PREVALÊNCIA DO CONSUMO ALIMENTAR DE ULTRAPROCESSADOS ENTRE CRIANÇAS DE 06 A 23 MESES DE IDADE DAS CAPITAIS DO BRASIL ENTRE 2017 E 2021

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10319323


Anabely do Carmo Sousa1; Graciane de Souza Ferreira 2; Lana Cristina Brito dos Santos3; Marilac Vieira Cardoso4; Vitória Queiroz de Azevedo Silva5; Orientadora: Lorena de Araújo Maia6; Coorientadora: Valéria Trycia de Oliveira Magalhães7 


Resumo  

Este estudo analisou o consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças de 06 a 23 meses  nas capitais do Norte do Brasil (Rio Branco, Macapá, Manaus, Belém, Porto Velho, Boa Vista  e Palmas) de 2017 a 2021. O objetivo era determinar a prevalência desse consumo e seus efeitos na saúde infantil. A metodologia incluiu a coleta de dados de fontes diversas, como livros e artigos científicos, incluindo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. Os resultados mostraram uma associação entre o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e o aumento de doenças crônicas não transmissíveis em crianças. O estudo destacou a  importância da classificação NOVA de alimentos e sua influência nas políticas públicas de  nutrição e saúde no Brasil. Uma revisão de literatura abordou a transição nutricional no Brasil  e os efeitos negativos do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados na saúde pública.  O estudo enfatizou a importância da alimentação infantil adequada e do aleitamento materno  exclusivo até os seis meses de idade. Recomendações foram feitas para fortalecer programas de  orientação nutricional e implementar políticas públicas que apoiem o acesso a alimentos  saudáveis. A análise dos dados do SISVAN revelou um consumo significativo de alimentos  ultraprocessados entre as crianças avaliadas, apesar da alta prevalência de aleitamento materno  em algumas capitais. O estudo ressaltou a importância do aleitamento materno contínuo e  alertou sobre os problemas de saúde relacionados ao consumo de ultraprocessados. Em resumo,  o presente estudo permitiu uma compreensão abrangente sobre o consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças na região Norte do Brasil, ressaltando a importância de uma  alimentação mais saudável e consciente para a garantia do bem-estar das crianças e prevenção  de doenças crônicas não transmissíveis.  

Palavras-chave: Crianças. Alimentos ultraprocessados. Alimentação complementar. Aleitamento  materno continuado. Doenças crônicas não transmissíveis.  

1 INTRODUÇÃO  

Em um mundo cada vez mais globalizado, é amplamente reconhecido que o consumo  excessivo de alimentos ultraprocessados tornou-se uma prática comum, especialmente em países de alta renda. No entanto, nos últimos dez anos, houve um aumento no consumo desses  alimentos em países econômicos emergentes. No Brasil, ocorreram mudanças nos hábitos  alimentares da população, principalmente com a substituição de alimentos caseiros e naturais  por alimentos processados e ultraprocessados (GIESTA et al., 2027).  

Conforme apontado pelo Ministério da Saúde (2014), o acesso a informações fidedignas  acerca das características e dos determinantes de uma alimentação adequada e saudável desempenha um papel fundamental no aumento da autonomia das pessoas, famílias e comunidades  para realizar escolhas alimentares conscientes, bem como na defesa do direito humano à alimentação adequada e saudável.  

Entretanto, estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, 2021), mostra que os alimentos ultraprocessados estão sendo introduzidos cada vez mais precocemente na  alimentação infantil, tal consumo vem apresentando risco no desenvolvimento das crianças.  

Nesse contexto, em que o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados durante  a infância é uma realidade, surge a questão até que ponto esse consumo pode afetar a saúde das  crianças nessa fase, considerando a importância de uma alimentação nutritiva para a manutenção da saúde e do bem-estar. 

Diante disso, o presente estudo tem por objetivo geral determinar a prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados e a prática de aleitamento materno continuado entre crianças de 06 a 23 meses de idade, das capitais do Norte do Brasil entre 2017 e 2021 e por objetivos específicos descrever a transição nutricional no Brasil, identificar as principais doenças crônicas não transmissíveis provenientes de uma alimentação inadequada e analisar os marcadores do consumo de alimentos ultraprocessados. Além disso, serão apresentados aspectos relacionados à classificação dos alimentos e a importância da alimentação complementar adequada desde  a primeira introdução alimentar.  

2 METODOLOGIA  

A pesquisa bibliográfica é a metodologia que apoiou o trabalho inicialmente. De acordo  com Sousa (2021) uma pesquisa bibliográfica transcende a mera recapitulação de informações  previamente expostas sobre um determinado tema, pois propicia uma análise sob uma nova  ótica ou abordagem, conduzindo em descobertas inovadoras. Portanto, a pesquisa bibliográfica  não apenas fornece um apanhado do que já foi estudado, mas também abre caminho para novas interpretações e compreensões. 

Nesse sentido, considerou-se diversas fontes de informações, como livros, manuais,  teses, além de artigos de portais de trabalhos científicos, a saber: CAPES, Scielo, PUBMED,  Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), google acadêmico, revistas eletrônicas de saúde e de  setores governamentais.  

No sistema de busca, utilizou-se as palavras-chave: “alimentos ultraprocessados”,  “alimentação infantil”, “doenças crônicas”, “transição nutricional”, “aleitamento materno” e  realizada leitura seletiva, com base em autores renomados que nos deram as premissas para o  entendimento do tema proposto e sua relevância. Como critério de inclusão foram utilizados  artigos publicados no período entre 2015 e 2023, publicados em português e inglês. Foram  excluídas publicações anteriores ao ano de 2015.  

Podemos, ainda, caracterizar a pesquisa em descritiva, baseada na análise documental,  com abordagem qualiquantitativa, cuja característica está na coleta de dados, por meio de  relatórios disponíveis na plataforma de dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional  – SISVAN. Sousa (2020) sustenta que a coleta de dados representa a busca por informações  visando esclarecer um fenômeno em estudo.  

Este estudo abrange a região Norte do Brasil, especialmente as capitais Rio Branco,  Macapá, Manaus, Belém, Porto Velho, Boa Vista e Palmas. Para coleta de dados foram  utilizados como referência o período de 2017 a 2021, durante os quais foram analisadas 8.258  crianças entre 06 a 23 meses de idade. Além disso, as variáveis do estudo foram coletadas por  meio de formulários de marcadores de consumo alimentar, isto é, consumo de alimentos ultraprocessados e de aleitamento materno.  

Por fim, os dados foram tabulados em planilhas do Microsoft Excel. Em seguida, foi  realizada análise descritiva por frequência absoluta (n) e relativa (%) do consumo de alimentos  ultraprocessados e das práticas de aleitamento materno continuado para caracterizar a amostra  estudada e apresentados em gráficos.  

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA  

3.1 Transcrição nutricional no Brasil  

No decorrer das últimas décadas, o Brasil tem testemunhado uma série de transformações de ordem social, econômica e, igualmente, demográfica, epidemiológica e nutricional. Até  o início da década de 70, o panorama das doenças no Brasil estava associado a condições de carência, tais como desnutrição do tipo marasmo, Kwashiorkor, anemias e hipovitaminoses, assim como doenças infecciosas decorrentes das inadequadas condições sanitárias e de higiene  (BARROS et al., 2021).  

Em consonância com as transformações nos perfis demográfico e epidemiológico da população brasileira, pode-se observar uma queda na prevalência de desnutrição e um aumento  significativo de casos de sobrepeso/obesidade, caracterizando a progressão da transição nutricional (PEREIRA et al., 2016).  

A transição nutricional constitui-se como uma modificação no perfil alimentar, resultante de alterações sociais e econômicas que exercem influência sobre as preferências alimentares da população, destacando-se pelo crescimento do consumo de alimentos processados e  ultraprocessados (SANTOS, 2021).  

A modificação no comportamento alimentar é atribuída a uma série de elementos, incluindo a globalização, a influência do mercado, a intensidade de vida nas metrópoles e a inserção  feminina no mercado de trabalho. Ademais, fatores como a expansão do desenvolvimento socioeconômico facilitam o acesso efetivo a alimentos prontos para consumo por parte dos indivíduos de baixa renda (DIAS, 2018).  

Apesar das disparidades econômicas e socioculturais existentes na população brasileira,  o processo de urbanização se intensificou e a globalização promoveu a disseminação generalizada do acesso aos alimentos ultraprocessados (BARROS et al., 2021). Assim, ocorreu uma transição nutricional e alimentar, na qual uma parcela significativa  dos alimentos in natura foi substituída por alimentos industrializados, semiprontos, de preparo  rápido e fácil, que apresentam elevados teores de açúcares, gorduras, sal e aditivos, os quais,  em excesso, acarretam graves danos à saúde da população (KUHN et al., 2021).  

Pesquisadores(as) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de  São Paulo (USP), da Fiocruz e da Universidade de Santiago do Chile conduziram um  levantamento de dados relacionados ao consumo de alimentos ultraprocessados. O estudo,  divulgado no jornal American Journal of Preventive Medicine, embasou-se em dados do ano  de 2019, quando o país registrou 45,5 mil homicídios, conforme apontado pelo Atlas da  Violência. Em 2019, dentre as mais de 540 mil mortes de indivíduos entre 30 e 69 anos, os(as)  investigador(as) estimaram que 57 mil foram atribuíveis ao consumo de alimentos ultraprocessados. Atualmente, estima-se que 19,7% do total de calorias ingeridas no país  provém desses alimentos.  

Segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019), controlado  pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), evidenciou-se que, em 2019, oito em cada dez crianças brasileiras de até cinco anos já consumiam alimentos ultraprocessados. Essa  prática é comum, inclusive entre bebês menores de dois anos, sendo que 22,2% dos bebês de  seis meses a dois anos não haviam consumido frutas ou hortaliças. A situação é mais  preocupante na região Norte, onde um terço (29,4%) dos bebês de até dois anos não havia  ingerido frutas ou hortaliças, e a maioria deles (84,5%) tinha consumido alimentos  ultraprocessados.  

Segundo o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani-2019), controlado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), evidenciou-se que, em 2019, oito em cada dez crianças brasileiras de até cinco anos já consumiam alimentos  ultraprocessados. Essa prática é comum, inclusive entre bebês menores de dois anos, sendo que  22,2% dos bebês de seis meses a dois anos não haviam consumido frutas ou hortaliças. A  situação é mais preocupante na região Norte, onde um terço (29,4%) dos bebês de até dois anos  não havia ingerido frutas ou hortaliças, e a maioria deles (84,5%) tinha consumido alimentos  ultraprocessados.  

3.2 Classificação dos Alimentos  

Até o final do século XX, havia uma escassez de estudos sobre os efeitos do  processamento de alimentos na saúde humana. No entanto, essa lacuna na compreensão das  implicações alimentares levou os pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS) a se destacarem como pioneiros ao identificar as alterações  resultantes do processamento industrial de alimentos, as quais se tornaram um fator  impulsionador da chamada pandemia de obesidade (NUPENS, 2021).  

A partir dessa percepção, foi desenvolvida a categorização de alimentos conhecida como  NOVA, que se baseia nos métodos e motivos pelos quais os produtos alimentícios são submetidos a processos industriais antes de serem adquiridos e consumidos. Anteriormente, a classificação dos alimentos se baseava principalmente em suas fontes de nutrientes específicos, sem  levar em consideração o seu grau de processamento.  

Essa abordagem inovadora, introduzida pelos pesquisadores do NUPENS, permitiu uma  compreensão mais abrangente dos impactos do processamento industrial de alimentos na saúde  humana, proporcionando uma base sólida para futuras investigações e intervenções no campo  da nutrição e saúde pública (NUPENS, 2021).  

Em 2014, a classificação NOVA estabeleceu uma base científica sólida e serviu como  referência para as diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira, influenciando significativamente as políticas públicas de nutrição e saúde no Brasil. Esse impacto resultou em  uma nova abordagem na análise de inquéritos sobre o consumo alimentar, uma vez que passou  a considerar a categorização dos alimentos de acordo com a NOVA (NUPENS, 2021).  

Essa nova classificação permitiu o entendimento da importância do processamento industrial na diferenciação entre alimentos in natura ou minimamente processados e alimentos ultraprocessados. Além disso, essa categorização considera também aspectos culturais e a sustentabilidade dos sistemas alimentares, tanto socialmente quanto ambientalmente (MENE GASSI et al., 2016).  

No contexto mencionado, o Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) descreve  a divisão dos alimentos em categorias, sendo essencial para analisar o nível de consumo desses  alimentos. A classificação é composta por quatro grupos alimentares distintos: o primeiro grupo  abrange alimentos in natura ou minimamente processados; o segundo grupo engloba ingredientes culinários processados; o terceiro grupo inclui alimentos processados; e o quarto grupo  consiste em alimentos ultraprocessados. Essa divisão é de extrema importância para a compreensão e avaliação do consumo alimentar, fornecendo subsídios relevantes para a saúde pública.  

3.2.1 Alimentos in natura ou minimamente processados  

Por outro lado, os alimentos minimamente processados são considerados uma categoria  que abrange os alimentos in natura, porém submetidos a procedimentos que visam sua preparação para consumo. Esses procedimentos incluem limpeza, remoção de partes não comestíveis,  secagem, embalagem, pasteurização, resfriamento, congelamento e fermentação (SOUZA,  2021).  

Conforme descrito no Guia Alimentar para a População Brasileira (2014), os alimentos  de origem animal são fontes importantes de proteínas, bem como da maioria das vitaminas e  minerais necessários. Todavia, eles não contêm fibras e podem apresentar alta densidade calórica e teor excessivo de gorduras não saudáveis. Por sua vez, os alimentos de origem vegetal  tendem a ser boas fontes de fibras e diversos nutrientes, geralmente apresentando menor densidade calórica em comparação aos alimentos de origem animal. No entanto, individualmente, os  alimentos de origem vegetal podem não fornecer todos os nutrientes necessários em proporções  adequadas (BRASIL, 2014).  

Portanto, os alimentos in natura ou minimamente processados integram frutas, verduras, legumes, tubérculos e raízes in natura ou embalados, fracionados, refrigerados ou congelados; incluem ainda frutas secas, sementes, oleaginosas in natura ou embaladas (sem adição de sal ou açúcar); sucos de frutas naturais e pasteurizados sem adição de açúcar ou outras substâncias; arroz branco, integral ou parboilizado e outros grãos de cereais a granel ou embalados;  feijão e outras leguminosas a granel ou embaladas; macarrão e massas frescas ou secas feitas  com farinha e água; farinhas (mandioca, milho, trigo); cogumelos frescos ou secos; carne de  boi, porco, aves, peixe e frutos do mar frescos, resfriados ou congelados; ovos; leite pasteurizado, ultrapasteurizado (UHT) ou em pó; iogurte preparado com leite e fermento lácteo (sem  adição de açúcar ou outras substâncias); coalhada; água potável, café, chás, especiarias e ervas  frescas ou secas (BRASIL, 2014).  

3.2.2 Ingredientes culinários processados  

O segundo grupo de alimentos, denominado ingredientes culinários processados, refere se a substâncias obtidas a partir dos alimentos do primeiro grupo, os quais são utilizadas como  componentes nas preparações culinárias. Esses ingredientes passam por processos de extração,  que incluem prensagem, moagem, pulverização, secagem e refino. Além disso, alguns ingredi entes podem ser obtidos diretamente da natureza, como é o caso do sal marinho e do sal de  rochas (NUPENS/USP, 2021).

O objetivo do processamento desses ingredientes é criar produtos que são usados nas  cozinhas domésticas ou de restaurantes para temperar e cozinhar alimentos in natura ou minimamente processados, bem como preparar uma variedade de pratos salgados e doces, sopas,  saladas, conservas, pães caseiros, sobremesas, bebidas e outras preparações culinárias em geral  (MONTEIRO et al., 2016).  

Logo, os ingredientes culinários processados envolvem açúcar, melado, rapadura, mel e  adoçante; óleos vegetais, gordura de coco; manteiga, creme de leite e gordura de porco; amido  de milho; vinagre e sal (ALVES, 2020).  

3.2.3 Alimentos processados  

O terceiro grupo de alimentos, denominado alimentos processados, refere-se àqueles  fabricados pela indústria, nos quais são adicionados sal, açúcar ou outras substâncias culinárias  com o objetivo de prolongar a vida útil do produto e melhorar sua palatabilidade (DIAS, 2018).  

Embora esses alimentos preservem a identidade básica e a maioria dos nutrientes do alimento original, os ingredientes e métodos de processamento utilizados na fabricação podem alterar adversamente sua composição nutricional. Por essa razão, o consumo desses alimentos  deve ser limitado a quantidades pequenas (GOMES, 2016).  

Dessa forma, os alimentos processados incluem conservas de alimentos preservados em  salmoura ou solução de sal e vinagre, frutas preservadas em açúcar, carnes adicionadas de sal,  peixes conservados em sal ou óleo, queijos produzidos a partir de leite, sal e micro-organismos  usados para fermentar o leite, além de pães feitos de farinha de trigo, água, sal e leveduras  utilizadas para fermentar a massa (OMS, 2014).  

3.2.4 Alimentos ultraprocessados  

O quarto grupo de alimentos, conhecido como alimentos ultraprocessados, consiste em  formulações industriais compostas integralmente por substâncias sintetizadas em laboratório,  derivadas tanto de alimentos quanto de outras fontes orgânicas, como petróleo e carvão (ME NEGASSI et al., 2016).  

Segundo Nogueira et al. (2020), os alimentos ultraprocessados são formulações de ingredientes industriais que contêm pouco ou nenhum alimento intacto. A fabricação desses ali mentos envolve múltiplas etapas e técnicas de processamento, assim como uma ampla variedade de ingredientes, incluindo sal, açúcar, óleos, gorduras e substâncias exclusivamente industriais, como proteínas de soja e leite, extratos de carne e produtos obtidos por meio do processamento adicional de óleos, gorduras, carboidratos e proteínas (BRASIL, 2014).  

Adicionalmente, (SOUZA; CADETE, 2017) e (TOLONI et al., 2017) afirmam que muitas das substâncias sintetizadas atuam como aditivos alimentares, como corantes, aromatizantes  e espessantes, cuja função é prolongar a durabilidade dos alimentos ultraprocessados ou torná-los extremamente atrativos em termos de cor, sabor, aroma e textura, prejudicando assim seus  aspectos nutricionais e digestivos. Por esse motivo, esses alimentos não devem ser oferecidos  a crianças menores de 2 anos.  

Conforme apontado por (GIESTA et al., 2017), devido à sua formulação e apresentação,  os alimentos ultraprocessados tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in  natura ou minimamente processados. Esses alimentos apresentam desequilíbrio nutricional, caracterizado por alta densidade energética, elevadas quantidades de gordura, açúcar e/ou sódio e  baixo teor de fibras. Além disso, os métodos de produção, distribuição, comercialização e con sumo desses alimentos impactam negativamente a cultura, a vida social e o meio ambiente  (OMS, 2014). 

Desse modo, os alimentos ultraprocessados englobam biscoitos doces e salgados, sal gadinhos de pacote, barras de cereal, guloseimas em geral, pós para refrescos, sopas em pó,  lanches rápidos, macarrão instantâneo, embutidos, produtos congelados prontos para consumo,  bebidas açucaradas ou adoçadas artificialmente e refrigerantes. Ademais, os produtos de panificação se enquadram nessa categoria quando são adicionadas substâncias como gordura vegetal hidrogenada, açúcar, amido, soro de leite, emulsificantes e outros aditivos (LOU ZADA, 2015).  

3.3 Práticas alimentares adequadas dos 06 meses aos 2 anos de idade  

A nutrição desempenha um papel fundamental no crescimento e no desenvolvimento  físico, cognitivo e psicossocial da criança, uma vez que durante os primeiros anos de vida ocorre  um rápido desenvolvimento das habilidades motoras, da compreensão e do uso da linguagem,  bem como da autoconsciência (CUNHA, 2020).  

Por conseguinte, é essencial que a alimentação infantil satisfaça as demandas nutricionais da  criança, assegurando um crescimento e desenvolvimento adequados, bem como uma boa qualidade de vida a curto, médio e longo prazo (WEFFORT e LAMOUNIER, 2017).   Segundo o Ministério da Saúde, “aproximadamente 200 milhões de crianças menores de  5 anos, residentes em países em desenvolvimento, não atingem seu potencial de crescimento e  desenvolvimento” (BRASIL, 2015).  

Com base nessas premissas, uma alimentação infantil saudável envolve a implementação  do aleitamento materno e a introdução oportuna de alimentos complementares que reforcem a  amamentação. No entanto, a partir da primeira introdução de alimentos complementares, é fundamental que todos os grupos alimentares sejam incluídos, com ênfase na qualidade nutricional  (MADALOZZO et al., 2021).  

Para tanto, o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos (OMS, 2021)  apresenta diretrizes detalhadas sobre a amamentação e a introdução adequada e saudável de  alimentos complementares, adaptadas às diferentes faixas etárias.  

3.3.1 Aos 6 meses de idade  

A partir dos seis meses de idade, a criança alcança maturidade fisiológica e neurológica,  especialmente no sistema gastrointestinal, permitindo a introdução de alimentos além do leite materno, conhecida como alimentação complementar, bem como a oferta de água ao longo do  dia (MADALOZZO et al., 2021).  

No contexto do aleitamento materno, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a exclusividade do leite materno até os seis meses de idade, a fim de suprir todas as  necessidades do lactente. No entanto, a partir dos seis meses, somente o leite não é mais suficiente, tornando-se necessário iniciar a alimentação complementar para atender às necessidades  nutricionais dessa fase (BRASIL, 2021).  

Portanto, aos seis meses, o leite materno deve ser mantido até os dois anos ou mais, não  havendo necessidade de introduzir leite de vaca ou fórmula infantil. Os novos alimentos devem  complementar o leite materno e não o substituir. A criança deve iniciar o consumo de três refeições diárias (BRASIL, 2019).  

Nessa idade, os alimentos devem ser apresentados separadamente e amassados adequadamente com o auxílio de um garfo, evitando o uso de liquidificadores ou peneiras. As carnes  devem ser bem cozidas e oferecidas em pedaços pequenos, como picados ou desfiados. Ali mentos crus, como frutas e alguns legumes, podem ser raspados ou amassados. Além disso, o leite materno pode ser oferecido sempre que a criança desejar (BRASIL, 2021).  

3.3.2 Entre 7 e 8 meses de idade  

Entre 7 e 8 meses de idade, o leite materno deve ser mantido conforme a vontade da  criança, sem substituir as refeições principais, como almoço ou jantar. Pode ser oferecido entre  as refeições e continua sendo o alimento principal da criança. Caso a criança ainda esteja sendo  amamentada, não é necessário substituir ou complementar o leite materno com leite de vaca,  fórmula infantil ou outras bebidas lácteas (BRASIL, 2019).  

Nessa faixa etária, é recomendado oferecer alimentos com textura menos amassada em  relação ao período anterior. O método Baby-Led Wenning (desmame guiado pelo bebê) é o mais  usado, o qual consiste no ato de o bebê se autoalimentar. Nesse método, opta-se por oferta de  alimentos complementares em pedaços, tiras ou bastões, sendo um método muito vantajoso,  uma vez que o bebê se torna mais independente, controlando suas práticas alimentares de  acordo com sua saciedade e preferência (MAIA et al., 2022).  

3.3.3 Entre 9 e 11 meses de idade 

 Entre 9 e 11 meses de idade, o padrão de refeições permanece o mesmo, com a continuidade do consumo do leite materno conforme a vontade da criança. Contudo, é importante pro mover a diversificação alimentar e explorar novas técnicas de preparo, aumentando ligeira mente as quantidades oferecidas em comparação aos 7 e 8 meses.  

Nessa faixa etária, a criança já está apta a receber alimentos picados em uma consistência  semelhante àqueles consumidos pela família. As carnes podem ser desfiadas (BRASIL, 2019).  

3.3.4 Entre 12 e 24 meses  

 Entre 1 e 2 anos de idade, a criança mantém a continuidade do aleitamento materno e, no  lanche da tarde, é possível substituir a fruta por um alimento pertencente ao grupo de raízes e  tubérculos, como mandioca, batata-doce, inhame, ou do grupo de cereais, como pão caseiro ou  francês. Nessa fase, os alimentos devem ser apresentados em pedaços maiores e na mesma  consistência da alimentação da família. É esperado que a criança consuma cerca de 5 a 6 colheres de sopa de alimento no total, assim como é recomendado estimular a autonomia da criança  no momento das refeições, encorajando-a a comer por si mesma e continuar ampliando a variedade de alimentos oferecidos (BRASIL, 2021).  

3.4 Doenças crônicas não transmissíveis provenientes de alimentação inadequada  

3.4.1 Obesidade Infantil  

A obesidade é um problema de saúde pública tanto no Brasil quanto no mundo, caracterizado pela concentração excessiva de energia na forma de gordura proveniente do consumo  alimentar em excesso em relação às necessidades de manutenção da homeostase do organismo  (GOMES et al., 2022).  

Conforme definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal em níveis que impactam negativamente a saúde do indivíduo e atuam como um fator de risco para outras doenças (BARROS et al., 2021).  

Dados do Ministério da Saúde em 2019, com base no Índice de Massa Corporal (IMC)  de crianças atendidas na Atenção Primária à Saúde (SAPS), indicam que no Brasil existem 6,4  milhões de crianças com excesso de peso, das quais 3,1 milhões já apresentam obesidade. Entre  as crianças menores de 5 anos, a taxa de sobrepeso é de 14,8%, sendo que 7% delas já estão  obesas (KUHN et al., 2021). 

A obesidade na infância tem uma etiologia multifatorial e envolve uma complexa interação de diversos fatores, tais como predisposição genética e influências do ambiente familiar e  escolar. Além disso, fatores ambientais, como o aumento do consumo de alimentos fast food e  produtos industrializados ricos em açúcar, sal e gordura, têm contribuído para essa prevalência  (IZAR et al., 2019).  

Nesse contexto, a obesidade tem sido associada à introdução precoce e inadequada da  alimentação complementar (AC) e ao desmame precoce do aleitamento materno (AM). A in fluência da introdução de dietas obesogênicas em fases iniciais do desenvolvimento tem efeitos  de longo prazo na saúde dos lactentes, aumentando sua predisposição ao desenvolvimento de  doenças crônicas na vida adulta (SOUZA, 2021).  

O consumo de alimentos e bebidas açucaradas durante a infância tem sido comprovada mente relacionado ao aumento do risco de obesidade, sobrepeso e outras doenças crônicas não  transmissíveis. Tanto é assim que a recomendação da OMS é de que não se ofereça açúcar às  crianças com menos de dois anos de idade. No entanto, um estudo realizado como parte do  projeto “Dez passos para uma dieta saudável para crianças menores de dois anos” identificou  uma alta proporção de consumo de açúcar entre as crianças (VITOLO et al., 2020).  

3.4.2. Diabetes Mellitus na infância  

 O Diabetes Mellitus (DM) é um conjunto de doenças crônicas multifatoriais e incuráveis,  caracterizadas pela presença de hiperglicemia, ou seja, níveis elevados de glicose no sangue.  Essa condição resulta de defeitos na ação ou secreção de insulina, ou em ambos, interferindo  no equilíbrio entre a utilização de glicose pelos tecidos, liberação de glicose pelo fígado e produção/liberação de hormônios pancreáticos, hipofisários e suprarrenais. A doença é caracterizada pela ausência parcial ou total de insulina devido a alterações no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas (PEREIRA e FIGUEREIDO, 2017).  

O DM infantil é considerado um problema de saúde pública de grande importância mundial, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O aumento da incidência de  Diabetes Mellitus tipo 2 em crianças e adolescentes é um fenômeno global, afetando especial mente certos grupos étnicos. Nos Estados Unidos, cerca de um terço dos novos casos de diabetes diagnosticados em indivíduos com menos de 18 anos são atribuídos ao Diabetes Mellitus  tipo 2. Esse aumento na incidência de DM tipo 2 em crianças e jovens está claramente relacionado ao alarmante aumento da obesidade infantil, resultante de um estilo de vida sedentário e  uma dieta predominantemente hipercalórica nesses grupos etários (SIMÕES et al., 2015). 

Hábitos alimentares inadequados, caracterizados pelo consumo excessivo de alimentos  processados, ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras e sódio, associados a um estilo de  vida sedentário, favorecem o excesso de peso e são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do Diabetes Mellitus (BARROS et al., 2021).  

Silva (2022) confirma que a má alimentação é um dos fatores determinantes para o surgimento do diabetes, uma vez que os hábitos alimentares desempenham um papel fundamental  no controle do perfil glicêmico.  

3.4.3 Doenças cardiovasculares  

As Doenças Cardiovasculares (DCV) englobam um conjunto de condições que afetam  os vasos sanguíneos, o coração e suas estruturas associadas. São de natureza multifatorial e  representam uma das principais causas de mortalidade em nível global (IZAR et al., 2019).  

Dentre as principais doenças cardiovasculares estão o Infarto Agudo do Miocárdio  (IAM), angina, doenças cardíacas reumáticas, cardiopatias congênitas, doenças hipertensivas e  aterosclerose, entre outras (BARROS et al., 2021).  

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as Doenças Cardiovasculares são a  principal causa de morte em todo o mundo, superando todas as outras causas. Estima-se que,  até 2030, mais de 23 milhões de pessoas morrerão anualmente em decorrência dessas doenças.  No Brasil, mais de 14 milhões de brasileiros são afetados por alguma doença cardíaca, de  acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SILVA, 2017; SILVA, 2022).  

A aterosclerose, por exemplo, umas das principais doenças cardiovasculares supracitadas, é um processo patológico contínuo que tem origem desde a fase intrauterina e sua evolução  prossegue ao longo da infância. Apesar de as crianças serem influenciadas a hábitos de vida  prejudiciais, elas também apresentam maior plasticidade para implementar modificações no  estilo de vida, capazes de eliminar fatores de risco cardiovascular modificáveis e alterar a trajetória natural da doença (BRASIL, 2020).  

Geralmente, os sintomas clínicos das Doenças Cardiovasculares (DCV) começam a partir  da meia-idade. No entanto, um estudo recente aponta que o processo aterosclerótico tem início  na infância. Estrias gordurosas, precursoras das placas ateroscleróticas, manifestam-se na camada íntima da aorta aos 3 anos de idade e nas coronárias durante a adolescência (MATOS,  2016).  

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um dos fatores de risco mais importantes para  o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A presença de pressão arterial elevada em crianças pode antecipar o surgimento de lesões em órgãos-alvo, como hipertrofia do ventrículo  esquerdo, aumento da espessura das artérias carótidas, alterações vasculares na retina e até  mesmo alterações cognitivas sutis (FRAPORTI et al., 2016).  

Crianças com excesso de peso ou obesas têm uma tendência maior a continuar obesas na  fase adulta, além de apresentarem maior propensão ao desenvolvimento de doenças não transmissíveis, como diabetes e doenças cardiovasculares, em idades mais precoces (SILVEIRA et  al., 2022).  

Entre os procedimentos de diagnóstico pertinentes, a mensuração da interferência da cintura (CC) tem sido empregada em crianças. Diversas pesquisas envolvendo diferentes amostras  populacionais têm distribuições alimentares em percentis e pontos de corte específicos para a CC em crianças. A exatidão da CC em relação a outros métodos de avaliação do estado nutricional infantil, tais como o Índice de Massa Corporal (IMC) e a razão cintura/altura, tem sido  objeto de estudo, cujos resultados evidenciam sua utilidade em auxiliar na identificação de risco  potencial de pressão arterial elevada, tanto em combinação com o IMC quanto associada à dislipidemia e à hiperglicemia (MELZER et al., 2015)  

A literatura científica também indica que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está associado ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares  (SILVA, 2022).  

Do mesmo modo, estudos afirmam que o consumo de alimentos ricos em carboidratos  refinados, colesterol, gorduras saturadas e com baixo teor de fibras alimentares contribui para  o aumento do risco de DCV (BARROS et al., 2021).  

Diante dessas evidências, é crucial investigar a influência dos fatores de risco cardiovasculares visando a prevenção dessas doenças desde a infância. Nesse sentido, estudos envolvendo populações de crianças e jovens podem desempenhar um papel fundamental como preditores de saúde presente e futura, proporcionando o reconhecimento precoce, tratamento adequado e orientações para ações de prevenção de danos e complicações evitáveis (SILVA, 2017).  

3.4.4 Hipertensão Arterial na infância  

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma síndrome clínica complexa, de etiologia  multifatorial, que pode estar associada a diversas alterações fisiopatológicas. Pode ser classificada como primária, quando a causa é desconhecida e envolve fatores genéticos e ambientais,  ou secundária, quando há uma causa identificável (MARRA; CARDOSO; MANFREDI, 2021). 

Embora seja natural ocorrer um aumento da pressão arterial com a idade devido à diminuição da elasticidade vascular, observa-se que o risco de desenvolver hipertensão em crianças  e adolescentes está aumentado, principalmente devido à alta prevalência de sobrepeso e obesidade nessa faixa etária (CONCEIÇÃO e SOUZA, 2021).  

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), considera-se Hipertensão Arterial na  Infância e Adolescência quando os valores de pressão arterial sistólica e/ou diastólica são iguais  ou superiores ao Percentil 95 para sexo, idade e percentil da altura, em três ou mais ocasiões  diferentes (BRASIL, 2019).  

Projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que até 2025 haverá 75  milhões de crianças obesas em todo o mundo, o que, combinado com outros fatores genéticos  e ambientais, pode desencadear níveis elevados de pressão arterial. Além disso, dados recentes  da Europa mostram que a prevalência de hipertensão arterial é ainda maior em crianças com  sobrepeso ou obesidade, atingindo uma taxa de 22% (CONCEIÇÃO e SOUZA, 2021).  

Estudos epidemiológicos demonstram que a monitorização contínua da pressão arterial  desde a fase infantil até a vida adulta, e possivelmente a detecção precoce de aumentos nos  níveis pressóricos durante a infância, possibilitam a predição do desenvolvimento de hipertensão arterial na idade adulta (FILHO et al., 2022).  

Anteriormente considerada como um diagnóstico de exclusão na população pediátrica, a  hipertensão arterial primária tem apresentado taxas crescentes em decorrência da epidemia de  obesidade. A hipertensão arterial primária é mais comum em crianças mais velhas, enquanto a  hipertensão arterial secundária continua sendo a etiologia predominante em lactentes e crianças  pequenas, sendo os distúrbios renais as causas mais comuns (BENENSON; FREDERICK;  PORTER, 2020; FLYNN et al., 2017).  

Conforme as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, além do sedentarismo e do  excesso de peso, o consumo de sódio (Na) e potássio (K) são fatores nutricionais de risco envolvidos nessa patologia. Além disso, o consumo de bebidas açucaradas tem sido associado ao desenvolvimento da hipertensão arterial, sendo que um aumento de 1 porção por dia na ingestão dessas bebidas está relacionado a um maior risco dessa doença (BARROS et al., 2021).  

O diagnóstico da hipertensão arterial em crianças tem sido frequentemente tardio devido  à falta de inclusão da medida da pressão arterial como rotina no exame físico infantil (BRASIL,  2019).  

Por essa razão, como medida preventiva, é aconselhável que a pressão arterial seja medida e registrada durante o exame pediátrico preventivo de rotina em crianças acima de 3 anos,  bem como em todas as consultas de urgência ou emergência. Em crianças menores de 3 anos, a avaliação da pressão arterial é indicada apenas em condições especiais. Como a hipertensão  arterial é assintomática, essa é a principal forma de diagnosticar a condição (SANTOS et al.,  2019).  

O aumento da prática de atividade física ou exercício buscando aprimorar a cobertura  física e reduzir os índices de obesidade/sobrepeso pode ser uma abordagem preventiva de eficácia comprovada para mitigar e proteger contra a pressão arterial (CÉSAR et al., 2021).  

3.4.5 Dislipidemia na infância  

De acordo com Carlesso et al. (2022), a dislipidemia é uma condição de preocupação  crescente na área da pediatria, caracterizada por alterações no metabolismo dos lipídeos que  resultam no aumento do risco cardiovascular. Essas alterações podem se manifestar como elevação do colesterol total (CT), LDL-colesterol (LDL-c), triglicerídeos (TG) ou redução do  HDL-colesterol (HDLc).  

As dislipidemias na infância e adolescência podem ser classificadas em primárias, de  origem genética, ou secundárias, decorrentes de medicamentos, hábitos de vida ou certas condições clínicas (IZAR et al., 2019).  

Conforme a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a aterosclerose é um processo progressivo que se inicia na infância, inclusive durante a vida intrauterina, e a dislipidemia está  entre os fatores de risco que aceleram sua evolução (BRASIL, 2020).  

 A dislipidemia é amplamente reconhecida como um fator de risco significativo para as  doenças cardiovasculares (DVC), conforme evidenciado por estudos que demonstram a persistência de níveis elevados de colesterol em crianças ao longo da idade adulta (SILVA, 2017).  

A alteração no metabolismo lipídico pode ser atribuída a vários fatores, principalmente à  alimentação. A ingestão excessiva de carboidratos refinados contribui para o desenvolvimento  de hipertrigliceridemia e pode também influenciar a hipercolesterolemia, devido ao desequilíbrio na oferta de lipídeos e outros nutrientes (BARROS et al., 2021).  

A hipercolesterolemia em crianças tem apresentado um crescimento global em vários  países, sendo influenciada por fatores de risco, como o estilo de vida familiar, que pode afetar  a qualidade da alimentação da criança, como a adoção de dietas ricas em gorduras e açúcares  (CARLESSO et al., 2022).  

Estudos demonstram que hábitos relacionados ao consumo excessivo de alimentos industrializados/processados e ao sedentarismo têm contribuído para o aumento da prevalência  de dislipidemias em crianças e adolescentes, estimando-se que 38,5% das crianças em todo o mundo apresentem algum grau de dislipidemia (CALLIARI et al., 2019).  

A detecção precoce de dislipidemia na infância é considerada crucial, pois essa fase representa uma oportunidade estratégica para a implementação de medidas de prevenção da aterosclerose em nível populacional, permitindo a modificação efetiva de hábitos de vida e prevenindo a instalação de fatores de risco para doenças cardiovasculares (IZAR et al., 2019).  

Os autores Souza e Silva (2018) confirmam que o excesso de colesterol no sangue representa um risco comprovado para a saúde, embora nem sempre resulte em consequências graves  na infância. No entanto, a longo prazo, as alterações no perfil metabólico lipídico podem persistir até a vida adulta. Estudos que avaliam a prevalência de colesterol em crianças têm como  objetivo identificar precocemente essa condição.  

Diante do crescimento significativo das doenças crônicas não transmissíveis, torna-se  indispensável adotar medidas de combate e prevenção aos fatores de risco dessas doenças, especialmente na população infantil. Estratégias para a implementação de hábitos alimentares  saudáveis desde os primeiros estágios de vida são adotadas com o intuito de reduzir a prevalência dessas condições (VICTOR et al., 2022).  

No próximo tópico serão apresentados os resultados da pesquisa e sua análise, de forma  que atenda o objetivo da pesquisa, comparando e confrontando dados, visando confirmar ou  rejeitar os pressupostos da pesquisa.  

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS  

A partir dos relatórios de Marcadores de Consumo Alimentar do SISVAN, foi possível  a análise dos dados levantados, para estimar a prevalência de consumo alimentar de  ultraprocessados, de modo a confrontar as variáveis com o objetivo da pesquisa.  

Tabela 1 – Consumo alimentar entre crianças de 06 a 23 meses, das capitais do Norte do Brasil, no período de  2017 e 2021. 

Fonte: SISVAN – WEB

A Tabela 1 apresenta o número total de crianças que consumiam ou não alimentos ultraprocessados em todas as capitais do Norte do Brasil, somando-se o total de 8.258 crianças.  A partir dos dados apresentados, foi possível analisar o consumo anual, bem como mensurar a  média de consumo ao longo do período, para assim estimar a capital de maior prevalência de  consumo de alimentos ultraprocessados, conforme apresentado na Figura 1.  

Figura 1 – Prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças de 06 a 23 meses, das capitais  do Norte do Brasil, entre 2017 e 2021.  

Fonte: elaborado pelos autores (2023)

Pode-se observar alto consumo de alimentos ultraprocessados em Porto Velho. Nos anos de 2017, 2019 e 2020, o consumo entre as crianças atingiu a marca de 100%, havendo apenas  uma ligeira redução em 2018. Já Rio Branco apresentou menor consumo. Entre todas as capitais  o consumo variou entre 10% a 100%, percebendo-se uma diminuição em todas as capitais, ao  longo dos anos. Observou-se que Manaus e Palmas foram as que apresentaram consumo mais estáveis, apenas com pequenas variações ao longo do período, e Belém, que vinha mantendo consumo abaixo da média entre 2017 a 2019, teve um aumento considerável de 36% em 2019,  para 75% em 2020.  

Verificou-se ainda que, embora não tenha ocorrido consumo de alimentos ultraprocessados em Porto Velho, Boa Vista e Palmas em 2021, o consumo nos anos anteriores é preocupante, pois ao se analisar o grupo etário avaliado, observou-se uma prevalência significativa de  crianças que consomem tais alimentos, contrariando as diretrizes recomendadas para a fase de  introdução alimentar, na qual se espera promover experiências de instrução para o seu desenvolvimento, elucidada pela Organização Mundial de Saúde, que a introdução inadequada ou a  não introdução de alimentos complementares por volta dos seis meses de idade pode prejudicar o crescimento do bebê (NASCIMENTO; DE ALBUQUERQUE; CAVALCANTI, 2021;  WHO, 2023).  

O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras com menos de 2 anos, publicado pelo Ministério da Saúde (2019), destaca que os alimentos ultraprocessados não devem ser incluídos na  alimentação das crianças, uma vez que são projetados para serem extremamente saborosos e  criar dependência (BRASIL, 2019). Isso é especialmente preocupante no início da vida, pois é  nesse período que as bases dos hábitos alimentares são estabelecidas.  

A literatura científica apresenta evidências de que a substituição de alimentos caseiros e  in natura por alimentos ultraprocessados resulta em excesso de peso, doenças crônicas não  transmissíveis e deficiências nutricionais específicas na infância, com possíveis repercussões  na vida adulta (CAINELLI et al., 2021).  

A fase compreendida entre 6 meses e 2 anos de idade é considerada uma fase de transição, na qual ocorrem importantes mudanças no padrão alimentar. Nesse período, é crucial não  fornecer apenas nutrientes adequados, mas também estabelecer um padrão alimentar que influenciará a formação de hábitos e comportamento relacionado à alimentação, além do desenvolvimento motor e da coordenação, por meio da oferta de alimentos com diferentes texturas. Essa  fase também contribui para a formação de vínculos e memórias afetivas associadas à alimentação (DEWEY et al., 2021).  

É importante destacar que a introdução de alimentos saborosos durante essa fase pode  levar ao desenvolvimento de obesidade já no primeiro ano de vida. Por outro lado, uma nutrição adequada no início da vida afeta não apenas o desenvolvimento cerebral, crescimento e com posição corporal, mas também influencia a programação metabólica, com efeito sobre as doenças crônicas relacionadas à alimentação na vida adulta (CAINELLI et al., 2021).  

A qualidade da alimentação durante o período da primeira infância é influenciada por  diversos elementos interligados, que abrangem a seleção dos alimentos disponibilizados e as  práticas cotidianas adotadas pelos responsáveis ou cuidadores. Esses fatores parecem exercer  um papel determinante na formação dos padrões alimentares saudáveis nessa fase do desenvolvimento (NICKLAUS, 2016).  

Nesse contexto, torna-se apoio a assistência e supervisão de profissionais da saúde durante  o período de implementação da alimentação complementar, a fim de fomentar o fornecimento  de alimentos nutricionalmente adequados. Esses alimentos são capazes de promover a robustez  do sistema imunológico e proteger sua funcionalidade, uma vez que suas formulações são ricas  em vitaminas, minerais e outros nutrientes essenciais para crianças nessa faixa etária (CAINELLI et al., 2021).  

Além disso, considerando que um estabelecimento de padrões alimentares durante a primeira fase do desenvolvimento é fundamental para o desenvolvimento dos lactentes, a inclusão  de um cardápio rico em nutrientes pode ter um impacto positivo na qualidade de vida, tanto na infância quanto na idade adulta (SPARRENBERGER et al., 2015; GIESTA et al., 2019). 

Da mesma forma, avaliou-se as práticas de Aleitamento Materno continuado entre as crianças, visando confrontar as variáveis entre o consumo alimentar de ultraprocessados e as de  aleitamento materno continuado.  

Tabela 2 – Consumo alimentar entre crianças de 06 a 23 meses, das capitais do Norte do Brasil, no período de 2017 e 2021.  

Fonte: SISVAN – WEB

A Tabela 2 apresenta o número total de crianças que se encontravam ou não em  amamentação continuada em todas as capitais do Norte do Brasil, somando-se o total de 8.258  crianças. A partir dos dados, é possível analisar as práticas de aleitamento materno continuado,  anual, bem como mensurar a média de aleitamento materno continuado ao longo do período,  comparando-a com a de consumo alimentar de ultraprocessados, para assim estimar a capital  de maior prevalência de aleitamento materno continuado, conforme apresentado na Figura 2.  

Figura 2 – Prevalência de consumo de alimentos ultraprocessados e práticas de aleitamento materno  continuado, entre crianças de 6 a 23 meses das capitais do Norte do Brasil, entre 2017 e 2021.  

Fonte: elaborado pelos autores (2023)  

Pode-se observar alta prevalência de aleitamento materno continuado em Porto Velho,  contrapondo-se ao consumo de alimentos ultraprocessados, já que foi a capital que apresentou  a maior média de consumo entre as crianças. Boa Vista, Macapá, Belém e Rio Branco também apresentaram altas prevalências com índices bem mais elevados aos de consumo de ultraprocessados, com exceção de Macapá, que apresentou média de 54%, um percentual que ainda  requer atenção especial. Já Palmas apresentou o pior índice de aleitamento materno continuado  (44%). Isso significa dizer que 56% das crianças não se encontravam em amamentação continuada. No entanto, mesmo com essa taxa, a prática de aleitamento materno continuado ainda  superou o consumo de alimentos ultraprocessados, que foi de 34%.  

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em âmbito global, a prática de  amamentação continuada é mais prevalente em países da baixa e média renda. Em nações me nos desenvolvidas, a taxa de amamentação continuada aos 12 e 24 meses de idade é superior a  90% e 60%, respectivamente. Por outro lado, na maioria dos países de alta renda, menos de  20% das crianças são amamentadas até um ano de idade. Entretanto, não existe um limite máximo recomendado internacionalmente para a duração da amamentação. O desmame natural,  entendido como um processo gradual pelo qual a criança se desmama autonomamente, geralmente ocorre, em média, entre os 2 e 4 anos de idade (BRASIL, 2017).

Observou-se que apesar de a prática de aleitamento materno continuado superar o consumo de alimentos ultraprocessados entre todas as capitais, deve-se levar em conta que as crianças também consumiam alimentos não saudáveis, o que pode levar a formação de hábitos  alimentares desfavoráveis para a saúde dessas crianças, especialmente para as crianças de Palmas, com as quais o aleitamento materno continuado foi menos praticado.

Vale ressaltar ainda que o desmame precoce e introdução de alimentos não saudáveis na  dieta complementar contribuem para o desequilíbrio na oferta de nutrientes e o consumo elevado de alimentos calóricos, favorecendo o desenvolvimento da obesidade na população infantil (PEREIRA et al., 2022).  

Os resultados evidenciam Porto Velho com a maior média de consumo de alimentos ultraprocessados, com 72%. Esse resultado contraria a orientação do Guia Alimentar para a População Brasileira, no qual diz que os ultraprocessados devem ser evitados, uma vez que são nutricionalmente desbalanceados. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser  consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados (BRA SIL, 2014). Todavia, é importante destacar que Porto Velho também apresenta a maior média  de aleitamento materno continuado, com uma taxa de 87%.  

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A presente pesquisa, baseada nos dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), revela um cenário preocupante acerca do consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças de 6 meses a 2 anos nas capitais do Norte do Brasil. Ao longo do período de  2017 a 2021, constatou-se uma alta prevalência de alimentos complementares inadequados, que  vai contra as diretrizes recomendadas pelas autoridades de saúde.  

Entre as capitais estudadas, foi possível observar uma variação significativa nos índices  de consumo de alimentos ultraprocessados. Embora tenha tido uma queda geral ao longo dos  anos, é alarmante que algumas dessas capitais ainda apresentem índices elevados, chegando a  100% de consumo em determinados anos. Esses números reforçam a necessidade de ações direcionadas para conscientizar as famílias e incentivar práticas alimentares mais saudáveis para  as crianças nessa fase crucial de desenvolvimento.  

Em contraste com o consumo de alimentos ultraprocessados, foi observada a prática de  aleitamento materno continuado nas mesmas capitais. O aleitamento materno é fundamental  para o crescimento e desenvolvimento saudável das crianças, fornecendo nutrientes essenciais  e fortalecendo o sistema imunológico. É encorajador notar que algumas capitais apresentaram  altos índices de aleitamento materno continuado, o que indica uma tendência positiva.  

Entretanto, chama a atenção a dinâmica entre o consumo de alimentos ultraprocessados  e o aleitamento materno continuado em algumas capitais. Em algumas delas, o alto consumo  de alimentos ultraprocessados parece coexistir com índices comprovados de aleitamento materno, o que pode indicar que as famílias estão adotando práticas alimentares seguidas mesmo  durante o período de amamentação. Essa situação reforça a necessidade de intervenções educativas para promover uma alimentação saudável desde os primeiros meses de vida.  

Os resultados da pesquisa enfatizam a importância da atuação dos profissionais de saúde  na orientação às famílias sobre a importância do aleitamento materno continuado e dos hábitos  alimentares saudáveis para as crianças. Além disso, políticas públicas que visem à promoção  da alimentação adequada e restrição do acesso a alimentos ultraprocessados são essenciais para  proteger a saúde das crianças e prevenir doenças futuras.  

É importante ressaltar que o período entre 6 meses e 2 anos de idade é crucial para estabelecer hábitos alimentares saudáveis, que podem influenciar a saúde ao longo da vida. Por tanto, investir em estratégias de promoção da alimentação saudável desde a infância é uma  medida de extrema importância para garantir um futuro mais saudável e com menor incidência  de doenças relacionadas à alimentação.  

Como limitações do presente estudo, não foi possível analisar o consumo de alimentos  ultraprocessados e aleitamento materno continuado no ano de 2018, em Rio Branco e Boa Vista, devido à falta de registro de dados no SISVAN, fato que pode ter intervindo na acuracidade de  consumo de tais alimentos nas referidas capitais.  

Frente a essas circunstâncias, faz-se necessário destacar a relevância de realizar pesquisas periódicas para a verificação do consumo alimentar entre a população infantil. Então, por se  tratar de um processo contínuo, que não se finda, fica em aberto para outros pesquisadores  continuarem com os estudos.  

Diante do problema de pesquisa, que foi responder até que ponto o consumo de alimentos  ultraprocessados pode afetar a saúde das crianças, parte-se da hipótese de que a alta prevalência  de consumo entre as capitais, pode, sim, causar danos à saúde dessas crianças, tendo em vista  que o consumo de tais alimentos a curto e longo prazo pode prejudicar o crescimento e desenvolvimento infantil. Além disso, pode aumentar o risco de obesidade, diabetes mellitus do tipo  2, dislipidemia, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, entre outras doenças crônicas. Em conclusão, os resultados desta pesquisa destacam a necessidade urgente de ações que  incentivem o aleitamento materno continuado e reduzam o consumo de alimentos ultraprocessados entre crianças na região Norte do Brasil. A saúde e o bem-estar dessas crianças estão em  jogo e investir em políticas públicas e educativas é um passo fundamental para garantir um  futuro mais saudável e promissor para essa geração.

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1Discente do Curso Superior de Nutrição do Centro Universitário do Norte Campus Manaus

2Discente do Curso Superior de Nutrição do Centro Universitário do Norte Campus Manaus

3Discente do Curso Superior de Nutrição do Centro Universitário do Norte Campus Manaus

4Discente do Curso Superior de Nutrição do Centro Universitário do Norte Campus Manaus

5Discente do Curso Superior de Nutrição do Centro Universitário do Norte Campus Manaus

6Docente do Curso Superior de Nutrição do Centro Universitário do Norte Campus Manaus, Am. Especialista em Nutrição Materno Infantil (UNESA)

7Docente do Curso Superior de Nutrição do Centro Universitário do Norte Campus Manaus, Am. Especialista em Especialista em  Nutrição Clínica e Segurança Alimentar (FAMEESP