, foi constatado um baixo escore de qualidade de vida nesses idosos, além de uma forte correlação do escore baixo com sintomas depressivos.
Almeida et al (2020) desenvolveu seu trabalho em duas ILPIs da cidade de São Paulo/SP, com uma amostra de 29 idosos. Sua amostra contou com uma maioria de mulheres (72%), viúvas (66%) e com baixa escolaridade (83%). Ao analisar sintomas depressivos dos participantes, notou características de depressão em 48% dos entrevistados, sendo a maioria mulheres. Nas associações de variáveis, um dos resultados mais importantes foi a demonstração do cronotipo vespertino como potencializador dos sintomas depressivos, além da associação desse cronotipo ao sexo feminino.
O trabalho de Guimarães et al (2019) foi desenvolvido com 42 idosos, residentes em uma ILPI filantrópica do município de Jequié/BA. Da amostra de idosos estudada, 57,1% eram homens, havendo prevalência de sintomas depressivos em 54,8%, com predomínio do sexo feminino (64,7%), alto comprometimento cognitivo (69%) e 1/3 dos idosos tinham algum tipo de incontinência urinária. Ao analisar o grupo de idosos com sintomas depressivos, foi possível associá-los fortemente às variáveis incontinência urinária, autopercepção negativa de saúde e qualidade ruim de sono.
Acerca de uma definição de prevalência depressiva quanto ao sexo, Andrade et al (2021) questionou se os estudos que afirmam uma maior prevalência de depressão em mulheres, realmente representam uma contraposição verídica, apontando o mascaramento masculino dos sintomas depressivos como justificativa. Em seu trabalho de aplicação da escala de depressão geriátrica em idosos institucionalizados no estado de São Paulo, constatou uma predisposição masculina de 68% aos indícios depressivos, destacando também o estado civil divorciado (36%) como variável relevante.
Para além da institucionalização, o estudo de Meneguci et al (2019) trouxe uma prevalência de 21,0% de sintomas depressivos em idosos brasileiros, fornecendo uma visão do quão relevante é a institucionalização para a saúde mental do idoso. No entanto, ao analisar os subgrupos, constatou alta heterogeneidade, não conseguindo definir uma causa através da meta regressão, o que demonstra a escassez de trabalhos com uma abordagem mais ampla da depressão geriátrica.
Em termos gerais, pôde-se perceber a alta prevalência de depressão nos idosos institucionalizados, quando comparada à média de depressão dos idosos em geral. Tendo como sexo de predileção de sintomas depressivos, na maioria dos estudos, o feminino. Os baixos níveis de escolaridade ou até mesmo o analfabetismo, foram apresentados como significativos na presença de depressão. Ademais, a maioria dos idosos com algum indício depressivo não tinha parceiro ou companheiro, eram viúvos ou solteiros. Além disso, a maior parte dos trabalhos revelou uma maior institucionalização do sexo masculino, em contraposição a uma maior apresentação depressiva feminina.
CONCLUSÃO
A população idosa é mais vulnerável a desenvolver problemas de saúde, e os transtornos mentais são frequentes entre os idosos, com destaque para a depressão e os sintomas depressivos. Com isso, é evidente que o fenômeno do envelhecimento populacional é um desafio contemporâneo da saúde pública brasileira, e que a institucionalização e a depressão tem se tornado gradativamente mais presente na vida das pessoas idosas, comprometendo assim, os seus hábitos e costumes, e também dissociando de forma intensa e profunda a sua qualidade de vida, uma vez que a institucionalização do idoso é um grande fator de risco para a depressão, em decorrência da redução da autonomia, da ausência da família e de limitações para realizar atividades ocupacionais, gerando prejuízo à saúde mental.
Por fim, quanto ao perfil do idoso institucionalizado, observamos a prevalência da institucionalização do sexo masculino, já a da depressão é mais comum nas mulheres que vivem nestes locais. Sendo assim, se evidencia a necessidade do diagnóstico e tratamento precoce e correto da depressão, prevenindo seus agravos e efeitos negativos para a saúde e qualidade de vida do idoso.
REFERÊNCIAS
MURILLO, R. S. G. et al. Degree of geriatric depression in the elderly residingin a Brazilian long-term care institution, Journal of Aging & Innovation, v. 9, n. 1, p. 30- 44, 2020.
ANDRADE, L. T. et al. Avaliação da depressão e da qualidade de vida de idosos institucionalizados. Revista Enfermagem Atual in Derme. v. 94, n. 32, e-020077, 2020.
ALMEIDA, E. B. et al. Depressive symptoms and chronotypes of elderly nursing home residentes: A case management study. Dementia & Neuropsychologia, v. 14, n. 2, p. 165– 170, 2020.
GUIMARÃES, L. de A. et al. Sintomas depressivos e fatores associados em idosos residentes em instituições de longa permanência. Ciência & Saúde Coletiva, v. 24, n. 9, p. 3275–3282, 2019.
ANDRADE, C. et al. Rastreamento de depressão em idosos residentes em instituições de longa permanência. Nursing, v. 24, n. 280, p. 6179–6190, 2021.
MENEGUCI, J. et al. Prevalência de sintomatologia depressiva em idosos brasileiros: uma revisão sistemática com metanálise. Jornal Brasileiro De Psiquiatria, v. 68, n. 4, p. 221– 230, 2019.
ANTUNES, T. L. et al. Humanização da assistência de enfermagem à saúde do idoso: uma análise integrativa da literatura. Múltiplos Acessos, v. 6, n. 3, p. 151-163, 2021.
SOUSA, P. H. S. F et al. Enfermagem na Prevenção da Depressão no Idoso. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 9, p. 70446-70459, 2020.
1Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
2Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
3Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)
4Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
5Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
6Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
7Graduando em Medicina pelo Centro Universitário de Patos (UNIFIP)
8Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU)
9Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU)
10Graduanda em Medicina pela Faculdade de Medicina de Olinda (FMO)
11Graduanda em Medicina pela Faculdade Ages de Medicina – Campus Jacobina/BA
12Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU)
13Graduanda em Medicina pela Faculdade Ages de Medicina – Campus Jacobina/BA
14Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)
15Graduanda em Medicina pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU)
16Graduando em Medicina pelo Centro Universitário Santa Maria (UniFSM)