PREVALENCE OF ACTIVE LIFESTYLE AS AN INDICATOR IN THE REDUCTION OF DEPRESSIVE SYMPTOMS IN ADOLESCENTS: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411220705
Bianca Marques Gomes Lima1;
Leyla Regis de Meneses Sousa Carvalho2
RESUMO
Introdução: A depressão é um transtorno que ocorre com várias alterações no corpo, os sintomas se manifestam na área cognitiva, emocional e física que comprometem diretamente e de forma negativa a vida social, pessoal e profissional das pessoas por ela afetada. Objetivo: Verificar a prevalência do estilo de vida ativo como indicador na redução dos sintomas depressivos em adolescentes. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo integrativa, executada através de investigações nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Pubmed e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), utilizando os seguintes descritores: depressão em adolescentes, depressão e exercício físico, depressão e atividade física, depressão e atividade física em adolescentes e depressão, exercício físico e adolescentes. Resultados: Os adolescentes que mantém um estilo de vida ativo manifestaram índices reduzidos de sintomas depressivos, porem, foram identificados alguns fatores associados à depressão neste grupo como: fatores sociais, emocionais e hormonais devido aos sintomas da puberdade, tendo em vista a insegurança psicológica, as dúvidas, incertezas e as influências sociais impostas neste período da vida. Considerações: Manter a prática de se exercitar regulamente de forma planejada e estruturada tem manifestado efeitos positivos quando se trata da saúde mental. A conscientização para esse grupo é necessária, uma vez que, os níveis de depressão têm se tornado prevalente, devido às distintas cobranças nos quais esse grupo é submetido. Sugere-se mais pesquisas nesta temática, comparando o nível de atividade física em diferentes faixas etárias, para que assim se possa compreender os limites do referido transtorno.
PALAVRAS-CHAVE: Adolescentes. Depressão. Estilo de vida. Exercício Físico.
ABSTRACT
Introduction: Depression is a disorder that occurs with several changes in the body, the symptoms manifest themselves in the cognitive, emotional and physical areas that directly and negatively compromise the social, personal and professional life of the people affected by it. Objective: To verify the prevalence of active lifestyle as an indicator of the reduction of depressive symptoms in adolescents. Method: This is an integrative literature review, carried out through investigations in the following databases: Virtual Health Library (VHL), Pubmed and Scientific Electronic Library Online (SciELO), using the following descriptors: depression in adolescents, depression and physical exercise, depression and physical activity, depression and physical activity in adolescents and depression, physical exercise and adolescents. Results: Adolescents who maintain an active lifestyle manifested reduced rates of depressive symptoms, however, some factors associated with depression were identified in this group, such as: social, emotional and hormonal factors due to the symptoms of puberty, in view of the psychological insecurity, doubts, uncertainties and social influences imposed in this period of life. Considerations: Maintaining the practice of exercising regularly in a planned and structured way has manifested positive effects when it comes to mental health. Awareness for this group is necessary, since the levels of depression have become prevalent, due to the different demands to which this group is submitted. Further research on this theme is suggested, comparing the level of physical activity in different age groups, so that the limits of this disorder can be understood.
KEYWORDS: Adolescents. Depression. Lifestyle. Exercise.
1 INTRODUÇÃO
Segundo dados da Organização mundial da Saúde OMS (2017) aproximadamente 5,80% da população brasileira têm depressão e ou sintomas depressivos, somando quase 11,5 milhões de casos registrados no país, apresentando o maior índice da América Latina. Atualmente, o transtorno é um problema de saúde pública e estima-se que mais de 322 milhões de pessoas, sofram com esse transtorno no mundo, com relação aos adolescentes a depressão afeta aproximadamente 1,1% dos adolescentes de 10 a 14 anos e 2,8% entre 15 e 19 anos.
A depressão é conhecida como o mal do século, um dos sintomas que se manifestam está a tristeza e baixa autoestima, alem disso, tal transtorno, retira o prazer do indivíduo de fazer coisas que antes eram prazerosas, as alterações de humor são constantes que por ventura pode acabar em suicídio (HAMMEN, 2005).
Esse transtorno ocorre com várias alterações no corpo, entretanto os mais comuns são os sintomas cognitivos, emocionais e físicos que comprometem diretamente e de forma negativa a vida social, pessoal e profissional das pessoas por ela afetada. Nesse sentido quanto mais sintomas o indivíduo apresentar, considerando os mencionados acima, maiores são os sofrimentos manifestados, geralmente dependendo do grau de sintomatologia ocorre baixa no sistema imunológico podendo acarretar outros tipos de problemas, a exemplo, doenças cardiovasculares, hipertensão e AVC (FERREIRA; GONÇALVES; MENDES, 2014).
Entre os principais métodos de intervenção empregados para curar e ou minimizar o quadro da doença estão o uso de fármacos por meio de antidepressivos, as psicoterapias e a inclusão da prática de atividade física/exercício físico de forma complementar na redução dos sintomas depressivos (GONÇALVES, 2018).
Segundo Parreira (2023) praticar exercícios físicos regularmente reduz os riscos de desenvolver sintomas de depressão em adolescentes, proporcionando vários benefícios, dentre eles: melhoria do humor, alívio do estresse, além de liberar neurotransmissores que se associam ao bem estar e incremento da interação social, entretanto, manter uma rotina regular de exercícios pode ser desafiador para pessoas que estão acometidas com esse transtorno (SIMONI, 2014.)
A prática de exercícios favorece inúmeros benefícios na redução dos sintomas depressivos, positivamente auxilia na saúde fisiológica e psicológica ao ponto de ser comparada como prática psicoterapêutica, em relação aos benefícios fisiológicos estão: a redução do peso corporal, melhoria na postura, melhoria na regulação da glicose e na capacidade cardiorrespiratória, doenças essas que estão relacionadas ao sedentarismo, alem de ampliar o aumento da força muscular e uma melhor qualidade no desempenho em atividades do cotidiano (RIBEIRO, 1998), em relação aos aspectos psicológicos os exercícios atuam sobre a liberação, equilíbrio e intensificação de neurotransmissores e seus receptores específicos como: a serotonina, endorfina, dopamina, noradrenalina responsáveis pela sensação de bem-estar, prazer, melhoria do humor, sono, apetite contribuindo na redução do quadro depressivo (COSTA, et al., 2015).
Estudo executado por Oliveira (2018) ratificou que a prática de atividade física/exercícios físicos manifestam efeitos de proteção contra o risco de depressão, sendo uma ferramenta de tratamento psicossocial para pacientes com depressão, a primeira delas esta relacionada à aquisição de condicionamento físico reduzindo alguns desconfortos causados pelo prazer de exercitar-se (ANIBAL; ROMANO, 2017).
Em se tratando de depressão em adolescentes, de acordo com a American Psychiatric Association – APA (2005) os adolescentes, vivenciam inúmeras batalhas dentre elas e talvez a mais difícil sejam as doenças psicológicas, que estão mais propensas a surgir nesta faixa etária, dentre esses fatores: os fatores sociais, emocionais e hormonais por conta principalmente da puberdade e sua vulnerabilidade se tornam mais desafiadores quando comparados ao de um adulto, tendo em vista a insegurança psicológica, as dúvidas, incertezas e as influências sociais impostas neste período da vida.
Nas últimas décadas houveram modificações no estilo de vida da população infanto juvenil, como: redução da alimentação saudável e consequente sedentarismo, dessa forma, além de desenvolver o bem-estar físico, o estilo de vida ativo podem auxiliar na melhoria do bem-estar emocional desses adolescentes, neste sentido, a presente investigação é de verificar a prevalência do estilo de vida ativo como indicador na redução dos sintomas depressivos em adolescentes.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa realizada é do tipo revisão bibliográfica integrativa, esse tipo de método tem o objetivo de sintetizar resultados obtidos por pesquisas sobre uma temática ou questão, de maneira sistemática, classificada e abrangente ilustrando um problema e empregando o conhecimento disponível por meio de artigos científicos publicados na temática proposta (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Esse estudo adotou inicialmente as seguintes etapas de preparação: (a) seleção do tema a ser aferido; (b) levantamento bibliográfico priorizando a temática a ser desenvolvida; (c) leitura delineada adotando critérios de inclusão e exclusão; (d) análise dos dados e (e) conclusão.
O presente estudo foi realizado através de investigações nas seguintes bases de dados: Google Acadêmico, Pubmed e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), utilizando os seguintes descritores: depressão em adolescentes, depressão e exercício físico, depressão e atividade física, depressão e atividade física em adolescentes e depressão e exercício físico e adolescentes todos publicados no Brasil nos últimos 10 anos.
Os critérios de inclusão das publicações foram somente as que tratavam do conhecimento sobre depressão e exercício físico em adolescentes publicados no Brasil em publicações científicas de campo compreendidas entre os anos de 2014 a 2024 (10 anos), considerando as palavras chave já destacadas acima, porem, foram excluídos todos e quaisquer descritores que não fazem parte deste constructo como: depressão em idosos e/ou outra faixa etária e grupo não compatível com a finalidade desta pesquisa. Foram excluídos também toda e quaisquer publicações fora do período compreendido entre 2014 a 2024, assim como: trabalhos publicados em monografias, dissertações, teses e livros didáticos.
Após a concretização das etapas acima foram executadas as análises de conteúdo, seguindo a proposta por Bardin (2011) que se configura em três fases: (1) pré-análise; (2) levantamento do material (3) catalogação dos dados coletados; (4) sistematização e interpretação dos resultados, nesta fase, os objetivos e os resumos proposto dos artigos foram sintetizados atendendo aos critérios de inclusão e exclusão, em seguida, os dados selecionados foram aparelhados em planilhas obedecendo a sequencia cronológica dos artigos, após a concretização dos dados coletados seguiu-se a etapa de discussão e elaboração das considerações finais.
Os dados foram organizados em categorias atendendo a proposta de similaridade entre os pares e assim as categorias foram centralizadas para estabelecer, classificar e agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger uma totalidade, priorizando a ordem cronológica das publicações.
Nesta etapa, buscou-se uma leitura minuciosa de cada artigo selecionado para analisar o ajustamento à temática em questão, sua relevância, autenticidade e profundidade e por fim, foram categorizados e organizados seguindo a ordem cronológica da publicação, conferindo os dados encontrados no processo com a finalidade de atender aos objetivos propostos pelo estudo.
Figura 1. Fluxograma analítico do levantamento bibliográfico
3. RESULTADOS
O Quadro 01 abaixo apresenta os resultados da pesquisa, acatando aos critérios de inclusão e exclusão. Os dados estão claramente classificados atendendo a ordem cronológica e pelos seguintes critérios: autor, ano, título, metodologia, resultados e considerações. Foram executadas análises de 06 (seis) artigos atendendo ao eixo temático proposto pelo estudo elegido por meio de buscas nas bases de dados.
Quadro 1- Sínteses dos resultados da prevalência do estilo de vida ativo na redução dos sintomas depressivos em adolescentes
Autor | Título | Metodologia | Resultados | Considerações |
Chapla et al. (2016) | Correlação entre comportamentos de risco à saúde, ansiedade e depressão em adolescentes | Pesquisa realizada com 112 escolares com idade média de 14,1 anos, sexo feminino (53,6%) Estudo descritivo e correlacional. Foram utilizados os instrumentos IPAQ – versão curta para avaliar o nível de atividade física, o YRBSS para avaliar consumo de fumo e álcool, CDI e SCAREDA para avaliar os sintomas de depressão e ansiedade respectivamente. | Os resultados apontaram que houve prevalência de insuficiência de atividade física (53.5%) e riscos de ansiedade (16.9%). Adolescentes com maior consumo de álcool apresentaram associação positiva com risco de depressão (r=0,245; p=0,006). Houve prevalência de sedentarismo no sexo feminino (65%); risco de ansiedade de (26.7%) e consumo de bebidas alcoólicas (20%). . | Foi possível observar que houve prevalência de insuficientes ativos no sexo feminino aumentando a probabilidade na aquisição dos sintomas depressivos. Quantos aos adolescentes que mantiveram um nível de prática de moderada à vigorosa intensidade o risco de desenvolver o transtorno foi reduzido. Quanto aos adolescentes que faziam uso frequente de bebidas alcoólicas manifestaram baixos níveis de atividade física e escores prevalentes de sintomas depressivos, portanto, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e ampliar os níveis de atividade física de moderada a vigorosa são medidas preventivas conta os sintomas depressivos. |
Bélair et. al., (2017) | Relação entre atividade física no lazer, comportamento sedentário e sintomas de depressão e ansiedade: evidências de uma amostra de base populacional de adolescentes. | Pesquisa realizada com adolescentes entre 14-15 anos, que relataram sintomas de depressão. Trata-se de um estudo transversal. Foram utilizados Questionários incluindo: nível de atividade física que foram ajustados por sexo, etnia, status de imigração, renda familiar, educação parental, fator stress e condições crônicas de saúde. | As chances de ter sintomas moderados e graves de depressão e ansiedade em adolescentes fisicamente inativos foi prevalente (2.45). A probabilidade de vir a desenvolver sintomas em níveis moderados e graves de depressão foi de (1.69) vezes maior nos adolescentes sedentários. | Foi possível observar que os adolescentes com estilo de vida fisicamente inativo apresentaram prevalência de sintomas depressivos, isso só reforça que a atividade física auxilia na saúde mental dos jovens. Desta forma o sedentarismo está significativamente relacionado aos sintomas de depressão, portanto é relevante elaborar políticas públicas para este grupo visando estimular a prática de exercícios regulares e orientados. |
Chae, Kang, Ra (2017) | A estima corporal e associação entre atividade física e depressão em adolescentes | Pesquisa realizada com 848 estudantes. Foi utilizado o questionário sobre autoestima corporal; e atividade física e depressão. Os tópicos foram usados para testar os efeitos da autoestima corporal na associação entre atividade física e depressão. | Foi possível observar que o sexo feminino apontou prevalência de sintomas depressivos quando comparadas ao sexo masculino, porem, o sexo masculino apresentou níveis prevalentes de atividade. Houve correlação da autoestima e dos níveis de depressão com a prática de atividade física. | A atividade física pode reduzir o risco de depressão, como também influencia na autoestima corporal dos adolescentes. |
Vancampfort et al (2018) | Comportamento sedentário e sintomas depressivos entre adolescentes de 12 a 15 anos de 30 de baixa e média renda | Pesquisa realizada com 67.077 adolescentes com média de idade 13,8 anos; sexo feminino (50,6%). Foram avaliadas as seguintes variáveis: tempo gasto sentado, assistindo TV, jogos de computador e conversas com amigos no cotidiano. | Os resultados apontam sintomas depressivos (28.7%) e comportamento sedentário (30.6%). Com o aumento do tempo de sedentarismo pode-se notar um aumento linear dos sintomas depressivos. O estudo mostrou que gastar ≥3 h/dia versus < 3 h/dia estava associado a um aumento de (20%) nas chances de desenvolver sintomas depressivos. | Observou-se que nível de atividade física abaixo de pelo menos 3 horas por dia aumentam as chances para desenvolver sintomas depressivos, portanto, pesquisas nesta temática são necessárias para que se possa aplicar intervenções que visem estimular a aquisição de um estilo de vida ativo para esse público em questão |
Ferreira et al. (2020) | Inatividade física no lazer e na escola está associada à presença de transtornos mentais comuns na adolescência | Pesquisa realizada com 73.399 adolescentes de 12 a 17 anos. Trata-se de um estudo transversal. Os instrumentos utilizados foram o General health questionnaire, para determinação do nível de atividade física foi utilizada uma adaptação do Self-administered physica lactivity checklist A atividade física no lazer foi classificada de acordo com o volume de prática semanal, e os adolescentes foram classificados em ativos (≥ 300 minutos/semana), inativos (0 minuto/semana) e insuficientemente ativos (1–299 minutos/semana). | Foi possível observar que os transtornos mentais comuns foram prevalentes no grupo inativo (16.0%). Tanto quanto nos sujeitos que não praticaram esportes (37.2%) e não participaram das aulas de educação física na escola (39.5%). Nos sujeitos que praticam atividade física no lazer, independentemente da duração e frequência semanal, reduziu as chances de transtornos mentais comuns nessa população (26.0%) | Os sujeitos que estavam inativos no lazer e na Educação física escolar apontaram a presença de transtornos mentais. Os resultados sugerem que a prática da educação física escolar e atividades de lazer têm relação com a saúde mental nesta amostra pesquisada. |
Furtado et, al., (2023) | Fatores associados ao nível de atividade física em adolescentes | Pesquisa realizada com 219 adolescentes, com média de idade de 15,7 anos, sexo feminino (52.5%) da amostra, classe econômica média (51.1%). Trata-se de um estudo transversal de abordagem quantitativa. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram: Escala de Autoestima de Rosenberg, Eating Attitudes Test (EAT-2, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e Questionário Socioeconômico. | Foi possível observar que os adolescentes estão muito ativos (55.3%), autoestima baixa (39.3%); risco para desenvolver transtorno alimentar (17.8%); e risco para sintomas de depressão moderada (13.3%,). | Conclui-se que os adolescentes com baixa autoestima apontam maiores riscos para sintomas de depressão, pautado neste desfecho, se faz importante estimular ações para a prática de atividade física. |
4 DISCUSSÃO
A prática de exercícios e ou atividade física realizadas regulamente podem estar associadas à menor ocorrência dos sintomas depressivos, como se observa no primeiro estudo do quadro acima, Chapla et al (2016) os resultados apontaram prevalência de insuficiência de atividade física (53.5%), quanto aos adolescentes que têm baixos níveis de atividade física e faziam uso frequente de bebidas alcoólicas, manifestaram elevados sintomas depressivos, com prevalência de insuficiência de atividade física no sexo feminino.
Para Best e Ban (2021) as mudanças de comportamento dos jovens na adolescência vão além de questões hormonais tendo em vista que o cérebro também está se desenvolvendo, a exemplo, o córtex pré-frontal do cérebro parte do cérebro que está envolvida na tomada de decisões é responsável pela capacidade do jovem de planejar e considerar as consequências de seus atos, bem como controlar impulso é remodelado durante a adolescência, ou seja, as múltiplas mudanças em conjunto com influencias ambientais e sociais podem empurrá-los para uma trajetória negativa a exemplo, o aumento do consumo de bebidas alcoólicas (WATANABE, 2017).
A prática de exercícios nesta etapa da vida está associada às mudanças no estilo de vida como: redução do tempo sentado, alimentação saudável e não uso de álcool, tabaco e drogas, dentre outros. É importante compreender as características destes jovens sedentários e que fazem uso de álcool a fim de identificar quais fatores estão associados a esse comportamento para que programas de intervenção possam ser acionados (SOUZA et al., 2022).
Outro fato que chama atenção para os dados acima foi a prevalência de sedentarismo no grupo feminino é importante ressaltar que, segundo Araujo e Alexande (2017) a mídia expõe a hipersexualização da mulher no esporte com isso resulta em poucas meninas ocupando esses espaços e práticas ditas “masculinas” (ARAUJO; ALEXANDRE, 2017).
No segundo desfecho Beláir et al. (2017), em um estudo populacional com 9.700 adolescentes, as chances de ter sintomas moderados e graves de depressão nos adolescentes fisicamente inativos foi prevalente, concluindo que a prática de atividade física auxilia, não só na saúde mental dos adolescentes, pois permite ter uma conexão entre a mente e corpo possibilitando uma vida saudável.
Os exercícios físicos realizados como tratamento alternativo ou até mesmo, como tratamento complementar, têm apresentado efeitos positivos em relação ao alívio de sintomas depressivos em adolescentes. Manter a prática regular de Atividade física/exercício físico em um período de 3 ou 4 vezes na semana, tem se tornado eficaz para aqueles adolescentes que apresentam depressão, melhorando sua saúde mental (WANG et al., 2002). Os resultados neuroquímicos do exercício são positivos, claros e amplos, por isso, a indicação da prática de atividade física deva ser iniciada o mais cedo possível como alternativa de suporte (MACEDO et al, 2024).
Quanto ao terceiro estudo de Chae, Kang e Ra (2017) afirmam que houve correlação da autoestima e dos níveis de depressão com os sujeitos ativos, sugerindo que manter-se ativo pode favorecer tanto na redução quanto nos risco de adquirir os sintomas depressivos, sendo uma estratégia promissora pra auxiliar na saúde mental.
Furtado et al (2023) corrobora com o desfecho acima quando ressalta que autoestima e os sintomas de depressão são fatores relacionados à prática de atividade física, com isso, a rápida identificação de adolescentes com baixa autoestima e risco para sintomas de depressão grave pode ser uma forma de cuidado, engajar-se em atividades físicas pode aumentar a autoestima e a autoconfiança, especialmente quando as pessoas notam melhorias na saúde física e na capacidade de executar habilidades motoras (BRITO et. al. 2020).
Rentz-Fernandes et al (2017) relataram que os adolescentes que tinham sobrepeso ou obesidade apresentaram uma maior insatisfação corporal. Depressão e autoestima estão relacionadas à imagem corporal e não ao IMC, demonstrando que a subjetividade dos adolescentes deve ser avaliada. A prática regular de exercícios pode ajudar a estabelecer uma rotina saudável, proporcionando estrutura no dia a dia, o que pode ser especialmente útil para as pessoas com depressão.
Entretanto no quarto estudo Vancampfort et al (2018), observou que nível de atividade física abaixo de pelo menos, 3 horas por dia aumentam as chances para desenvolver sintomas depressivos na adolescência, mostrando uma crescente evidência da relação entre comportamento sedentário e saúde mental precária em adolescentes, com esse desfecho se faz necessário oferecer novos métodos e estratégias para lidar com a relação depressão-comportamento sedentário em seus estágios iniciais.
Aníbal e Romano (2017) reforçam que os exercícios físicos vêm sendo propício quando se trata em prevenir contra os sintomas da depressão, uma vez que, os mesmos apresentam benefícios para a saúde os quais podemos destacar: os efeitos anatômicos, quando se trata no melhoramento da postura, peso e no equilíbrio corporal, é possível destacar também influencia no sistema nervoso, cardiorrespiratório, como também, no melhoramento da capacidade física e mental, trazendo efeitos significantes na saúde física, durante a adolescência, servindo como um arcabouço de proteção e prevenção para o desenvolvimento de sintomas ou transtornos depressivos (TOSSEB et al., 2014)
Os efeitos positivos que os exercícios físicos vêm trazendo para os sintomas da depressão têm influenciado, principalmente, mecanismos biológicos e psicossociais, levando a produção de efeitos antidepressivos. É possível ressaltar que atividades planejadas e estruturadas evidenciam o melhoramento na redução dos sintomas depressivos (KANDOLA et al., 2019).
Ferreira et al (2020) verificou no quinto estudo a prevalência de transtornos mentais no grupo inativo (16.0%). Tanto quanto nos sujeitos que não praticaram esportes (37.2%) e não participavam das aulas de educação física na escola (39,5%). Nos sujeitos que praticam atividade física no lazer, independentemente da duração e frequência semanal reduziu as chances de transtornos mentais comuns nessa população (26.0%), os dados apontam para a importância da educação física escolar evitando assim a evasão nas aulas de educação física.
Sobre esse ponto de vista, quando se trata da evasão da educação física na escola, isso já vem se manifestando desde o advento da cultura digital, que permitiu mudanças sociais significativas, devido à maior disponibilidade de computadores, celulares e etc., envolvendo os adolescentes em novas formas de interações e a partir disso, causando o afastamento das práticas de atividades físicas, dentro e fora do ambiente escolar (RAISTENSKIS et al., 2015), até porque segundo Silva et.al. (2017), a escola é um excelente espaço para se discutir o sedentarismo e a inatividade física com esse grupo, posto que, na escola por meio da educação física, enquanto disciplina escolar é possível debater os conhecimentos sobre o corpo e o movimento com infinitas possibilidades de apoio, aquisição e manutenção da saúde, favorecendo momentos para o despertar e o alertar da importância de se movimentar-se, dessa forma, segundo Sousa, Romão e Sousa-Carvalho (2023) se faz importante valorizar o papel relevante da Educação Física escolar, uma vez que, os conteúdos empregados podem influenciar positivamente nesta intervenção, por meio dos jogos, danças, lutas, ginástica, esportes dentre outras práticas
E finalizando a respectiva discussão o sexto estudo proposto por Furtado et al., (2023) apontaram que os adolescentes estão muito ativos (55.3%); baixa autoestima (39.3%); risco para desenvolver transtorno alimentar (17.8%); risco para sintomas de ansiedade grave (12.3%) e risco para sintomas de depressão moderada (13.3%,). Conclui-se que os adolescentes com baixa autoestima apontaram maiores riscos para sintomas de depressão, pautado neste desfecho, se faz importante estimular ações para a prática de atividade física.
Na concepção de Souza e Kerbauy (2015), dentre os principais benefícios para a saúde do exercício regular concentram-se na redução da gordura corporal, aumento da força e massa muscular, além de melhorar os componentes psicológicos, como: autoestima, autoconceito, imagem corporal, função cognitiva e redução do uso de drogas, Furtado et al. (2023) afirmam que a intervenção precoce para jovens com baixa autoestima e em risco de sintomas depressivos merece programas de intervenções públicas que visem à prevenção de doenças físicas e mentais por meio da prática de exercícios.
Diante da proposta aqui empreendida, é possível afirmar que, segundo Moraes, Mendes e Sousa-Carvalho (2023) o estilo de vida ativo contribui tanto de forma preventiva quanto como auxiliar no tratamento para a redução dos sintomas depressivos, uma vez que, durante a atividade corporal ocorre a liberação e ativação significativa de neurotransmissores que atuam sobre a sensação de bem-estar, prazer, contentamento, relaxamento, cooperando para o aumento da autoestima e melhoria do humor, abrangendo os aspectos físicos, emocionais e sociais, a liberação de endorfinas, que agem no cérebro reduz o quadro deste transtorno mostrando-se muito eficaz principalmente nos casos leves e moderados da depressão (OLIVEIRA; SILVA; SOUSA-CARVALHO, 2022)
5 CONSIDERAÇÕES
Diante do exposto, foi analisado que a depressão é uma doença multifatorial e que os adolescentes estão mais suscetíveis a esse transtorno devido à vulnerabilidade, posto que, é uma etapa de transição da infância para vida adulta, que abrange elementos de crescimento biológico, psicológicos, familiares e adaptações a papeis sociais que provocam muitas dúvidas e desafios, pois é uma fase de reestruturação emocional.
A partir da análise da relação estilo de vida ativo com a depressão, os dados sugerem que os adolescentes possuem um estilo de vida sedentário e com níveis de atividade física entre o moderado e o baixo, quanto aos níveis de sintomas depressivos esses indicaram entre o nível moderado e grave. Os principais fatores associados à depressão estão o sedentarismo, a má alimentação, o uso de álcool, fatores emocionais e hormonais alem da insegurança psicológica, dúvidas, incertezas e as influências sociais impostas neste períodoo que os coloca em situação de alerta, neste contexto, manter um estilo de vida ativo pode trazer melhorias tanto como fator preventivo quanto no tratamento dos sintomas.
Essa investigação é de suma importância, pois permite analisar o que pode ser mudado no estilo de vida, portanto, sugere-se que se façam mais estudos comparando as diferenças entre atividade física e exercício físico, posto que são termos distintos, assim como prevalência de depressão por faixa etária, classe social utilizando diferentes instrumentos para que assim se possa aprimorar o cuidado e a atenção para esse grupo.
No tocante às limitações do estudo, a pesquisa de revisão bibliográfica limita alguns questionamentos mais profundos principalmente em relação ao nível de atividade física e fatores associados, como: fatores socioeconômicos, fatores culturais incluindo os motivos que envolvem aspectos da subjetividade que levam ao sedentarismo e consequentemente ao quadro depressivo.
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1Acadêmica do Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina (PI), Brasil. Email: analeticiamedino@hotmail.com.
2Doutora em Educação Física pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e professora do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina (PI), Brasil. Email: leyla.regis@hotmail.com.